Dúvidas da razão escrita por larissasalary


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

E ele me beijou, forte e intensamente.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/695200/chapter/11

—Quem sou eu? Quem é você? - pergunta Jess apontando para Michel. Ele estava ao meu lado

—Ah, agora entendi! - Michel bate palmas e olha para cima - vocês dois estão juntos - ele olha para nós - você está me evitando por causa dele!

—O quê? Nós não temos nada - eu me afasto de Jess. Ele olha para mim, para Michel e de repente fica revoltado.

—Nada? Então é disso que você chama ontem à noite? - Jess olha para mim como se estivesse ofendido.

—Que Diabos Jess? Nós não temos nada! Não invente!

—Vocês dois são uns idiotas! E você Lucile... - Michel olha para mim com cara de nojo - você é só mais uma qualquer que se encontra...

Michel terminaria de falar, se minha mão não tivesse voado na cara dele. Um estalo que fez minha mão arder. Eu me afastei dele, que estava com a mão sobre a bochecha atingida. Ele me olhava furiosamente, sua bochecha estava vermelha, de forma que se podia ver a marca de meus cinco dedos. Que babaca. Ele continua olhando fixamente para mim e avança em minha direção, dando dois passos. Um vulto passa por mim.

Era Jess.

Ele foi pra cima de Michel e acertou um soco com toda força nele, fazendo cambalear para trás.

—Parem vocês dois agora! - eu grito, mas eles não me escutam.

Michel acerta Jess na barriga e o empurra. Os dois são muito fortes, ambos musculosos e extremamente fortes. Jess cai no chão mas se levanta rapidamente. Não adianta o quanto eu grite, eles parecem não me ouvir.

Os meninos brigam intensamente. Chute atrás de chute, soco atrás de soco. O que eu posso fazer? Claro...

—Vocês dois! Parem! - eu estou com a arma apontada para eles.

—Você não vai nos matar - diz Michel, enquanto sangue saía de sua boca. Jess olhava para mim espantado

—Tem razão, matar eu não vou, mas ao menos que as mocinhas queiram sair com um tiro na perna ou no braço, é melhor pararem.

—Você não tem autoridade para isso.

—Não tenho? E que vai me impedir? É melhor você fechar essa sua boca, se desculpar, dar meia volta e entrar no seu carro.

Ele olha para mim incrédulo, Jess tem um sorriso disfarçado em seu rosto.

—Eu vou te denunciar por abuso de autoridade! - ele me ameaça, mas percebo um vacilo em sua voz. Ele estava com medo. Eu me aproximo dele, ao ponto de encostar a arma em sua barriga.

—Vai me denunciar? E para quem? O capitão? - eu estou tão perto de seu rosto que sinto sua respiração - Meu bem, eu sou a merda da capitã, agora, ajoelhe-se, por favor.

Ele hesita e não me obedece.

—Eu pedi com educação, não me faça pedir de outro modo.

Ele então se ajoelha e olha para mim.

—Agora peça desculpas.

—Pedir desculpas? Ele também me bateu!

—Em que merda de hora eu falei para pedir desculpas para ele? É para mim. Peça, talvez eu aceite.

—Me desculpe - ele diz baixinho olhando para o chão.

—Eu não ouvi! - Eu me abaixo e grito bem próximo ao seu rosto

—Me desculpe! - ele grita - já posso ir?

—Não. Agora você vai me contar como você sabia onde eu morava.

—Eu te segui – ele diz com voz de choro – depois daquele dia no restaurante eu te segui. Você veio para cá e eu descobri que você morava aqui. Parece que foi o maior erro que já cometi – ele diz olhando para mim agora.

—Se esse foi seu maior erro, você tem muito que aprender ainda. Agora acho muita coincidência o sujeito que estamos procurando ter um carro igualzinho a esse. Você não acha?

—Quem disse que esse carro é meu? Eu vim a pé. Cheguei aqui e ele já estava lá. Você está ficando paranoica. Nem todo carro vermelho é o que você está procurando. Agora por favor, deixe-me ir.

Como eu poderia confiar nele? Como assim o carro não era dele? É claro que era. Tinha que ser. Eu me afasto e guardo a arma de volta em minha cintura.

—Agora você pode ir.

—Não quer marcar um almoço para amanhã? – diz Jess, rindo da cara de Michel.

—Vai se ferrar babaca! – Michel diz e vai embora.

