Stepping on Roses escrita por Any Queen


Capítulo 6
You found me


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, obrigado pelos comentários do cap anterior, espero que gostem desse, nos falamos mais nas notas finais
Obs.: eu percebi que tem dois erros que eu não tinha prestado atenção, quem encontrou o Oliver no baile não pode ser a Helena porque ela já tinha aparecido, então eu vou mudar e eu coloquei a Sara como filha do Diggle, mas ela também já tinha aparecido.



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Lost and insecure, you found me, you found me
Lying on the floor, surrounded, surrounded
Why'd you have to wait, where were you, where were you
Just a little late, you found me, you found me

You found me, The Fray

 

Oliver pegou em meu braço e começou a me puxar até Tommy. Oliver estava vermelho, parecia que ia matar alguém a qualquer momento.

                - Tommy Merlyn. – esbravejou o loiro.

                Meu irmão se afastou de um grupo de mulheres e veio até nós rindo alto demais com uma bebida não mão.

                - Felicity! – gritou – Como vai minha irmãzinha querida?

                As pessoas do local começaram a nos encarar e a sussurrar coisas que não poderiam se boas. Oliver tirou a bebida da mão de Tommy e colocou na bandeja de um garçom qualquer, Tommy parou de rir e encarou meu marido com raiva.

                - Quem é você, cara?

                Puxei Tommy e Oliver, apesar da hesitação, eles me seguiram até longe do baile, eu não queria que fizéssemos uma cena e a elite descobrisse que na verdade eu era pobre e eu temia o que Oliver faria caso isso acontecesse.

                Tommy agia tranquilamente, como se a ideia de ter encontrado sua irmã em um baile de gala não significasse nada.

                - Então você é o Oliver Queen. – disse o moreno – Muito arrogante, maninha.

                - Cale a boca, Tommy. – esbravejei.

                - O que faz aqui? – perguntou Oliver cruzando os braços de raiva.

                - Não viu minha acompanhante? Uma bela senhora devo dizer, rica também.

                - Você está precisando de dinheiro novamente? – tentei não gritar, mas o fato de que ele não estava cuidando das crianças cortava meu coração – Pelo menos eles estão comendo?

                - Ah eles estão bem, afinal – virou-se para mim – Deveria ir nos visitar ou já nos renegou por não sermos tão ricos quanto seu marido aqui? – ele deu tapinhas no ombro de Oliver que segurou seu pulso e o torceu.

                - Para, Oliver. – esbravejei, ele me encarou sem demonstrar nada além de impaciência – Eu queria poder ir Tommy, mas não posso.

                - Então não julgue meus métodos, maninha, pelo menos eu estou cuidando deles.

                - Ora, eu estou mandando dinheiro para vocês.

                - Com o ricaço aqui. – Queen soltou o braço de Tommy e ele se afastou massageando o mesmo – Falando nisso, ele se casou com você sem pedir minha benção e pela ceninha que aconteceu mais cedo acho que ele não quer que saibam que eu sou seu irmão. Mas como me tratou tão mal, devo dizer que estou compelido a entrar lá e gritar que você é minha irmãzinha querida.

                - Você não faria. – Tommy tinha cuidado de mim e me criado, mas havia momentos, mais frequentes nesses últimos anos, que eu não o reconhecia mais.

                - Quanto? – Perguntou Oliver simplesmente.

                - Não, Oliver. – coloquei uma mão em seu ombro e ele me olhou questionador – Ele não vai fazer isso por dinheiro, não é Tommy?

                Meu irmão me encarou com uma expressão sarcástica no rosto, se preparando para falar qualquer coisa e eu sabia que o que saísse da sua boca iria me machucar.

                - Quanto? – perguntou Oliver novamente antes que Merlyn falasse alguma coisa.

                - Quanto achar que a minha presença vai afetar o que quer que vocês dois estejam planejando.

                Oliver tirou a carteira do bolso da calça e uma caneta que estava elegantemente em seu bolso do paletó, com um clique ele assinou um cheque e entregou a Tommy que sorriu satisfeito e beijou o papel.

                - Até mais, maninha. – deu um beijo estalado em minha cabeça e saiu tranquilamente, como se não tivesse acabado de me vender de alguma forma.

                - Como é possível? Usar sua própria família para ganhar dinheiro?

