“O que fazer quando tudo o que se tem é uma faca de dois gumes? A vida é uma passagem injusta que nos impõe coisas que não queremos fazer, coisas que juramos jamais fazer. Um homem de convicções resiste a mudanças, mas seria um homem capaz de deixar os seus padecerem por sua honra própria?”

Hoseok estava em sua biblioteca. Há mais de quarenta minutos fitava uma página de um livro de gastos e ainda não havia conseguido decifrar o que todos aqueles números diziam. Sua mente não estava presente, ela vagueava aos arredores do reino de Ophélia. Como estaria Namjoon? E Yoongi?

Para Yoongi era muito fácil se defender, ele era um guerreiro. Guerreiro por honra e nome. Yoongi era o único rei que estava sempre de armadura e jamais abandonava sua espada. Isso sem contar que tinha a seu lado um guarda real especializado em táticas de guerra, Sir Jimin era respeitado e conhecido por diversas invasões bem sucedidas a reinos hostis.

Mas e ele? É verdade que tinha bons guerreiros também. Porém naquela terra, ninguém sabia o que era guerra e os que sabiam não queriam sequer ouvir esse nome sendo sussurrado indevidamente. Ele, Hoseok III, o rei de Ophélia, era o regente. O homem que definiria a vida daquele povo. Como poderia anunciar uma guerra?

No momento em que Namjoon lhe pôs a par do que estava acontecendo a Galarda, não lhe deixara opção a não ser prometer que faria o seu melhor caso Jungkook atacasse. Quanto mais pensava na situação mais a crise se delineava frente a seus olhos.

Ainda olhando para o livro em suas mãos, Hoseok sentiu um arrepio na espinha como se um demônio o espreitasse; o antigo demônio da destruição. Então, de súbito Sir Taehyung entrou na biblioteca que se encontrava bagunçada e com diversos dos livros no chão.

—Vossa majestade?

—Tae, entre!

Hoseok mostrou-lhe a poltrona a sua frente e pediu a Taehyung que se sentasse.

—O que o traz aqui, meu amigo?

—Tenho péssimas noticias de Galarda._Hoseok franziu o cenho e se endireitou ficando na mesma linha do olhar de Taehyung.

—Ora, então me diga.

—Não entendi muito bem o recado, mas o rei Namjoon diz ter se desfeito de parte de sua guarda real.

—Meu Deus, Namjoon ficou louco?

—Foi o que pensei Vossa Majestade.

—E Yoongi? Já sabe disso?

—Creio que não, não recebemos nenhuma notificação de Denver.

—Muito bem, mantenha nossas tropas em alerta Sir Taehyung. A qualquer instante teremos que lutar.

—Sim, senhor! A propósito, vinha percebendo que Vossa Majestade não estava muito bem. Agora entendo que isso tem relação com o reino, já que está assim desde a noite de seu noivado.

—Tem relação com o reino também, mas é mais que isso.

—o quê mais?

Hoseok olhou de esguelha pra Taehyung como que se para confirmar que era mesmo seu amigo que estava ali. Até que suspirou profundamente.

—O casamento com a princesa Arian. Foi arranjado pela minha avó.

O queixo de Taehyung caiu e ele não conseguiu mais pronunciar palavra.

—Infelizmente o acordo já está feito e que nome terei eu se o desfizer!

Hoseok já estava de pé e andava de um lado para o outro, de uma maneira um tanto psicótica. Seus olhos estavam ansiosos, Taehyung jamais o vira daquele jeito.

—O que está acontecendo, Senhor?

—Apenas vá, Tae é uma ordem.

—Hoseok._O rei de Ophélia parou seu andar histérico e olhou para o amigo que de repente o chamara com uma voz grossa muito comum de quando interrogava os maus feitores. Essa era uma das características de Taehyung, ele sempre o fazia encarar a realidade, por mais dura que ela fosse.

—Sim?

—O que está acontecendo aqui?

A expressão de Hoseok se desfez em uma máscara de angústia e após um segundo de hesitação ele olhou para o guarda real com os olhos totalmente apagados.

—É a guerra Tae. Em todos os sentidos.

...

Assim que recebera as notícias de Galarda, Yoongi ficara colérico. Já aguardando pelo pior convocou um pequeno comboio para acompanhá-lo até o reino de Galarda.

Chegando lá, percebeu o porquê das atitudes de Namjoon. O lugar estava cada vez mais decadente, não que Galarda fosse um reino pobre. Muito pelo contrário, aquele reino era um símbolo quando se tratava em armas bélicas. Agora haviam pessoas jogadas nas beiradas das ruas estreitas, havia camponeses saqueando bancas de verduras, soldados estavam por todos os lados montados em cavalos e com manguais nas cinturas.

Por onde passava recebia reverências da população e as retribuía com um aceno de cabeça. Sir Jimin encarava com hostilidade os outros guerreiros, eles estavam extremamente incomodados com o pequeno comboio de Denver.

Chegando ao castelo todos foram recebidos pela rainha Catarina. Assim que estavam acomodados no salão real Namjoon veio recebê-los. Na verdade foi surpreendido pelo grito de Yoongi.

—FICOU LOUCO?_Ainda meio aturdido com a abordagem Namjoon só olhou para o amigo que o encarava com fúria no olhar._Que ideia foi esta de se desfazer da guarda real e se rebelar?

—Você viu o que está acontecendo aqui? A guarda real está totalmente ao lado dele agora. Enquanto eu estive fora ele fez modificações no nosso código de leis em meu nome. Com isso ganhou aprovação da nobreza.

—Ele é pior do que pensávamos._Yoongi baixou o tom de sua voz_e o que acontece com a rainha e com a princesa?

—Estão sendo vigiadas, cinco de todos os meus guerreiros permaneceram. Por isso coloquei dois deles para protegê-las. É o máximo que posso fazer no momento.

—Entendo. Hoseok já está a par da situação, pelo que me informaram. Você sabe que estamos com você, não sabe?

—Obrigado, meu caro amigo. O povo de Galarda é grato a vocês._Assim que disse isso, Namjoon foi surpreendido por uma porta aberta no salão real. Yoni caminhou diligentemente em direção a eles. Ela parecia entorpecida e seu caminhar era parecido com o de um zumbi.

Assim que chegou perto de seu pai abriu um sorriso pálido e o puxou pela mão. Namjoon pediu licença a yoongi e acompanhou a princesa até o canto do salão. A garota olhou nos olhos do pai e sorriu mais uma vez.

—Papai_ela ainda o encarava fixamente_quero me casar;

Namjoon ficou espantado diante da revelação inesperada da filha.

—Na verdade acho muito cedo para algo assim, mas você tem algum pretendente minha pequena princesa?

—Sim, papai. Eu tenho! Estou completamente apaixonada_Os olhos de Yoni brilharam tanto que pareciam querer pular do rosto.

—E quem é ele, querida?

—O seu guarda de confiança papai, Sir Jungkook!