Porque eu tenho problemas, mas você também tem

Então dê todos para mim e eu darei os meus para você

Aproveite a glória, de todos os nossos problemas

Porque nós temos o tipo de amor que leva a sofrer

Sim, eu tenho problemas e um deles é o quanto eu preciso de você

Era a primeira manhã depois de sua primeira briga — tinha sido realmente uma briga? – com Sasuke e pra falar a verdade não sabia muito bem o que sentir em relação a isso.

Ela estava certa em ter ficado tão incomodada com ele falando com aquela garota? Na cabeça dela, sim. Ele estava certo em se sentir do mesmo jeito por causa do Gaara? Infelizmente, a consciência dela também dizia que sim.

Como podiam estar os dois certos e errados em uma briga?

Por que aqueles malditos livros de romance não falavam sobre essas discussões? Ou quando falavam um dos personagens morria de ciúme, fazia cena, brigavam e no final os dois se beijavam. Aquilo não era justo! Por que ela e Sasuke não podiam ser como esses casais?

Se bem que ela não queria ter a vida que alguns personagens de livros famosos tinham. Quer dizer, qual é o problema dessa nova das historias onde um dos personagens morre? Ninguém pode ter um final feliz? Alguem, por favor, precisa conversar seriamente com o Nicholas Spark.

Sakura suspirou virando de barriga pra cima. Mesmo querendo se distrair a discussão, que agora ela já estava considerando aquilo mais como uma conversa mal feita, sempre voltava em sua mente.

 E o sofrimento mesmo ia se arrastar até segunda feira quando ia vê-lo de novo  e por que? Porque os exames estavam chegando e ela ia ter curso o sábado inteiro e no domingo ia ter que estudar em casa.

Ela levantou sem animo nenhum indo arrumar sua mochila para a aula, se arrependendo por não ter arrumado antes.

Mandava uma mensagem? Poderia, mas duvidava que Sasuke estivesse acordado aquela hora e se respondesse, seria muito mais tarde. Isso se ele não ignorasse porque podia estar chateado.

— Argh. – resmungou perdendo a paciência, enfiando os materias de qualquer jeito.

Seu despertador tocou de novo, mostrando que se não saísse naquele momento iria acabar chegando atrasada. Ela deixou de casa com a mochila apoiada em um dos ombros e o animo lá embaixo para pegar o metro lotado.

O despertador não adiantou de nada, ela acabou perdendo o trem e agora de qualquer jeito iria chegar atrasada. Enquanto esperava na fila, sendo quase esmagada pela multidão, foi quando ela decidiu que matar aula um sábado não iria matar ninguém.

Tentando não pensar que aquilo era uma péssima ideia, que Sasuke iria bater a porta na sua cara, porque ele realmente não gostava de ninguém na casa dele, e que muito provavelmente sua mãe iria descobrir e arrancar o fígado dela, Sakura rumou até a casa do Uchiha.

Era um pouco estranho ir na casa dele, na verdade pelo o que ela se lembrava a ultima vez que tinha ido ali foi quando ela e Naruto foram ver Demolidor. Ela bateu duas vezes antes de usar a chave que ficava escondida na planta do lado janela, esperando que Sasuke não ficasse realmente bravo.

O rangido da porta parecia mais um grito em uma caverna, a casa estava em um silencio absurdo e toda apagada. Se guiando pelo tato, torcendo para não quebrar nada pelo caminho, ela foi até a janela abrir as cortinas.

Com ou sem iluminação, parecia que ninguém vivia ali, chegava a dar medo.

Ela seguiu pela casa, indo até o quarto do garoto o encontrando deitado de barriga pra baixo, um braço debaixo do travesseiro e uma das pernas flexionadas, sua expressão era relaxada e a respiração calma.

Sakura ficou com pena de acordá-lo para dizer que estava ali, ninguém merecia ser acordado cedo em um sábado de manhã. Suspirou aborrecida, o que ela esperava vindo ali?  Não tinha o que fazer ali se ele não estava acordado. Decidida a ir embora, ela se virou para deixar o quarto, mas nesse movimento acabou esbarrando com a mochila na cômoda derrubando um dos figure actions que Sasuke tinha ali.

Ela paralisou, torcendo para que ele não tivesse acordado o que não foi o bastante porque ela pode ouvir os lençóis se mexendo.

— Sakura? – ela ouvir Sasuke a chamar com a voz sonolenta baixa.

Respirou fundo antes de se virar para ele.