                Oliver, que até então me encarava com uma expressão imparcial, colocou uma carranca no lugar. Lembrei-me que ele havia feito a mesma coisa, tinha usado da doença de seu pai e sua ingenuidade para conseguir toda a herança e novamente eu tinha sido barganhada no processo.

                - Desculpa. – disse, mas era tarde demais, quando Oliver colocava uma carranca em seu rosto era impossível fazer com que ele visse o contrário. – Oliver?

                - O que foi? – disse impaciente.

                - Obrigado.

                - Pelo o quê? – ele tirou o olhar da rua e me encarou, ainda irritado, mesmo eu nunca sabendo ao certo com o que.

                - Por cuidar da situação de Tommy sem fazer nada pior. Eu sei que poderia ter negado o dinheiro e ter feito outra coisa para ele não contar quem eu era.

                - O que acha que eu sou, Felicity? – um arrepio passou pela minha pele, ele quase não me chamava pelo nome – Um monstro? – disse com raiva.

                - Bem – comecei ficando igualmente raivosa, afinal ele achava que ele era gentil? – Você não faz nada para que eu pense ao contrário.

                - Estou ajudando a sua família. – disse como se isso bastasse.

                - Sim e agradeço, mas na primeira oportunidade você me ameaça para tirar isso deles.

                - Para manter você na linha.

                - Eu não sou um animal para ser adestrado, Oliver! – gritei.

                - Certamente que não. – uma voz forte cortou a nossa discussão – Está tudo bem por aqui? Vi que saíram com um homem estranho – disse Ray.

                - Estamos bem – respondeu Oliver tentando parecer cordial – Minha esposa ficou um pouco bêbada, pode ficar um pouco com ela aqui fora? Tem algumas pessoas que ainda tenho que cumprimentar.

                - Claro. – fiquei encarando Queen se afastando, sem olhar nem uma vez para trás. – Venha Felicity, vamos nos sentar.

                Aceitei sem hesitar, afinal bem que Oliver merecia a minha desistência, não havia o porquê de continuar tentando, ele nunca agia de maneira civilizada... Cortei-me, houve aquele momento, enquanto dançávamos no qual ele foi gentil e até sorriu com meu desastre dançando, se ele fosse sempre assim seria fácil ficar com ele, na verdade, o difícil seria ficar longe dele.

                Chegamos em um banco de madeira e nos sentamos, Ray ficou em silêncio por um tempo, olhando para o céu, ele era muito bonito, tinha que concordar, quase tão bonito quanto Oliver. Contudo, enquanto Oliver possuía 1,85m de pura raiva ambulante, Ray possuía uma estranha calma, até uma paixão meio doentia pelas coisas, ficava evidente em seu olhar.

                - Leu a minha carta? – perguntou quase como em um sussurro.

                - Sim. – não havia o porquê de mentir.

                - E não mudou de ideia? – mesmo sentados em lados opostos eu podia sentir o calor da proposta de Ray e isso fez com que eu me tremesse, não de frio, mas de medo do que poderia acontecer. Ele tirou seu paletó e colocou por cima de meu ombro, mesmo com a minha negação.

                - Não, Ray, me desculpe. – ele chegou mais perto com uma feição indignada.

                - Não percebe que ele não ama você? Viu como ele falou com você? Ele não se importa.

                - Já disse que você não pode julgar meu casamento.

                - Felicity – sussurrou e esticou a mão, tocando meu maxilar levemente e virando meu rosto para que o encarasse – Sabe o quanto eu a faria feliz.          

                Seus olhos brilhavam intensamente sob a luz das estrelas, minha observação anterior tinha se confirmado, era uma paixão doentia, por enquanto no jeito bom da expressão.

                - Eu te trataria como merece, beijando você em todos os lugares possíveis, mostrando com meu corpo e palavras o quanto você é valiosa.

                Levantei-me com um pulo.

                - Ray, eu já disse que amo Oliver e não quero que me trate como se fosse uma garota qualquer, tenha mais respeito da próxima vez! Eu não dei liberdade para você agir desse modo invasivo comigo. Devo entrar agora. – com a respiração entrecortada, voltei para o baile e peguei a primeira bebida que veio pela frente e tomei tudo de uma vez.

                - Vá com calma, sra. Queen. – uma voz doce veio ao meu lado, era Laurel que eu havia conhecido do casamento.

