O caminho que estou trilhando eu devo seguir sozinha

Devo engatinhar até eu virar adulta

Contos de fada nem sempre têm finais felizes, têm?

E eu vejo a escuridão no futuro se eu ficar

Sakura tampou a boca com as mãos para evitar que seu grito escapasse quando viu o punho de Sasuke descer no rosto de Gaara pela primeira vez.

Parecia que todos que estavam vendo a cena prenderam a respiração ao mesmo tempo.

Sasuke era sempre visto como uma pessoa muito calma, na verdade alguns duvidavam até que ele tivesse emoções, nada abalava a expressão indiferente do Uchiha então vê-lo assim, tão descontrolado distribuindo socos por ai era algo que beirava ao surreal.

Um prato perfeito para fofocas e mentiras.

O que Gaara tinha feito para tirar Sasuke do sério daquele jeito?

Gaara se desviava o quanto podia dos socos e quando teve oportunidade girou os corpos, agora ficando por cima do Uchiha. Um filete de sangue escorria pelos lábios do ruivo, mas mesmo assim ele sorriu quando agarrou Sasuke pelos cabelos  com uma das mãos e com a outra começou a socar a cara dele.

Sasuke se protegeu com um dos braços e o outro deu um gancho de direita no queixo dele, fazendo Gaara se desorientar e cair pro lado, ele não perdeu tempo e se levantou.

— Diga mais uma mentira dessas e eu te arranco os dentes. – Sasuke o ameaçou, seu olho esquerdo estava começando a ficar inchado.

Gaara deu uma gargalhada alta cuspindo o sangue que tinha na boca.

— Mentira? – mesmo naquele estado ele não perdeu a pose de deboche. – Você não pensou que ela iria ficar esperando a vida toda por você, não é mesmo? – disse se levantando também.

Sasuke grunhiu avançando mais uma vez em Gaara voltando a se baterem.

— Pelo amor de Deus, alguém faz alguma coisa! – Sakura pediu horrorizada com a cena. – Sai! – gritou pelo amigo mais próximo.

O desenhista apenas a olhou.

— Estou confortável aqui.

— Faz alguma coisa!

— Por que eu faria? O Sasuke tá se defendendo bem.

Sakura arregalou os olhos se irritando com a indiferença dele.

— Baka. – socou a cara dele.

Naruto surgiu ao lado deles junto com Shikamaru, vendo a situação os dois correram até os brigões. Naruto agarrou Sasuke pelas vestes e Shikamaru Gaara pela cintura.

— Tá ficando doido, teme? – Naruto gritou na orelha de Sasuke, mas o Uchiha continuava encarando Gaara mortalmente.

E Gaara retribuía a encarada com um sorriso psicótico.

 - Será que alguém pode me falar o que aconteceu aqui? - Sakura se meteu entre os dois, muito irritada.

 Gaara soltou uma gargalhada.

 - Seu precioso Uchiha ficou todo bravinho porque eu disse que nós nos beijamos.

 - VOCÊ O QUE? - Sakura e Naruto gritaram ao mesmo tempo.

 Sakura tinha os olhos arregalados não acreditando que Gaara podia soltar uma coisa daquelas assim do nada.

 Naruto jogou Sasuke pro lado, o soltando e correu na direção de Gaara.

 - Eu é que vou te matar, filho da puta! - gritava.

 Mas antes que ele pudesse chegar em Gaara Sakura o agarrou pelo colarinho e o jogou de volta para Sasuke.

 Sakura podia até não parecer com aqueles braços finos, mas a força da garota era absurda. Naruto já chegou a ficar duas semanas com o olho roxo em inchado quando ele, acidentalmente, abriu a gaveta de calcinhas dela procurando uma toalha pra tomar banho.

 - Podem parar com essa porra agora! - gritou.

 Sasuke desviou o olhar para a rodada, quebrando o olhar mortal que dava para o ruivo.

 - O que acham que estão fazendo brigando desse jeito?

