Centro de Buenos Aires – Argentina

 A viagem havia sido toda em silêncio no carro. Agora, os irmãos Vargas estavam cercados de alimentos, produtos de beleza, roupas, etc... O mercado Baires era enorme. O maior da cidade, lá tinha de tudo.

— O que acha desse aqui? – Perguntou Diego com provavelmente o 15º casaco que mostrava ao seu irmão.

— Não.

 Não era a primeira vez que ele recebia essa resposta. León ainda não tinha aprovado nenhum.

— E esse? – “Não.” – E que tal esse aqui?

— Não, Diego! Eu... Eu não ligo! Pega qualquer porcaria, um pano de chão se possível porque é mais barato! – E depois saiu empurrando o carrinho já cheio.

— Insensível – murmurou Diego.

 Após algumas horas escolhendo roupas, León finalmente gostou de uma.

— Essa – ele apontou.

— Sério?

— Uhum.

— Olha mano, sem querer ser chato nem nada mas... Não é porque o nome dela é “Violetta” que ela vá gostar de algo só porque é violeta!

— Pediu minha opinião não pediu?

— Tudo bem, mas – Diego começou e León jogou a cabeça para trás – só acho que ela vai passar a te detestar mais do que já detesta. Mas não tem problema. Eu te empresto uma das blusas que eu peguei e falo que foi você quem escolheu, OK?

 León respirou fundo e por fim, eles foram para a fila do caixa.

 Eles voltaram quase na hora do almoço.

— Está vendo Diego? Vamos ficar umas duas horas pra pegar todas essas sacolas – reclamou León.

— Não seja exagerado!

 León estava exagerando, mas não tanto assim. 20 minutos depois, eles descarregaram todas as compras.

— Ainda bem que comemos algo no mercado – disse Diego.

— Verdade... Bom, se já estiver satisfeito, eu vou descansar no meu quarto - e o fez.

 Com seus fones de ouvido ao último volume intercalando entre AC/DC e Metallica e um de seus livros de filosofia nas mãos, ele se jogou na cama. Sim, León adorava filosofia, poesias... desde sua adolescência, mas não que fosse um assunto que ele gostasse. Na verdade, ele não gostava muito de falar sobre si mesmo. Não queria que as pessoas soubessem quem ele realmente era. Talvez porque nem ele mesmo sabia mais...

***

 Diego, obviamente, se prontificou em ir falar com Violetta:

— Oi – ele disse abrindo a porta com um sorriso.

— Oi...

— Tudo bem? Bom, trouxe algumas coisas para você – ele disse entregando-lhe.

 Diego então a levou até o banheiro, onde ela finalmente pode tomar um banho. Ele ficou esperando-a no sótão.

 Enquanto se banhava, Violetta parou para pensar em como tudo mudou rapidamente. De uma festa e uma vida quase perfeita à uma casa, sequestrada e sem proteção. Algumas lágrimas se misturaram com água que caia sobre ela. Pensava em seu pai, em seus amigos, em Tomás... Justo agora que tudo estava começando a dar certo entre eles? Até tinham marcado de sair no fim de semana para assistir Capitão América: Guerra Civil. Estavam tendo um pequeno problema, pois ela era Team Iron e ele Team Cap, mas nada demais.

 Ela simplesmente tinha certeza de seu pai a tiraria logo dali e que daria tudo certo. Então, sendo racional, tratou de se acalmar.

 Ao terminar o banho, escovar os dentes e limpar os ouvidos, pegou um vestido simples e um casaquinho verde água que os meninos haviam trazido e então voltou ao quarto. Sentiu vontade de dar uma olhada na casa, mas o medo foi maior.

— Uau – Diego disse deslumbrado. – É incrível como até estando sequestrada, você consegue ser linda.

 Ela corou. Não sabia o que dizer.

— Obrigada...

— Bom – ele se aproximou – já que vamos ficar juntos por um tempo, acho que seria legal nos conhecermos um pouco, não? – Ele perguntou estendendo a mão e ela a apertou.

 E foi assim que a amizade entre ambos começou. Após uma pequena introdução entre eles, logo começaram as risadas e diversão.

— Opa! – Diego disse após finalmente conseguir parar de rir – Eu esqueci de te perguntar, está com fome? É que eu e meu irmão comemos no mercado. Quer que eu prepare algo?

— Pra falar a verdade, quero sim – ela respondeu.

 Em questão de uma hora, os dois pareciam até melhores amigos. Naquele momento, Violetta até esqueceu que era vítima de um sequestro.

 E eles continuaram assim a tarde toda. León, estava ainda enfornado em seu quarto, dormindo, até as risadas ficarem altas demais e acordá-lo. Ele então se levantou e seus ouvidos o guiaram para de onde o som vinha. Quando chegou lá, viu aquela cena e não gostou. Ele se sentiu mal. Excluído, solitário. Pensou em atrapalhar com alguma piadinha ou ironia fora de hora, mas por algum motivo, que nem sabia – e nem queria saber – desistiu.

 “Não vou atrapalhar a felicidade de vocês. ”

 Ele já ia se retirando, mas como o chão era de maneira, o barulho o entregou. Violetta e Diego estavam tão entretidos, que nem com a porta aberta notaram a presença de León. Mas o som, chamou suas atenções. Ao ver a imagem do mexicano mais alto, o sorriso que estava em Violetta. Ele a assustava. Diego foi até ele:

— Oi León.

— Oi, é... Eu vou sair, OK?

— Sair para onde?

— Não sei.

 Diego queria saber mais, mas não perguntou. León já estava se retirando, mas voltou:

— Só... – ele olhou para Violetta – cuida dela. – Diego assentiu.

 León então pegou sua jaqueta de couro e as chaves do carro e se foi.