Posso fingir um sorriso,posso forçar uma risada

Posso dançar e interpretar o papel

Se é isso que você me pede

Te dar tudo que sou

Posso fazer isso

Mas sou apenas humana e eu sangro quando caio

Sou apenas humana

E eu me arrebento e me desmonto

Suas palavras em minha cabeça, são facas em meu coração

Você me bota lá em cima e depois eu caio aos pedaços

Porque sou apenas humana

Sakura estava esperava do lado de fora da mansão dos Hyuuga enquanto ainda não abriram a porta. Não importava quantas vezes já tivesse vindo ali, nunca se acostumaria com o quão grande era o lugar. Aquilo não era uma simples mansão, era mais um vilarejo com casas enormes já que a família toda dela morava junto.

 Para Sakura não era normal uma família ter tanto dinheiro assim. E ainda diziam que a família de Sasuke tinha aquilo e muito mais, aquilo não entrava na cabeça dela. Tudo bem, tudo que ele tinha era do bom e do melhor, mas ela não via ele esbanjando dinheiro por ai.

A porta de madeira escura abriu, mostrando um Neji.

— Sakura? – ele perguntou confuso com a presença da garota aquela hora da noite. – Aconteceu algu... – foi interrompido quando uma mão pequena o puxou pro lado.

— Você ficou doida?! – Hinata surgiu na brecha da porta, escancarando a mesma.

 Antes que Sakura falasse qualquer coisa Hinata a agarrou pelo braço, a puxando para dentro.

— Aconteceu alguma coisa, Sakura? – Neji perguntou preocupado fechando a porta atrás deles.

— Não é...

— Não se mete, Neji, vai treinar vai. – Hinata cortou a amiga a puxando escada acima.

Tanto Neji quanto Sakura olharam boquiabertos para a de cabelos escuros.  Hinata não era daquele jeito, ela não interrompia a fala das pessoas, ela preferia até mesmo nem falar! E nunca, nunca mesmo, levantava a voz para o primo.

O choque de Neji não passou a tempo de poder falar algo, quando ele se recuperou as duas já estavam trancadas no quarto de Hinata.

— Agora fala logo de uma vez, porque eu ainda to achando que aquilo era um trote.

Sakura gemeu se jogando no chão, lembrando do que tinha acontecido na casa de Gaara.

— Eu beijei ele. – bateu a parte de trás da cabeça no chão. – Eu beijei Sabaku no Gaara. – falou gemendo angustiada.

— Ai meu... – Hinata tampou a boca antes que continuasse a gritar. – Isso vai dar tanta merda!

— Vai dar? Já deu, Hina-chan. – ela se lamentou mais ainda. – Eu tive meu primeiro beijo com o Gaara.

Hinata a olhou por um tempo e arregalou os olhos.

— Sakura-chan, você teve seu primeiro beijo! – agora ela falava entusiasmada. – Seu primeiro beijo! – gritou animada.

Sakura revirou os olhos.

— A gente tá falando disso desde que eu cheguei, Hina-chan. – resmungou revirando os olhos. – E porque você ficou tão animada do nada? Tá tudo uma merda.

  Hinata riu fazendo todo seu corpo sacudir, rindo alto da cara da rosada.

— Sakura, você teve seu primeiro beijo! – comemorou, mas Sakura ainda a olhava aborrecida. – Ta, okay, não foi com seu príncipe encantado Uchiha, mas não foi você que falou que queria supera-lo? Então.

A expressão raivosa de Sakura, passou para uma surpresa e depois para uma de completa confusão.

Era... Era isso que ela queria? Era, não era?

Mas era o Gaara!

Ela nem conhecia ele direito e se eles se falavam agora era porque ela tinha insistido muito, se fosse por Gaara eles estariam bem longe um do outro.

E agora eles tinham se beijado, o que Gaara estaria pensando dela?

Sakura gemeu de novo.

Ele deve estar pensando que eu sou alguma maníaca que se aproxima dos garotos e depois agarra eles do nada.

— Tá ficando tarde, acho melhor eu ir. – Sakura disse se levantando. – Ou não, eu devia esperar e torcer pra começar a chover que ai eu fico resfriada e não vou amanha e...

— E nada! – Hinata cortou as idéias loucas dela. – Agora já ta feito, não dá mais pra voltar atrás.

Sakura suspirou passando a mão pelo cabelo, o desarrumando.

Hinata a levou até a porta e Sakura foi para casa. Queria dizer que dormiu a noite inteira, que não tinha pensando nem por um instante em Gaara, que com certeza não tinha passado várias e várias vezes a cena do beijo pela cabeça.

Pena era completamente o oposto.

