Mas que merda é essa? O que Diabos Vanessa estava fazendo com aquele safado? Isso estava realmente acontecendo? Sim, eram eles! O que eles estavam fazendo juntos? Eu tinha que descobrir. Resolvo me sentar em uma mesa um pouco mais distante e fico os observando.

Eles conversam intensamente. Vanessa está com todos os sorrisos para Michel e mexe o cabelo constantemente. Eca.

Ela toca o ombro dele e ele olha para ela. O clima parece ficar meio tenso. Ela se aproxima e abraça-o. Que cena. Ontem minha arma estava apontada para esse desgraçado e hoje ele está conversando com aquela que pensei ser uma das pessoas mais próximas a mim. Tudo bem que não era tanto. Ela me fazia companhia para tomar um drink às vezes. Mas mesmo assim ela fazia parte do time. Resolvi atrapalhar aquela cena que estava embrulhando meu estômago.

—Que lindos! Que cena mais linda, será que eu estou atrapalhando o casalzinho ai? – eu chego os aplaudindo.

Ambos se assustam e se separam. O rosto de Michel estava com marcas da noite passada. Sua boca estava inchada. Tive vontade de rir.

—Lu...Lu...Luce? – Vanessa me olha como se visse um fantasma.

—Olá Vanessa. Olá Michel. – digo com um sorriso no rosto, mas eu queria mesmo era arrancar os cabelos dessa vadia e quebrar os dentes desse canalha.

—Luce? – diz Michel – o que você está fazendo...

—Pra você é Lucile, seu babaca. O que você está fazendo com esse imbecil Vanessa? – eu falo apontando para Michel.

—Estávamos apenas conversando...

—Só conversando? Cuidado quando for para casa hoje. Pode ser que antes que você chegue o Michel já esteja lá.

—É... Ele me contou o que houve... Eu estava só o ajudando a superar o que você é o Jess fizeram. Olha só pro rosto dele!

—O que nós fizemos? Que eu saiba ele pode muito bem estar envolvido no caso que estamos investigando.

—Eu não estou envolvido em nada! Só queria conversar com alguém que te entendesse - ele fala me olhando dos pés à cabeça, fazendo cara de nojo.

—E desde quando vocês mantêm contato? Vocês conversam desde o dia em que eu e Michel nos conhecemos? Como fui tola! Vocês estão tendo um caso!

—O quê? Não Luce - ela vem pra perto de mim e eu dou um passo para trás. Levanto a mão para ela, fecho os olhos e respiro fundo.

—Não venha me abraçar! Sua falsa! Como fui idiota!

—Sabe, eu teria ganhado muito mais se tivesse ido atrás da Vanessa e não de você! - Michel fala para mim, andando até Vanessa.

—Vocês dois se merecem! Aproveitem bem o tempo juntos, porque Michel eu sei que você está escondendo algo, e eu vou fazer questão de descobrir e te punir. Lembre bem disso - eu então me viro e vou embora.

Entro no meu carro, jogo as comidas no banco do passageiro.

—Droga! – eu soco o volante.

Fico ali um bom tempo com a cabeça encostada no volante do carro pensando no que eu acabei de ver. A Vanessa não presta! Essa é a triste realidade!

Mas o que mais me preocupa não é ela estar saindo com Michel, eu sempre soube que ela era atirada assim. O que realmente me preocupa é essa minha intuição de que Michel está envolvido no caso do Raio.

Os sonhos, sua abordagem naquela boate... Que coincidência não? Tanto ele quanto o Raio sabem misteriosamente onde é minha casa. E minha vida tem sido um inferno com essas perseguições. Tantas mortes, uma tentativa de acabar com a cidade... Espero colocar esse monstro atrás das grades logo. O rosto de Michel estava bem machucado, mais ainda que o de Jess.

Jess

Senhor ainda tem o Jess! Eu não sei o que esperar a partir do que houve ontem à noite. O que eu devo fazer? “Oi Jess, então, eu queria dizer que infelizmente não vai rolar nada entre a gente porque eu tenho medo de um relacionamento, ainda mais com alguém do trabalho e eu prefiro envelhecer e cuidar de 30 gatos” ou ainda “Jess, adorei seu beijo ontem seu gostoso, vamos repetir?”.

Ain...

Eu levanto minha cabeça e olho para frente. Michel está saindo do restaurante. Meu pé pesa para pisar fundo no acelerador e passar por cima dele. Ele sai apressado, olhando para os lados. Deixo-o tomar uma boa distância e o acompanho de dentro do meu carro.