Eu fico paralisada. Olhava para a lua em busca de qualquer explicação. E se eu estivesse acabando de libertar o assassino de Kate? Poderia muito bem ser ele. As evidencias apontavam para ele. Mas e se ele realmente me seguiu depois do restaurante? Podia também não ser ele. Ai, minha cabeça doía. Talvez eu esteja realmente ficando paranoica com tudo isso. Jess vem até mim.

—Ei, você esta bem?

—Hum... Se eu estou bem?! Olha só pra você! Todo esse sangue em seu nariz!

—Ai! Não encosta, isso dói.

—Com certeza está quebrado. Céus, eu só me envolvo com gente idiota. Vamos entrar.

—Idiota? Esse idiota aqui te salvou daquele babaca. Sério Luce? Achei que você escolhia melhor com quem você se envolvia.

—Escolher? Você está dormindo na minha casa! Eu tive escolha? – falo isso e entro na minha casa.

—Ai, sua grossa. Essa doeu bem aqui – ele faz um gesto circular sobre seu peito.

—Não mais do que seu rosto deve estar doendo. Vou pegar um gelo pra você.

Vou para a cozinha e Jess se senta no sofá. Quando volto com o gelo ele esta olhando para mim com os braços cruzados.

—O que foi? – pergunto e coloco o gelo em cima de seu nariz. Ele geme.

—Nem um obrigado?

—Eu salvei sua vida mais cedo. Estamos quites agora.

Ele olha para mim com uma cara feia.

—Ok, obrigada por me defender e dar uma surra naquele idiota. Agora me deixe dar uma olhada nesse nariz.

Eu retiro o gelo e olho. Está bem feio. Há um corte na sobrancelha esquerda e um lado em sua mandíbula está roxo. Eu encosto no nariz dele e ele grita.

—Xiiiu. Deixa de ser mole Jess. Não quebrou, só deslocou. Fique quieto que o colocarei novamente no lugar.

—Você sabe fazer isso? – ele segura minha mão, me impedindo de continuar.

—Já fiz isso várias vezes, mas essa posição aqui está ruim. Encoste sua cabeça no sofá. – ele faz isso e eu subo, colocando minhas pernas ao seu redor.

—Wow, desse jeito eu quebraria meu nariz mais vezes – ele diz rindo para mim.

—Cala a boca Jess. Isso vai doer. – eu puxo seu nariz para o lugar e ele grita. Eu começo a rir. – prontinho mocinha. Novinho em folha. Agora um banho, comprimidos e uma boa noite de sono. Amanhã estará bem melhor. – vou me levantando, mas antes Jess me puxa de volta, fazendo-me sentar em seu colo. Eu olho para ele assustada – Jess?!

—um beijinho para sarar mais rápido? – ele diz olhando para minha boca. Eu engulo seco.

—Quantos anos você tem? Acha mesmo que vou...

—Por favor! – o olhar dele faz pena.

—Eu mereço! – eu vou beijar a ponta de seu nariz, mas antes que encoste minha boca nele, ele levanta seu rosto fazendo nossas bocas se encontrarem.

Ele me beija. Forte e intensamente. Um calor percorre todo meu corpo. Eu não tenho forças para sair dali. Não mais. A sensação é maravilhosa. Eu agarro seus cabelos e ele geme em minha boca. Suas mãos estão em minhas costas, descendo vagarosamente. Não, isso não pode ir longe demais.

Eu me afasto dele.

Quando o olho, seus olhos ainda estão fechados, ele somente apreciando o momento e o meu sabor que estava em sua boca. Eu pulo de seu colo.

—Luce, deixe de coisa, volte aqui – ele fala ainda com os olhos fechados.

—Não, não e não - eu começo a andar de um lado para o outro, fazendo não com um movimento de meu dedo indicador.

—Não o que? Qual o mal disso? Eu te quero, você me quer. É simples.

—Eu não te quero.

—Não parecia há dois minutos – ele olha para mim e passa a língua na boca. Nojento!

— Como assim, eu sou sua chefe! Não devemos misturar as duas coisas. Nunca dá certo.

—Você só vai saber se você tentar.

Eu paro de andar e olho para ele. Ele olha para mim. Um silêncio nos percorre. Jess se levanta e anda em minha direção. Antes que ele chegue até mim eu saio.

—Vou tomar um banho, fique à vontade. Aconselho você a tomar um também.

Entro no meu quarto, tranco a porta e escorrego por ela, sentando-me no chão. O que foi que eu fiz? Isso vai confundir tudo. Mas eu não sei se é pra tanto. Ele parece se importar comigo. Suas ações não deixam duvidas, mas e se ele só estiver fazendo isso para conseguir alguma coisa comigo? Acho que não.

