Há dias que Mary e David se perguntavam se havia sido correto aceitar aquele acordo de Harry, afinal, eles eram conhecidos por seu amor verdadeiro, privar um de seus filhos disso ia contra todos seus princípios, porém se lembrar das guerras bruxas e de todo o caos que elas provocavam os deixava até mesmo em desespero.

— Foi a coisa certa a se fazer não é? – Mary perguntou angustiada, ela e David não tinham a mínima ideia de como contariam aquilo a Killian.

— O que nós fizemos, fizemos pelo bem dos nossos filhos, querida – David se aproximou tocando um dos ombros da esposa – Criamos Killian muito bem, ele tem muita astúcia e força, tenho certeza que ele será compreensivo e aceitará o acordo, pelos boatos Regina Mills também é esforçada e ambiciosa...

— Você tem razão – ela suspirou – Quem realmente me preocupa nessa história é Emma, ela tem um padrão muito elevado sobre o certo e o errado, não imagino que ela vá ser tão compreensível com essa ideia de um casamento “arranjado” para Killian.

— Bom dia – a voz de Killian ecoou pelos corredores da sala enquanto ele descia as escadas seguido por Emma e Henry. 

— Emma, leve Henry para tomar café com você lá em cima, eu e sua mãe temos um assunto muito importante pra tratar com Killian – David disse enquanto se sentava à mesa.

— Hum – Emma lançou um sorriso malicioso para Killian – Parece que alguém andou aprontando com Milah mais uma vez – riu baixinho enquanto o ‘irmão postiço’ lançava lhe um olhar repreensivo.

— Já disse que eu e Milah somos apenas amigos Emma – franziu o cenho – Não precisa ter ciúmes, meu coração é seu – riu baixo puxando-a para um abraço.

— Ciúmes? – ela riu, apertou as bochechas dele e subiu puxando Henry que reclamou o caminho todo até chegarem ao quarto da loira, antes de entrarem puderam ouvir insistentes batidas na porta.

— Cora – Mary disse cumprimentando-a enquanto ela entrava sem ser convidada seguida por Regina – Temos alguns assuntos pendentes, Swan – ela concluiu encarando David.

Killian encarava a garota mais nova com curiosidade, ela tinha uma postura impecável para sua idade ele não podia negar que ela era uma das garotas mais bonitas que ele já havia visto.

— Nós iriamos falar com Killian agora – David retrucou – Afinal, ele não foi criado com isso em mente...

— Isso o que? – Killian se fez presente naquela conversa.

— Falando sem permissão – Cora ironizou – Pelo visto a educação não foi algo que vocês passaram para ele.

— Olha senhora... – ele arqueou uma das sobrancelhas.

— Senhora Mills – Cora disse encarando o garoto.

— Senhora Mills – ele disse com desdém – Eu não sei quem a senhora pensa que é, mas quem entrou em minha casa antes mesmo de ser convidada foi você – ela o encarou surpresa – Então se quer falar de educação, pelo menos tenha moral. 

— Killian – Mary o repreendeu colocando uma das mãos em seu ombro – Fique calmo.

— Arrogante assim como sua linhagem – Cora deu um sorriso maligno – Diga me rapaz, quantos anos você tem?

— 13 senhora Mills – ele respondeu sem olhar para ela.

— A que casa o chapéu seletor o designou? – continuou encarando-o.

— Sonserina – respondeu secamente e a mulher sorriu pela primeira vez naquela conversa.

— Não é tão ruim quanto eu imaginei – a mulher o encarava com olhos curiosos agora enquanto Regina apenas observava tudo em silêncio – Espero que a profecia esteja correta e você consiga fazer grandes coisas ao lado de Regina.

— Profecia?- Killian encarou os pais adotivos confuso – O que ela quer dizer com isso?

— Quando Regina nasceu – Mary começou – Harry teve um sonho, ele pode ver algumas coisas sobre uma nova profecia, Regina é descendente de Voldemort – Killan respirou fundo tentando digerir tudo aquilo – Nessa profecia deixava claro que nossas famílias seriam ligadas, destinadas, você como nosso descendente, ainda que não seja de sangue – Mary se aproximou do filho – Será responsável por ajudar Regina em suas escolhas pra que ela não acabe seguindo por um caminho errado e...

