Dúvidas da razão escrita por larissasalary


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

A morte não é algo fácil de se presenciar



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Acordei às 11:30 da manhã. Fazia quanto tempo que eu não dormia assim? Meu corpo meio que desligou. Tenho que sair daqui a meia hora. Tempo suficiente para um banho e me arrumar.

Depois de 15 minutos no chuveiro, 5 para me trocar. Uma leve maquiagem, cabelo secado e estou pronta para encontrar Michel, que tentou me matar no meu sonho. Estranho. Muito estranho.

Vou dirigindo até o Luigi. O restaurante é um lugar muito agradável e aconchegante, o estilo do lugar é meio rústico, com cores neutras e mesas de madeira, tudo muito lindo. Assim que estaciono meu carro, vejo Michel. Ele está realmente lindo. Uma camisa verde, calça jeans escura e tênis. Ele sorri quando me vê e levanta para puxar a cadeira para mim .

—Oi minha linda! Tudo joia?

—Oi! Eu tô bem e você?

—Também estou ótimo. Você sumiu, nem me deu notícias.

—Ah Michel, tanta coisa acontecendo, estou resolvendo um dos casos mais difíceis da minha vida, a delegacia está uma loucura. Não tenho dormido direito, mas isso já é normal não é mesmo? – abro um sorriso para ele, me lembrando do dia em que nos conhecemos - Mas enfim, não quero falar disso hoje.

—Hum, quer barra! Você está mais do que certa, mas se precisar de alguém que escute, estarei aqui sempre.  - Ele sorri para mim, seus olhos verdes brilhando - eu tomei a liberdade de pedir a comida, espero que não se importe.

—Confio no seu bom gosto. Mas e as novidades?

Ali começamos uma conversa bem produtiva. Ele me contou dos últimos imóveis que vender, de uma mulher nojenta, para a qual ele mostrou diversos imóveis e ela não gostou de nenhum. Eu apenas ouvia, maravilhada com cada gesto dele. Ele parecia ter sido programado em um computador. O garçom nos interrompe para servir a comida. Após ele sair, provo a comida.

—Hum... Nossa! Está divina! Você tem um ótimo gosto!

— Tenho mesmo - ele então me encara, e sinto minhas bochechas queimarem. Isso foi uma indireta? Foi. - Nossa, eu falei tanto de mim, me fala alguma coisa de você.

—Ah, eu não tenho nada para contar, não quero te traumatizar! É tanto estrago. – olho para baixo, tentando disfarçar.

—Nada flor, pode falar. Eu não sou tão fraco!

—Alguém está brincando conosco da delegacia. Um cara que já matou duas famílias vem brincando, especialmente comigo, o sujeito sabe quem eu sou! Até deixou bilhetes em meu nome.

—Não pode ser! Mas e você? Não está com medo?

—Acho que apreensiva é a palavra certa. Eu sei me cuidar, fui treinada para isso. Mas é a primeira vez que isso acontece comigo, estou meio sem rumo. Se eu ao menos tivesse um suspeito.

—Ninguém?

—Ninguém.

—Mas quem está cuidando de você?

—Eu tenho um amigo que me ajuda, o Jess. Ele é meu parceiro de trabalho.

—Hum...Jess. - ele faz um teatrinho, de quem está com ciúmes. Ah, me poupe. Eu simplesmente ignoro.

Trocamos de assunto é estávamos falando do clima. Era outono e as ruas estavam lindíssimas. Por coincidência, meu vertido era na tonalidade das árvores, um alaranjado calmo. Era bom distrair a mente com alguém que não sabia pelo que você estava passando, do pânico que tem vivido. Você esquece isso, por um momento.

Comemos a sobremesa, que também estava deliciosa. Depois disso Jess me conta sobre sua família e seus incríveis oito irmãos. Como alguém pode ter nove filhos? Eu enlouqueceria. Sete homens e duas mulheres ele era o mais velho deles. O sétimo filho mais velho.

