Stepping on Roses escrita por Any Queen


Capítulo 11
Chasing Cars


Notas iniciais do capítulo

Demorei? Demorei.
Foi muito? Foi
Mas eu cheguei e com um cap novinho, esse bem focado na relação entre os dois, o próximo é mais focado na conspiração e na loucura de Ray, acho que vai ser interessante
Bem, espero que gostem, e milhões de desculpas por demorar tantoooo

XOXO



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I don't quite know how to say or how I feel
Those three words are said too much
They're not enough
If I lay here, if I just lay here
Would you lie with me and just forget the world

— Chasing Cars, Snow Patrol

 

— Ele deveria sair de lá.

            Eu suspirei, a chuva caia ferozmente do outro lado da janela, o frio era excessivo para aquela época do ano, o que fazia com que os criados ascendessem a lareira e ligassem o aquecedor. Aquela era uma casa estranha, os móveis eram antigos, não tinham muitas luzes, mas o carpete era quente e o frio não entrava com facilidade.

            Dig estava do meu lado, olhando para a janela assim como eu, ele estava pensativo, com suas usuais roupas pretas e com seu semblante sério. Eu estremeci de frio e apertei o casaco envolta do corpo.

            - Ele está lá há quanto tempo? – perguntou o homem.

            - Três horas. – respondi – Isso não é normal, ou é?

            - Com Oliver nada é normal.

            - Mas ele vai ficar doente, a chuva está piorando.

            - Não acredito que o que quer que tenha a dizer agora vai fazer com que ele saia.

            - Você já tentou?

            - Três vezes. – suspirou.

            - Eu queria dar o espaço a ele, eu não ia querer ninguém em cima de mim.

            - Oliver tende a afastar as pessoas, você não pode dar espaço para que ele faça isso.

            - Mas ele precisa ficar sozinho agora, mesmo que eles não fossem tão chegados assim... Era o pai ele.

            - Oliver amava o pai de um jeito que ninguém entenderia.

            - E porque eu não entendo, não tenho o que falar para ele.

            - Não precisa falar, mas acho que três dias foi o suficiente de espaço para ele.

            - Eu não sei, Dig... Se você não conseguiu tirá-lo da chuva, como eu vou conseguir? Ele quase não me suporta.

            - Acho que vai se surpreender. – Diggle olhou para mim e colocou uma mão sobre meu ombro antes de sair da sala.

            Olhei para Oliver parado no meio do gramado, apenas com roupas finas, debaixo da chuva. Ele não tinha falado muito desde que Robert havia morrido. Morte cerebral, disseram, não havia o que ser feito, e os órgãos dele estavam muito danificados para serem doados, não tinha escolha, apenas assinar alguns papeis e pronto, o pai de Oliver estava morto. Ele não chorou, não gritou com o universo, ele apenas assentiu para o médico, disse que entendia a situação e o agradeceu. Eu tentei perguntar se estava tudo bem, mas ele se trancou no quarto naquele dia, e também no segundo e no terceiro saiu apenas para ir ao jardim e ficar na chuva.

            Eu ainda não entendi a relação entre os dois, não sei como viveram depois da morte de Moira e Thea, mas pelo modo como Oliver se quebrou, bem, ele amava o pai e a morte dele fez com que parte de Oliver morresse também. Agora ele era órfão, não tinha família... O que eu poderia dizer? Sim, eu tinha perdido os meus pais, mas a minha relação com meus pais era muito diferente.

            Suspirei, ele precisava de alguém e Dig não seria essa pessoa, Ray, seu ex-melhor amigo também não seria, então tinha que ser eu. Peguei uma capa de chuva e uma sombrinha e sai na chuva, só depois que percebi que estava de salto e seria horrível andar no jardim com salto agulha. Bufei com a minha própria idiotice e continuei o caminho até o corpo molhado no meio da chuva.

            Oliver estava olhando para a floresta que circundava a casa, estava com os lábios brancos e seu corpo tremia.

            - Oliver? – chamei, mas ele não se mexeu ou olhou para mim – Oliver?

            Andei até ficar na frente dele e tomei fôlego.

            - Oliver, não adianta me ignorar, eu sei que está me ouvindo, então eu não vou ser doce ou gentil porque isso não funciona com você. Você não pode ficar na chuva! Você quer morrer de hipotermia? Quer morrer assim como seu pai?

            Silêncio.