                - Desculpe.

                - Eu só namorei com Oliver e já me dava vontade de beber o tempo todo, imagina estar casada com ele. – Laurel sorriu e começou a caminhar, me chamando para acompanhá-la.

                - Ele é impossível! – soltei.

                - Mais que impossível, mas eu o entendo, ele não tem culpa de ser como é.

                - Como?

                - Ele não te contou o que aconteceu? – Laurel me encarou surpresa – Creio que ele esteja com medo do que venha junto com a história dele.

                Fiquei realmente curiosa, mas eu tinha um breve instinto que Laurel não me diria.

                - Quando ele me contou, tínhamos mais de dois anos de namoro, eu entendi o que estava acontecendo com ele e vi que aquilo não era uma fase de adolescente que passaria em algum momento como eu havia imaginado. Está tão enraizado nele que já faz parte de quem ele é. Pelo menos, Oliver me contou antes que as coisas ficassem mais sérias e eu pude ver que não suportaria o peso.

                - Ele não me falou nada.

                - Não me espanta, ele tem medo das pessoas, por mais que isso não fique evidente com sua postura de superior.

                - É meio difícil acreditar nisso. – falei rabugenta.

                - Vocês são muito fofos. – a encarei surpresa, essa era a última palavra que eu usaria para nos descrever – Você está emburrada com ele e quando eu falei com ele minutos atrás ele também estava.

                - E o que isso tem de fofo?

                - Não nos emburramos com quem não nos importamos, Felicity, seja por gostarmos ou não e creio que a primeira opção sirva melhor para vocês dois.

                - Ainda não vejo como isso importa.

                - Se Oliver se emburrasse comigo assim quando namorávamos talvez ainda estivéssemos juntos. Ele simplesmente não ligava quando discutíamos, isso não é algo bom. Bem, tenho que ir. – ele me deu um abraço rápido e piscou para mim – Talvez ainda haja esperança.

                Demorei um pouco para encontrar Oliver, mas assim que achei tentei andar com calma até ele, não queria que ele ficasse emburrado comigo no meio daquela multidão. Quando me viu, se despediu das pessoas com quem falava e veio calmamente até mim.

                - Aconteceu alguma coisa? – perguntou.

                - O quê? Não. – respondi rapidamente – Podemos ir? Acho que já tive bastante de alta sociedade por uma noite.

                - Oliver! – chamou uma voz feminina ao longe, quando me virei vi que era uma mulher de meia idade um pouco carrancuda – Achei que iria embora sem falar comigo.

                - Claro que não, sra. Swan.

                - Não confio em sua palavra, sr. Queen, não me chamou para seu casamento. – Oliver ficou vermelho, mas eu sabia que ele não podia ameaçar aquela senhora como ele fazia comigo, apenas engoliu a seco e sorriu.

                - Eu mandei o convite, certo, querida? – ele me olhou pedindo ajuda, nós sabíamos que Oliver não era bom em mentiras.

                - Foram poucos convidados, sra. Swan, e foi tudo tão corrido que ele pode ter se perdido, mas lembro-me de seu nome na lista. – coloquei o melhor sorriso no rosto e tentei parecer realmente triste por sua ausência no casamento.

                - Você é uma pessoa particular, sra. Queen, só não sei se isso é bom ou ruim.

                - Tenho certeza que vai gostar de Felicity. – Oliver sorriu novamente e segurou meu braço – Vamos, querida.

                - Até mais, senhor Queen. – enquanto nos afastávamos, sra. Swan continuava nos observando, eu tinha certeza que ela não aprovava nosso casamento e que ela não gostava de Oliver – Assassino da própria família. – pensei ter ouvido seu comentário enquanto íamos embora, mas Oliver não demonstrou nenhum tipo de reação e continuou andando.

                Assim que chegamos na casa me senti mais tranquila, podia tirar o sorriso falso do rosto e relaxar, mas Oliver ainda parecia tenso, como se algo ainda o incomodasse.

                - Acho que fui bem hoje. – comentei tentando tirar aquele clima tenso entre nós dois.

                - Bem? – exasperou-se – Se embolou nas palavras, a dança foi desajeitada e sua postura ainda está horrível, terá sorte se alguém não perceber nada.

                - O quê? Não fui tão ruim assim.

