Por que você se importa com o que as pessoas pensam?

Você está preso às coleiras delas?

Você sabe, pirralhos engoliram sua personalidade

Tente se lembrar de como é a sensação de dar seus próprios passos

E deixem os pirralhos mastiguem, cuspirem em outro alguém

E apaixone-se por você mesmo

Por que você quer agradar o mundo e deixar seu verdadeiro eu morrer?

— Eu não acredito que você me trouxe no McDonalt's. – Sakura disse quando os dois estavam no meio da fila para fazerem seus pedidos.

Gaara levantou uma das sobrancelhas, colocando as mãos nos bolsos da jaqueta vermelho escuro.

— Você que quis vir comer, você devia me agradecer por pelo menos pagar isso pra você.

Sakura mostrou a língua cruzando os braços.

— Eu tava muito bem em casa, você que quis sair. – retrucou, seus lábios formaram um pequeno bico.

Gaara sorriu de lado, ele adorava ver a cara da rosada irritada.

Eles fizeram os pedidos e em pouco tempo estavam sentados em uma mesa na parte de dentro. Ele olhava impressionado como Sakura devorava o lanche que ela tinha pedido, detalhe que ela pediu para aumentarem tanto a batata quanto o refrigerante.

Ele sempre via Sakura toda controlada, comendo sempre seguindo sua dieta à risca, contanto as calorias de cada refeição. Era impressionante a quantidade de comida que ela podia colocar na boca sem se engasgar.

— A comida do mundo ainda não tá acabando pra você ficar nesse desespero. – Gaara comentou quando Sakura encheu as batatas de ketchup e colocou cinco na boca.

Sakura olhou seria para ele mastigando mais grosseiramente possível de propósito só pra irritar. Gaara gargalhou dando uma mordida no seu lanche.

— Não tá preocupada com as calorias?

Gaara desejou não ter feito aquela pergunta depois do olhar que ganhou de  Sakura, ela mastigava com tanta força que poderia até mastigar ferro que ia cortar como manteiga.

— Tá me chamando de gorda?! – ela cuspiu as palavras se esforçando para não gritar. – Porque eu juro, se você estiver eu...

— Hey, hey, calma ai. – interrompeu a ameaça dela. – Eu só perguntei porque nunca te vi comendo desse jeito.

Sakura estreitou os olhos, incerta se deixava aquilo passar ou não.

— Eu tive uma noite difícil, okay? – explicou emburrada. – E eu desisti da dieta.

Na verdade ela não via mais objetivo em continuar na dieta. Não se lembrava de uma vez onde não estivesse de dieta, sempre contando as calorias para não comer demais. Pelos céus, se ela lembrava bem de ultima vez que comeu porcaria foi quando estava com Naruto e Sasuke e teve que ficar sem comer o outro dia inteiro para recompensar.

Recompensar, ela sorriu triste.

Pensando agora, parecia tão estúpido. Deixou de comer tanta coisa para fazer aquelas dietas malucas só por medo de engordar e tudo para ser a garota perfeita.

Garota perfeita? Ela quis bufar, mas só enfiou mais batatas na boca.

— Aqui. – Gaara ofereceu pegando sua batata e a colocando na bandeja dela.

Sakura engoliu piscando várias vezes, pensando no que tinha dado em Gaara para oferecer assim. Resolveu deixar pra lá e abriu um sorriso ao ver mais batatas ainda pra comer.

— Arigato. – agradeceu pelas batatas usando os últimos saches de ketchup em cima delas.

— Sakura?

— Hn? – ela respondeu ainda entretida com as batatas, tentando pega-las sem se sujar toda de ketchup.

— Eu, er... – Gaara grunhiu amassando seu guardanapo. – Aquilo da briga de hoje...

Sakura que se esforçar um pouco para lembrar do que ele estava falando, a briga entre Sasuke e Gaara parecia  ter acontecido a muito tempo atrás. Depois da conversa com Sasuke o cérebro dela parecia que tinha bloqueado o resto daquele dia.

Sakura franziu o cenho, não entendendo por que Gaara queria lembrar disso logo agora.

— É que... – Gaara hesitou parecendo não saber muito bem como se expressar. – Eu não queria que você ficasse pensando que eu falei do beijo pra me gabar.

Ela limpou a boca com o guardanapo tomando um gole de refrigerante para limpar um pouco o gosto da boca.

— É só que aquele Uchiha, ele... – Gaara fechou as mãos em punho, elas tremiam de tanta força que Gaara as apertava. – Se eu pudesse, eu...

