Para onde ela for, eu tenho que estar. escrita por Maria


Capítulo 2
Capitulo 2


Notas iniciais do capítulo

O que era 1, virou 2. O que era 2, virou 3.
Prometo que o proximo é o último.



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—Você podia ter esperado para amanhã, sabe? Hoje era só um dia em que queríamos passar com você, sem ninguém mais. - Emma rira sem emoção. Regina estava estática. - Nossos filhos estão nos esperando na biblioteca, eles prepararam uma noite linda para você – a voz dela falhava, teve que respirar fundo de novo – estaremos todos lá por você – ela deu um sorriso, mas não era de alegria -  e tudo que eu conseguirei pensar é em você gozando e falando um nome que não seja o meu enquanto outra mulher enfia a mão no meio de suas pernas, no lugar em que você considera sagrado. Que ironia, não. Eu achava que nossa família era sagrada para você, que você nos respeitava, mas eu estava errada. Se você consegue nos trair, imagina seu lugar preferido para pensar e pra fazer outras coisas aparentemente. Sabe o que é pior? Vou passar o resto da minha vida me perguntando o que fiz de tão ruim para você, o que fiz de errado. Esses anos todos eram de verdade? Ou estava só me preparando para uma vingança? Se foi, você está de parabéns. Porque conseguiu. – Ela respirou fundo novamente, as lágrimas desciam dos seus olhos, e quando falou sua voz não passava de um fio - Vou passar o resto dos meus dias me perguntando quantas vezes eu te amei depois dela, quantas vezes eu te beijei com o gosto dela na sua boca. – Se Emma tivesse dado um tapa na cara de Regina não teria doído tanto. Cada palavra foi como um corte na pele da morena que não conseguia nem contestar. Ela queria gritar “foi só uma vez”, “eu estava bêbada”, “me perdoa”, “eu te amo”. Mas não havia desculpas para o que ela tinha feito. Tinha se deixado seduzir por Ruby, entrou na brincadeira da morena mais nova e não viu o perigo que estava correndo. Jogou toda uma vida fora por causa de uma garota vulgar que levantou a saia para ela.

Emma virou de novo e entrou na casa. Regina a acompanhou. Não demore. Ainda ouviu a loira dizer para ela. Ouviu sua esposa entrar na biblioteca e seus filhos a perguntando de sua outra mãe. Ela cochilou lá fora, acredita? Mas já foi tomar banho e já vem. Você estava chorando?, ouviu Josh perguntar. Não bebê, lá fora está mais frio do que mamãe imaginava. Regina se arrastou para cima, entrou em seu quarto, a roupa suja da noite anterior não estava mais lá, em cima da cama havia um pijama azul marinho cheio de maçãs vermelhas, nas costas da blusa estava escrito Queen. Regina se encolheu sentando no chão e chorou. O que ela havia feito?

Quinze minutos depois uma morena entrava na biblioteca apagada. Quando entrou encontrou uma barraca feita de lençóis com o teto cheio de luzes parecendo um céu estrelado. As crianças gritaram surpresa junto com Emma. Regina recordara imediatamente de quando disse às crianças que sempre quisera fazer uma barraca com lençóis e que tivesse várias luzes para parecer com as estrelas. Estavam na sala, Emma estava encostada no sofá sentada no chão, ela estava com a cabeça no colo da loira que acariciava seus cabelos enquanto as crianças brincavam e conversava sobre os sonhos. Esse era um dos de Regina.

Seus olhos encheram de lágrimas, olhou para Emma e mesmo na penumbra das luzinhas pode ver o olhar duro da mulher. Agora não era hora de chorar. Pelas crianças.

Comeram, assistiram ao filme, brincaram um pouco com as almofadas, depois de um certo horário Emma levou as crianças para fazer a higiene pessoal antes de dormir, quando voltaram deitou-se com eles. Emma e Regina nunca haviam dormido tão separadas assim desde que se casaram, no máximo com uma criança no meio, mas hoje estavam as duas. A loira fechou os olhos, sabia que Regina não estava dormindo e não queria encará-la. Ficou assim por várias horas fingindo que dormia até perceber que a esposa havia dormido.

