Proibida Pra Mim escrita por GabriellySantana


Capítulo 8
8º Capítulo – “E como da primeira vez”


Notas iniciais do capítulo

Acho que os irmãos não estão muito bem. Mas talvez essa seja uma oportunidade do Gustavo e da Alice se aproximarem. Sem mais, boa leitura.



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Não me acordava tão cedo assim desde o aniversário da morte da minha família, se é que se pode considerar 3 horas de sono como dormir. Antes da faculdade eu passava mais tempo em casa, consequentemente mais tempo com a Paloma e com Gustavo e eles me deixavam louca. Sei e entendo que eles se preocupam, mas o que eles não entendem é que nas vezes não quero falar. Só ficar quieta, na minha. Sempre que algo acontece eles me enchem de perguntas me dizendo sempre que eu “preciso conversar” ou “desabafar”, só não entendo por que é tão difícil de entender que não gosto de falar. Não sobre mim, principalmente quando é algo relacionado a tudo que aconteceu no passado.

Já estou pronta para sair – com um jeans preto e uma blusa azul de mangas compridas e minha bolsa de costas, também preta. Mas antes decido escrever um bilhete para a Paloma, só para que ela não surte achando que eu fui embora ou coisa parecida.

Sai mais cedo por que tenho prova na faculdade hoje, não precisam me ligar e não precisam se preocupar. Volto à noite.

Alice.

Deixo o bilhete em cima da cama e saio do quarto. Desço a escada e paro de frente a porta para procurar as chaves dentro da bolsa.

— Você nunca muda, não é? __ a voz do Felipe me assusto e acabo deixando as chaves caírem.

— Que droga Felipe, você me assustou! __ digo enquanto me abaixo para buscar as chaves.

— E de que outra forma eu iria conseguir falar com você hoje, Alice? __ quando o olho ele está sentado no sofá. — Já que você sempre some, quando alguma coisa foge do seu controle.

Ele levanta do sofá e vem até mim.

— Eu não estou sumindo, só indo para a faculdade. __ respondo baixo.

— Sério Alice? __ ele levanta meu rosto pelo queixo, me fazendo olhá-lo.  

Não consigo mentir para ele. Respiro fundo e balanço a cabeça lentamente, negando.

— Me deixa Felipe, não quero conversar. __ tiro a mão dele do meu queixo e me viro para sair.

— Eu não consigo entender sabia? __ ouço ele sorrir fraco e sinto um nó na garganta. — Parecemos dois estranhos. __ paro antes de abrir a porta.

— Você não tem que entender, Felipe. Na verdade, eu nem sei por que você ainda insiste. __ minha voz sai carregada.

— Então eu vou te dizer por que insisto. __ me viro e o vejo me olhando firme. — Eu insisto por que te amo, por que prometi para você que nunca ia te deixar sozinha e que sempre iria cuidar de você, como um irmão. Mas me parece que você não me quer mais por perto. E você quer saber, Alice? Eu estou cansado. Estou cansado de ver você sair por aí e ficar horas sumida, sempre que alguma coisa ou alguém te faz lembrar de quem você era antes dessa merda toda acontecer com sua família. Eu não posso te obrigar a falar comigo ou com a Paloma, mas não me peça para ficar aqui e assistir de camarote enquanto você afunda cada vez mais.

Nunca o vi desse jeito, ele parece tão magoado. E a culpa é minha.

— Você vai embora? __ estou tentando segurar as lágrimas.

— Eu não sei. __ ele diz firme.

— Tudo bem. __ não consigo dizer mais nada. — Eu preciso ir. __ saio pela porta o mais rápido que consigo, para que ele não me veja chorando.

GUSTAVO

O toque do telefone me acorda. Passo a mão pelo criado mudo ao lado da cama, procurando o aparelho. Apesar de ainda estar com a visão embaçada, consigo ler o nome do Felipe no visor.

— Gustavo? __ quando atendo ouço a voz da Paloma do outro lado da linha.  

— Oi Pirralha, bom dia. __ respondo, um pouco sonolento.

— Bom dia, você vem aqui? __ ela me pergunta, me fazendo sorrir.

— Claro que eu vou, mas acho que a Alice não vai gostar muito de me ver aí. __ digo, lembrando de como ela ficou ontem.  

 — Ela não está em casa. __ ela diz. — E nem o Felipe também, só consegui te ligar por que ele deixou o celular. __ completou.

— Aconteceu alguma coisa? __ Pergunto, enquanto me sento na cama.

— Eu não sei, mas acho que eles brigaram... __ ela parece preocupada.