— Tá, tá entendi, vocês se odeiam. – Sakura o interrompeu antes que Gaara começasse seu discurso de ódio. – Eu não vou obrigar vocês dois a gostarem um do outro, mas também não vou tolerar que fiquem brigando falando que é por minha causa.

Gaara levantou uma das sobrancelhas dando um sorriso de lado.

— De onde veio essa atitude toda? – Gaara cruzou os braços em cima da mesa, se apoiando e debruçando o corpo por cima se aproximando de Sakura. – Acho que alguém aqui ouviu um certo ruivo aí.

Sakura revirou os olhos. As vezes baixava um ego enorme em Gaara que ela tinha vontade de socar a cara dele.

Ela tirou o celular do bolso depois de senti-lo vibrar e arregalou os olhos vendo que já eram quase 3 da manhã.

— Puta que pariu, minha mãe vai me matar! – levantou correndo, quase derrubando a cadeira.

— O que aconteceu? Ela te mandou alguma mensagem urgente? – Gaara também levantou pegando a bandeja dele e dela para levar pro lixo.

— Eu saí escondido e já são quase três da manhã, isso aconteceu. – Sakura explicou desesperada.

Antes que Gaara pudesse resmungar, Sakura já o estava puxando pela mão para fora do estabelecimento.

Gaara riu, entrelaçando seus dedos nos dela e tomando a dianteira, agora em vez de Sakura o puxar ele estava a puxando. Mesmo ele achando bobo, eles correram até a casa da rosada daquele jeito e por correram Sakura obviamente tropeçou várias vezes só não caindo porque Gaara estava lá a segurando.

— Pronto, entregue em casa. – Gaara disse quando estavam nos degraus da entrada de Sakura.

Sakura deu um sorriso nervoso colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha.

— Arigato, Gaara. – agradeceu. – Mesmo sem saber, você meio que foi meu super-herói hoje. – admitiu envergonhada.

Gaara lançou um olhar estranho para ela, querendo perguntar o que tinha acontecido e que tinha sido tão ruim assim pra ele ter tido que salvar a noite, mas ele não se sentiu que Sakura não iria se sentir confortável em falar sobre o assunto, se ela quisesse teria comentado antes.

Pensando melhor, era até bom ela não ter falado nada. Gaara não tinha o menor jeito para dar conselhos para garotas, bem pelo menos isso era o que Temari sempre falava a ele.

— É pra isso que são os amigos. – disse dando de ombros, ele balançou as mãos ainda unidas deles apertando de leve a mão dela.

Aquela era a sua maneira de falar que se precisasse, Sakura podia contar com ele.

Sakura assentiu e sorriu se despedindo, lentamente eles desentrelaçaram as mãos.

Assim que ela entrou, desejou que Gaara já tivesse bem longe dali. Sua mãe a esperava sentada no sofá com os braços cruzados e uma cara nada amigável.

— Posso saber aonde a senhorita estava até essa hora da noite, Sakura Haruno?

E assim  Mebuki começou um sermão enorme sobre irresponsabilidade, em como tinha ficado preocupada, como seus nervos estavam alterados, que ela tinha quase ligado pra policia e mais um monte de coisas.

Conclusão, Sakura ficou de castigo e resto do final de semana todo sem poder sair de casa e ela achou até bom, porque ai tinha uma desculpa para todos os programas que os amigos a chamavam e ela não queria ir porque sabia que Sasuke estaria lá.

Mais uma vez ela estava fugindo, ela sabia, mas aquela seria a ultima vez.

Se ela tivesse que encarar Sasuke ainda naquele final de semana tinha um alto risco de desistir da sua decisão e falar pra ele que era apenas uma brincadeira, que não tinha desistido dele.

Talvez alguém lá em cima estivesse querendo facilitar a vida dela pelo menos uma vez.

Seu animo para a segunda feira tinha sido renovado e ela se sentia muito bem consigo mesma, um pouco mais leve.

Passava pelos corredores cantarolando baixo, quando já estava no corredor da sua sala acabou encontrando com Gaara que acabava de sair do banheiro masculino.

— Ohayo, Gaara. – o cumprimentou sorrindo.

Gaara uniu as sobrancelhas estranhando o bom humor de Sakura. Não que ela não fosse uma pessoa amigável sempre, mas estar de bom humor em uma segunda de manhã era para poucos.

Ele não disse nada, devolvendo o cumprimento com um aceno de cabeça.

Ela parecia a mesma Sakura de antes, porém seu rosto parecia mais iluminado, mais bonito e ele não conseguia definir o que exatamente tinha mudado nela. Na visão de homem dele a única coisa que mudara mesmo eram que os lábios mais avermelhados.