                - Temos muito trabalho pela frente se você acha que isso foi bom. – ele parou na porta com a respiração pesada e colocou as duas mãos na cintura.

                - Acho que eu tenho que aprender a sentar e latir como um cachorrinho? – e lá estava de novo, aquela voz na minha cabeça que me mandava ir correndo atrás de Palmer e mandar Oliver se danar com toda aquela postura idiota e superior.

                - Talvez devesse.

                - Oliver! – gritou um voz vindo da porta, nós nos viramos para ver Ray parado nela, sem seu terno e visivelmente irritado – Acho que não deveria tratar sua esposa assim.

                - Sai daqui, Palmer, meu casamento é problema meu.

                O moreno olhou para mim, preocupado, qual era o problema do universo em fazer ele aparecer nos piores momentos? Desviei meu olhar para Oliver que parecia estar sem paciência para uma discussão com Palmer.

                - Felicity também está nesse casamento e você não pode trata-la como objeto. – argumentou Ray.

                - Ray, vai embora. – foi a minha vez de falar, eu também não estava com vontade de lidar com todo o problema dos meus sentimentos por Ray – Está tudo bem.

                - Não está Felicity, Oliver não está te tratando como esposa.

                - Oliver tem razão de estar bravo, eu dei mancada hoje e o envergonhei. – arrisquei uma olhada para Oliver e ele estava um pouco surpreso, por um lado achei que aquilo era bom, ele não parecia uma pessoa que ficava surpreso com muita facilidade.

                - Não é para tanto, querida – Oliver chegou mais perto e me abraçou pela cintura, o rosto de Ray se contorceu – Além do mais, você estava linda. – agora, para minha surpresa, Oliver abaixou e me deu um beijo rápido.

                Quando vi que ele tinha feito isso para ver o rosto de Palmer tive que me controlar para não chorar, pedi licença educadamente e saí correndo para o quarto. Enterrei meu rosto no travesseiro e desatei a chorar, estava segurando tudo por tanto tempo que quando a primeira lágrima veio, tudo veio junto com ela. As crianças, o casamento forçado, a promessa e Ray. Tudo vinha como uma enxurrada de sentimentos. Ainda estava chorando quando Oliver entrou no quarto, ele fechou a porta com cuidado mas eu não olhei para ele, tentei diminuir meus soluços.

                - Não precisa chorar. – disse ele com uma voz estranhamente terna – Você não foi tão ruim assim.

                - Você disse que sim. – senti a cama ceder.

                - Não quer dizer que você não alcançou a média.

                Ergui o rosto e vi que ele me encarava cuidadosamente, me sentei e coloquei os cabelos que caiam atrás da orelha.

                - Merece algum presente.

                - Já disse que não sou um cachorro, não pode me dar presentinhos toda vez que faço alguma coisa certa.

                - Vamos lá. – disse bufando – Só aceita. Sapatos, vestidos. Qualquer coisa, só para de chorar.

                - Oh. – dei um pequeno sorriso, ele queria que eu parasse de chorar – Acho que tem algo que você poderia me dar, Oliver.

                Ele deu um pequeno sorriso.

                - O quê?

                                                                               ***

                No dia seguinte eu e Dig estávamos indo até minha antiga casa nos Glades.

                Oliver tinha sido muito generoso em me deixar ir vê-los sabendo que alguém poderia nos ver e estragar tudo, foi muito rígido em falar quanto tempo eu poderia ficar e que tinha que levar Diggle comigo.

                Assim que abri a porta Willian foi o primeiro a pular em mim, ele estava tão saudável que dava vontade de chorar só de lembrar no que passamos para que aquilo acontecesse. Roy também veio correndo me abraçar, segurando a pequena Sara que sorria. Estavam todos bem, eu fiquei tão aliviada que desatei a chorar.

                Alguém apareceu da cozinha, era uma mulher negra e bem bonita, mas estava usando roupas sujas e o cabelo bagunçada, ao me ver deu um suspiro e me encarou como se já me odiasse.

                - Quem é essa? – perguntou.

                - Essa é a nossa irmã. – disse Roy – Você pode ir embora agora, ela já está de volta.

                - Roy... – tentei chamar sua atenção.

                - Você vai ficar. Certo, Lissy? – perguntou Willian.