— Vou tomar um banho e chego aí em 10 minutos. __ Digo firme.

— Certo, não demora. __ fala por último, desligando o telefone.

Enquanto me arrumava lembrei de que o Felipe me disse de como a Alice usa a Faculdade para se esconder, quando não quer conversar. Sei que me ver deve ter mexido com ela e sei também que ela nunca vai admitir. Só não entendo o que isso tem a ver com Felipe, por que pelo o que a Paloma falou, eles brigaram. E se me lembro bem, nunca os vi sequer discutir. Cheguei na casa deles e toquei a campainha.

 — Você demorou! __ ela abre a porta e me abraça.

— Você acha que para ficar bonito assim é rápido? Claro que não. __ respondo, fazendo-a sorrir.

— Certo, me diz o que houve. __ digo, quando sento no sofá.

— Não sei o que aconteceu, só que ela saiu cedo e quando acordei ele estava sentado na beira da minha cama e só disse que estava esperando que eu acordasse para dizer que ia sair e que não sabia que horas ia chegar. __ ela está preocupada.

— Olha, não tem muito que a gente possa fazer, só esperar. __ ela passa as mãos no rosto, preocupada. — Eu não me lembro de ver eles brigarem quando eu morava aqui, mas me lembro que a Alice gosta de ficar sozinha quanto está com a cabeça quente e o Felipe também.

— Você não pode procurar por ela? __ me surpreende com o pedido. — Eu já liguei para umas amigas dela da faculdade e me disseram que ela não está lá. Estou ficando preocupada, Gustavo. Quando ela some assim, o único que consegue encontrá-la é o Felipe, mas ele também sumiu. __ ela está preocupada.

— Não sei se é uma boa ideia, Pirralha. __ digo. — Por que não invertemos? Eu procuro o Felipe e você a Alice. O que você acha? __ Sugiro, já que é óbvio que a Alice não me quer por perto.

— É que eu acho que sei onde o Felipe está. __ ela diz e fica vermelha. — E eu nunca consigo encontrar a Alice.

É claro, como eu não tinha percebido isso antes? A Paloma é apaixonada pelo Felipe do mesmo jeito que o idiota é por ela. A diferença é que ele é um retardado que nunca tomou uma atitude.

— Tudo bem. Mas assim que encontrar ele você me liga. __ digo, deixando claro que quero notícias.

— Você também. __ ela diz e me abraça.

Não demorou muito e saímos na minha moto. Deixo a Paloma no centro e logo estacionei a moto perto da praça, saindo a pé para procurar pela Alice. Não vai ser nada fácil encontrá-la, me lembro bem da última vez que fiz isso e gastei quase o dia todo procurando sem ter sinal dela.

Passo por diversos lugares e nenhum sinal dela. Ela literalmente não quer ser encontrada. Só tem mais um lugar que falta procurar e eu não sei se ela vai estar lá. O parque continua igual, das barraquinhas de lanche até os bancos – que estavam cheios agora, já que passavam das três da tarde. Caminho pelo lugar tentando encontrar algum sinal dela, mas não encontro nada. Só falta agora a última parte do parque, que costumava ser frequentado por casais, mas que agora não tem ninguém, só ela. Fiquei sem reação ao vê-la sentada embaixo da árvore mais baixa, abraçada com as pernas e de cabeça baixa, como no dia que nos beijamos pela primeira vez. Quando começo a caminhar em direção a ela meu telefone vibrou mostrando uma mensagem da Paloma na tela, dizendo que encontrou o Felipe. Guardo o celular e volto a caminhar em direção a ela. A medida que me aproximei pude ouvir os soluços.  Ela está chorando, um choro forte que parece tomar conta dela cada vez mais. Sem saber o que fazer eu só sentei ao lado dela e como se sentisse minha presença ela me olha com os olhos vermelhos, dando destaque ao azul hipnotizante da sua íris.

— O que... você tá fazendo aqui? __ me pergunta entre os soluços.

— O que aconteceu, Alice? __ ignoro sua pergunta.

E como se eu tivesse tocado em um assunto proibido, ela volta a chorar. Não consigo me conter e me aproximo ainda mais e a abraço forte. Ela não se afastou, só se entregou ao choro que se tornou cada vez mais forte. E como da primeira vez, apenas me encosto no tronco da árvore atrás de nós para que ela fique confortável e deixo que ela chore, abraçada a mim.


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Notas finais do capítulo

Me digam, o que acharam? Preciso que vocês comentem pra eu saber se eu estou no caminho certo. Não esqueçam! beijos.



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