Passo a mão por meus lábios que ainda estão inchados. É eu gostei. Merda, como eu gostei! Mas isso não podia ir para frente. Ele é meu melhor amigo, meu parceiro de trabalho. Não queria decepções, ainda mais depois dessa de Michel.

Não foi aquela decepção do tipo, “nossa como estou sofrendo porque ele não é o príncipe encantado que eu esperava”. Mas poxa. Eu beijei o cara e ele parecia todo fofo comigo. Beijei-o. Nossa não sei por que, mas pensar nisso fez meu estômago embrulhar.

E ainda havia minha suspeita sobre ele que não passava. Ele tinha que ter algum envolvimento com o Raio. Ele era suspeito demais. Pelo menos o lobo mau se revelou cedo, afinal, príncipes existem sim, mas a branca de neve e a cinderela já pegaram para elas.

Levantei-me e fui tomar um banho rapidamente. Troquei-me e fui para a cozinha. Fiz apenas uma vitamina. Fiz para dois, não sabia o que Jess queria comer, mas não ia preparar nada que levasse mais de dez minutos.

Estou encostada na pia terminando de tomar minha vitamina quando Jess aparece. Dessa vez, com um short, mas sem camisa. Era a visão do céu. Ele se senta diante da bancada e sem dizer nada, coloca a vitamina em seu copo e a bebe. Ele para quando está na metade e fala olhando para suas próprias mãos.

—Luce, olha, sobre o que aconteceu entre a gente...

—Não quero falar sobre isso. Aconteceu e já passou. Vamos tentar não tocar no assunto para que isso se torne menos constrangedor.

—Isso não é constrangedor. Luce eu...

—Jess, olha, vamos focar neste caso, ok? Há tanta coisa acontecendo, tanta preocupação. Depois nós podemos conversar sobre isso.

—Por mim tudo bem... Vamos nos deitar?

—Com certeza.

Nos arrumamos e deitamos para dormir. Estava virada com as costas para Jess, mas ele me cutuca e eu me viro.

— o que foi? – eu pergunto

—Nada, só... Boa noite Luce.

—Boa noite Jess – eu me viro para o outro lado.

No outro dia eu acordo um pouco atordoada. Meu relógio marcava 11:30. Nossa, como dormi. Eu me levanto e escovo meus dentes. Quando saio do meu quarto me deparo com Jess, ele estava assistindo a um filme.

—Bom dia dorminhoca. Isso são horas? – ele pergunta ainda olhando para a TV.

—Não enche vai... Alguma noticia?

—A pericia examinou os locais, tanto da morte do vice-prefeito, quanto o da batida. Não temos nada. Os bandidos que morreram também não estavam registrados em nosso banco de dados. Como uma inteligência como a da nossa cidade deixou tantas pessoas circularem por aí sem serem reconhecidas ainda é um mistério pra mim.

—Nossa.

—Mas – ele pausa o filme – a boa noticia é que talvez tenhamos um nome verdadeiro para o Raio.

—Está brincando comigo!

—Não. Encontraram, acredite, um fio de cabelo no assento do banco de trás daquele carro e Eureca! – ele se levanta e fica de frente para mim – jogaram no banco de dados e descobriram um homem. Hyder Warniston é seu nome, ele...

—E o que estamos esperando para irmos atrás dele? – eu pergunto empolgada.

—Morto há 18 anos.

—O que?!

—É o que eu disse. Talvez teríamos encontrado, fora esse pequeno detalhe que está no banco de dados.

—Merda, como pode? E agora?

—Agora você irá comprar o nosso almoço porque estou com fome.

—Sério? – faço uma cara de desânimo, mas não adianta.

—Uhum.

Eu me troco, pego as chaves e saio para comprar comida. Como alguém poderia estar morto e matando pessoas ao mesmo tempo? Talvez o carro tenha sido roubado desse homem que identificamos. Talvez.

O restaurante mais perto, infelizmente, era o que Michel me levou para almoçar.

Fui até lá dentro para fazer uma marmita para mim e outra para Jess. Quando termino, vou ao caixa pagar. Já ia saindo quando olho rapidamente para um lado e vejo um vulto sentado em uma mesa. Eu olho novamente. O que?! Mas que merda é essa?!

Aquele era Michel... E Vanessa?!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dúvidas da razão" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.