            - Você quer se punir por alguma coisa? – Ele piscou, era um sinal – Eu sei que dói, eu perdi meus pais também. Eu entendo que sempre vamos querer culpar alguma coisa, eu me culpei... Por um acidente que não tina absolutamente nada a ver comigo, mas eu pensava que se tivesse conversado um pouco mais com eles aquele dia, eles ainda estaria vivos... Precisamos culpar alguma coisa, e eu sei que está se culpando agora! Mas seu pai morreu porque estava doente, não foi sua culpa. Está me ouvindo? – coloquei minha mão em seu braço – Não foi sua culpa.

            Ele olhou para mim pela primeira vez.

            - Vamos sair da chuva. – desci minha mão até encontrar a dele e apertei – Vamos entrar e ai você pode gritar comigo o quanto quiser, eu nem vou me importar. – entrelacei nossos dedos e comecei a puxá-lo para debaixo do guarda-chuva.

            - Não. – disse puxando a mão de volta.

            - Sério? Vai ficar aqui e morrer? – ele confirmou – Ótimo. Até que a morte nos separe então. – fechei o guarda-chuva e o joguei longe, tirei o capuz da capa de chuva e deixei que as gotas de chuva gelada atingissem meu rosto e começassem a encharcar minhas roupas.

            - Felicity... – disse em tom de alarme.

            - O que foi? Se você quer se matar assim, então vamos juntos.

            - Você está louca, volta para a casa! – gritou acima do barulho da chuva.

            - Não!

            - Felicity, eu não estou brincando. – ele olhou para mim com raiva – Entre agora ou...

            - Ou o quê? Vai me jogar no fundo do Oceano? Como vai fazer isso se estiver morto?

            - Você não entende! – Oliver passou a mão no cabelo e olhou para cima.

            - Então me faça entender! – fiquei na ponta dos pés para segurar seu rosto e fazer com que olhasse para mim – Eu sei que dói.

            - É complicado... – ele fechou os olhos.

            - Oliver, – chamei – olha para mim. – ele abriu os olhos, comecei a acariciar seu pescoço e por um momento, eu não sentir mais a chuva ou frio, só o calor de estar tão perto dele – Eu estou aqui. Está me vendo? Porque eu vejo você, vejo realmente você e sei que amava o seu pai e também sei que está sentindo falta dele, mas sei que vai ficar tudo bem. Vai ficar tudo bem.

            - Como você sabe?

            - Confia em mim? – sorri e cheguei mais perto, até que nossos corpos estavam perto o suficiente para abraçá-lo, seria romântico se não estivesse tão frio que eu quase não sentia a minha mão.

            - Desculpe, Felicity – disse ele me afastando – não posso fazer isso.

            Oliver adiantou o passo e começou a entrar na floresta.

            - Sério isso?

            Bufei e comecei a segui-lo, estava frio e os saltos não me deixavam andar direito, mas eu tinha começado uma resistência, não podia desistir no meio do caminho.

            - Você sabe que isso não vai me impedir de ir atrás de você e ser completamente irritante. – Oliver fez questão de passar pelos piores lugares possíveis, as árvores me impediam de cair – Sabe, eu queria um chocolate quente agora ou pelo menos um par de tênis, esses saltos definitivamente não foram feitos para andar na lama.

            Oliver continuou andando, mas parecia que ele sabia para onde estava indo, mas a velocidade dele era difícil de acompanhar.

            - Isso não era necessário, sabia? Podíamos ter voltado e você poderia se trancar no quarto de novo. Um quentinho e aconchegante quarto, não ficar aqui no meio do nada. Eu prefiro lidar com você dentro do quarto do que esse Oliver que decidiu fazer uma caminhada no meio da...

            Não consegui terminar minha frase, meu salto ficou preso na lama e eu acabei caindo no chão com um grito, senti uma dor extrema no tornozelo e tentei segurar outro grito.

            - Felicity? – gritou Oliver.

            - Merda. – xinguei, mordi o lábio para tentar sentar.

            - Felicity? – chamou Oliver novamente, estava mais perto agora.

            Eu sentei e segurei as lágrimas, eu definitivamente nunca mais iria entrar em uma floresta com saltos. Oliver chegou até mim e ajoelhou na lama, olhou para mim como se me visse realmente pela primeira vez em três dias, seus olhos me olhavam preocupados, sua mão segurou meu rosto e me olhava ansioso.

            - Se machucou?

            - Eu... – minha voz ficou presa, aquela preocupação toda tinha me atingido de surpresa – Acho que... meu tornozelo.