                - Eu não posso. – engoli a seco – Para que vocês continuem recebendo dinheiro eu preciso volta para onde eu estava.

                - Sou Íris West. – disse a mulher – Namorada do seu irmão.

                - Outra? – foi minha vez de bufar – Ela está cuidando de vocês?

                - Tommy não para em casa – disse Roy – Ela pelo menos sabe fazer alguma coisa.

                - Obrigada, Íris. – tentei sorri para ela.

                - Já que está aqui eu vou dar uma saída. – assim que ela saiu eu dei uma olhada na casa, estava indo bem, mais ainda precisava de uma limpeza, convoquei todo mundo, como sempre fazia, inclusive Dig, e começamos a limpar.

                No final estávamos todos cansados, nos jogamos no chão e Roy foi pegar uns salgadinhos, estávamos todos rindo das histórias de Dig quando a porta se abriu abruptamente. Tommy entrou todo feliz empurrando Oliver para dentro, o loiro estava vestindo roupas casuais, uma blusa de manga curta e calças jeans escuras.

                - O que faz aqui Oliver? – perguntou Diggle – Disse que ia trabalhar o dia todo.

                Oliver sorriu de um jeito curioso e passou a mão pelo cabelo, contraindo seus músculos o que me fez olhar diretamente para eles. Olhei para as crianças para não ficar vermelha, ele estava tão casual que não parecia o rico mimado que ele sempre aparentava a ser.

                - O trabalhado acabou mais cedo.

                - Encontrei ele espreitando lá fora. – disse Tommy se jogando na poltrona mais próxima.

                - Você podia ter batido. – levantei o olhar e vi que ele me encarava sentada no chão, levantei-me rapidamente e alisei a saia – Íamos pedir pizza.

                - Acho que já está na hora de irmos.

                - Por quê? – perguntou Roy – Você não ficou nem uma hora.     

                - Querido – abracei Roy – Se Oliver acha que é melhor eu ir talvez deva ser, mas não tem problema, vamos nos ver outra ver.

                - Lissy! – Willian abraçou a minha perna e começou a chorar – É só uma pizza, você sabe que eles sempre entregam rápido porque o cara da entrega gosta de você.

                - Gosta? – perguntou Oliver

                - Ele tem uma paixonite por Felicity desde que ela tinha quinze. – explicou Tommy.

                - Estudamos juntos, nada demais. – apressei-me a dizer – O que me diz Oliver?

                - Só mais uma hora. – disse um pouco a contragosto.

                - Obrigada. – fiquei tão feliz por poder ficar mais uma hora com as minhas crianças que sem pensar saí correndo e estalei um beijo na bochecha de Oliver, ele se retraiu no mesmo momento e me encarou surpreso. Afastei-me envergonhada por fazer isso e pedi licença para pedir a pizza.

                A comida realmente chegou rápido e nos sentamos à mesa como fazíamos antigamente, Oliver ficou encostado na soleira da porta, agia como se nada daquilo fosse conhecido por ele.

                Willian levantou com pedaço de pizza e foi até Queen.

                - Não quer uma?

                Oliver fez uma cara de nojo e esticou a mão dizendo que não pegaria, Willian ignorou e colocou a pizza na boca, voltando para a mesa. O loiro saiu discretamente minutos depois, peguei duas fatias e coloquei em um prato. Quando cheguei na sala vi que ele estava sentado no banco da janela, olhando para a cidade, estava lindo naquela posição, como se fosse uma estátua de um antigo deus grego. Sacudi a cabeça, desde quando eu reparava na beleza de Queen? Não era que eu não sabia que ele era bonito, mas que aquilo nunca tinha me provocado nada.

                - Bela vista. – disse – Quase faz os Glades parecerem um lugar razoável.

                - Porque é. – sentei do seu lado e estiquei o prato – Aqui, ninguém vai vê-lo comendo.

                - Como? – ele tirou os olhos da cidade e me encarou.

                - Achei que não queria que vissem você comendo comida de pobre. – não pude deixar de sorrir – Mas deve estar com fome.

                - Não é por isso. – mesmo assim ele não hesitou e pegou a pizza, gemendo um pouco quando deu a primeira mordida – Tinha me esquecido como era bom.

                - Então por que não comeu com a gente?

                - Não podemos conversar sem você tentar tirar meus segredos mais profundos?