— O sétimo filho homem mais velho? Essa não é a história de lobisomens? - eu falo e dou uma risada, seguida pela dele.

—Te garanto que isso foi pura coincidência.

—Então, senhor Michel, quer dizer que você é um lobisomem?

—Sabe Luce, eu estou mais para o lobo mau - ele fala rindo e olhando para mim fixamente e em seguida, desce seu olhar para minha boca e molha os lábios. Eu engulo em seco. Olho para o relógio e vejo que são 14h30min! Como o tempo passou correndo.

—Michel, o almoço de hoje foi incrível, mas eu tenho que ir. Algumas pessoas ainda têm que trabalhar até tarde hoje.

—Poxa, mas já? Eu nem vi o tempo passando!

—Nem eu! Mas foi ótimo. Sua companhia é ótima.

Ele sorri para mim. Não tem como não corresponder. Ele paga a conta e nós nos levantamos e vamos até o estacionamento. Ele me acompanha até o meu carro e abre a porta para mim. Quando vou entrar no carro, piso em um buraco que eu juro que não estava lá antes. Por sorte Michel me segura e eu não vou ao chão.

—Você está bem?

—Estou. Obrigada! Já é a segunda vez que me salva em dois encontros. - falo me referindo à noite na boate. Sorrio para ele e ele me devolve.

—Sempre estarei aqui para salvá-la.

Eu estou parada bem à frente dele. Eu conheço esse momento de silêncio que vem sempre antes de um... Beijo! Ele me beija. Lábios macios me tocam. Já faz um bom tempo que não tinha essa sensação. Ele então me solta.

—Bom, agora sim a senhorita pode ir. Que tal um jantar amanhã às 19?

—Olha, vou ser bem sincera. Tudo dependerá do meu trabalho. Como eu disse, não está nada fácil. Se eu estiver livre eu te ligo!

—Por favor, não me faça te ligar!

—Pode deixar!

Eu entro no meu carro e ele fecha a porta para mim. Quem diria não é mesmo? Eu nunca fui considerada uma pessoa sociável. Sempre fui muito focada em meus objetivos. Então encontrar um cara bonito desses do nada era muita sorte minha. Estava tudo muito perfeito. Eu já esperava a parte em que tudo começaria a dar errado. Para de pensar nisso Luce! Eu sou muito pessimista, ou paranoica, como diria Vanessa.

Às vezes queria ser como ela. Um namorado por semana, uma vida social ativa, com mais de mil seguidores em suas redes sociais. Mas essa vontade passa logo, porque acho isso tudo muito fútil. Eu queria saber o que mil seguidores irão lhe fornecer de útil. Meu tipo de ostentação seria ler 3 livros em uma semana. Mas claro isso antes do trabalho. Ele consome todas as minhas energias, mas não reclamo. Eu gosto.

Trabalho

Em uma hora teria de estar na sala de reuniões discutindo o que fazer para pegar os bandidos da O.S.A. O que fazer? Nós não tínhamos pista nenhuma sobre quem seriam os mascarados das câmeras. Talvez, um deles dirigia um possível carro vermelho que foi visto no escuro por quem acabara de acordar. Resumindo: NADA.

Chego em casa e vou direto tomar um banho, mas não sem antes dar uma vasculhada em todos os cômodos. É horrível não poder entrar em casa tranquilamente, ainda mais depois do pesadelo com Michel.

Michel.

 Ele tinha todos os atrativos físicos que alguém poderia ter, e eu estava começando a descobrir que ele não era só um rostinho bonito.

Vou até a cozinha para tomar um copo de suco. Agora iria começar a parte difícil novamente. Esse era um dos casos do qual eu iria precisar de férias após sua solução.

Entro no carro e vou dirigindo os 20 minutos ao som de Iron Maiden. Estaciono o carro e entro na delegacia. O capitão havia comentado que a reunião deveria ser confidencial. Poucas pessoas que não eram detetives iriam participar, como Vanessa, já que ela cuidava da papelada do caso.