 - Sakura-chan, esse cara... Esse pervertido... - Naruto não nem raciocinar de tão nervoso, só não avançava de novo porque sabia que Sakura iria bater nele.

  - É, é, a gente se beijou, e dai? - perguntou puta. - Como foi com ele, ia ser com qualquer um e isso não justifica isso tudo, vocês não podem bater nas pessoas só por causa disso!

 - Podemos sim. - Naruto respondeu revoltado.

Sasuke olhou irritado para a garota, como se por olhar concordasse com o que Naruto dizia.

Sakura revirou os olhos.

— Quantas vezes eu tenho que falar, a vida é minha, quem eu beijo ou deixo de beijar é problema meu! – frisou a ultima palavra e então olhou para Gaara. – E quem você acha que é pra ficar espalhando coisas sobre mim?

— Não sei se você sabe, mas para um beijo acontecer duas pessoas tem que estar envolvidas, sabe? – Gaara disse debochado.

Sakura estreitou os olhos na direção dele e cruzou os braços.

— Então meu beijo é alguma espécie de premio que você precisa espalhar pra todo mundo? – tagarelou sem parar irritada. – Eu não sou nenhum troféu idiota pra você ficar se exibindo, não.

Gaara arregalou os olhos com a explosão da rosada. Apesar dos pesares, ele nunca tinha visto Sakura irritada daquele jeito.

— Também não é...

— Cala a boca antes que eu comece a te bater também. – Sakura o interrompeu ergueu a mão na direção dele. – Eu não acredito que vocês brigaram por causa de uma coisa tão idiota como essa. – balançou a cabeça negativamente.

— Falou a garota que passou a semana escondida porque não queria encarar as pessoas. – Gaara resmungou.

Sakura revirou os olhos, muito irritada pra prestar atenção na alfinetada que Gaara estava querendo dar.

— Melhor do que ficar brigando com o primeiro que aparecer na frente feito vocês. - debochou balançando a cabeça negativamente.

Ela olhou para os dois, avaliando o estado deles, mesmo irritada ainda estava preocupada.

Gaara tinha sangue escorrendo da boca, provavelmente tinha cortado a parte de dentro da boca, e Sasuke tinha um corte um pouco acima da sobrancelha que sangrava um pouco.

A expressão irritada de Sakura caiu um pouco começando a ficar preocupada.

O que ela podia fazer se tinha coração mole?

Bufou balançando a cabeça negativamente, não podia recuar agora.

— Quer saber? Se vocês quiserem se bater, eu não ligo, só não me usem mais como motivo. – disse arrumando a mochila nas costas e virou, indo embora.

Naruto desviou o olhar de Gaara para Sakura e depois voltou a encara-lo, parecendo pensar no que ia fazer. Se ia até Gaara e batia nele mais ainda ou se seguia a amiga.

— Vamos, baka. – Sasuke disse pegando sua mochila do chão.

—Teme, mas...mas.. – ele gaguejou apontando para Gaara.

Sasuke não disse mais nada, apenas lançou um olha frio na direção de Gaara antes de virar para ir embora.

— Sakura! – a mãe da rosada exclamou assustada quando a filha entrou como um furacão em casa. – Por Kami, você quase me matou de susto.

Sakura tirou de qualquer jeito seus sapatos, trocando pelas pantufas. Ela ainda estava irritada, porém muito menos do que antes.

 Se jogou na cadeira suspirando.

— O que aconteceu? Que carinha é essa? – Mebuki perguntou sentando a mesa junto com a filha.

— Mãe... – mordeu o lábio sem saber como entrar naquele assunto, perguntar aquilo podia abrir uma conversa que ela com certeza não queria ter com a mãe. – Como foi seu primeiro beijo? Foi com o pai, não foi?

Mebuki arregalou um pouco os olhos ficando levemente vermelha.

— E-eu, como assim? Você... Você quer ter aquela conversa agora?

 - Não! – Sakura respondeu rápido arregalando os olhos e depois que viu a mãe relaxar continuou. – É que.. Eu... Eu beijei um garoto essa semana... – gaguejou olhando para as próprias mãos.