                - Estamos conversando? Achei que você não fazia o tipo que conversa. – arqueei a sobrancelha para ele e Oliver novamente deu um pequeno sorriso.

                - Não faço.

                - Então somos só duas pessoas que quando uma fala a outra responde... Educadamente. – sorri, não estávamos discutindo.

                - Oliver – chamou Dig na porta da cozinha – Senhor Palmer está no telefone.

                Um arrepio passou pela minha coluna e eu me levantei com Oliver.

                - Simons ou Ray? – perguntou Queen.

                - Simons.

                Relaxei visivelmente.

                - Vou atender, quando voltar nós vamos embora. – com esse último aviso ele se retirou e eu fui me despedir das crianças.

                Quando estávamos no carro quase chegando na mansão Oliver me cutucou no ombro, tirei os olhos das árvores e o encarei com a sobrancelha arqueada.           

                - Eu tenho nome, você sabe disso, certo?

                - Achei que tinha dormido.

                - Não, só estou com saudades, acho que era melhor não ter ido.

                - Mas você queria ir.

                - Só que ir lá só me fez perceber o quanto eu tenho saudades de tudo aquilo.

                - Daquela casa caindo aos pedaços e fast food? – eu ri com sua cara de nojo o que fez ele colocar uma carranca no lugar.

                - De ficar com as crianças, Oliver, mesmo Tommy. – voltei a olhar para janela.

                - Achei que eu fosse o chato da relação. – isso me fez rir novamente e olhar para ele que ainda tinha uma carranca.

                - Não sei se fico feliz por você admitir que você é chato ou ofendida por me chamar de chata.

                - Você sabe que eu ainda posso te jogar no fundo do oceano, certo?

                - Não – disse com tanta certeza que ele tirou feição fechada e estampou uma surpresa – Eu sou a legal da relação, como vai viver sem mim?

                - Não, ainda posso jogá-la no fundo do oceano. – ele virou para frente e bufou.

                - Claro.

                Assim que chagamos na mansão, Oliver sumiu em algum lugar e eu fui atrás de algo para fazer. Raisa estava gritando com um técnico pelo telefone e misturando algumas palavras em espanhol o que me fez rir e ter pena do pobre homem do outro lado da linha.

                - Quem matou o presidente? – perguntei pegando uma maçã e dando uma mordida.

                - O aquecedor estragou e logo, logo vamos ter um inverno.

                - Posso dar uma olhada. Onde está a caixa de ferramentas?

                - Você sabe concertar?

                - Não sei se consigo concertar um aquecedor, mas sei mexer em máquinas. Depois que meus pais morreram e Tommy era um inútil completo eu tive que me virar e, além do mais, eu sou boa com máquinas.

                - Acho que o menino Oliver não vai gostar.

                - Ele também não vai gostar de sentir frio. – Raisa sorriu e pegou o telefone.

                - Vou mandar o senhor Diggle pegar as ferramentas.

                Minutos depois, eu estava sentada no chão da cozinha, onde ficava o aquecedor central, abrindo o aparelho. Ele era antigo e parecia perto de ter um colapso, estava dando o melhor de mim quando Oliver entrou na cozinha e me viu sentada no chão. Ele me deu aquele olhar assassino e colocou a mão na cintura.

                - O que você está fazendo?

                - Concertando o aquecedor. – voltei a me concentrar no aparelho, só faltava alguns fios.

                - E por que você está fazendo isso? Achei que tinha ficado bem claro que somos ricos o suficiente para pessoas fazerem coisas para nós.

                - Raisa não conseguiu um técnico, achei que podia fazer alguma coisa e estou quase conseguindo.

                - Você sabe concertar coisas?

                - Eu sei fazer muitas coisas que você não sabe. – olhei para cima só para dar uma piscadela e voltei para fechar o aparelho.

                - Levante daí! E se outro criado ver você sentada aí como uma garota pobre?

                - Já acabei. – levantei e comecei a colocar o aparelho no lugar – Afinal, isso está muito velho, pode estragar a qualquer momento.

                - Mandarei comprarem outro, agora deixe isso. – disse sério.

                - Só preciso colocar na tomada. – assim que coloquei o aparelho deu uns estalos e começou a pegar fogo, eu sabia que ele ia entrar em colapso – Oliver, me passa uma toalha!