Quando finalmente abriu os olhos já estava quase na hora de amanhecer. Emma recordou dos últimos acontecimentos, Ruby falando aquelas coisas, Ruby encostando em Regina, Ruby beijando seu pescoço. As lágrimas começaram a sair silenciosas. O presente de Regina ainda estava dentro do criado mudo ao lado da cama delas, tinha planejado dar depois que as crianças dormissem e elas subissem escondidas para compartilhar a cama, o suor, os suspiros e as almas. Emma reprimiu um soluço. Passou a mão pela barriga suspirando. Ter mas um filho era tudo que Regina sempre quis, quatro Emma é um número melhor que três, mas depois de Josh ela nunca mais conseguiu e a loira tentou diversas vezes, mas depois a morena quis desistir.

Regina aceitou a derrota, mas Emma não. Por diversos anos veio tentando até que finalmente há dois dias veio a confirmação. Ela realmente estava grávida. Faria a surpresa para Regina hoje, e foi ela quem teve a maior surpresa de sua vida. Olhou para os lados, pela luz que entrava da janela já havia amanhecido. Ela não conseguiria passar por aquela manhã, pois as manhãs eram a melhor parte do dia de Emma, se a loira acordasse primeiro velava o sono da esposa até acordá-la com beijos que sempre rendiam mais, e se Regina acordasse primeiro era Emma quem era acordada pelos beijos.

Ela não conseguiria segurar a farsa pela manhã.

Levantou devagar foi ao seu quarto fez a higiene matinal e pegou qualquer peça de roupa e colocou em uma bolsa. Foi no criado mudo e retirou o presente de Regina. Essa criança seria somente dela. Emma desceu as escadas e saiu para o dia gelado sem se importar se estava preparada para o frio ou não. Poderia estar com a roupa mais quente do mundo que estaria temendo do mesmo jeito.

Dirigiu para o primeiro lugar que pensou, para o lugar onde pudesse se sentir segura. Emma subiu até o apartamento de seus pais e começou a bater insistentemente na porta. Ela sabia que era cedo, mas ela não se importava, batia mais forte. Escutou passos vindo de dentro e quando David, seu pai, seu herói, abriu a porta ela não se segurou e pulou no pescoço do dele com um choro completamente soluçado.  

David se assustou ao abrir a porta e dar de cara com Emma ali e no estado em que estava, a filha pulou soluçando em seus braços e ele a apertava firmemente. Como Emma não dizia nada, só chorava, ele passava as mãos em seu cabelo e pedia para ela se acalmar, mas ela tremia cada vez mais. A casa acordou com o barulho, de repente apareceu uma Mary Margareth correndo assustada perguntando o que havia acontecido, Neal com seus 12 anos havia descido as escadas correndo e estava chocado ao ver a irmã naquele estado. Foi só quando Emma percebeu um outro visitante que não deveria estar ali que ela tentou se controlar e desgrudou do pai.

—Mamãe, o que aconteceu? – Perguntou Henry para uma Emma que parecia chocada e não conseguia dizer nenhuma palavra. Não era para ele estar ali, não era para ele vê-la assim – Eu cheguei ontem e achei que já estariam dormindo por isso vim para cá – ele disse vendo que a mãe continuava estática. Henry não aguentou e correu para abraçá-la. Emma rompeu no choro novamente enquanto se agarrava ao filho. Todos vieram para o abraço, Mary abraçou por trás junto com Neal e David pegou a todos. Permaneceram assim por quase dez minutos até que Emma relaxou.

—Vai para casa filho. – ela disse – cuide dos seus irmãos. Se eles perguntarem por mim diga que eu tive que resolver algumas coisas urgentes. Não os traga para cá. Dê café a eles também. Katie só toma o chocolate se passar no mix e as panquecas de Josh tem que ter banana. Pode colocar canela no café de sua mãe. – Ela dizia sem parar ou dar brecha para o filho perguntar qualquer cosa, ela olhou em seus olhos e suplicou – por favor.