            Ele se afastou até meu tornozelo e tirou meu sapato, segurei outro gemido, Oliver segurou com extremo cuidado e analisou.

            - Por que você veio de salto?

            - Sério? – bufei – Eu não achei que você ia entrar aqui!

            - Não era para ter me seguido.

            - E você devia ter entrado comigo.

            - Então é minha culpa?

            - Cem por cento.

            - Vou tirar você da chuva. – Oliver me pegou no colo e olhou para os lados.

            - A casa fica muito longe? – perguntei me encolhendo de encontro ao corpo dele, estávamos ambos ensopados, mas o corpo dele ainda estava quente.

            - Não vamos para a casa. – olhei com dúvida para ele, mas Oliver estava concentrado em andar – Tem uma cabana aqui perto.

            - Era para onde você estava indo?

            - Sim, vamos ver o seu pé e te tirar da chuva.

            - Isso significa que você vai sair da chuva?

            Ele me olhou e quase deu um sorriso, eu sorri.

            - Não precisava dar uma de donzela em perigo para fazer isso.

            - Sou conhecida por minhas medidas extremas.

            Chegamos a cabana e Oliver empurrou a porta com o ombro, foi reconfortante sair da chuva, mesmo que o lugar estivesse frio. Ele me sentou em uma cadeira e começou a colocar lenha na lareira.

            - É uma cabana de caça. – explicou Oliver – Toda mansão por aqui tem. Costumava a brincar aqui quando era mais jovem.

            - Parece que ninguém a usa por um tempo.

            - Robert não vinha aqui.

            Oliver ascendeu a lareira e depois pegou alguns cobertores no armário e jogou na cama que ficava no centro do único cômodo da cabana. Depois foi até a pequena cozinha e voltou com um pano molhado e outro pano maior, se ajoelhou perto de mim e subiu o olhar até que encontrasse o meu.

            - Isso vai doer.

            - Maravilha.

            Ele começou a limpar o meu pé com o pano molhado, só esse movimento, por mais calmo que era feito, me fazia engolir o choro. Depois Oliver começou a enfaixar e disse que tinha que ficar apertado, durante todo o processo, ele murmurava coisas para me acalmar. Assim que terminou, me ajudou a levantar e me levou até a cama.

            - Vai precisar tirar essa roupa. – Ele olhou para a lareira.

            - Tudo bem.

            - Vou esperar lá fora. – ele começou a andar, mas eu o puxei de volta.

            - Não, na chuva de novo não.

            - Vou me virar então.

            Oliver foi para perto da lareira e ficou de costas. Eu fiz o que ele mandou e tirei os casacos e a blusa molhada, ficando apenas com sutiã, depois, com muita dificuldade, tirei a calça, puxei o cobertor e prendi o cabelo em um coque.

            - Pode virar.

            O loiro pegou minhas roupas e colocou perto do fogo.

            - Vou me virar.

            - Sabe que não precisa.

            - Eu preciso.

            Deitei na cama e fechei os olhos, depois de um tempo, senti o outro lado da cama afundar e o coberto ser puxado. Abri os olhos para encontrar o rosto de Oliver perto do meu.

            - Me fale do seu pai. – pedi.

            - Não erámos muito chegados, você sabe. – a respiração dele batia de leve no meu rosto e fazia cócegas – Ele me mandou para um internato depois que Moira e Thea morreram, eu só voltava para casa nas férias e geralmente ele estava muito ocupado para o trabalho. Depois que me formei, ele me deu um trabalho fixo em vários lugares, mas nunca em Starling... – Oliver fechou os olhos – Nunca perto dele. – abriu novamente e suspirou – Quando comecei a trabalhar na QC ele já estava doente, ficou preocupado que eu arruinasse tudo e me obrigou a achar uma esposa... E aqui estamos nós.

            Sorri.

            - Só isso?

            - Tinha momentos... – Oliver perdeu o foco, olhando para algo ao longe – Quando eu era mais jovem, às vezes íamos pescar ou andar a cavalo, ele nunca falava muito, mas me perguntava da escola e me ensinava coisas. Eu podia sentir o que o incêndio tinha feito a ele... Mas ele nunca viu o que tinha feito em mim.

            Estiquei a mão e peguei a sua por cima do cobertor, ele me encarou surpreso.

            - Obrigada.

            - Pelo o quê.

            - Essa é a primeira vez que você se abre comigo desde que casamos e isso me possibilita conhecer melhor você. – me apoiei pelo cotovelo – E eu adoro conhecer esse seu lado.