Mebuki deu um sorriso fraco envolvendo as mãos unidas da filha com a mão.

— Você gostou?

Sakura fez um careta.

— Não é que eu não tenha gostado, é só que... – suspirou. – Não sei, eu espera mais, esperava as explosões, a felicidade imensa, a magia e tudo que tem nos livros e a única coisa que eu senti foi os lábios dele secos. – fez uma careta.

Mebuki riu da careta da filha.

— Se te serve de conselho, o meu também não foi muito bem não. – falou rindo. -  Na verdade, a maioria dos primeiros beijos são bastante ruins.

Sakura deu um sorriso de lado.

— Foi com a pessoa que você queria?

Ela balançou a cabeça negativamente.

— Foi até com um garoto legal. – falou pensando em Gaara. – Mas não sei.

Mebuki passou a mão pelo cabelo rosado e desceu os dedos pela testa dela, passando a ponta nas pequenas rugas formadas com a careta que Sakura fazia.

— Não fique presa a isso querida, é só o primeiro beijo de muitos que viram e não fique chateada se nem em todas as vezes você sentir as tão famosas borboletas. – ela deu um sorriso de compaixão. – Você pode beijar mil pessoas, gostar de mais mil, mas amar de verdade você ama poucas então não fique se cobrando tanto, sua vida só está começando agora.

Sakura sorriu assentindo e abraçou a mãe.

— Arigato. – agradeceu.

Mebuki sorriu a abraçando de volta por um tempo.

— Só por favor, não beije mil pessoas, okay? Nem transe com mil pessoas. – Mebuki implorou.

Sakura sentiu seu rosto queimar ficando completamente vermelho se soltando do abraço da mãe.

— Mãe!

— O que?

Sakura revirou os olhos.

— É, acho que já ta na minha hora. – se levantou correndo para o quarto.

Depois de tomar banho, Sakura deitou na cama com o celular nas mãos. Ainda tinha algum tempo até o horário do seu encontro com Sai.

  Assim que ela abriu as redes sociais as notificações começaram a pipocar sem parar, todos comentando sobre a briga entre Gaara e Sasuke.

 "Alguém sabe por que brigaram?"

 " Sasuke devia ter batido mais no estranho, quem ele acha que é pra bater no nosso Sasuke-kun?"

 " Acho que eles brigaram por causa daquela Sakura."

 " O Gaara é um gatinho"

 " Sakura é uma piranha, aposto que foi culpa dela eles brigarem"

  Eram alguns dos comentários que Salura leu antes de desistir e fechar o aplicativo depois de ver mais e mais pessoas a xingando.

 Suspirou vendo que suas mensagens no WhatsApp já passavam de 300.  Deixou o celular de lado agradecendo por só ter que encarar aquela gente toda só depois do final de semana.

 Ela já estava pensando em tirar um cochilo quando seu despertador tocou indicando que já era hora dela se arrumar.

O que raios ela iria vestir?

Ela não queria ir super produzida, afinal era só o Sai, mas também não podia ir muito simples. Colocaria maquiagem? Ela gostava, mas não costuma usar muito porque alguém disse que Sasuke só gostava de garotas de cara limpa.

Ela podia usar um vestido creme que vinha até a metade da coxa.

Sakura se olhou no espelho com o vestido bege na sua frente e fez uma careta pensando que teria que usar sutiã bege e o seu único estava lavando. Decidiu por pegar outro vestido, um preto com estampas de pequenas flores rosa.

Depois de vestida se olhou mais uma vez no espelho. Definitivamente teria que depilar as pernas.

Pernas depiladas ela pegou sua necessaire de maquiagem e começou a se arrumar, depois de tanto tempo sem usar as coisas ela teve um pouco de dificuldade para fazer tudo certo. Kami, ela levou quase meia hora para fazer um delineado descente.

Ou seja, ela teve que sair de casa correndo porque acabou se atrasando.

