Stepping on Roses escrita por Any Queen


Capítulo 13
Livin' on a prayer


Notas iniciais do capítulo

QUEM ESTÁ VIVA SEMPRE APARECE!
VOLTEI, demorei séculos, mas voltei
Poderia dar mil explicações da demora, mas não faz muito sentido agora, cheguei com um cap pra vocês e espero que gostem
Boa leitura ♥



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We've got to hold on to what we've got
'Cause it doesn't make a difference if we make it or not
We've got each other and that's a lot
For love, we'll give it a shot

We're halfway there, living on a prayer
Take my hand, we'll make it, I swear, living on a prayer
We've got to hold on, ready or not
You live for the fight when that's all that you've got

— Bon Jovi, Livin' on a prayer

 

 

Eu estava sentada na biblioteca tentando ler um livro da Jane Austen, Oliver tinha mencionado ela uma vez e uma certa curiosidade tinha me batido de repente. Orgulho e Preconceito estava aberto no meu colo, mas eu não estava lendo, não conseguia me concentrar nas palavras e acabava lendo toda a página novamente.

            Tinha desistido de ler e encarava a chuva que caia forte do lado de fora, Mr. Darcy me lembrava tanto Oliver que toda vez que eu lia as páginas não conseguia imaginar um homem alto de cabelos escuros. Estava tão dispersa nos pensamentos que não ouvi alguém entrar e me assustei quando uma forma grande sentou do meu lado.

            - O que está lendo dessa vez? – Oliver sorriu e eu a única coisa que eu consegui fazer foi encarar aquele sorriso.

            Isso estava se tornando frequente desde que nos beijamos no corredor, meu corpo não estava me obedecendo mais, toda vez que estava no mesmo cômodo que Oliver eu queria agarrá-lo e jogá-lo contra a parede. Não conseguia me concentrar em suas palavras, apenas em como seus lábios se mexiam e como seu corpo se contraia quando ele fazia certo movimento. Nos últimos dias vinha tentando evitar ficar sozinha com ele, eu tinha batido na tecla que deveríamos ir com calma e agora eu queria pular em cima dele como uma louca descontrolada.

            - Felicity? – o modo como ele diz meu nome era minha perdição, ele falava de uma forma que me deixava louca.

            Para com isso, Felicity! Falei para mim mesma.

            - Orgulho e Preconceito. – respondi e me encolhi meu corpo o mais longe que eu podia ficar dele.

            - Você está com frio? – Oliver chegou mais perto e puxou minhas pernas para que ficasse em cima das dele.

            - Não estava com frio. – resmunguei.

            - Tem algo de errado? – Oliver juntou as sobrancelhas, é claro que ele não estava entendo nada, de repente eu não queria ficar perto dele, logo quando ele decidiu se abrir.

            - Nada de errado. – engoli a seco quando ele começou a massagear a minha perna, não tinha como aquela posição ficar pior.

            - Está arrepiada.

            Claro que estou! Oliver estava passando a mão na minha perna e sendo atencioso, minha mente já estava seguindo por caminhos perigosos, será que se eu o beijasse seria muito estranho?

            - Não estou. – rebati.

            - Está com febre? – ele esticou a mão e colocou no meu rosto, eu fechei os olhos e engoli a seco, tentando não pensar na sua mão perto da minha boca – Não está quente.

            - Eu estou bem. – abri os olhos e Oliver me olhava como se tentasse me decifrar, ainda tinha aquela expressão que escondia milhões de sentimentos, não deixava se abater por qualquer coisas, mas eu sabia que ele estava achando estranho todo meu comportamento.

            Eu precisava sair dali.

            - Eu estava pensando... – Oliver gaguejou, parecia nervoso.

            - Você está corando? – eu comecei a rir e Oliver transformou o rosto em uma carranca.

            - Assim você torna tudo mais difícil. – continuei a rir porque Oliver parecia estar prestes a pular em um tanque cheio de tubarões, ele passou a mão na calça, estava genuinamente nervoso.