Vou para a Apocalipse e encontro Bob no caminho. Caminhamos juntos até a sala. Bob entrara ali fazia mais ou menos 1 ano. Ele é parceiro de Rachel. Os dois como eu e Jess, se conheceram no trabalho. Formavam uma bela parceria. Diferente de mim e do Jess, eles estavam em um relacionamento sério.

Todos já estavam na Apocalipse. Sentei-me ao lado de Jess, que me olhou com um ar de interrogação.

—o que foi? - eu sussurro para ele.

—"o que foi?"? Eu estava preocupado com você, já que não retornou minhas ligações

—Desculpe. Eu deixei o celular dentro da bolsa enquanto estava almoçando com Michel, nem vi as ligações. Não o olhei quando cheguei em casa.

—Michel? Aquele Michel? Você não disse que não estava saindo com um Michel? - ele falava em tom de acusação e incredulidade. Ah me poupe.

—É, aquele mesmo. Ele me ligou ontem me convidando para almoçar fora. Mas aqui não é lugar nem hora para se discutir isso.

—Eu preciso ver esse sujeito, para ver se ele serve para você. Olhe, vão começar.

A promotora Kate entra na sala e todos se levantam. Há uma seriedade grave em seu olhar. Ela tem os cabelos negros, a pele em um negro maravilhoso e uma ótima forma física. Ela vai elegantemente até seu assento (em uma das pontas da mesa), mas permanece em pé.

—Boa tarde a todos. Agradeço por comparecerem a essa reunião. Pedi que a mesma fosse confidencial para que tanto eu como minha família estejamos seguros. - ela olha para todos, um por um, e continua - peço nesse momento o total esforço de vocês, pois passamos por uma situação delicada. Venho informar que de acordo com nossos olhos que estão nas ruas, descobrimos o apelido do suspeito dos assassinatos. Todos o conhecem por Raio. Infelizmente não descobrimos seu nome verdadeiro.

Um burburinho tomou conta da sala. Todos sabem que Kate tem informantes nas ruas, "os olhos" os quais ela mencionara. Mas como eles sabiam de tal informação? Como se estivesse lendo meus pensamentos, Thomas pediu licença para falar.

—Se me permite perguntar Kate, como eles sabem disso?

—Boa pergunta Thomas. Esse cara é conhecido por eles. E devido à violência com que se ocorreram os assassinatos, eles souberam que só há uma pessoa capaz de fazer isso, que seria esse tal de Raio. Agora eu quero ver o que temos, para ver se identificamos os suspeitos.

Todos, um por um, foram falando sobre pistas, vestígios nas cenas dos crimes e suas suspeitas e opiniões a respeito. Eu estava encostada na cadeira e observando tudo que estava em cima da mesa. Era muita informação e ao mesmo tempo nenhuma. Isso não nos levaria a lugar algum. Eu estava me esforçando de verdade para pensar em alguma coisa. Estou olhando agora para a promotora, que fala sobre possíveis lugares que o Raio possa frequentar. Quando vejo algo estranho. Um ponto vermelho ilumina sua roupa, no lado esquerdo, onde fica o coração. Eu conhecia aquilo.

—Pro chão! - falo, me lançando em direção à Kate.

Estilhaços estão pelo chão. Vários disparos são dados em direção a nós. Um desespero invade todos que estavam na sala. Gritos. Choro.

De repente os tiros cessam. Um silêncio aterrorizante se instala na sala. Aos poucos as pessoas vão se mexendo e percebendo o estrago. Os vidros da janela estavam todos quebrados e espalhados pelo chão. Eu estava por cima da promotora. Para protegê-la. Vejo se todos estavam bem, mas Rachel levou um tiro no braço. Bob estava com as mãos cortadas pelos estilhaços. E a promotora, bem, ela não se mexia. Agitei-a com força, mas ela não respondia. Virei seu corpo e só então vi a mancha vermelha que surgia em seu peito.

A promotora estava morta.


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Notas finais do capítulo

E o lobo será visto pela primeira vez



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