Renascida das Cinzas escrita por Boadicea


Capítulo 3
III - Menino-anjo Dourado, sangue errado, sangue amado.


Notas iniciais do capítulo

Olá ^-^
Sinceramente, não ando muito inspirada. Mas este capítulo já estava pronto a semanas, então resolvi postar.
Espero que gostem.



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— Por que o adotou?

— Clarissa... – Valentim solta um longo suspiro antes de prosseguir – Pensei que já tivéssemos conversado sobre isso.

— Mas eu não consigo entender! Por que perde seu tempo com o menino dos Herondale? Por que deu sangue de Anjo á ele? – grito furiosa enquanto Valentim me olha com irritação. Por que deu sangue de anjo a ele, e não a mim?

— Você não precisa entender nada, ainda. Fiz o que fiz porque precisava fazer.

— Você o ama? – perguntei baixinho depois de alguns minutos – Mais do que a mim ou Jonathan?

Valentim nunca respondeu. E não precisava. Estava estampado na cara dele o quanto ele se importava com o menino-anjo Herondale.

— Por que ele, e não eu? – perguntar aquilo era como ter uma lança perfurando meu peito. Ele sabia muito bem disso.

— Ele não é um assassino sangue-frio. Ao contrário de você, ele é gentil. Ele está sempre pronto para amar as pessoas.

Mas, papai, não é minha culpa. Juro que não é minha culpa. Eu sou apenas o monstro no qual você me transformou.

— Não se iluda. Ele não é seu filho. Nunca será.

A espada caiu da minha mão ao mesmo tempo em que os punhos de Valentim acertaram meu rosto. Naquele dia, não houve lições ou treinamento.

— Não sou eu quem estou me iludindo, Clarissa. É você.

Ele se trancou na biblioteca e não saiu de lá até a manhã do dia seguinte. Pelo que me lembro, nunca mais conversamos sobre as descendências de Jace.

E não tocamos no nome dele por um bom tempo.

Mesmo assim, nunca me esqueci de sua existência.

Mesmo não sendo um Morgenstern, ele conseguiu roubar o amor de Valentim.

E isso é algo que nunca serei capaz de perdoar.

~ ♥ ~

— É nobre de sua parte estar lutando contra seu pai. – sorrio falsamente antes de prosseguir – Muitos não teriam essa coragem.

— Valentim é um louco. Um psicopata. Somente alguém tão ruim quanto ele o apoiaria.

— Ele é seu pai. Não sente remorso em falar assim dele?

Jace joga a cabeça para trás e ri. Porém, é uma risada amarga, sem humor algum.

Nunca pensei que Anjos pudessem rir de uma forma tão... Sombria.

— Não tenho motivo algum para sentir, ou será que tenho?

— Não. – desvio o olhar o mais depressa possível. É claro que tem. Você é o filho que ele escolheu amar, mesmo que sua forma de amar seja um tanto quanto conturbada.

Qualquer tipo de amor, por mais louco que seja, é melhor do que amor algum.

— Mesmo assim, ainda acho isto muito corajoso de sua parte. – forço um sorriso.

— Se realmente pensa assim, então você é a única.

— Duvido.

Jace demora um pouco, o olhar perdido em alguma lembrança distante, antes de responder.

— A clave já suspeitou de mim uma vez. Não me surpreenderia se voltassem a suspeitar. Na verdade, às vezes, acho que ainda suspeitam.

Não respondo. Apenas fecho meus olhos e deixo a brisa soprar meus cabelos.

Pedi a Jace que me mostrasse um lugar um pouco afastado da cidade, onde eu pudesse relaxar.

Às vezes fico um pouco cansada de todo esse drama familiar, ou dos caçadores de sombras.

— Por que luta por eles, Jace? – pergunto e dessa vez quero realmente saber a resposta.

Ele me olha como se a resposta para isso fosse óbvia, mas mesmo assim, só responde um tempo depois.

— Porque essa é a coisa certa a se fazer. Porque são minha família. – ele se vira para mim, me encarando com aqueles olhos incrivelmente dourados – Afinal, não é isso que você está fazendo, também? Lutando por sua família?

Dou um pequeno sorriso em resposta.

Ah, menino-anjo dourado... Você não tem idéia do quanto eu o invejo por isso.

Você possui uma família pela qual lutar, Jace.

Eu só tenho a mim mesma, só luto por mim.

~ ♥ ~

— Aconteceu algo entre você e Jace? – Sebastian abre a porta do meu quarto sem nem ao menos bater e a fecha em seguida. Sua voz é um sussurro raivoso.

Não respondo. Quem ele pensa que é para me perguntar algo assim?

— Jace não é o cara certo para você, Clary. – ele diz e me lança um olhar irritadiço.

— Ah, sério? Puxa, obrigada pelo conselho, mas... Não vejo como isso possa ser da sua conta, Anjinho.

Ele não responde, apenas caminha em minha direção.

— Será que dá para sair do meu quarto? – pergunto com toda minha irritação.

— Estou preocupado, Clary. Jace é o tipo de cara que acha que pode tudo. Ele só vai usar você e jogá-la fora depois.

Pelo Anjo, qual é o problema desse garoto? Por acaso eu pareço ser burra?

— Não sou idiota, Jonathan. – seus olhos ficam frios ao ouvir seu verdadeiro nome – Eu sei me cuidar muito bem. Não preciso que se metam na minha vida, obrigada.

Ele fica um longo tempo em silêncio antes de voltar a falar. Seus olhos não se desviam dos meus nem mesmo por um instante.

— Você me parece ser uma pessoa legal, Clarissa. Eu... Eu sinto que temos uma conexão desde que você chegou aqui. Sei que você sente isso também. Então, por favor, não estrague tudo.

Ele vai embora sem dizer mais nada, o barulho da porta batendo interrompendo o silêncio que se instaurou no quarto.

Ah, Jonathan... Você não tem idéia do quanto está errado. E certo, também.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo ♥