Ela mal tinha pregado os olhos quando ouviu o despertador tocar.

A noite em claro fez efeito de imediato nas olheiras da rosada, deixando duas bolsas roxas debaixo dos olhos verdes.

— Minha nossa senhora, o que aconteceu com o seu rosto?! – Ino perguntou horrorizada quando a rosada chegou a escola.

Ino como sempre, muito discreta. Sakura pensou revirando os olhos.

A rosada passou a mão pelo rosto morrendo de sono e olhou ao redor, procurando pelo resto dos amigos, mas por maldição do destino a única pessoa que ela encontrou conhecida era a que ela mais queria evitar.

Gaara a encarava sem piscar.

— Eu, er... – Sakura gaguejou sentindo o rosto ficar vermelho. – Tenho que ir ao banheiro. – inventou na hora e saiu correndo mesmo quando Ino a chamou de volta.

Tudo que ela queria era sumir e foi que fez. Se escondeu no banheiro feminino o quanto pode até a aula começar para não ter o risco de esbarrar com Gaara e quando o sinal bateu, ela correu para se sentar no seu lugar habitual perto de Sasuke e Naruto e bem longe de Gaara. Não arriscava nem virar a cabeça para não ter o risco do seu olhar cruzar com o dele porque ela sabia que ele a estava encarando.

Sasuke olhava para a rosada estranhando a postura dura que ela tinha o corpo e ele, conhecendo a garota, sabia que tinha algo errado.

E ele iria descobrir o que era.

Sakura estava encarando o caderno, fingindo que estava fazendo algo quando a cadeira de Naruto ficou desocupada e Sai se sentasse. Ela arregalou um pouco os olhos não entendendo a aproximação repentina dele.

— Ohayou, feiosa. – ele disse dando seu sorriso vazio.

— Ohayou... – cumprimentou fazendo uma careta para ele.

Sai puxou um livro, abrindo em cima da mesa da rosada.

— Aqui no livro diz que em encontros, o homem deve levar algo para a mulher. – explicou apontando as linhas. – O que eu devo levar pra você? Gosta de flores? -  perguntou chegando o rosto de repente para perto do dela.

Sakura arregalou os olhos, Sai estava tão próximo que ela podia sentir a respiração dele batendo em seu rosto.

— Como é que é?! – os dois se afastaram de repente ao ouvirem o grito de Ino. – Sai e Sakura vão ter um encontro?!

A sala inteira mergulhou em silêncio olhando para Ino. A loira estava em pé ao lado das carteiras dos dois, olhando horrorizada para eles.

Sakura se encolheu na cadeira sentindo os olhares de todo mundo em cima dela. Olhou para o resto das amigas que também a olhavam surpresas, tinha esquecido que não tinha contado sobre aquilo.

Bem que Hinata disse que iria dar merda, só que não foi pelo motivo que ela pensou.

— Eu, er, ele... – Sakura gaguejou não conseguindo formar uma resposta com todo mundo olhando.

— Sim, algum problema, Yamanaka? – Sai perguntou com a voz vazia como sempre.

Sakura olhou para ele sentindo seu rosto ficar vermelho.

Ela sabia que para Sai afirmar que era um encontro não era nada demais, em matéria de romance ou relações com outras pessoas Sai era um zero a esquerda.

Ino estreitou levemente os olhos na direção dele antes de olhar para Sakura.

 A conversa entre os três terminou quando o professor entrou na casa de aula e mandou os alunos se sentarem o que não evitou que Sakura recebesse vários bilhetes das amigas querendo saber da historia.

Sakura sentia seu rosto arder de vergonha toda vez que lia o que Ino escrevia, mas o pior de tudo pra ela era a sensação dos olhares queimando nas suas costas.

Olhou em volta e conforme seu olhar atengia o das outras pessoas elas iam desviam, todos menos ele. Gaara a continuava a encara-la com os braços cruzados.

O encontro entre os olhares deles não devia ter durado nem dois segundos, mas foi o bastante para um arrepio correr pelo corpo todo da rosa a fazendo tremer.

Ela se encolheu na cadeira querendo sumir mais do que nunca.

Mais um bilhetinho caiu sobre a mesa dela e dessa vez não tinha as palavras raivosas de Ino, reconheceu a caligrafia elegante e delicada de Hinata.

“ Eu não disse que ia dar merda?”

Sakura gemeu deitando o corpo na sua mesa, batendo a cabeça várias vezes na madeira e ficou assim o resto da aula inteira, se levantando correndo quando sinal tocou sem dar chance para suas amigas a cercarem para fazer perguntas, só ouviu os chamados deles.