            - Chorão?

            - Também. – dei uma pequena risada – Sentimentos, Oliver, é bom saber que você não está imune a eles, me dá esperança de que um dia... – sacudi a cabeça – Nada demais.

            - Felicity. – ele me olhou como se fosse a minha obrigação terminar a frase.

            - Esperança de que sinta algo por mim com o tempo, qualquer um que seja... – comecei a corar e afastei o olhar – É bom que sejamos amigos... Vamos passar o resto da vida juntos.

            - Amigos? – Oliver arqueou a sobrancelhas.

            - Você não precisa gostar, gostar de mim, Oliver, só porque estamos casados. Quero dizer, você não tem obrigação de sentir nada por mim, só quero dizer que seria bom não nos odiarmos, quem sabe criaremos filhos juntos....

            - Felicity... – Oliver colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha e não tirou sua mão, acariciando minha bochecha – Eu não quero ser seu amigo.

            - Oh...

            - Eu não sei o que eu quero, porque só em pensar deixar alguém ver tão fundo na minha alma, me assusta... Mas definitivamente não quero ser seu amigo.

            - Bem... Acho que por agora, amigos está de bom tamanho.

            - É o que você quer? – Oliver também se apoiou nos cotovelos e chegou mais perto, parando perigosamente perto do meu rosto.

            - O que eu quero... Eu queria que você fosse mais aberto para mim, que não se fechasse toda vez que eu tento chegar perto de você... Me assusta tomar qualquer passo, Oliver, porque eu não sei como você vai agir ou como você vai me machucar.

            Oliver abaixou o olhar, sua mão desceu até as minhas costas e parou na abertura do sutiã, eu respirei fundo, congelando.

            - Não vou fazer nada, Felicity... – suspirou – Machuquei você depois do episódio do banheiro e sei que não tem nada que garanta que não faça novamente.

            - Como eu disse, amigos está de bom tamanho. Estamos tendo bons passos, apesar de ficar na chuva e torcer meu pé, hoje você conseguiu me contar sobre seu pai e cuidou de mim... Vamos chegar lá algum dia.

            - O grande problema é – sussurrou Oliver – que eu sei disso tudo e concordo com você – um arrepio passou por meu corpo, o local onde Oliver tocava parecia deliciosamente quente – , mas quando eu chego perto de você, tudo o que eu quero fazer é...

            - É...

            - Melhor não falar, as palavras sempre foram minhas inimigas.

            Assim, Oliver me olhou mais uma vez, talvez esperando alguma hesitação, mas não encontrou nenhuma, sua mão subiu novamente e me puxou de encontro com seu corpo. Nossos lábios se encontraram vagarosos, mas com uma familiaridade assustadora. Suas mãos passeavam por minhas costas, apertando cada centímetro de pele, seus lábios sugavam os meus, nos beijávamos como se isso nunca mais fosse acontecer. Era urgência, era medo de que alguém se afastasse, era um desejo incontrolável, não era nada como o beijo que demos quando eu estava bêbada, era real.

            Oliver colocou sua mão em minha bunda e começou a me puxar para o seu colo, mas isso implicou em mexer o tornozelo, com isso, eu me afastei com um gemido de dor. Oliver me soltou e se sentou, mostrando seu abdômen perfeito, eu olhei para cima esperando a dor passar.

            - Eu machuquei você?

            - Meu tornozelo... – respirei fundo, tentando voltar a mim, queria Oliver de volta, mas não era certo, não agora – Oliver...

            - Eu sei... Não vou mais tocar em você.

            - Sinto muito... – eu nem sabia porque estava pedindo desculpa, eu queria que ele me beijasse novamente, que falasse o quanto ele me desejava, mas era Oliver e nada impedia que ele me humilhasse.

            - Como está seu tornozelo? – olhei para cima e Oliver estava encarando teto, parecia um pouco nervoso.

            - Ainda doendo e acho que ficar na chuva não ajudou muito... – de repente comecei a sentir um frio enorme, meu corpo começou a tremer e eu apertei o cobertor.

            - Está com frio?

            - Um pouco.

            - Vem aqui.

            Oliver voltou a deitar na cama e me puxou de encontro ao seu corpo, me abraçando, seu corpo estava quente e era muito confortável. Eu deitei em seu corpo, mas ainda tremia um pouco, ele me apertou mais e beijou minha cabeça.

            - Foi muito estúpido ter ficado na chuva daquele jeito. – disse o loiro.

            - Acho que posso dizer o mesmo.