            - É que eu nunca vi você gaguejando antes. – parei de rir e dei um pequeno sorriso – Você é sempre tão autoconfiante que eu não achei que fosse possível.

            - Agora você está tornando tudo pior. – Oliver sorriu e depois tossiu, como se estivesse tentando se concentrar – Eu estava pensando...

            - Pensando...

            - Tem como você não me encarar assim?

            - Você prefere que eu me vire?

            - Não, só não me encara como se estivesse se divertindo com a minha tortura.

            - Mas eu estou. – sorri novamente e Oliver começou a tirar as minhas pernas de cima dele para levantar, eu rapidamente me sentei e segurei seus ombros para que ele não levantasse.

            O que foi uma péssima opção, porque agora estávamos mais próximos do que estávamos antes e minhas mãos apertavam seus ombros. Oliver me encarou mais sério, percebendo que o clima de brincadeira tinha ido embora, deixei que minhas mãos caíssem do seu ombro.

            - Felicity – segurei a respiração – Você gostaria de ir em um encontro comigo?

            - O quê?

            - Sabe, um encontro, eu vou estar lá, você vai estar lá, podemos escolher um restaurante caro, usamos roupas chiques, esse tipo de coisa.

            - Não achei que você o tipo de cara que vai em encontros.

            - Nem eu.

            Encarei a parece atrás de Oliver, eu deveria aceitar? Seria uma noite inteira babando por Oliver usando um terno caro com uma mesa entra gente, pelo menos estaríamos em público. Eu não poderia dizer não, ele ficaria arrasado, já tinha sido uma luta para que ele fizesse o pedido, mas como eu sobreviveria a uma noite inteira resistindo ao Oliver Queen?

            - Você está assustadoramente concentrada na parede. Se não quiser ir...

            - Não é isso! – respondi rapidamente – Eu realmente quero ir.

            - Então isso é um sim?

            Olhei para sua feição e nunca poderia dizer não, então sorri.

            - Definitivamente é um sim.

            - Que bom porque já estava preparado para te jogar no Oceano.

            Gargalhei e me joguei no sofá com a barriga doendo, a que ponto chegamos?

            - Você deveria rir assim mais.

            - Talvez se você contasse mais piadas.

            - Ou talvez eu apenas te faça cocegas. – olhei para ele e vi que estava arqueando uma sobrancelha sugestivamente, pulei do sofá e comecei a correr. – Felicity!

            - Eu odeio cocegas! – passei pela porta da biblioteca e corri pelo corredor, sabia que não seria mais rápida que ele e assim que virei uma esquina ele me agarrou pela cintura e me rodopiou.

            Estávamos rindo tanto que eu começava a fica sem ar, assim que me colocou no chão, ele começou a me fazer cócegas e eu tentei me livrar, mas o que consegui fazer foi me virar e de repente meu rosto estava colado no dele. Ambos estávamos ofegantes e sorrindo de orelha a orelha. Oliver afastou os cabelos que caiam no meu rosto e suas mãos descansaram no meu rosto, e de repente a minha falta de ar não era pelas cocegas.

            - Eu fiz alguma coisa?

            - O quê?

            - Você está me evitando.

            - Não, não estou.

            - Sim, está. – ele acariciou meu rosto e eu fechei os olhos, precisava me controlar – Toda vez que eu chego perto de você, você foge.

            - Isso não é verdade. – dei um passo para trás e Oliver deixou as mãos caírem no ar e depois as colocou na cintura, estava visivelmente irritado.

            - Está fazendo isso agora.

            - Você não fez nada de errado.

            - Então tem algo acontecendo.

            - Eu... – abaixei o olhar.

            - Senhor Queen. – disse uma voz nas escadas – Chegaram alguns papeis para o senhor.

            Encarei a empregada segurando uma pasta, eu não a conhecia, o que era estranho já que eu conhecia todas as empregadas do tanto de tempo que eu passava naquela casa. Oliver passou a mão pelo cabelo e desceu as escadas, assim que pegou os papeis ele olhou para cima, eu encontrei seu olhar e tentei sorrir, mas não consegui.