— Demorei? – ela perguntou ofegante ao encontrar com Sai.

— Você demorou esse tempo todo e veio assim?  - Sai a olhou de cima a baixo.

Sakura olhou irritada para Sai.

— Ficou uma feia arrumadinha. – concluiu dando seu sorriso vazio.

— Se isso foi um elogio, por Kami, cala a boca. – Sakura pediu entrelaçando o braço no dele.

O festival se estendia por toda uma avenida, cada artista tinha sua maneira de mostrar suas obras, alguns tinham barracas, outros usavam o chão mesmo como tela, o céu aberto era iluminado por lanternas japonesas, todo lugar tinha música e cor. 

E Sai também não era má companhia, na verdade, foi um das poucas vezes que Sakura sentiu que ele não estava fingindo estar se divertindo. 

Sai estava falando com um desenhista coreano quando o som de um violão atraiu a atenção de Sakura, ela se aproximou parando na primeira fila.  Uma garota tocava o violão e reconhecendo a música, Sakura começou a cantar junto ganhando um sorriso da garota.

Agora mais pessoas se reuniram perto delas, fazendo uma rodinha ao redor delas. Sakura corou com a atenção a mais que estava tendo, mas continuou a cantar vendo que mesmo sua voz não sendo das melhores as pessoas a apoiavam cantando junto.

I used to hold my freak back (Eu costumava esconder meu lado louco)

Now I'm letting go (Agora eu estou me libertando)

I make my own choice (Eu faço minhas próprias escolhas)

Bitch, I run the show (Vadia, eu mando nesse show)

So leave the lights on (Então deixe as luzes ligadas)

No, you can't make me behave (Não, você não pode fazer com que eu me comporte)

Algumas pessoas começaram a bater palmas no ritmo da música e Sakura foi deixando a vergonha de lado.

Quando achou que iria fazer aquilo? Que ia cantar na frente de tantas pessoas? Uma coisa era cantar no karaokê com os amigos, outra era cantar com pessoas desconhecidas.

Em algum momento que ela não percebeu, Sai se aproximou também batendo palmas junto com os outros, mas não cantando.

So you say I'm complicated (Então você diz que sou complicada)

That I must be outta my mind (Que eu devo ter perdido a cabeça)

But you've had me underrated (Mas você estava me subestimando)

Ela continuou cantando até o final da música, quando ela e todos que também começaram a cantar foram aplaudidos.

Enquanto Sakura conversava com a menina do violão, Sai observava de longe a cena e acabou reparando em uma figura um pouco afastada deles que também prestava atenção.

— Ora, ora, quem eu encontrei. – Sai disse parando ao lado dele.

Sasuke não disse nada, continuou encarando Sakura em silêncio.

— Ela está sorrindo mais do que o normal, não acha? – Sai comentou, mas Sasuke continuou em silêncio. – No livro de encontros que eu li falava que se fosse um encontro bom terminava com um beijo... – ele viu pelo canto do olho Sasuke travar a mandíbula.

— O que você quer, Sai? – Sasuke perguntou sem paciência.

Sai sorriu fraco achando graça como qualquer coisa sobre Sakura fazia Sasuke perder a calma.

— Você não ir falar com ela?

Sasuke não respondeu, apenas colocou as mãos dentro dos bolsos da calça ainda observando Sakura conversar com os artistas de rua.

Sai balançou a cabeça negativamente.

— Você sabe – Sai voltou a falar, olhando Sakura sorrir para um garoto de touca  que entregava uma rosa vermelha a ela. – Sakura não vai ficar esperando pra sempre você tomar uma atitude. 

Sasuke desviou o olhar de Sakura para Sai estreitando os olhos, mas o garoto já estava se afastando. Voltour a olhar para a rosada vendo que ela já tinha parado de conversar com os outros e se afastava dele.

Ele encarou as costas dela se afastando e antes que pudesse se controlar, lá estava ele a seguindo de novo.

