These broken hearts escrita por Bianca Romanoff


Capítulo 13
Whatever it takes


Notas iniciais do capítulo

Oii meus amores! Espero que gostem do capítulo!



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Eu não conseguia sentir o mundo à minha volta, parecia estar preso em uma espécie de transe incessante. O que eu acabara de ver... Não podia ser real. Aquela garotinha das imagens... No início não a reconheci, mas os cabelos ruivos e a feição meiga seriam reconhecíveis em qualquer situação.

Quando Natasha liberou para o mundo os arquivos da SHIELD, seu passado ficou exposto, sua identidade, comprometida. Mas eu nunca sondei nenhum daqueles materiais, pois sabia que aquilo a perturbava de uma forma ininteligível. E gostaria que, quando descobrisse, que fosse pela boca da própria, quando ela se sentisse à vontade o suficiente e tivesse confiança para me contar. E o que eu acabara de fazer... Era exatamente a invasão de privacidade que evitei todos esses anos.

Não era minha culpa. Eu não queria ter visto. Ninguém nos disse que não poderíamos entrar para assistir.

— Steve! Acorda, cara! — Bucky sacudia meus ombros, me retirando do devaneio.

Uma sirene soava na sala, e de súbito, espessas paredes de metal recobriram a área, bloqueando as saídas. Olhei de novo pelo vidro pelo qual acabara de assistir as memórias de Natasha, e a maca em que ela antes se encontrava estava vazia. Shuri vociferava comandos em uma espécie de microfone.

— O que está... — antes que eu terminasse a sentença, um choque percorreu minha espinha, derrubando-me contorcido no chão.

Retirei o pequeno disco que me eletrocutara, arfando e tentando me recuperar e entender o cenário que me rodeava.

— вставать (Levanta!) — quase não reconheci a voz, mas olhava de baixo a figura de Natasha Romanoff, trajando vestes azuis de hospital, e apontando uma arma diretamente para mim.

— уйти от него (Afaste-se dele.) — Bucky bradou.

Natasha então, em um piscar de olhos, brandiu a arma na direção do soldado e atirou duas vezes. Em suas pernas, mas foi um bom distrator. Senti o gosto de bile quando a espiã chutou minhas costelas, fazendo-me rolar pelo chão frio.

— Natasha...

— вставать (Levanta!) — Ela repetiu, dessa vez com mais ferocidade.

Cambaleando, obedeci suas ordens, levantando os braços em rendição.

— Hoje não, ruivinha!

Sam aplicou um golpe certeiro, que atirou a arma para longe, mas a Viúva foi mais rápida em esquivar-se do próximo, seus movimentos fluindo tão suavemente como se estivesse dançando. Sam era forte, mas não tinha nem metade do preparo e treinamento dela. Os dois ficaram envolvidos naquela dança por um tempo, dando-me tempo para ajudar Bucky a se pôr de pé e encontrar Shuri.

— Ela não devia ter acordado! Preciso que T’challa feche a barreira! Eles podem estar vindo atrás dela! — a garota parecia desesperada. — Cuidado!

Natasha acertou a mim e a Bucky de uma vez só, e o Soldado, já ferido, foi ao chão novamente. Desvencilhei-me de seus incontáveis golpes, que eram tão majestosos quanto eram violentos. Ela apanhou um bisturi e cravou-o a centímetros do meu crânio, tendo eu me abaixado em uma questão de segundos.

Em seus olhos, que antes fitavam-me tão apaixonados e magnéticos, não havia um grão de emoção. Não havia nem ira, apenas uma apatia mórbida. Aquilo me partia o coração.

— Nat, por favor. Sou eu! — supliquei, agarrando seu pulso que se preparava para cravar o bisturi no meu olho. — Não vou lutar com você! — brami, segurando agora ambos os seus pulsos.

Ela rosnou, como um animal raivoso, e usou um joelho para acertar a boca do meu estômago e fazer com que eu me dobrasse, atingindo-me então com uma cotovelada na coluna e de novo o choque.

Aproveitei a posição para atracar-me em sua cintura e levá-la ao chão, imobilizando-a.

— Steve! — Sam, que encontrava-se em um estado caótico, arremessou para mim uma seringa. — Precisamos tranquilizá-la!

Mas ela sentiu minha hesitação, como um predador farejando o medo em sua presa. Bateu sua cabeça contra a minha, me desnorteando por um segundo e pondo-se de pé.

— Não vou lutar com você. Você é minha amiga. — repeti para ela as mesmas palavras que tinha articulado a Bucky alguns anos atrás. Ela não expressou nenhuma reação, e esmurrou-me uma pancada de vezes, sem que eu a impedisse.

Eu queria fazê-la parar. Ela era forte, mas eu também. Sabia que conseguiria equiparar-me para a luta. Mas não conseguia. Meu corpo não seguia os comandos do meu cérebro, e as pancadas pareciam tornar-se dormentes. Não conseguiria lutar com Natasha...

— Ты в порядке Все будет хорошо ( Você está bem, vai ficar tudo bem...) — Foi Bucky quem a removeu de cima de mim. Estreitei os olhos inchados para enxergar.