            - John vai te pegar às 20h.

            - Não vamos juntos?

            - Não, vou estar na empresa.

            - Tudo bem.

            Ótimo, parabéns Felicity, você conseguiu estragar tudo.

            Assim que Oliver saiu, a empregada começou a sair, mas eu ainda a achava um pouco estranha, como se já tivesse a visto antes.

            - Espero um segundo. – desci as escadas rapidamente – Você é nova por aqui?

            - Sim, senhora, comecei hoje.

            - Estanho, eu geralmente sou avisada quando contratamos alguém novo.

            - Só faço o que mando, senhora, talvez devesse falar com Raisa.

            - Vou falar. Qual o seu nome?

            - Isabel Rochev.

            - Muito bem, alguém te passou as regras da casa? Assinou o contrato de confidencialidade?

            - Sim, senhora, já estou a par de tudo. – ela me deu um sorriso – Posso me retirar?

            - Pode.

            Segui até a cozinha e encontrei Raisa e Diggle tomando café e conversando sobre alguma coisa, assim que entrei os outros empregados param de trabalhar e me encaram, não fazia muito tempo que eu não vinha até a cozinha.

            - Por favor, continuem. – eles logo voltaram a trabalhar, Raisa e Dig não mudaram suas posturas.

            - Senhora Felicity, no que podemos ajudá-la? – Raisa perguntou.

            - Primeiro? Pode me dar um pedaço de bolo que deve estar maravilhoso. – assim que sentei, peguei uma fatia – Segundo, eu queria saber porque não fui avisada da nova empregada.

            - Isabel? – Raisa se surpreendeu – Achei que tudo estava resolvido senhora, ela veio com altas recomendações de acionistas da QC.

            - Mesmo assim tenho que saber quem trabalha aqui, Raisa. – não queria virar a patroa rica e mandona, mas Oliver e eu tínhamos um segredo para guardar, todo o cuidado era pouco.

            - Foi um descuido meu, senhora, como achei que visse de conhecidos do senhor Queen não havia problema.

            - Não tem problema, só me mantenha informada da próxima vez.

            - Com certeza, devo trazer o contrato para a senhora ver?

            - Se possível.

            Assim que Raisa saiu, Dig me encarou e arqueou uma sobrancelha.

            - O quanto que você pode investigar sobre uma pessoa?

            - Está com problemas com a empregada?

            - Eu não sei, tenho a impressão que já a vi antes. – tentei me lembrar, mas não conseguia de onde – Só queria saber do histórico dela.

            - Tenho meios para isso.

            - Obrigada, Dig, agora vou me arrumar.

            - Grande encontro hoje à noite? – Perguntou brincalhão.

            - O maior de todos.

            Conferi a maquiagem pela quinta vez enquanto Dig estacionava o carro, respirei fundo e deixei que ele me guiasse para fora do carro. Estava tão nervosa que provavelmente Dig podia escutar as batidas do meu coração.

            - Oliver já chegou. – disse atrás de mim.

            - Consegue vê-lo? – encarei as janelas até encontra-lo, estava sentado em uma das mesas chiques mexendo no telefone, estava tão calmo e lindo, perfeito em um terno caro.

            - Melhor fechar a boca antes de entrar. – brincou Dig.

            - Ultimamente eu pareço incapaz de fazer isso.

            - Boa sorte.

            - Obrigada.

            Deixei Dig e entrei no restaurante, uma música calma tocava e preenchia o ambiente, as pessoas conversavam em um tom aconchegante. Assim que eu entrei, um garçom veio até mim e me guiou até a mesa que Oliver estava sentado.

            No mesmo momento que notou minha presença, deixou o telefone na mesa e se levantou, mas nunca tirando os olhos de mim. Quando cheguei a mesa, ele ficou me encarando por um bom tempo, eu não sabia se deveria abraça-lo ou apertar sua mão.

            - Oliver?

            - Sim? – ele ainda não parava de me encarar.