— Aconteceu alguma coisa?

— Hn? – Sakura ajeitou os livros que carregava nos braços. – Acho que nada, por que?

— Você parece meio diferente... – ele explicou meio hesitante.

Sabia como garotas eram sensíveis nessas coisas, qualquer coisa que falasse de errado, mesmo não sabendo que era errado, podia fazer as garotas pirarem.

Sakura levou o dedo até o canto da boca.

— Deve ser o batom. – explicou lembrando que tinha passado maquiagem antes de vir.

Ela não costumava passar maquiagem por causa do boato de que Sasuke gostava de garotas com o rosto ao natural, mas agora que ela estava decidida a largar os padrões de lado Sakura resolveu investir um pouco mais em si mesma e ela tinha adorado.

Passar um batom vermelho, mesmo que fraquinho, fez o animo dela se elevar.

Ela se sentia bonita com maquiagem que quisesse usar, estava cansada de deixar de fazer as coisas porque as outras pessoas iriam julga-la.

Gaara não disse mais nada, os dois entraram na sala cada um indo para seu determinado lugar se despedindo com um aceno e um sorriso por parte de Sakura.

Sakura não se intimidou e se sentou no lugar de sempre, tentando ao máximo agir normalmente. Todos estavam ali, menos Naruto que tinha o costume de chegar atrasado mesmo.

 - Ohayou, Sasuke. – o cumprimentou sem o sufixo.

Era apenas um sufixo, “-kun”, um até que Sasuke não gostava muito porque as fangirls insistiam em usar, mas que com Sakura ele até já tinha se acostumado. Era apenas um sufixo, mas que agora a falta dele quando Sakura o chamava mostrava que as coisas entre eles estavam diferentes.

— Ohayou. – a cumprimentou de volta quando Sakura já estava virando as costas pra ele.

Sakura o olhou surpresa, sem saber se tinha ouvido mesmo ou só era sua imaginação pregando uma peça nela, Sasuke normalmente não respondia de volta. Ela nunca soube se foi de verdade, Sasuke olhava pela janela vendo algo que Sakura não conseguia.

 - Ohayou, testuda! – Ino a cumprimentou sentando sobre a mesa da rosada.

Sakura revirou os olhos empurrando Ino de cima.

— Sai daí, porquinha. – continuou tentando tirar Ino.

Ino mostrou a língua.

 Sakura cumprimentou o resto dos amigos com um aceno, sem ter resposta nem de Shikamaru nem de Neji que estavam mergulhados em uma discussão sobre a luta de MMA que teve no sábado.

— Sakura-chan, você está usando maquiagem? – Tenten perguntou estreitando os olhos.

Ino e Hinata aproximaram o rosto para olharem de perto do rosto da rosada. Sakura corou chegando um pouco para trás com vergonha daquela atenção toda.

— To sim, por que? Tá muito forte? – perguntou enfiando a mão dentro da bolsa atrás de um espelho para verificar.

— Não, fica tranquila, você tá muito bonita, é só que...

— Você quase nunca usa maquiagem. – Tenten completou o que Hinata ia dizendo.

— Resolvi começar a usar, mudar um pouco não matou ninguém, né? – Sakura explicou sorrindo.

— Testuda, você sabe que o Sasu... – Ino foi interrompida por um vulto loiro que chegou na cadeira de Sakura, quase a derrubando.

— Sakura-chan, me perdoa, eu não tive tempo, eu não lembrei, por favor, eu não fiz por mal, eu não queria te causar mal. – Sakura cobriu a boca de Naruto com a mão para que ele parasse de falar.

— Naruto, eu não to entendendo nada, fala devagar, me explica do que você tá falando.  – pediu.

Naruto assentiu e ela tirou a mão de cima da boca dele. O loiro respirou fundo já começando a fazer sua cara de filhotinho.

Foi naquele momento que Sakura soube que tinha algo muito ruim vindo.

— Eu juro que tentei fazer meu tio desistir da ideia de trazer ela pra cá, eu juro. – falou segurando as mãos de Sakura como se pedisse perdão a ela. – Falei que não ia ser uma boa ideia ela estudar aqui, até briguei com meu tio, mas não adiantou de nada!

Sakura franziu o cenho ainda sem entender.

— Trazer quem, Naruto?