Ele segurava a Viúva Negra pelo pescoço, enforcando-a em um apertado enlaço ao redor do pescoço com o braço metálico. Ela se contorcia, e engasgava a medida que arquejava para buscar o ar e não conseguia.

— Agora, Cap. — Bucky gesticulou para a seringa que pendia frouxa em minha mão direita.

Hesitei, mas enfim apunhalei-a na barriga. Ela grunhiu em resposta, salivando de raiva antes de lentamente perder a consciência. O aperto de Bucky afrouxou-se e o corpo da Viúva ruiu ao lado dele, flácido.

— Eu não disse para ficarem longe daqui?! — a voz de T’challa estrondeou pelo laboratório.

As paredes de metal enfim recolheram-se, e uma dúzia do que acreditei serem soldadas marchou para dentro, nos cercando.

— Permissão para matar? — uma mulher cutucou Natasha com a ponta de uma lança.

— Permissão negada, Okoye. — Shuri foi quem respondeu, e a lutadora bufou em resposta.

— Termine a operação. — Bucky disse.

— Como espera que eu termine a operação assim?! — Shuri esganiçou-se. — Vocês estragaram tudo! Tudo! Eu estava quase removendo o chip, nem tinha notado a presença de vocês, mas... Ela notou. E com toda a comoção tive que parar ou ia acabar machucando-a ou danificando o cérebro, e de alguma forma ele foi ativado e agora...

— E agora você vai removê-lo. — terminei, absoluto.

— Sabem onde estamos? — T’challa indagou, e a irmã fez que sim com a cabeça. — Dora Milaje, vão.

As mulheres então se retiraram as pressas, em uma formação sincronizada.

— Irmã, precisamos que você remova o chip.

— Não posso, irmão. Não estão entendendo, o cérebro é misterioso, com o estresse a que foi acometida e a súbita ativação do chip, é arriscado demais...

— Mais arriscado que ela tentando matar todos nós? — Sam, que cambaleou até nós, replicou.

Chegamos ao acordo de prender Natasha. Era uma medida paliativa, enquanto Shuri estudava uma maneira melhor de enfim retirar o chip, mas precisávamos agir rápido, pois uma vez acordada, a Viúva não vacilaria em assassinar-nos a sangue frio.

A “cela” a que foi designada se assemelhava mais a uma bolha. Era um pequen recinto quadrado com paredes de vidro grosso, e o que parecia ser um trapézio pendia do teto.

— T’challa disse que podem nos avisar quando ela acordar. — Sam foi até mim, que estava há mais de vinte minutos sentado no chão em frente ao cubo observando Natasha desacordada lá dentro. — Vamos, você poderia usar um descanso.

Meneei que não com a cabeça, e ele suspirou em resposta.

— Ela não reconhecer você, Capitão. Não precisa passar por isso de novo.

— Preciso estar aqui por ela, Sam.

— Ficar vigiando ela encarcerada não adianta em nada. Ela saberá quando se recuperar, que você fez o possível. Ela entenderá, Steve.

— Você viu o que eu vi, Sam. O que aconteceu com ela...

— Você não poderia ter evitado aquilo. Nem todos os problemas do mundo dizem respeito a você, Cap.

— Não, mas se você bem me conhece sabe que nunca vou me perdoar por não saber disso e por não tê-la protegido. E sabe que não vou deixá-la agora.

Sam enfim deu-se por vencido, e se retirou.

Fiquei ali, observando Natasha dormindo, pelo que pareceram horas, até que ela enfim oscilou o corpo meviosamente. No entanto, os movimentos suaves foram logo interrompidos por um súbito salto, em que ela se pôs de pé e olhou em volta, atônita.

— Onde estou? — ela esmurrou o vidro que nos separava, um semblante colérico. — Capitão América, me tire daqui e vamos ter uma luta justa. Está com medo? Está?! — ela socou o vidro novamente, me incitando.

— Já disse. Não vou lutar com você. — coloquei-me de pé, e tremulei nos passos para ficar cara a cara com ela, ou melhor, com o vidro. Meu nariz quase podia tocar a proteção fria.

— Você irá. De uma forma ou de outra, você irá. — ela esticou um sorriso torto, macabro. — Quando eles vierem, e eles virão, você não terá outra escolha a não ser me matar.

— Está falando da KGB? Estamos seguros aqui, Natasha, Wakanda é um lugar seguro.

— Não existe lugar seguro. — ela tremeu. — Eles me encontrarão, não importa aonde eu for.

Eu podia sentir um certo pânico em sua voz, e através de seus olhos tétricos enxergava um pedido de socorro.

— Eu vou proteger você, custe o que custar.


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Notas finais do capítulo

Vocês já comentaram mais ein galera kkkkk, sejam legais e deixem o que acharam!
Como acham que a Shuri vai conseguir curar nossa Natasha? E acham que o Cap vai ter que lutar com ela de verdade, ou vai hesitar de novo?
Beijinhos ♥