Ele anda por três quarteirões à frente e entra em uma lanchonete. Já com fome Michel? Mas você acabou de sair de um restaurante. Eu estaciono o meu carro, sento-me em uma das mesas e finjo estar lendo um jornal. Ele se senta com um homem que se veste todo de preto. De onde estou não consigo ver o rosto do homem. Michel entrega um pacote para ele. Michel mantem a todo tempo sua cabeça abaixada. Meu celular toca. Merda!

—Alô – eu falo com a voz baixa. Tenho que me levantar e ir lá para fora.

—Luce, cadê você? Eu tô morrendo de fome!

—Jess, eu já estou indo!

—Por que você tá demorando tanto?

—É que... Teve um acidente aqui e a rua está travada, mas já estão liberando a pista. Chego aí em 15 minutos – eu falava vendo a rua que tinha o trânsito tranquilo.

—Tudo bem... Vem logo!

Ele desliga. Se eu falasse que estava perseguindo Michel, Jess iria vir correndo para cá. Eu guardo meu telefone e volto para dentro da lanchonete, mas Michel não está mais lá, nem o homem com o qual conversava. Eles devem ter ido embora. Merda! Como posso ter os deixado escapar?

Volto para o carro e dirijo para minha casa.

Quando entro em casa Jess vem correndo e pega as sacolas de minha mão.

— O cheiro está ótimo! – ele abre e começa a comer – o gosto também!

— Assim espero – vou até a geladeira – Bom, infelizmente não temos refrigerante, mas temos vinho.

—Eu topo.

Comemos nossa comida e bebemos nosso vinho. Jess me contou que estavam tentando fazer reconhecimento facial para Hyden. Algo estranho, reconhecer alguém morto. Mas não custava tentar. Não havia ocorrência de roubo daquele carro, o que era estranho também.

Fui lavar as vasilhas e Jess secava. Em pouco tempo teríamos que nos arrumar para fazer a segurança do prefeito.

—Lava direito Luce! Ficou sabão aqui olha! – ele vem por trás de mim se esticando para alcançar a água que saía da torneira. Nisso ele me pressiona contra a pia.

Eu fico tensa. Ele esfrega o copo lentamente. Seu corpo está colado ao meu. Eu finjo não notar, mas ele abaixa seu rosto e cheira meu pescoço.

—Jess, para com isso! – Eu me afasto e jogo sabão nele. Ele olha para mim incrédulo. Em seguida pega um copo, enche de água e o atira em mim! Eu fico encharcada.

—Jess seu idiota! – eu grito com ele. Água escorria do meu cabelo para o meu rosto.

—Foi você que começou! – ele olha para minha blusa e sorri – eu devia ter feito isso antes...

Eu olho e vejo que minha blusa está praticamente transparente. Filho da mãe! Vou em direção a ele com a mão levantada. Ah eu vou fazer o rosto dele ficar mais roxo ainda! Mas antes que minha mão o atinja ele a segura e me puxa para perto.

Ele me beija.

Com euforia ele me beija. Seu desejo parece ser muito grande. Eu queria sair dali, mas não posso, porque eu também o quero. Ah que se dane! Eu o quero sim!

Ele me agarra rapidamente com força. Jess me segura aproximando o seu corpo o máximo possível do meu. Um beijo molhado e que me causa arrepios. Eu nunca tive essa sensação antes, era como se todo o meu corpo estivesse queimando. Eu agarro o cabelo dele e ele geme em minha boca. Ele agarra minha cintura, me fazendo sentar na pia. Eu hesito por um momento.

—Jess, é melhor não. A gente não pode...

—Shhi. - ele coloca o dedo indicador na minha boca e cheira meu pescoço, me fazendo estremecer - nós podemos tudo. Não vamos nos preocupar com o depois. Aproveite o momento. - diz ele, tirando minha blusa.

—Vamos ao menos para a cama!

Ele me joga em seu ombro e me carrega até a cama. Jess me atira em cima dela. Ele fica por cima de mim e sussurra em meu ouvido:

—Eu espero por isso há muito tempo. Não se preocupe com nada. Quero que sinta o mesmo que estou sentindo.

E então aproveitamos aquele momento juntos na minha cama, e depois em um banho relaxante juntos. Naquele momento ambos estavam entregues à total perdição.