“Tudo o que vejo às vezes é um grande vazio. Não consigo imaginar um destino ou quem sabe um momento em que estarei plenamente satisfeito. É o que dizem: quando se tem um sonho, ao realizá-lo há a sensação de plenitude, de missão cumprida; é realmente uma pena descobrir que sonhos são apenas para as outras pessoas.”

Namjoon andava apressado em direção à sala de Yoongi. Seus passos ecoavam pelo castelo de Denver com um som estridente, o vazio daquele castelo era aterrorizante, pelo jeito Yoongi não gostava muito de companhia. Sua mente trabalhava de forma desordenada e por um momento esquecera que estava sendo caçado pelo próprio reino.

Assim que dobrou por mais um lance de corredores avistou a porta majestosa do escritório real, mas antes mesmo que pudesse alcançar a maçaneta Yoongi abriu a porta.

—O que está fazendo, Namjoon?_Ao dizer estas palavras Yoongi puxou Namjoon pela manga da veste e fechou a porta do escritório apressadamente.

—A guarda real de Galarda está no castelo, fui a sua procura, mas você havia sumido, por onde andou?

Namjoon olhou para o rei de Denver de uma forma grave, como um pai prestes a repreender um filho.

—Yoongi, sou eu quem te pergunto. Por onde você andou?

—Não entendo o que quer dizer. Eu estava aqui o tempo todo!

—Estou falando de Sir Jimin._Yoongi deu um passo para trás como que desacreditado com o que acabara de ouvir._Você não precisa esconder, eu o vi.

O pequeno rei de Denver esfregou o rosto e tentando controlar a fúria se dirigiu a Namjoon ainda sem encará-lo:

—Você é um grande amigo meu Namjoon. Eu o considero quase um irmão, mas isso não te dá o direito de se meter em meus assuntos pessoais!

Namjoon o olhou compassivo.

—Eu sei, mas não posso ignorar isso. Por Deus, entenda que o que está fazendo só está maculando sua alma. O que prometemos, nós três, quando nos tornamos reis?

—Iriamos nos proteger, uns aos outros.

—Exatamente, e que também...

—Iriamos trazer a ovelha perdida de volta ao rebanho caso um de nós se desviasse do caminho certo.

—É isso que quero meu caro amigo, que abra seus olhos e veja seus atos. O que está fazendo com aquela pessoa não o torna tão diferente de Jungkook.

Yoongi socou uma mesinha de madeira que estava à sua direita com tanta força que uma pequena aura de poeira pairou ali por um tempo. Já totalmente desesperado ele gritou de uma forma que Namjoon nunca vira antes:

—Mas eu garanto que a sede de vingança por Jungkook corre nas suas veias_Yoongi agora berrava alucinado andando de um lado a outro da sala._Eu garanto que quer vê-lo sofrer, que quer ter a vida dele em suas mãos.

—Sim, eu quero vingança. Mas se isso chegar a ocorrer farei com honra, rápido e indolor._Yoongi gargalhou sarcástico;

—Eu duvido!

—Você o está deixando moribundo, sem dignidade alguma. Isso não é algo que um rei faria.

—Um rei não, mas um torturador sim!_Assim que proferiu essas palavras um baque surdo ecoou do lado de fora da sala.

Yoongi abriu as portas e deu de cara com o corpo morto de Sir Taida em uma poça de sangue.

—Ora, ora Vossa Majestade! Quem diria que guardava neste castelo um tesouro tão raro para o reino de Galarda.

—Você o quer? Vem pegar!

Yoongi pulou em cima do guarda bronzeado, os outros dois foram até Namjoon que começou a bloquear os ataques das espadas com uma lança ociosa que encontrara.

Foi como se tudo estivesse em modo acelerado. Porém Namjoon pode ver claramente Yoongi, que era muito mais baixo que o guerreiro bronzeado de Galarda, agarrá-lo pelas costas, como num abraço com braços e pernas e cortar sua garganta com a espada brilhante que desembainhara.

A armadura do rei de Denver estava manchada de sangue quando ele seguiu para ajudar Namjoon.

Um contra um. Namjoon começou a golpear um esquisitão que nunca tinha visto antes, provavelmente alguém adicionado depois de sua saída do reino.

O som de metal se chocando se tornou intenso. Até que finalmente Namjoon conseguiu cravar a lança no pescoço do guerreiro esquisito. Yoongi estava parado sob o corpo do terceiro guerreio com a espada enterrada em sua testa. Ele olhou vitorioso para Namjoon que retribuiu com um meio sorriso. Logo o olhar caloroso de Yoongi foi se desfazendo e por puro instinto ele correu até o rei de Galarda. Era estranho ver Yoongi daquele ângulo, com tanto medo. Mas Namjoon não teve tempo de assimilar o que outro temia. Tudo o que percebeu foi um som de lâmina perfurando carne e um peso incrivelmente grande em suas costas.

...

Yoongi andou até a sala de armas. Estava empoeirada e a maioria das coisas que guardava ali era da época em que era carrasco. Espadas, alguns arcos, bestas, machados, manguais e uma infinidade de outros instrumentos pendiam nas paredes da sala com cheiro de mofo.

O rei de Denver andou em direção a algo grande e brilhante que descansava em um pilar diferencial. O grande machado de Slade permanecia afiado e bem cuidado por suas ordens, Sir Jimin era o encarregado de cuidá-lo.

Com um suspiro pegou a arma que era muito maior que ele próprio e saiu dali andando calmamente pelos corredores que levavam a sala de tortura no castelo de Denver.

Os portões de ferro continuavam vigiados pelos guardas, que assim que o viram com o machado de Slade arregalaram os olhos como corujas. Conforme se aproximava Beatriz entrou na frente e abriu os braços.

—Se quer matar alguém, me mate! Ele não!

—Tirem ela daqui!_Os dois guardas assentiram e arrastaram Beatriz para longe enquanto ela se debatia em seus braços em um pranto desesperador.

Assim que adentrou a sala viu Jimin, prostrado com o último suspiro de vida que lhe sobrara ameaçando escapar a qualquer momento; Yoongi se aproximou a passo lento e o guarda real tentou erguer a cabeça para encará-lo.

Era aquilo que aumentava sua raiva. Jimin não tinha medo dele, ele nunca esteve no controle enquanto manteve o guarda real como seu refém. Ficou surpreso ao ouvir a voz do ex-companheiro.

—Parece que isso acaba hoje. Finalmente!

—Receio que não, Jimin._Yoongi foi até o prisioneiro e com dois golpes rápidos cortou as cordas que prendiam os pulsos do rapaz. Sir Jimin caiu com o rosto no chão. Estava extremamente fraco e ficara muito tempo com os braços levantados.

—Ouça com muita atenção o que vou dizer. Até o final do dia de hoje quero que suma da minha frente!_Jimin ainda com o rosto colado no chão tentou sussurar algo, mas logo o rei de Denver emendou_Não estou fazendo isso por você, acredite._O rei virou as costas para o guarda real que não se mexeu um centímetro e jogou o machado no chão encardido.

—Leve Beatriz com você. Fique vivo, é o recado que tenho pra lhe dar!

Ao dizer isso Jimin pode ouvir os passos daquele que se fez seus algoz por algum tempo e por fim a porta se fechando. Sem se dar conta do que fazia abriu um sorriso torto e fora de contexto enquanto que o outro ainda  sem coragem de prosseguir em seu caminho, continuou imóvel do lado de fora da câmara. Aos poucos o profuso rei sentiu os olhos ardendo e sem mais se segurar rendeu-se ao pranto em completo abandono. Sir Jimin havia derrotado o temível carrasco de Denver.