Henry somente concordou e muito relutante soltou a mãe. Emma assistiu o filho sair e voltou a chorar sendo abraçada por Neal. Quer deitar? Ele perguntou no meio dos cabelos dela. Ela assentiu e ele a encaminhou para a cama de seus pais. Mãe. Ela chamou. Mary Margareth foi ao encontro dela e a sentou na cama e prendeu seus cabelos gentilmente depois deitou e recebeu a filha de braços abertos que deitou em seu colo. Seu irmão deitou do seu lado e passou os braços na cintura dela e ela prontamente lhe segurou as mãos. Estava segura. As crianças estavam seguras e ela precisava dormir. A mãe afagava seus cabelos e ela não demorou muito para cair no inconsciente.

Regina acordou de supetão e logo percebeu que sua esposa não estava ali. Droga, não queria ter dormido. Precisava falar com Emma. O desespero começou a dominar seu ser e ela foi procurar pela casa, mas Emma não estava em lugar algum. Quando chegou ao quarto viu as roupas mexidas e a terrível constatação bateu sobre ela como uma onda furiosa batia no rochedo, ela tinha ido embora. O choro veio com toda força e ela se deixou cair na cama delas. Puxou a colcha e passou a mão pelos lençóis. Ainda tinha o cheiro de Emma. Agarrou-se a eles enquanto chorava. De repente se levantou e correu para o banheiro, viu ali a roupa que usara há dois dias e a rasgou toda. Depois de deixá-las em pedacinhos entrou no chuveiro e começou a se esfregar de forma bruta até machucar a pele. Estava suja, precisava se lavar. As lágrimas se misturavam com a água que caía do chuveiro, se esfregou até não ter mais forças. E então simplesmente parou e deixou a água cair sobre si. Minutos mais tarde foi despertada pelo barulho no andar inferior. Seus filhos.

A morena saiu do banheiro e se arrumou. Olhou no espelho, estava péssima. Mas seus filhos estavam lá em baixo e sem nenhuma de suas mães. Desceu as escadas e achou estranho a animação dos pequenos. Emma era quem os animava de manhã. Uma esperança passou pelo coração de Regina. Sua esposa poderia estar ali. Ela então praticamente correu para a cozinha, o cheiro de panquecas com banana invadindo sua mente. O sorriso já estava em seus lábios. Mas quando entrou na cozinha não era para Emma que as crianças faziam festa. Era Henry que mexia o chocolate de Kate com o mix. Seus coração deu uma batida descompassada, estava feliz pelo primogênito estar ali, mas não pode deixar de ficar decepcionada.

—Mãe, - Josh a chamou – olha quem chegou. - Henry que até então estava virado para a pia olhou em direção à mãe. Regina sorria, mas seu sorriso morreu assim que viu os olhos do filho. Estavam nublados. – Ele disse que a mamãe Emma precisava resolver alguns problemas da delegacia e mandou ele aqui. Ainda bem que ela pensa em tudo porque você nunca acerta a quantidade de banana nas minhas panquecas. – Regina sorriu para o filho e foi em direção a eles dando um beijo na bochecha de cada um dos pequenos. Olhou para Henry, estava morrendo de medo, ele já havia visto Emma, e pela cara que fazia não foi um encontro legal. Mesmo assim ele abrira os braços para mãe que correu e o abraçou.

Henry ainda não sabia o que tinha acontecido entre suas mães, mas ao ver Emma destruída daquele jeito e o olhar de culpa que Regina carregava, sabia que a morena devia ter feito algo de muito ruim. Tentou abstrair desses pensamentos e cuidar das crianças. Tomaram café e foram todos brincar na piscina. Katie não parava de perguntar quando Emma chegaria e Henry desconversava. Quando todos já iam derreter de tanto que ficaram na água, saíram da piscina e Henry mandou todos tomarem banho para irem almoçar. As crianças se animaram e corendo entraram em casa.

Mãe e filho ficaram sozinhos e em silêncio por um longo tempo. Já estavam quase secos quando Regina finalmente falou.

—Você esteve com sua mãe? – ela olhou diretamente em seu rosto e suas feições se contraíram.