Sakura parou de repente em frente a uma pintura e ficou a admirando, Sasuke chegou mais perto parando ao lado dela para ver o que a pintura tinha de tão interessante para prender a atenção de Sakura.

Sakura já estava virando para ir embora quando tomou um susto ao ver alguém parado ao seu lado e ficou mais surpresa ainda ao ver Sasuke lá.

— Sasuke-kun?! – arregalou os olhos dando um passo pra trás.

Sasuke continuou olhando para a pintura.

— O-o que você está fazendo aqui? – a pergunta escapou de Sakura antes que ela percebesse então ela resolveu se explicar, com medo de ter soado muito grossa. – Eu pensei que você não gostasse dessas coisas.

— Nunca é tarde para tentar coisas novas. – disse dando de ombros.

Ela quase podia acreditar no que ele falou, se não fosse pelo fato que Sakura sabia que Sasuke odiava tentar novas coisas.

— E está gostando?

Ela pode ver um sorriso provocativo nascer nos lábios dele quando Sasuke desviou o olhar da pintura para ela.

— Muito, gostei do showzinho que você fez antes. – comentou como quem não quer nada.

Sakura corou, ela sentia seu rosto queimando de vergonha. Ela tentou falar, mas tudo que conseguiu foi gaguejou coisas que nem ela conseguiu entender.

— Não precisa ficar assim, foi legal. – Sasuke elogiou.

— Arigato. – agradeceu abaixando a cabeça.

Sasuke girou o corpo, agora ficando de frente para ela e antes que ele falasse algo Sakura foi mais rápida.

— Por Kami, Sasuke seu olho! – Sakura disse chocada ao ver o olho esquerdo do Uchiha roxo e a parte que devia ser branca com algumas manchas de vermelho.

Seu corpo foi automaticamente para perto do dele e sua mão foi em direção do rosto dele, passando a ponta de leve pelo local roxo.

Sasuke fez uma pequena careta e Sakura o olhou mais preocupada ainda.

— Não é nada. – tentou diminuir o machucado, mas não se afastou do toque dela.

Ela desceu a ponta dos dedos do machucado para a bochecha dele, fazendo carinho. Sasuke a encarava achando adorável a forma como ela estava olhando pra ele naquele momento, o pequeno bico que ela fazia.

Quando Sakura reparou no que estava fazendo forçou uma tosse, afastando a mão do rosto dele.

— Bem feito pra você, não devia ter brigado com o Gaara. – disse querendo deixar o assunto para trás.

 - Você vai defender ele agora? – Sasuke perguntou ranzinza.

Sakura uniu as sobrancelhas, ficando irritada.

— Não vou defender ninguém, vocês dois foram idiotas brigando daquele jeito.

— O que queria que eu fizesse, ele disse que... – Sasuke grunhiu lembrando do que Gaara disse.

Sakura suspirou.

Mesmo parecendo um pensamento idiota, uma parte dela queria que Sasuke tivesse brigado com Gaara por ciúmes dela, mas ela sabia que ele só tinha brigado por causa daquela proteção estúpida que ele e Naruto sentiam.

— Sasuke, eu... – engoliu seco, parecia que aquilo era a coisa mais difícil de colocar pra fora. – Se você tem pelo menos um pouco de consideração comigo, por favor, não faça mais isso.

Sasuke piscou lentamente algumas vezes tentando entender o que ela queria dizer.

— Você sabe, quer dizer, todo mundo sabe que eu gosto de você. – ela colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha. – E eu sei que você não gosta de mim do mesmo jeito, então por favor, não faça mais essas coisas, não me dê mais esperanças vazias. – pediu com a voz falhada.

Sasuke encarava Sakura intensamente. Era a primeira vez que Sakura falava dos seus sentimentos para ele, ela nunca tinha se declarado preferia demonstrar seu amor e carinho através de ações do dia-a-dia.

— Como assim?

Ela respirou fundo olhando para o lado, não conseguindo encarar Sasuke de volta.