            - Devemos nos sentar?

            - Por favor. – ele puxou a cadeira para mim e depois se sentou. – É só que você está... Hãm... – ele respirou fundo e me encarou – Linda.

            - Obrigada. – sorri e abaixei o olhar envergonhada.

            - O que vai querer beber?

            - Acho que já vimos que eu não sou muito boa nisso. – sorri.

            - Uma taça não faz mal. – ele se virou para o garçom – Duas taças de vinho.

            -  Fico feliz que estamos fazendo isso. – disse quando o garçom saiu – Nunca estivesse em um encontro antes.

            - Nunca?

            - Não namorei caras que tinham dinheiro para me levar a um restaurante.

            - Justo. – ele tossiu – Você já namorou muitos caras?

            - Não – sorri – Provavelmente nem um terço da sua lista.

            - Minha lista não é tão grande. – arqueei a sobrancelha e ele comprimiu os lábios – Não fui muito convincente.

            - Nem um pouco. – minha vez de tossir – Por que tantas mulheres?

            - Esquecer. – disse simplesmente.

            - Sinto muito.

            - Por quê?

            - Sinto por todos os seus relacionamentos serem com o intuito de esquecer seus horrores do passado. Não deve ser muito legal.

            - Não é assim com você. – levantei meu olhar surpresa – Te assustei?

            - Não, só me surpreendeu. – tamborilei os dedos na mesa – Estamos em um relacionamento?

            - Estamos casados.

            - Oh... – deixei minha esperança morrer – Claro.

            Um silêncio estranho se instaurou entre nós até que o garçom chegasse com o vinho. Tomei um gole e Oliver também, algum de nós deveria falar alguma coisa, talvez eu deveria me explicar.

            - Oliver... – ele me encarou – Eu queria me explicar por mais cedo.

            - Sobre estar me evitando.

            - Não é exatamente isso.

            - O que eu fiz de errado?

            - Por que continua perguntando isso? Você não fez nada de errado, tem sido perfeito nesses últimos dias. 

            - Então o que está acontecendo?

            Como dizer para o marido que te comprou que você está tentando se controlar para não pular em cima dele o tempo todo? Não existia jeito casual de dizer isso.

            - Sou eu... o problema.

            - Está querendo dizer que não temos que ter nenhum tipo de contato físico? Eu tinha entendido que estávamos tentando, não sabia que tinha descoberto que não queria algo assim comigo.

            - Só cala a boca e me deixa falar. – respirei fundo e coloquei minha mão calmamente em cima da mesa – Desde que nos beijamos no corredor, eu... Eu... Meu Deus, não jeito de dizer isso sem parecer uma maníaca.

            - Felicity.

            - Eu quero beijar você o tempo todo e quando você encosta em mim fica muito difícil me controlar. Ficar perto de você é impossível. – falei rapidamente que temi que tinha soltado tudo alto demais, Oliver me encarava atônito. – Eu disse parar irmos devagar e agora eu estou querendo pular em cima de você, então estou te evitando, é minha melhor maneira de lidar com a situação.

            - Melhor maneira? – Oliver parecia conflitante com seus próprios pensamentos.

            - O que eu deveria fazer?

            - Por favor, pule em cima de mim. – Oliver começou a rir e eu senti meu rosto pegando fogo.

            - Como é que é?

            Oliver estava tentando segurar o riso enquanto eu ficava cada vez mais envergonhada.

            - Estamos atrapalhando?

            Congelei instantaneamente, eu vinha tentando esquecer aquela voz e aquele tom provocador, mas ainda acordava sufocante durante a noite sentindo suas mãos me sufocando.

            - Ray. – disse Oliver calmamente, eu não tinha levantado o olhar para cumprimenta-lo – Sara.

            Respirei fundo, eu precisava falar com Sara, ela não era o problema, não tinha culpa por ter o marido que tinha. Olhei para Oliver, que esticou vagarosamente a mão por cima da mesa e segurou a minha.

            - Sara. Ray. – tive que segurar para não cuspir esse nome.