Ela tinha se levantado tão rápido que nem os alunos das outras salas tinham saindo ainda. Aproveitou para ir até a parte mais afastada do gramado atrás da escola onde ficava o prédio da manutenção e se sentou nas escadas.

Se ela pensou que teria paz não foi isso que aconteceu.

— Então você tem um encontro?

Sakura soltou um grito se levantando na hora e quase tropeçando nos degraus.

Gaara estava parado ao lado das escadas ele olhava em direção ao resto dos alunos, algumas arvores escondiam a localização os dois, mas ainda dava pra ver de longe algumas mesas.e naquele momento ele encarava os amigos da rosada.

Sakura ainda o olhava assustada.

Senhor, parecia que o coração dela iria sair pela boca

 - Eu, er... – gaguejou olhando para os lados, se balançando para frente e para trás querendo sumir de qualquer jeito. -  Eu tenho que ir. – falou de uma vez.

Gaara desviou o olhar para Sakura estreitando os olhos, mas antes que ele falasse qualquer coisa Sakura saiu correndo deixando seu bento nas escadas.

De longe, Sasuke observava a cena com um leve ar de satisfação.

E aquilo se repetiu até o final da semana, Sakura fugiu o quanto pode de Gaara e dos seus amigos, mas não foi uma tarefa fácil quando o encontro com Sai iria ser naquela sexta.

Ela estava mais uma vez se escondendo, desta vez no banheiro feminino do primeiro andar.

— Se for se esconder de alguém, escolha algo menos obvio pelo menos. – Gaara a surpreendeu esperando do lado de fora do banheiro.

Sakura teve que se segurar na porta para não cair de tanto susto. Gaara de braços cruzados apoiado na parede ao lado da porta do banheiro.

— Eu, eu não to me escondendo de ninguém! – gaguejou tentando se defender.

Gaara olhou irritado para a garota, irritado como ele nunca tinha olhado antes.   

— Pare de passar vergonha e admita para si mesma. – ele lançou um olhar frio a ela. – Você foge do que faz e do que quer fazer, foge do futuro, quando faz o que quer se esconde pra não ter que encarar as pessoas, não consegue encarar o garoto que gosta, nem falar que gosta dele direito, deixa as pessoas pisarem em você enquanto você fica calada só pra parecer a boa moça. – ele a olhou de cima a baixo, a medindo. - Você consegue se olhar no espelho sem pensar que é uma covarde? Porque é isso que você é, uma covarde. – as palavras saiam duras e cruéis dos lábios atingindo a garota em cheio, os olhos pálidos dele estavam vazios.

Sakura sentiu seus olhos começaram a arder e ela sabia que logo viriam as lagrimas, então ela piscou várias vezes mordendo a parte interna das bochechas para se controlar e deixou que a vermelhidão do rosto parecer raiva.

— Acabou? –perguntou mais sua voz saiu muito baixa então ela repetiu. – Acabou? – agora mais firme olhando finalmente para ele.

Eles se encararam por alguns instantes até Gaara balançar a cabeça se desencostando da parede e dar as costas para a garota indo embora.

Tudo que Sakura conseguiu fazer foi encarar as costas dele enquanto se afastava e assim que Gaara desapareceu ela sentiu as forças nas pernas desaparecerem, se apoiando na parede ela foi escorregando até o chão.

E então as lágrimas desceram.

Ela dobrou os joelhos, abraçando os mesmos contra o peito.

Primeiro Sasuke, agora Gaara...

Ela queria ir embora dali e se esconder em qualquer buraco.

Ouviu o sinal do fim do intervalo tocar e o barulho distante dos alunos se agitando para voltarem para a aula. Com a força que não sabia de onde tinha tirado se levantou entrando no banheiro de novo.

Seus pés tropeçaram até o a pia mais próxima e se apoiou com as mãos na cerâmica da borda.

Seu rosto estava vermelho e inchado com as bochechas brilhava das lagrimas que escorriam. Olhando seu reflexo daquele jeito as palavras de Gaara ecoaram pela mente dela.

 Você consegue se olhar no espelho sem pensar que é uma covarde?

Desviou o olhar do espelho soluçando com força sentindo mais lágrimas descerem.

Ela era fraca e covarde, a vida toda ela foi assim Gaara tinha razão e Sakura não se orgulhava disso.

Olhou mais uma vez para seu reflexo, percebendo como a cena já estava se tornando comum. Ela sempre acabava chorando por algum motivo que no fundo, no fundo, ela mesma que tinha causado.

Chorava porque Sasuke não gostava dela, sendo que ele não era obrigado a retribuir os sentimentos dela só porque ela gostava dele. Ficava triste porque, mesmo não sendo a intenção deles, as vezes os amigos faziam graça dos sentimentos dela a ridicularizando.