                 Mas quando olhei para Queen vi que ele encarava o fogo com total pavor, não se mexia ou piscava, como se estivesse vendo a própria morte.

                - Diggle! – gritei apavorada, ele parecia em choque e agora eu estava apavorada, nunca tinha visto um olhar como aquele – Raisa!

                Os dois chegaram e se assustaram com o fogo, que logo foi apagado por um extintor de incêndio. Os olhos de Oliver desviram da cena e suas mãos tremiam.

                - Oliver? – chamei, mas ele não parecia escutar nada ou ver – Diggle, o que ele tem?

                - Vamos tirá-lo daqui.

                Depois de muito esforço conseguimos leva-lo para cima, Oliver estava balbuciando coisas sem sentido e assim que deitou na cama ficou olhando para o teto como se não estivesse no próprio corpo. Segui Dig para fora e segurei seu braço para que ele não se afastasse.

                - Que merda foi essa? – perguntei realmente com raiva, Oliver nunca abaixava a guarda e agora estava gemendo como uma criança de cinco anos depois de um pesadelo.

                - Ele tem ataques de pânico e histeria quando ver fogo.

                - Por quê?

                - Por causa de sua família.

                -  O quê? – ninguém nunca falava sobre a família de Oliver.

                - Eu não posso contar.

                - Como eu devo ajudar se eu não sei o que está acontecendo com ele?

                Dig bufou e sentou-se em um banco no corredor, olhou para mim como se quisesse me avisar que o que estava prestes a dizer era segredo de Estado.

                - Você viu as marcas pretas no outro lado da mansão. – assenti – Aquela parte pegou fogo quando Oliver era pequeno. – respirei fundo – Oliver é filho de Robert, mas não de Moira.

                - O quê?

                - Robert descobriu que tinha um filho fora do casamento quando a mãe do garoto morreu de câncer, ele já tinha mais de cinco anos. Robert, claro, trouxe o filho para morar com eles e Moira odiou o garoto desde a primeira vez, fez da vida dele um inferno até que conseguiu engravidar de Thea e trancava o menino no quarto para não atrapalhar as coisas. Mas Robert não parava mais em casa e Moira ficou cada vez mais louca por achar que seu marido a estava traindo novamente.

                “Uma noite, Robert não tinha voltado para casa e Moira começou a derrubar umas coisas com um acesso de raiva, deixou que caísse uma vela e tudo pegou fogo rapidamente porque ela tinha jogado bebidas na parede. Oliver estava preso do outro lado da casa e não pôde sair do quarto, ouviu Moira gritar da janela, mas não podia fazer nada. Thea e Moira morreram naquela noite, queimadas, Oliver amava a irmã e por mais que Moira o destratasse fora única mãe de que se lembrasse. Depois disso o menino foi mandado para um internato e quando voltou fazia juiz a palavra playboy”.

                - Coitado dele. – não percebi que uma lágrima corria pelo meu rosto – Não sabia... Eu...

                - Agora você pode ajudá-lo.

                - Ele acha que é culpa dele. – meu corpo caiu no chão – Ele acha que tudo foi culpa dele.

                Lembrei-me do que sra. Swan tinha dito: “Assassino da própria família”. Não só ele, mas todos achavam que ele era um assassino só por entrar na vida da família que também era dele.

                - Pode pegar toalhas molhadas? – limpei as lágrimas e levantei.

                - Sim, senhora.

                Voltei para o quarto quando ele voltou com as toalhas, e vi que Oliver ainda estava deitado de costas olhando para o teto, segui vagarosamente até a cama e me sentei com cuidado, peguei a toalha e coloquei na testa de Oliver.

                - O que está fazendo? – sua voz saiu fraca.

                - Desculpando-me.

                Ele fechou os olhos e não se mexeu por muito tempo, troquei as toalhas até que estivessem secas, Oliver não abriu os olhos, o único modo de saber que ele estava vivo era por sua respiração constante e o movimento do seu peito. Deitei-me ao seu lado e peguei sua mão.

                - Não preciso que tenha pena de mim. – disse ele retirando a mão.

                - Oliver...

                - Eu escutei vocês no corredor, não preciso da sua pena e não adianta mentir.

                - Eu só quero ajudar.

                - Não preciso de ajuda. Pode dormir em outro quarto hoje? – ele se sentou abruptamente e eu fiz o mesmo.