            Eles estavam vestidos impecavelmente e sorrindo de forma cordial, não estavam de mãos dadas, mas Sara se mantinha perto do marido.

            - Podemos nos juntar a vocês? – perguntou Sara.

            Olhei desesperada para Oliver, não ia conseguir agir cordialmente por horas na frente de Ray.

            - Na verdade, – começou meu marido – Felicity e eu estávamos de saída, creio que comi algo que me fez mal.

            - Quer que te levemos a um hospital? – perguntou Ray, eu não conseguia ver para onde ele estava olhando, mas sentia que seu olhar estava cravado em mim.

            - Não, John está nos esperando. – Oliver levantou e jogou uma nota de cem na mesa, eu o segui, correndo para segurar sua mão.

            - Até mais, Felicity. – disse Sara.

            - Até.

            Andamos até a entrada do restaurante, só quando senti o ar frio da noite que consegui respirar.

            - Por um momento achei que teríamos que aguentá-los por horas. – disse.

            - Vou ir chamar John. – disse Oliver tocando meu braço – Não sai daqui.

            - Tudo bem.

            Assim que chegamos em casa, Oliver beijou o topo da minha cabeça e se retirou para dormir. Fui para o quarto onde estava dormindo desde que tivemos o episódio do banheiro e de repente aquele quarto parecia frio demais. Minha cabeça imaginou Ray aparecendo na janela e revivendo meus pesadelos. Troquei o vestido por um moletom e uma camisa de flanela e tentei deitar na cama, porém ela parecia irritantemente grande e dura. Soltei um grunhido, não conseguiria dormir desse jeito, estava ansiosa demais, ansiosa sobre Oliver, ansiosa sobre Ray.

            Levantei da cama e espiei pelo corredor, estava vazio e escuro. Esgueirei-me pelo corredor e cheguei até a porta do quarto de Oliver, fiquei um momento pensando se devia bater ou não, por fim, decidi bater e abrir a porta lentamente.

            Oliver estava sentado na cama, com um livro na mão, sorri quando vi o título, “Orgulho e Preconceito”. Assim que fechei a porta, ele levantou o olhar e arqueou a sobrancelha.

            - Acho que não seria horrível voltarmos a dormir no mesmo quarto. – Abracei meu corpo e esperei que ele não me colocasse para fora.

            Oliver fechou o livro e colocou na cabeceira, depois bateu no lado da cama vazia e eu me adiantei para me deitar e me cobrir.

            - O que aconteceu? – perguntou.

            - Eu continuo imaginando Ray entrando naquele quarto. – fechei os olhos – Eu sei, é estúpido.

            - Claro que não. – ele sorriu calmamente – Também fico preocupado de ele entrar naquele quarto, mas não ia pedir para que voltasse a dormir aqui, tinha que ser escolha sua.

            - Se você tivesse pedido, eu teria voltado antes. – nossos olhares se encontraram e por um momento eu senti que nenhum de nós dois respirava.

            - Felicity.

            Eu me sentei e respirei fundo, tinha que fazer algo, eu não podia continuar naquela situação, estava claro que tínhamos alguma coisa e se ele não fosse falar, talvez eu deveria começar.

            - Tudo bem. – fechei os olhos e tentei arrumar coragem – Vamos falar sobre isso.

            - Tudo bem.

            Abri os olhos e vi que ele me encarava, esperando que eu dissesse algo, mas eu queria que ele dissesse algo. Soltei o ar vagarosamente e passei minhas pernas sobre o colo de Oliver, para que ficasse de frente para ele, o mesmo se assustou, me encarando como se eu fosse alguma aberração.

            - Eu preciso acreditar em você. – ele inclinou a cabeça, me analisando – Eu preciso confiar que você não vai me machucar de novo.

            - Eu não sei como fazer isso.

            Segurei seu rosto e Oliver segurou minha cintura.

