Para onde ela for, eu tenho que estar. escrita por Maria


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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Emma mal dormira a noite. Hoje era o aniversário de Regina sua adorada esposa e ela e as crianças haviam preparado um dia cheio de surpresas para a morena. Quando a loira percebeu os primeiros raios de sol daquele sábado entrando pela janela do quarto já não podia mais esperar. Queria tomar sua esposa nos braços e amá-la como vem fazendo desde que descobriram que já não poderiam viver mais uma sem a outra.

                Depois que Robin e Killiam não conseguiram voltar do submundo Emma e Regina sentiram seus mundos desmoronar, o que não podiam esperar era que o desespero as unisse de uma forma que jamais puderam imaginar. As unisse pelos laços do amor.

                Quando disseram seus votos na presença do juiz e de toda Storybrooke estavam consumando os seus “felizes para sempre”. Doze anos se passaram depois disso e cada vez que Emma ia dormir ela imaginava que já sentia todo amor do mundo por sua esposa e que não poderia sentir mais, era o suficiente, só para acordar no outro dia, surpresa, por amar Regina um pouco mais do que amava no dia anterior.

Emma virou na cama e se apoiou nos cotovelos passando a observar a morena que dormia. Seu peito subia e descia em um ritmo calmo, um pouco diferente do que ela fora dormir ontem, quando parecia agitada e indisposta a conversar. Emma havia deixado de lado, afinal, ela só deveria estar ansiosa pelo dia de hoje. Ou cansada por ter trabalhado demais.

Emma sorriu e se aproximou de sua morena e começou a depositar beijos em sua face, fazia isso de forma lenta, carinhosa e apaixonada. Regina começou a se virar na cama acordando lentamente com o carinho da loira. Bom dia minha rainha aniversariante, espero poder te dar hoje o melhor aniversário de sua vida. Emma dissera olhando nos olhos da esposa que acordara. Continuou com os beijos leves que aos poucos ficaram mais urgentes.

Emma queria sentir sua esposa, beijar todo seu corpo e lhe dar todo o prazer que pudesse conseguir. Regina apenas correspondia aos toques da loira de forma automática, não que não a amasse ou a desejasse. Ela a amava. Estava deitada na cama com Emma sentada por cima de seu corpo que a olhava com uma paixão estarrecedora. Um nó formou no estômago de Regina. A culpa.

A loira retirava a camisola e revelava à morena seu corpo maravilhoso. O corpo cheio de curvas que Regina não cansava de explorar, e amava cada possibilidade de fazer isso. Não aquele dia. Emma deitou por cima da esposa e começou a refazer o caminho dos beijos, mas quando chegou à boca de sua amada, ela virou para o lado, a loira começou a subir o corpo novamente intrigada e um poço chateada, e com as mãos procurava virar o rosto de Regina para ela.

Não havia alegria naquele rosto que tanto amava. Emma, iria dizer algo, mas ouviu passos no corredor, saiu de cima de Regina e foi em direção ao closet. Foi aí que percebeu que só ela estava nua e que sua esposa mal se mexera após suas investidas.

Emma pegou uma roupa confortável e não deixou de reparar em uma muda de Regina jogada pelo chão. A esposa nunca faria isso, devia estar tão cansada ontem, já que trabalhou até tarde, que mal tirou a roupa tomou um banho e caiu na cama. Emma se abaixou e pegou as peças para colocá-las no cesto de roupas sujas quando sentiu o aroma diferente. Era álcool e um perfume diferente, mas estranhamente familiar.

Ela voltou para o quarto onde seus filhos já pulavam em cima da mãe. Josh tinha dez anos e se parecia muito com Regina, ela o havia gerado dois anos após se casarem. Henry já estava grandinho e iria para a faculdade, então decidiram dar a Josh mais um irmão e dessa vez, gerada por Emma veio Katie, hoje com oito anos.