Sasuke tinha apenas um filete dos olhos abertos, parecendo mais estar mais dormindo do que acordado, isso somado com as sobrancelhas levemente unidas e as bochecha um pouco inchadas o deixava extremamente fofo.

— Achei que você estaria no curso... – ele piscou de forma lenta e preguiça, parecendo tentar lutar contra o sono.

— É, eu... – ela coçou a nuca, nervosa. – Pode voltar a dormir, eu já to indo. – se despediu de forma rápida tentando evitar passar ainda mais vergonha.

— Fica. – ele pediu manhoso a freando onde estava.

— Foi uma ideia idiota, eu não devia...

— Vem. – disse como uma ordem, sem brechas para Sakura discutir. Arrastou o corpo a parede, criando um espaço para a garota ali.

Ainda um pouco acanhada, Sakura se aproximou deixando a mochila no chão antes de tirar os sapatos e se sentar na cama. Sasuke tirou o braço debaixo do travesseiro e o passou pela cintura da garota, a apertando contra seu corpo voltando a fechar os olhos. Esse pequeno gesto dele aliviou a tensão em que ela estava e fez um pequeno sorriso surgir no rosto em seu rosto. Ela escorregou o corpo pela cama até que ficasse deitada ao seu lado e então se aconchegou no abraço desajeitado, o retribuindo colocando um braço por cima das costas dele

Sakura agora estava cara a cara com a expressão relaxada de Sasuke, sentindo a respiração dele em sua face.

— Eu não devia ter vindo sem avisar, desculpa. – ela sussurrou depois de um tempo em silencio sem ter certeza que ele tinha ouvido ou tinha voltado a dormir.

Ela realmente achou que Sasuke tinha voltado a dormir depois que o silencio continuou, mas Sasuke mostrou que ainda estava acordado ao chegar o rosto mais perto dela encostando suas bochechas.

— Achei que estava sonhando quando vi você, então não se desculpe.

A confissão um pouco ríspida fez a rosada arregalar os olhos verdes, sentindo os mesmos lacrimejarem. Ela piscou varias vezes para afastar as lágrimas, a tensão que sentia desde que tinha decidido ir até ali desapareceu, ou melhor, desapareceu em parte.

— Sasuke, sobre ontem... – mordeu o lábio inferior se afastando um pouco para poder encarar seu rosto, sem ter certeza que deveria tocar no assunto quando o clima entre eles estava tão agradável.

Sasuke suspirou de forma pesada e Sakura voltou a morder o lábio com força, agora nervosa.

— Não estou interessado naquela garota, nada nela me prende ou chama atenção fora o assunto da faculdade. – esclareceu ainda de olhos fechados.

Dizer que ouvir aquilo não a aliviou seria mentira, mas isso não era o foco do que ela realmente queria conversar.

— Não é isso, quer dizer, é bom saber que você não quer nada com ela. – sorriu nervosa. – Eu pensei bastante no que você disse sobre o Gaara. – ela sentiu ele se retrair um pouco. – Eu nunca quis que você se sentisse ignorado ou qualquer coisa do tipo.

Ele suspirou mais uma vez, abrindo os olhos porém ele olhava pelo ombro da garota.

— Eu não deveria ter falado nada. – lamentou parecendo cansado.

— Como assim? – ela uniu as sobrancelhas. – É totalmente o contrario, você devia ter me falado antes! – ralhou.

Ele também uniu as sobrancelhas, porém levemente irritado por ela ter levantando o tom de voz quando estava tão perto dele.

— E o que faria? Pararia de falar com ele? Tentaria me incluir mais nas conversas? Explicar as piadas? – perguntou um tanto debochado.

Ela fechou ainda mais a expressão porém quando iria falar algo, Sasuke relaxou seu corpo contra o dela, o puxando mais para si, também relaxando sua linhas de expressão.

— Eu sei que passei muito tempo ausente e que isso deu brecha pra ele e você criarem vínculos, foi um erro meu e eu tenho que conviver com as consequencias. – ele fechou mais uma vez os olhos, os apertando com força. – Eu e ele, nós não vamos nos dar bem, nunca, pelo simples motivo de ambos queremos a mesma coisa. – ele voltou a entreabrir os olhos, desta vez encarando os olhos verdes da garota.

— Sasuke, eu e o Gaara... – ela já ia intervir para desmentir a ideia que ele estava tendo.

— Eu não sou cego. – a cortou amargamente.

Mesmo não concordando com a ideia, Sakura não disse mais nada sobre esse tópico. Gaara gostava de provocar? Sim, adorava, mas ela não achava que ele realmente gostasse dela ou quisesse algo a mais sério do que apenas ficar com ela.