            - Eu preciso ver nos seus olhos e preciso acreditar, talvez só assim eu possa me deixar levar. – estávamos respirando o mesmo ar, aquele calor era maravilhoso, eu me sentia segura e não me sentia assim há anos – Por favor.

            - O que você quer que eu diga? Eu poderia dizer qualquer coisa para você agora. – ele sorriu de lado, provocante.

            - Eu não estou te forçando a diz que me ama, só quero saber se estamos na metade do caminho.

            Oliver prendeu a respiração.

            Eu prendi a respiração.

            - Felicity... – suas mãos subiram nas minhas costas, eu segurei no seu ombro –Definitivamente no meio do caminho.

            - Sério? – tentei segurar o sorriso, mas era impossível, estávamos no meio do caminho e nada poderia ser mais maravilhoso naquele momento. – Não minta para mim.

            Oliver pegou minha mão e segurou no seu peito.

            - Definitivamente no meio do caminho.

            Seu coração batia tão rápido quanto o meu, parte de mim ainda estava desconfiada, mas era Oliver e ele não fala sobre seus sentimentos, se estava dizendo que estávamos no meio do caminho, eu não conseguia duvidar. Meu sorriso voltou rapidamente, estava genuinamente feliz, esperei que ele dissesse qualquer coisa por tanto tempo.

            - E você? – perguntou Oliver.

            - Oliver, eu estou nesse caminho há mais tempo do que você imagina.

            Quando percebi, sua boca já estava na minha.

            Meu Deus, como tinha sonhado em sentir seus lábios novamente. Ele estava comedido, talvez estivesse pensando que eu sairia correndo, mas eu não faria isso. Sua mão ainda segurava a minha em cima de seu peito, eu inclinei a cabeça para aprofundar o beijo e Oliver gemeu antes de começar a me beijar de verdade.

            Meu corpo já não me obedecia, meu quadril fazia movimentos que eu parecia impossível de controlar. A mão de Oliver deixou a minha e seguiu até minha cinturar, levanto a minha blusa e passando a mão por minhas costas.

            Logo depois, seus lábios deixaram o meu apenas para começar a beijar meu pescoço em um caminho lento até meu ombro. Mordi o lábio e segurei mais forte seus ombros.

            - Felicity...

            Abri os olhos apenas para encontrar os seus, claro que ele estava esperando por algum tipo de permissão. Afastei-me apenas para tirar minha blusa e jogá-la no chão. Oliver sorriu de lado e segurou minha cintura para nos deitar na cama, dessa forma, seu corpo ficava por cima do meu.

            Sem esperar, Oliver segurou meio seio por cima do sutiã e eu mordi o lábio para não gemer muito alto, mas Oliver me beijou, liberando meus lábios dos meus dentes e mordendo meu lábio inferior. Puxei sua camisa para cima e ele se afastou somente para passa-la pela cabeça, queria tanto sentir aquele abdominal, que assim que ele voltou a deitar, minha mão passeou por suas costas.

            Oliver grunhiu e se afastou novamente, colocou a mão na minha cintura e começou a puxar minha calça, não o fez vagarosamente, pois em um segundo estava apenas de sutiã e calcinha. Oliver subiu a mãos por minha coxa e parou perigosamente por cima da peça que ainda faltava retirar.

            Joguei minha cabeça para trás e deixei que ele colocasse dois dedos em mim, me segurei para não gritar, mas não foi possível, fechei os olhos e tentei não me perder tão rápido em seu toque. Eram vários sentidos e sentimentos que eu nunca tinha experimentado antes e não queria que ele parasse.

            Oliver subiu e voltou a me beijar e seus movimentos se tornaram mais rápidos e precisos, estava procurando espaço para respirar, mas não conseguia separar nossos lábios. Não demorou muito para que eu me desmanchasse, com um gemido mais alto do que o normal e por um momento eu não conseguir distinguir se era sonho ou realidade.

            Oliver começou a beijar meu pescoço e sua mão passeava por calmamente por meu corpo, enquanto eu tentava voltar a mim. Quando seus lábios chegaram na minha bochecha eu sorri, senti que Oliver sorria também.