            - Por que fez aquilo?

            - Você não ia me ouvir... E eu queria que soubesse que não estava sozinho.

            - Por quê?

            - Não entendi. – fechei os olhos e minha consciência começou a ir para longe.

            - Por que se esforça tanto para me ajudar?

            - Vale apena. – sussurrei.

            - Felicity? – a voz de Oliver parecia distante, apenas murmurei algo inteligível e apaguei.

— Felicity, acorda!

            Uma voz chamava ao longe, eu só conseguia sentir frio, nunca tinha sentido tanto frio assim na minha vida. Meu corpo tremia involuntariamente e meus olhos não se abriam.

            - Felicity! – chamou Oliver novamente – Você está me escutando?

            Confirmei com a cabeça e meus dentes começaram a bater. Merda, estava frio!

            - Tenta ficar acordada, tudo bem?

            Confirmei novamente e sentir que seu corpo saia da cama, assim que saiu, o frio piorou, fazendo com que eu tremesse mais ainda. Tinha sido uma péssima escolha sair na chuva, péssima escolha. Quando consegui abrir os olhos, vi que Oliver estava colocando um cobertor no chão.

            Se não fosse o frio, seria ótimo contemplar sua nudez, mas eu não conseguia focar em nada. Oliver entrou no meu foco e começou a tirar o coberto de cima de mim, gemi em protesto.       

            - Ei, eu preciso te levar para mais perto da lareira. – ele me deu uma última olhada antes de me pegar no colo e pegar o cobertor.

            Ele sentou no chão, me colocando entre suas pernas e jogando o cobertor em cima de nós dois. Ele me abraçou novamente e eu apoiei minha cabeça em seu peito, escutando seus batimentos cardíacos, parecia rápido demais para uma pessoa sem sentimentos.

            - Tenta ficar acordada. – ele passou a mão em meu braço, tentando me aquecer – Não trouxemos telefones e a chuva ainda está forte lá fora, não posso levar você para um hospital... Não posso fazer nada, só tentar te manter aquecida.

            Não consegui responder, eu sentia que o calor do fogo estava me ajudando, mas anda tremia terrivelmente.

            - Estou ficando preocupado, Felicity... – ele me apertou – Estou ficando com medo.

            Queria poder falar alguma coisa, mas ainda não era possível. Oliver continuou falando, sobre como gostava de pescar, estava tentando me manter acordada. Aos poucos, parei de tremer e me senti bem melhor, ainda com frio e um forte mal-estar, mas conseguia respirar com mais facilidade.

            - Felicity?

            - Estou melhor. – sussurrei.

            Senti o ar sair do peito de Oliver com alívio, seu peito quase tremeu com uma risada.

            - Vai ficar tudo bem. – disse beijando minha cabeça.

            - Está bem otimista. – brinquei ainda com a voz fraca.

            - Seria minha culpa novamente... Se alguma coisa acontecesse com você, seria minha culpa de novo.

            - Oliver... – sussurrei. Consegui olhar para cima, encontrando seu olhar – É a minha vida, minha escolha. Eu te segui porque eu quis, nada disso foi sua culpa.

            - Se eu tivesse sido menos teimoso...

            - Impossível. – disse com um sorriso fraco.

            - Eu já perdi tudo. – ele acariciou meu rosto – Agora eu tenho você e Dig, não posso perder vocês também.

            - Essa foi a coisa mais bonita que você disse para mim. – comecei a rir e Oliver, inesperadamente, me seguiu, rindo também. – Vamos ficar bem.

            - Tão otimista.

            - Não é otimismo. Acredito em você, acredito que vai cuidar de mim e acredito que vai me deixar entrar.

            - Eu queria que fosse mais fácil.

            - Não seria você. – voltei a deitar.

            - Não dorme. – disse com rispidez.

            - Não vou, mas você vai ter que continuar falando.

            Depois de um tempo, a respiração de Oliver ficou regular e a cabana ficou em silencio apenas, com o som da chuva e do crepitar das chamas. Consegui levantar e fiz com que Oliver deitasse no meu colo, ele parecia cansado, provavelmente não tinha dormido nos últimos dias. Comecei a acariciar seu cabelo, estava tão sereno e tão lindo naquela luz, eu estava me sentindo melosa, feliz por toda nossa conversa, podia ser uma ilusão, mas naquele momento era tudo que eu precisava.

            - Acho que estou me apaixonando por você. – sussurrei.


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Notas finais do capítulo

E ai pessoal???



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