E sempre era porque ela deixava, porque ela se importava.

Continuou encarando o espelho cansada daquilo, cansada!

Abriu a torneira jogando água no rosto, limpando as lágrimas. Secando com as toalhas de papel sem nenhuma delicadeza, sentindo as folhas de papel arranharem seu rosto. Tinha que ir pra sala antes que seus amigos mandassem alguém ir busca-la.

Entrou na sala de aula com a cabeça baixa, não sabia se seu rosto ainda estava vermelho, mas não queria que a ficassem encarando.

Sem dizer nada, foi se sentar no seu lugar de sempre deitando a cabeça na mesa.

Mal sabia ela que estava sendo observada pelo Uchiha. Na verdade, ele não sabia porque, mas naquela semana ele estava olhando para a garota mais do que o costume e ele tinha certeza de que alguma coisa tinha acontecido.

O rosto da rosada estava mais inchado do que o normal e expressão triste que ele viu quando a garota entrou na sala eram as provas para confirmar suas suspeitas.

Tentou relacionar o que poderia ter acontecido no intervalo para ela ficar daquele jeito e algo o fez lembrar que tinha visto Gaara próximo ao banheiro feminino do primeiro andar onde ele sabia que Sakura estava.

Sasuke olhou para o ruivo, Gaara lia alguma coisa no caderno concentrado. Ele trincou a mandíbula, sentindo raiva só de olhar para ele.

Ele com certeza tinha haver do porque Sakura estava triste e Sasuke iria descobrir.

Quando o sinal do final das aulas tocou, ele arrumou suas coisas e saiu da sala esperando pelo ruivo do lado de fora da escola.

— Hey, você! – Gritou para Gaara quando ruivo pisou fora da escola.

O ruivo levantou a cabeça olhando para o Uchiha com desprezo, ele ia ignora-lo e continuar a andar, mas Sasuke foi até ele.

— Tenho que falar com você.

— Ora, ora, o que o famoso Uchiha tem pra falar comigo? – Gaara disse com as palavras transbordando de sarcasmo, ele levantou uma das sobrancelhas.

Sasuke estreitou os olhos ficando mais e mais irritado.

— Acredite, se fosse por mim eu continuaria bem longe de você. – respondeu.

— Falou, falou e acabou não falando nada. – revirou os olhos. – Eu também tenho coisas melhores pra fazer, então fala logo o que você quer.

— Eu quero saber o que você fez com Sakura. – falou de uma vez não querendo prolongar o assunto ainda mais.

Um sorriso debochado nasceu nos lábios do ruivo e ele cruzou os braços, olhando de Sasuke de cima abaixo.

— Como é que é? – perguntou rindo.

— Não se finge de idiota, vai negar? – dando um passo na direção do ruivo.

A falta de vergonha na cara de Gaara deixava Sasuke mais irritado ainda.

— Não vou negar, só acho engraçado logo você vir pedir satisfação por eu ter feito algo pra Sakura. – o ruivo também deu um passo na direção de Sasuke. – Logo você que é o culpado de tudo.

— Eu sou amigo dela, nunca fiz nada mal intencionado a ela. – Sasuke se defendeu.

Agora Gaara riu com mais vontade.

— Querendo ou não, você já fez várias vezes ela chorar, vai negar? – Gaara perguntou erguendo uma das sobrancelhas.

Agora uma rodinha de pessoas já estava formada ao redor dos dois prestando atenção na conversa dos dois. O que o tão famoso Sasuke tinha para tratar com Gaara o esquisitão da escola?

Sasuke deu mais um passo, encarando Gaara de cabeça erguida.

— Não fuja da minha pergunta.

Gaara o encarou de volta com um sorriso superior.

— Quer saber mesmo, Uchiha? – perguntou debochado. – Eu só conversei com ela, falei umas verdades

Sasuke balançou a cabeça não acreditando que tinha sido só aquilo. Naquele momento Sakura estava abrindo espaço entre as pessoas, ficando pálida ao ver os dois naquela tensão toda.

— Não acredito, não pode ter sido só isso.

O sorriso de Gaara cresceu.

— Tem razão. – balançou a cabeça afirmando. – Nós também nos beijamos. – disse bem lentamente  

Sasuke estreitou os olhos trincando os dentes.

— Não... – rosnou fechando as mãos em punhos.

— Sim, Uchiha, nós nos beijamos. – repetiu sorrindo debochado.

Sasuke não disse mais nada, correu até Gaara o agarrando pela cintura e o jogando no chão. Seus olhos com um leve brilho vermelho estavam perdidos em fúria enquanto seus punhos desciam no rosto do ruivo.