—Mamãe – Katie chamou a atenção de Emma que os observava – vem dar um abraço coletivo de parabéns na mamãe também como a gente combinou. – Emma se moveu até a cama e abraçou os três deixando suas preocupações para depois. As crianças haviam preparado todas as atividades do dia para fazerem com suas mães e eles iriam aproveitá-las.

A loira chamou as crianças para a parte dois e os tirou do quarto dizendo que Regina precisava de um banho deixando a morena sozinha que se levantou e foi em direção ao banheiro, mas quando passou na frente do closet reparou que a roupa que deixara no chão estava perfeitamente estendida em uma cadeira. Estremeceu. O que ela havia feito?

Quando a morena desceu encontrou uma casa cheia de balões vermelhos, tanto no chão quanto no teto, mas fora os balões a casa estava vazia, não havia ninguém na sala nem na cozinha. A porta estava aberta e ao sair da casa reparou que havia balões no jardim também, quando foi que eles preparam tudo isso? Ela se perguntava. Olhou mais a frente e lá estavam eles, abaixo de sua macieira preferida havia uma toalha vermelha estendida no chão, estava repleta com um café da manhã maravilhoso e as crianças esperavam afoitas pela mãe, meio sujos de farinha das panquecas que haviam feito. Emma sorria de pé ao lado deles. Regina queria chorar, mas esse não era o momento. Andou até sua família maravilhada se sentando na toalha vermelha.

—Isso tudo é para mim? – Perguntou encantada.

—Claro que não mamãe. Você não consegue comer isso tudo sozinha, é para a gente também. – Disse Katie se sentando também. Todos riram de sua inocência. Obviamente Regina não queria dizer que comeria tudo aquilo ali sozinha.

Regina ficou olhando o que comeria primeiro e escolheu um morango, mas quando foi pegá-lo foi impedida por seu filho que olhava para Emma, mas a loira parecia não entender o que a expressão do filho queria dizer. Mãe ele disse por entre os dentes, você daria os morangos na boca dela. O moreninho a censurava com os olhos.

—Ah claro. – Emma fez uma nota mental para ficar mais atenta, era sua esposa ali na sua frente, a mulher que amava e que a amava de volta. Não podia ficar colocando grilos em sua cabeça, Regina podia estar só indisposta essa manhã e suas roupas... bem suas roupas teriam uma explicação também. A loira abriu um sorriso – já tinha me esquecido – pegou um morango na bandeja e levou a boca de sua esposa – a rainha hoje merece todas as honras – Regina mordeu o morango que Emma lhe oferecia e depois colou seus lábios ao da loira que sorria. Josh fotografou na hora. Era lindo ver o amor de suas mães.

—Mamãe esquecida. – Katie brincou.

O café da manhã passou em uma tranquilidade incrível, todos comeram, mimaram Regina e riam das palhaçadas de Emma. Quando terminaram de comer as crianças já estavam excitadas para a outra parte da manhã. Todos se dirigiram em direção à praia e passaram o resto da manhã ali, em família.

O clima não estava tão frio, mas ainda assim não daria para entrar na água. Brincaram então por toda extensão de areia, observaram o mar. As crianças pediram para que as mães contassem as histórias de quando elas ainda se odiavam e morriam de rir das duas. Pediram também que as mães demonstrassem um pouquinho de suas mágicas, e eles estavam tão excitados que elas não podiam recusar. Fizeram bonecos de areia que se mexiam, se olharam sorrindo, enquanto as crianças gritavam de tanta animação.

Elas não usavam suas mágicas há muito tempo. Não precisavam mais.

Voltaram para casa na hora do almoço e quando chegaram, a cozinha já estava toda arrumada. Emma precisava agradecer sua mãe, ela coordenara tudo muito bem. Os balões vermelhos foram substituídos por brancos, a mesa da copa estava enfeitada e todo o almoço já estava servido, novamente só havia eles na casa. Emma desejava que Henry pudesse estar ali também desfrutando daquele momento, mas o menino, sim ele era ainda seu menino, mesmo com vinte e sete anos, ou com cinquenta, ainda seria sua kid, tinha uma obra para supervisionar em Nova York hoje cedo e não poderia estar em casa. Com sorte chegaria à tarde. Mais uma refeição transcorreu em perfeita harmonia. A comida estava deliciosa.