— Eu sei que não é sua culpa, ninguém é forçado a gostar de outra pessoa só porque a outra gosta, mas ficar desse jeito está me machucando demais, eu amo você.  – ela deu um sorriso triste. – Mas eu tenho que me amar mais.

Sasuke continuou a olhando sério em silêncio.

— Você vai seguir sua vida em outra faculdade em outra cidade, com toda aquela situação do seu irmão e das suas empresas e eu não vou poder ir junto e mesmo que eu pudesse, não quero mais viver na sombra sem ser correspondida eu quero alguém que goste de mim. – ela olhou para Sasuke encontrando a expressão vazia dele.

Sakura mordeu o lábio com força sentindo o gosto de sangue na boca.

Seu coração parecia que tinha ido parar no estomago e suas pernas tremiam com uma vontade absurda de sair correndo, sua mente já planejava tomar o caminho mais fácil e dizer que aquilo era só uma brincadeira. Ela estava morrendo de medo do que viria a seguir, o que Sasuke iria dizer? Como iria ficar a amizade deles?

Ela suspirou, o silêncio de Sasuke a estava matando lentamente.

— Tudo que eu quero é que você seja feliz. – Sasuke disse depois de um tempo, sua voz rouca e baixa como se ele não falasse há anos.

Sakura sentiu seu coração se apertar com as palavras dele. Como ela podia esquece-lo se até nesses momentos ele era um perfeito cavalheiro?

— Já tá ficando tarde, eu... Eu preciso ir me despedir do Sai antes de ir. – Sakura disse dando um sorriso forçado.

Antes que Sasuke saísse do seu estado paralisado Sakura já estava longe.

Ela até tentou procurar Sai, mas sua cabeça doía e ela sentia seu corpo pesar uma tonelada, tudo que ela queria no momento era voltar pra casa, deitar na cama e não levantar pra nada.

Sakura sabia que foi ela que causou tudo, mas por que ainda sentia seu coração quebrado? Colocar um ponto final devia ter algum alivio, não era? Então por que doía tanto?

Agora o pensamento de deixar de amar Sasuke era tão doloroso.

Não prestou atenção no caminho até em casa, uma hora ela estava dando as costas para Sasuke e no outro estava agachada no chão do quarto.

Ela resistiu o quanto pode para não chorar, o fundo dos olhos doía de vontade de por tudo o que sentia pra fora em forma de lágrimas, mas ela resistiu e quando tinha certeza que não conseguiria mais resistiu seus pensamentos foram interrompidos com o barulho de pedras batendo na sua janela.

Nas primeiras vezes ela tentou ignorar, mas depois da quarta pedra o barulho já estava irritando.

Sakura se levantou irritada e abriu a janela com brutalidade pronta pra xingar quem quer que fosse.

— Gaara?! – arregalou os olhos ao ver o ruivo debaixo da sua janela. – O que tá fazendo aqui?

Gaara sorriu de lado e largou as pedras que estava segurando, limpando as mãos sujas na calça jeans.

— Quer ir em um lugar comigo?

Sakura estreitou os olhos e olhou para o relógio que ficava na sua parede, marcava 23:50.

— Sabe que horas são?

— A hora perfeita pra você vir comigo. – respondeu com aquele sorriso irritante.

Sakura revirou os olhos sem paciência.

— Anda logo, para de ser careta, vai ser divertido. - ele abriu mais o sorriso.

— Você não vai me deixar em paz se eu não for, né? – resmungou.

— Com certeza, enquanto você não descer eu vou ficar jogando pedras.

Ela revirou mais uma vez os olhos, sabia que ele era doido o bastante pra fazer aquilo mesmo e a ultima coisa que ela queria era a vizinhança inteira acordada reclamando.

— Tá, tá, tanto faz to descendo, mas você vai ter que me pagar um lanche. – Sakura cobrou.

— Vem logo! – Gaara gritou e Sakura ouviu um barulho no quarto dos pais.

Ela levantou o dedo do meio e jogou uma das pedras que Gaara tinha jogado nela de volta.

— Cala a boca, baka.