— Espera – Killian a cortou – Como eu supostamente farei isso?

— Por meio de um casamento – Cora respondeu com um sorriso maligno – Segundo essa profecia vocês terão um “amor verdadeiro”.

Killian sentou sentindo-se ainda mais confuso, milhões de perguntas rodavam por sua cabeça, seus pais pareciam angustiados enquanto Cora se divertia com tudo aquilo e Regina permanecia da mesma forma, podia até se dizer que ela não estava ouvindo nada daquilo, ou simplesmente não sentisse nada a respeito.

— Filho, nós queríamos te contar mas... 

— Fiquem tranquilos – Killian o cortou – Não é como se eu fosse fugir das minhas responsabilidades ou fosse recusar isso...

— Até porque isso foi feito por meio de um pacto de sangue – Cora provocou mais uma vez enquanto Mary a encarava inconformada.

— Só preciso de um tempo pra digerir tudo– concluiu esfregando os olhos – Acho que Regina e eu precisamos conversar também, se nosso destino é esse, lidaremos da melhor forma possível – apesar de tentar parecer calmo, Killian dizia tudo em um tom triste, o motivo era guardado com ele.

— Se importam se eu me retirar? – Regina pediu já se virando, afinal aquela conversa causava voltas em seu estômago. 

— Eu não acredito nisso – Emma disse descendo as escadas assim que Regina bateu a porta da casa – Como vocês podem sequer considerar isso? – a loira estava inconformada – Vivem dando lições sobre amor verdadeiro e enfiam Killian nisso aí? 

— Emma – Mary já sentia seu peito apertar ao ouvir a filha – Tudo que faremos é pelo...

— Não me interessa porque – Emma retrucou – Vocês esconderam isso da gente esse tempo todo – Regina que estava encostada na porta ouvia tudo um tanto surpresa, ela se perguntava como alguém ousava desafiar a todos daquela forma, alguém que não engolia o que era imposto por todos.

— Realmente educar os filhos foi algo que vocês não fizeram – Cora cuspiu as palavras revirando os olhos – E você, quem pensa que é menininha? 

— Olha aqui senhora...

— Senhora Mills – Cora a cortou num tom imponente.

— Não me interessa quem você é – Emma disse com desprezo – Posso ter apenas 11 anos, mas sei que amor verdadeiro não se constrói com um pacto de sangue, é preciso muito mais que isso.
É um encontro de almas, e se o amor verdadeiro vai salvar sua filha, espero que eles tenham a sorte de ter mais que um “pacto” segurando essa relação – Regina estava inconformada, como alguém poderia falar assim com uma Mills? Deduziu que Emma era muito corajosa, ou não tinha nenhum juízo, Emma desviou o olhar para seus pais – E quanto a vocês, eu acreditei em vocês – lágrimas escorriam livremente por seu rosto.

— Estávamos apenas tentando protege-los – David disse cabisbaixo – Nós não queríamos...

Regina observava com curiosidade uma coruja sobrevoando por ali até que ela soltou a carta na correspondência dos Swan e pousou sobre um dos postes, Emma andou até a porta e encontrou o envelope meio amarelado endereçado em tinta verde para ela.

— Escola de Magia e bruxaria Hogwarts – Emma começou a ler em voz alta – Diretor Harry Potter – riu da ironia em ter como diretor o responsável por aquele pacto – Prezada Sra. Swan, temos o prazer de informar que V.Sa. tem uma vaga na escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, estamos anexando uma lista dos livros e equipamentos necessários – respirou fundo antes de continuar – O ano letivo começa em 1º de Setembro, aguardamos sua coruja até 31 de julho, no mais tardar – Regina sorriu pela primeira vez em muito tempo, imaginava como Emma se sentia lendo aquela carta e de alguma forma, estava feliz em saber que conheceria aquela garota tão imprudente – Atenciosamente, Sr. Gold, diretor substituto. 

— Sua carta de Hogwarts – Killlian sorriu para Emma que continuou com sua atenção presa naquela carta.

— Meu passe de liberdade – Emma disse se virando para subir as escadas.

— Emma – Mary disse indo atrás dela e segurando seu braço – Eu sou sua mãe!

— Eu não me importo – a loira subiu as escadas sem ao menos olhar para trás.

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