Acabaram de comer e foram para os jardins novamente. Ficaram um tempo deitados debaixo da macieira conversando. Brincaram de bolhas de sabão e de adivinhar o formato das nuvens. Jogaram jogos de tabuleiro e quando Emma levou Katie para balançar, Josh veio e se sentou ao lado de sua mãe morena na toalha que ainda estava estendida. O garoto ficou um bom tempo em silencio observando as duas loiras se divertindo no balanço. Ele não conseguia entender algumas das histórias de suas mães, como por exemplo, o fato de Emma ser fechada e não saber se expressar livremente.

Sua mãe loira sempre fora a mais carinhosa, a que deitava no chão, a que pintava a cara, a que sorria abertamente. Sorria com a boca e com a alma. Não importava quão cansativo tivesse sido seu dia ela sempre estava disposta a brincar de faroeste e ser o cavalinho. As brincadeiras sempre acabavam com todos no chão da sala, uma sessão de cócegas e os beijos apaixonados de suas mães.

Elas não haviam se beijado nenhuma vez hoje. Não de verdade. Não como Josh estava acostumado a ver. Continuava olhando para as loiras, ambas sorriam, mas o sorriso de Emma não era o mesmo de costume. Algo estava errado.

—Mamãe estava tão empolgada com este dia. Empolgada até demais. – Josh disse tirando Regina do transe em que se encontrava. – Não parava de rir das ideias que tínhamos e se esforçou muito para tudo dar certo. – Josh não olhava para a mãe que se virou para ele.

—Ela continua animada, não está vendo? – Disse vendo a preocupação do filho, mas internamente sabendo do que o filho estava falando. Josh sempre fora apaixonado por Emma, desde a maternidade, enquanto Regina não tivera alta, era no colo de Emma que ele preferia ficar. E

—Não. Ela não está. – Regina continuou a observá-lo. – O que está acontecendo? Perguntou virando para encarar a mãe que ficou muda. Quando seu filho tinha ficado tão adulto? Ele só tinha dez anos, mas ele herdara a percepção de Henry e de Emma.

—Por que está dizendo isso? – Regina desviou do olhar do filho voltando para olhar as duas mulheres da sua vida que balançavam juntas. Virou-se antes que seu filho lesse seus olhos e descobrisse o que ela fizera.

—Vocês não trocaram um carinho o dia inteiro. Você está distante e mamãe está tentando disfarçar, mas tem algo que a está incomodando. Algo aconteceu e foi hoje de manhã antes de entrarmos no quarto. 

Josh levantou e foi brincar com as outras duas. Chegou por trás de Emma que estava sentada no balanço parado e a abraçou lhe beijando a bochecha. Regina continuou sentada os observando durante muito tempo. Como ela pudera estragar essa paz? Hoje era pra ser um dia extremamente feliz, em família e tudo que conseguira foi deixar seu filho preocupado e ter rejeitado o amor de sua esposa logo de manhã. Já estava escuro quando Emma avisou que eles entrariam para tomar banho e preparar a última surpresa do dia e que ela deveria tomar banho também, sua roupa estaria esperando em cima da cama.

Regina continuou por lá mais um pouco, como se isso fosse prolongar esse dia. Ela não queria que passasse. Josh estava certo. Havia acontecido algo. Terrível. E que ela gostaria de poder voltar no tempo. Amaldiçoou-se por ter deixado as coisas chegarem aonde chegaram. Ela não notou quando alguém chegou por trás dela.