Seu momento de divagação foi interrompido ao sentir o toque suave da ponta dos dedos do moreno sobre o vinco que tinha se formado entre suas sobrancelhas, relaxando suas linhas, parando quando o vinco tinha sumido.

— Não pense nisso agora. – murmurou depositando um beijo em sua testa. – Você está aqui, do meu lado, pensar nele é ultima coisa que eu quero fazer agora.

O rosto da garota ferveu, ficando totalmente vermelho. Pela forma neutra com que Sasuke disse, ela não tinha certeza se ele tinha percebido como a frase tinha saido sugestiva. Independente se ele tinha dito maliciosamente ou não, dizer uma coisa daquelas com os dois deitados na cama dele era estranho.

A pontinha de duvida da inocência dele que ela tinha sumiu ao ver um sorriso malicioso nascer no rosto do Uchiha.

— Pervertida. – a censurou.

— Eu? Você quem fica falando essas coisas e a pervertida sou eu? – perguntou indignada.

Sasuke a olhou divertido.

— Eu estava falando sobre voltar a dormir, mas agora estou pensando com carinho na sua ideia.

Como um gato, ele avançou lentamente até ficar completamente sobre a garota.

— S-Sasuke. – gaguejou nervosa, os olhos arregalados percorriam seu rosto tentando prever o que ele faria.

Ele desceu o rosto para a curva do pescoço da rosada e distribuindo mordidas, fez seu caminho subindo, fazendo os batimentos do pobre coração dela dispararem. Ela prendeu a respiração quando ele, a provocando, lambeu seu lábio inferior antes de prendê-lo entre os dentes, o puxando para si e assim pedindo passagem para beijá-la.

Em matéria de beijo, Sasuke tinha virado um aluno exemplar e agora surpreendia. O beijo começou com apenas alguns toques, leves provocações para atiçar a garota, para então aprofundar o beijo a beijando de forma intensa. A garota levou uma das mãos até a nuca dele, o puxando mais para si, enquanto ele descia perigosamente as mãos pela cintura dela.

— Sasuke. – ela arfou interrompendo o beijo quando sentiu as mãos dele entrando debaixo de sua camisa.

Ele voltou a esconder o rosto na curva do pescoço dela, soltando uma risada abafada na pele dela fazendo um arrepio correr por todo seu corpo. 

Sasuke sorrir era difícil, rir de verdade quase impossível então ouvir ele rir daquele jeito logo no seu pescoço, ao pé do ouvido... Outro arrepio correu por seu corpo.

Ele chegou para o lado, tirando seu peso de cima da garota que continuou com os braços ao redor do seu pescoço, abraçando sua cabeça.

Os dois ficaram em silêncio, aproveitando apenas o abraço e a sensação boa que estava entre eles.

— Sasuke? – ela o chamou baixinho, enrolando os fios negros nos dedos para depois soltá-los, repetindo aquilo. Ela ouviu ele murmurar algo. – Eu quero que você qualquer coisa, sim? Seja sobre a faculdade, sobre seu irmão, sobre qualquer coisa que te incomodar.

Sasuke levantou um pouco a cabeça, os fios escuros bagunçados caiam sobre o rosto pálido o tampando não ficaram por muito tempo, Sakura calmamente afastou os fios para que conseguisse olhá-lo nos olhos sem que nada atrapalhasse.

— Principalmente se algo te incomodar. – reforçou.

Ele assentiu de leve, levando uma mão até a mão de Sakura que afastava seu cabelo, entrelaçando seus dedos aos dela.

— Me lembre então de te arranjar um cordão com a minha foto pra não acharem mais que você e o Gaara são um casal.

— É o que?! – ela caiu na risada.

Sasuke franziu o cenho para a crise de crises da garota.

—- Volta dormir, volta Sasuke. – pediu entre risadas, tentando se acalmar.

Um pouco emburrado, Sasuke deitou a cabeça do travesseiro com o rosto colado ao dela e levou as mãos entrelaçadas para de volta pro seu cabelo, indicando que queria que ela continuasse seu cafuné. Ela atendeu seu pedido.

— Você vai ficar até a hora que acabaria seu curso?

— Se tiver que ir em algum lugar, pode ir, qualquer coisa eu posso ir pra casa de uma das meninas...

— Não vou a lugar nenhum, é só que... – ele pareceu um pouco sem graça. -acho que só tem tomate e um pouco de ramen na minha geladeira.

Ela sorriu, achando bonitinho ele ficar sem graça.

— A gente dá um jeito nisso. – fechou os olhos se aconchegando a ele.