                - O quê?

                - Eu vou então. – assim que ele ameaçou se levantar eu segurei sua mão e o forcei olhar para mim.

                - Eu estou tendo compaixão por você, ok? Me doeu muito saber da sua história e não quero que passe por isso sozinho mais.

                - Foi há muito tempo, Felicity.

                - Não tempo suficiente. – puxei a sua mão e ele deixou seu corpo ser conduzido, me deitei e o abracei, por incrível que pareça ele me abraçou de volta apoiando sua cabeça no meu peito e me abraçando pela cintura. – Não precisa passar por isso sozinho. – Repeti.

                - Podemos não falar?

                - Tudo bem.

                                                                               ***

                Quando acordei no dia seguinte Oliver não estava mais na cama, seu lado estava perfeitamente alinhado e não havia nenhum sinal dele. Fazia um lindo dia ensolarado e Diggle propôs que fossemos à praia, aceitei de bom grado e o acompanhei até uma pequena praia particular do condomínio. Andava tranquilamente na borda da água quando uma sombra entrou no meu caminho, levantei o rosto a tempo de ver Ray. Ele estava vestido com seu terno habitual, mas com a bainha da calça dobrada e sem o paletó.

                - Oi. – ele levantou a mão em forma de paz.

                - Oi. – respondi.

                - Fiquei preocupado com você.

                - Não precisa se preocupar comigo. – disse tentando manter a calma – Eu estou bem.

                - Não gostei de como Oliver falou com você da última vez que nos vimos.

                - Estamos nos dando bem, estou feliz com ele.

                Com isso o rosto de Palmer se contorceu, depois da noite passada eu tive certeza de que Oliver precisava de mim e que eu não poderia abandoná-lo por Ray, tinha que esquecer tudo o que eu sentia. Por isso, tirei o pequeno lenço no bolso do short e entreguei para Ray.

                - Acho que não devemos nos ver por um tempo.

                - O quê? – ele me encarou surpreso, desviando o olhar do lenço para mim – Você era a garota que eu ajudei, sabia que a conhecia.

                - Sim. – suspirei – E se você gosta tanto de mim quanto diz você não vai contar para ninguém.

                - Felicity... – ele chegou mais perto – Não vê? O destino arrumou um jeito de nos reencontrarmos, temos que ficar juntos!

                - Ray. – coloquei a mão no peito para afastá-lo, mas só serviu para que ele me puxasse para mais perto com muita força, ele não ia me soltar – Desculpe, mas estou com Oliver.

                - Você não o ama, você me ama. – sua voz era um pouco doentia agora.

                - Está enganado, eu não te amo, Ray. – ele gargalhou como um psicopata de um filme de terror.

                - Não precisa mentir, meu amor, ninguém está nos ouvindo.

                - Não estou mentindo. – disse cautelosamente – Me solta.

                - Nunca, meu amor, nunca. Agora vamos, temos que fugir antes que Diggle volte.

                - O quê? – tentei puxa a minha mão, mas era impossível ele era muito maior do que eu.

                - Tem um pequeno motel aqui perto, vamos nos esconder lá! – ele se exasperou – Vamos ficar juntos para sempre.

                - Para de brincadeira Ray, eu sou casada, Oliver vai procurar por mim.

                - Não é brincadeira, querida, e Queen não te ama, eu vi o jeito que ele te trata. Você vai ser amada por mim, vamos. – ele começou a me puxar, eu tentei hesitar, contudo ele era muito mais forte e não adiantaria gritar, não havia ninguém na praia.

                - Ray! – gritei – Me solta.

                - Não lute, meu amor, não temos tempo.

                Percebi que só havia uma forma de fugir e não seria naquele momento, eu teria que deixar ele me puxar para aquele tal motel e foi isso que eu fiz. Entrei no carro e fugi com Ray Palmer.


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Notas finais do capítulo

Gente, ainda não vi o episódio de ontem, mas já estou morrendo pelo nosso shiper, o que é isso? Quero eles juntos e não Oliver se conformando com o relcionamento da Fefe, espero que isso mude bem rápido, vai que Lauriver volta? ISSO não pode acontecer.
Por isso nesse cap eu fiz questão de colocar um Oliver um pouco mesmo irritante
kisses ♥



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