Emma já estava devidamente arrumada e foi checar as crianças, todos estavam com seus pijamas, as pizzas já haviam chegado e a biblioteca estava linda, com ajuda de sua mãe e seu pai haviam puxado lençóis formando uma linda cabana, espalharam colchões e muitas almofadas, mantiveram a sala fechada o dia inteiro para que Regina não percebesse. A grande tela de TV estava de um lado já preparada com o filme preferido de Regina, Notting Hill, quando Emma acendeu as luzes que eles colocaram parecia que estavam ao ar livre olhando as estrelas. Saiu do recinto e fechou as portas. Não era para ela ver antes da hora.

—Mamãe, cadê a outra mamãe? – Perguntou Katie. – Ela ainda não foi tomar banho porque eu fui no quarto de vocês e ela não está lá e o pijama novo está em cima da cama ainda.

Emma estranhou que Regina ainda não havia entrado, seja lá o que tivesse acontecido com sua esposa deveria ser grave, pois ela estava meio perdida o dia inteiro. Amanhã conversariam sobre isso. A loira foi para o jardim, já estava escuro e as luzes que estavam acesas no local não iluminavam toda a extensão. Não viu Regina de imediato.

Caminhou em direção a macieira em que passaram quase todo o dia, ela devia estar por ali, Emma sorriu, Regia dizia que aquela árvore a fazia pensar melhor. Ao se aproximar do local Emma escutou vozes. Será que ela não estava sozinha? A loira não sabe porque, mas um frio percorreu sua espinha e sua respiração começou a ficar pesada. Isso não é certo. Escutou, e era a voz de Regina. Para por favor. Eu sou casada, tenho uma família. Emma foi chegando mais perto, mas suas pernas pareciam chumbo. Isso não parecia importar ontem quando você gozava gemendo meu nome Regininha. Emma sabia de quem era essa voz. Ruby. Sua melhor amiga.

De repente tudo fazia sentido. As brincadeiras exageradas da morena mais nova, os apelidos para Regina. Emma sempre achara que a amiga fazia isso para provocar a prefeita. Mas não, ela estava dando em cima de sua esposa. E o pior, ela nunca tinha percebido. Fora traída pelas duas já que Regina investia nas brincadeiras. Mas não eram brincadeiras.

Emma não podia acreditar. Parecia que alguém arrancara seu coração e o estava apertando devagar tardando a morte evidente. Deu mais alguns passos vacilantes e se deparou com uma cena que jamais, pelo resto de sua vida, irá esquecer. Sua esposa estava encostada na arvore e Ruby estava praticamente em cima dela beijando seu pescoço enquanto lutava com as mãos de Regina para colocar suas próprias dentro da calca dela. A frase Isso não parecia importar ontem quando você gozava gemendo meu nome zumbia na cabeça de Emma que parecia que ia explodir.

Emma pigarreou entrando no campo de visão das outras duas. Ambas viraram para ela. Ruby exibia um sorriso vitorioso, algo que Emma nunca percebeu na amiga que a traíra de tantas formas que a loira nem poderia começar a contar.

—Emma... – Regina sussurrou chocada com os olhos cheios de lágrima, ela tinha perdido a capacidade de se mexer ou de pronunciar qualquer outra palavra só olhava nos olhos da loira que pareciam dois buracos negros de tão escuros que estavam não se assemelhando de forma alguma com as constelações que sua amada sempre exibia. O brilho de seus olhos fora embora.

Ruby iria se pronunciar, mas foi silenciada pelo olhar de Emma. Se olhares realmente matassem, ela teria virado pó. O sorriso presunçoso abandonou sua cara e ela saiu a passos largos dali. Não era burra, se a loira quisesse transformaria ela em poeira. Assim que saiu Emma virou em direção a casa sem dizer qualquer palavra. Regina ainda não se mexia.

—Seus filhos prepararam uma ultima surpresa para você, desgrude dessa árvore, tome um banho tire esse perfume e desça para a biblioteca. – Continuou andando e Regina pareceu recobrar a consciência.  

—Emma, por favor, vamos conversar, somos uma família... – Regina chorava e sua voz estava embargada. Emma parou de andar e virou, Regina quase bateu nela. Ela respirou fundo e fechou os olhos antes de falar novamente.


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