—Aquela mulher que eu vi na casa da vovó e do vovô não era a minha mãe. Era um espectro do que ela um dia foi. – Regina estremeceu – ela estava destruída e mal se mantinha em pé. Eu nuca a vi desse jeito, nem quando ela perdeu papai definitivamente, nem quando Hook não voltou do submundo. Eu tive que reunir toda minha coragem para deixá-la lá e vir para cá. – Henry não olhava para Regina, mas para as suas mãos – o que aconteceu? – ela não podia ver a acusação nos olhos do filho que claramente perguntavam, o que você fez?    

                _Eu... eu – Regina não sabia o que falar ou como começar – filho... – as lágrimas começaram a cair, Henry esperou – sexta, antes do meu aniversário eu fui ao Granys, era mais ou menos umas cinco horas, pedi um lanche qualquer e estava comendo, foi quando Ruby trouxe uma garrafa de Whisky e um bolinho dizendo que era para comemorar meu aniversário. – ela abaixou a cabeça – eu sabia que Ruby estava dando em cima de mim na cara de sua mãe, mas Emma gostava tanto dela que nunca percebeu, eu devia ter recusado a bebida, eu não deveria ter aceitado aquela dose... – Regina parou. Ela não queria continuar.

                _Continue. – Henry disse.           

                _Eu bebi uma dose, prometi a mim mesma que era só uma, comi o bolo de Ruby, e uma dose se transformou em duas, três e o resto eu só lembro de estar com ela na cama, a beijando, nua... – sua voz saiu num fio. A vergonha tomando conta do seu ser. Henry não olhava para Regina, jamais imaginaria que a mãe pudesse fazer algo desse tipo, não sabia se poderia falar algo que não fosse se arrepender depois. – eu não devia ter bebido, eu deveria saber que ela tentaria alguma coisa – Regina começou a se explicar, queria fazer com que o filho entendesse que ela não tivera a intenção. – E então ontem ela veio aqui, não sei como entrou e quando Emma veio me chamar, bem, ela viu Ruby me prensando na árvore e tentando me beijar e dizendo... – Ela não ia repetir o que Ruby disse.

                _Como você pôde? – Ele ainda não olhava para mãe – Nós confiamos em você, mamãe confiou em você. Era melhor você ter arrancado o coração dela e ter esmagado.

                _Henry... – Regina parecia que tinha tomado um soco.

                _Como você pôde? – Ele perguntou de novo olhando para ela. A decepção estava estampada em seu rosto. – Não tente colocar culpa na bebida, porque se você ama alguém, você ama até inconsciente. Você quis fazer.

                _Henry, meu filho. Por favor. – As lágrimas desciam livremente pelo rosto de Regina. Henry iria falar mais alguma coisa, mas escutou um barulho e viu duas crianças paradas e chocadas na porta. Regina virou o rosto para esconder as lágrimas.

                _Por que mamãe iria querer tirar o coração da mamãe Emma? – Perguntou Josh com medo. Essa história de tirar corações sempre fora meio assustadora para o menino.

                _Cadê a minha mamãe? – Choramingou Katie.

                _Crianças, é muito feio ouvir atrás da porta. – Henry repreendeu-os.

                _Não estávamos ouvindo. – Retrucou Josh. – Elas brigaram, não brigaram? – Perguntou.

                _Isso é conversa de adultos.

                _Eu quero a mamãe, não quero que tirem o coração dela!! – disse Katie com sua voz infantil. Henry pegou a menina no colo e a abraçou.

                _Ninguém vai tirar coração de ninguém. Nós vamos sair e nos divertir muito, é o que mamãe pediu que fizéssemos. Vamos?

                _Você não vem mãe? – Perguntou Josh.

                _Hoje somos só nós garoto. Os irmãos Swan Mills.

                As crianças assentiram não muito satisfeitas. Elas queriam curtir com a família toda e não queriam saber se a mãe tinha coisas para resolver ou não, queriam ela ali. Era sábado. Regina não dissera nada, mal falara com as crianças e as viu partir com o irmão. Quando o portão preto de ferro maciço se fechou ela se permitiu chorar.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem. Comentem.



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