            - Por que demoramos tanto para fazer isso? – disse em um tom brincalhão.

            Oliver riu.

            - Isso significa que gostou?

            - Isso significa que deveríamos fazer isso muito mais vezes e todo resto também. – abri os olhos e vi que ele me encarava.

            - Acho que já tivemos muitos sentimentos para uma noite.

            Arqueei as sobrancelhas.

            - Mas não é injusto? – sorri – Com você?

            - Nem um pouco. – Oliver sorriu e me beijou – Foi uma visão e tanto.

            Segurei se rosto e passei meu dedo por seus lábios.

            - Bem, espero devolver o favor em breve.

            - Em breve.

                                                                       ***

            A luz que entrava no meu quarto estava incomodando meus olhos.

            Demorei um pouco para minha visão entrava em foco, mas vi que estava de volta ao nosso quarto e comecei a sorrir como boba quando lembrei de tudo que tinha acontecido na noite passada. Suspirei e fechei os olhos, tentando lembrar de cada minuto. Depois percebi que Oliver não estava na cama, seu lado estava bagunçado mas não havia nenhuma indicação de que estava no quarto.

            Levantei-me e tomei um banho, coloquei um vestido simples e sai pelo corredor quase saltitando, precisava encontrar Oliver. Contudo, assim que virei para descer as escadas me deparei com Isabel, parei de saltitar e encarei a empregada.

            - Bom dia, senhora, senhor Queen pediu para que fosse até o escritório.

            - Ele já tomou café? – perguntei confusa.

            - Ainda não, senhora.

            - Estranho, ele nunca me chama até o escritório.

            - Só sigo ordens.

            - Tudo bem, obrigada. Pode avisar Raisa para arrumar o café.

            Desci as escadas e segui rapidamente até o escritório, estava pronta para entrar quando ouvi uma conversa dentro do cômodo. Era Oliver e Dig discutindo algo sério, pensei em me afastar, mas parei quando ouvi meu nome.

            - Felicity não merece isso, Oliver. – disse Dig.

            - Eu sei. – Oliver parecia cansado – Eu tentei contar, mas eu não consigo.

            - Você está cavando um buraco cada vez maior, ela precisa saber que foi você que armou toda a história com Ray.

            Meu coração parou.

            Oliver precisava dizer que isso era mentira.  Dig estava mentindo!

            - Ela morre de medo dele, como contar a verdade vai fazer algum bem? Ela vai achar que eu não vou protegê-la.

            - Isso não torna mais certo esconder a verdade.

            - Eu não posso! – gritou Oliver – Não posso dizer a verdade.

            Lágrimas começaram a cair, eu queria gritar, como ele pôde fazer isso? Eu era tã repugnante assim? Ele queria que eu morresse? Entrei no cômodo e Oliver pulou da cadeira.

            - Eu não acredito que fui tão estúpida.

            - Felicity... – começou a falar e a vir na minha direção.

            - Não! – gritei – Não chega perto de mim! Você queria que eu fosse embora. Esse tempo todo, você queria que eu sumisse.

            - Não é verdade. – disse Oliver passando a mão pelos cabelos.

            - Eu não acredito que fui idiota por ter me apaixonado por você! – gritei novamente e Oliver se encolheu, mas logo abriu os olhos surpresos, como se tivesse demorado para perceber o peso das minhas palavras – Se quisesse que eu fosse embora era só ter falado, eu iria embora antes e... – respirei fundo – Talvez deva ir embora agora.

            - Você não vai a lugar nenhum.

            - Para mim chega, Oliver. – comecei a andar até a porta – Não se cansa de me torturar?

            - Felicity! – gritou enquanto eu corria pelo corredor.


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Notas finais do capítulo

Pequenino spoiler
Para quem está preocupado com essa briga e que eu vou ficar enrolando mais, não se preocupe com isso ;)
Espero que tenham gostado, espero por vocês nos comentários
E... Recomendem, favoritem, me deixem feliz por mais que eu não mereça por demorar tanto.