— Karin. – ele respondeu gemendo sofridamente. Sakura arregalou os olhos na hora. – Ela aprontou demais na cidade dela e os pais dela mandaram ela pra ficar um tempo com o meu tio como castigo, aí ela vai ter que terminar o terceiro ano junto com a... – Naruto não conseguiu completar a frase já que Ino agarrou o pescoço dele.

— COMO É QUE É?! – gritou enforcando Naruto, o balançando para trás e para frente.

— Kami! – Sakura exclamou levantando.

Tenten tentava tirar Ino de cima de Naruto, mas as mãos da loira pareciam estar grudadas com superbonde na garganta de Naruto. Ele gritava, ou tentava gritar já que o aperto de Ino fazia voz dele falhar e o ar faltar, por ajuda, mas seus amigos pareciam mais interessados em rir do que em ajudar a tirar a doida de cima dele.

— Essa doida vai vir estudar aqui?! – Ino continuava gritando. – E você fala isso com essa cara de pau?! Eu vou matar vocês, Uzumaki’s!

— Ino, larga ele! – Hinata implorava ficando desesperada ao ver o rosto de Naruto ficar mais e mais vermelho.

— Anda, testuda, me ajuda matar ele! – Ino pedia sem perceber que Sakura estava tentando afasta-la do loiro.

— Ino, larga ele! – Sakura pediu, mas Ino não a atendeu. – Okay, já chega, licença, Tenten. – afastou Tenten e segurou os pulsos de Ino, apertando com força para ela solta-lo.

Ino forçou o corpo na direção de Naruto tentando voltar a esganá-lo, então Sakura teve que usar realmente sua força. Não podia deixar aquilo continuar.

Quem olhasse não podia imaginar, mas Sakura era muito mais forte do que aparentava. Ninguém entendia como era possível, Sakura conseguia ser tão ou até mais forte que os garotos.

Usando a força, Sakura abraçou a cintura de Ino e a puxou para trás, fazendo as duas caírem no chão com a força. Naruto começou a tossir, tentando voltar a respirar.

— São umas selvagens mesmo, tsc tsc. – Karin  disse surgindo de pé atrás delas.

Por Kami, só de ouvir a voz dela Sakura já tinha vontade de vomitar.

— Eu vou avançar nela, nem ouse tentar me impedir, ouviu? – Ino murmurou raivosa para Sakura.

A rosada levantou uma das sobrancelhas e sorriu de lado, soltando Ino.

— Pode ir a vontade. – disse dando carta branca para Ino.

Uma coisa era salvar Naruto, Ino podia enforcar Karin vontade que ela não ia se importar.

Tenten segurou o braço de Ino a ajudando a levantar e a puxou pra longe, não querendo que Ino se metesse em mais uma tentativa de homicídio.

Sakura gemeu se ajeitando no chão sentindo seu quadril doer. Quando as duas caíram, Ino acabou caindo com todo peso em cima de Sakura e foi tudo para o osso do quadril dela.

Com certeza ela teria um roxo enorme na bunda.

— Olha eu sei que você adora ficar no chão, mas será que dá pra levantar? Tá tampando o caminho até a minha cadeira. – Karin disse apontando para a cadeira perto de Sasuke.

Tecnicamente ao lado de Sasuke e bem atrás do lugar da rosada.

Antes que Sakura pudesse dar sua resposta uma mão masculina apareceu perto do rosto dela. Seguindo dos dedos pálidos, para o braço até o rosto Sakura abriu a boca um pouco chocada ao ver Sasuke a olhando sério e ignorando por completo Karin.

— Sasuke-kun! – Karin disse dando um gritinho baixo, esquecendo por completo que Sakura estava ainda no chão ela tentou avançar, mas o braço de Sasuke impediu que ela atropelasse Sakura.

Ele desviou o olhar rapidamente para Karin irritado, para voltar a olhar para a rosada ainda no chão.   

Ainda um pouco chocada, Sakura aceitou a mão de Sasuke  e assim conseguiu levantar.

— Arigato. – agradeceu e Sasuke acenou com a cabeça, só soltando a mão dela quando Sakura se sentou.

E, como se não tivesse acontecido nada, ele voltou para o seu lugar abrindo o caderno.

Como se a sala inteira não estivesse encarando a cena.

— Ohayou, turma todos sentados, por favor. – o professor entrou na sala e os alunos, mesmo sem querer foram se sentar, Karin foi aos pulinhos se sentar ao lado de Sasuke. – Parece que temos uma aluna nova, não é mesmo? – comentou ao ver mais uma cabeleira ruiva entre os alunos.

— Ohayou sensei, Karin Uzumaki. – a ruiva se apresentou sorrindo educadamente e fez uma leve reverencia.