Proibida Pra Mim escrita por GabriellySantana


Capítulo 54
53º Capítulo – “ ...te odeio tanto. ”


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura a todos!



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— Felipe .

O desespero na voz da minha prima me traz de volta e quando olho para o chão o Felipe está caído e desacordado. Sinto o sangue congelar dentro das minhas veias e tudo ao meu redor desmorona. Meu medo é substituído por um pânico insano e sou dominada por meus piores pesadelos.

Minhas pernas cedem ao peso do meu corpo e caio ao lado dele. Não consigo mover um único músculo enquanto observo a Paloma se jogando em cima dele enquanto tenta acordá-lo. Ouço os passos do Gustavo se aproximando e vejo ele afastando a Paloma do Felipe. Ela se joga nos braços do Gustavo e ele tenta a todo custo se aproximar do Felipe, mas não consegue.

O mundo parece voltar a pulsar e minha ficha cai.

— Você não pode morrer.

Meus lábios articulam as palavras de forma mecânica e o desespero me domina. Me posiciono ao lado do Felipe vasculho o tórax dele, a procura de alguma perfuração.

Não tem nada. Não tem nada.

— Felipe acorda.

Bato no rosto e nada.

— Gatinha você precisa....

Ignoro tudo ao meu redor e me posiciono entre as pernas do meu irmão. Cravo minhas mãos nos ombros dele e o balanço forte.

— Acorda seu desgraçado.

O balanço ainda mais forte e sinto a mão do Gustavo apertar meu ombro. O pedido silencioso dele desperta uma fúria insana dentro de mim. Bato no peito do Felipe uma, duas vezes e o descontrole me domina. Os tapas são substituídos por socos e eu não paro.

— Acorda.

Grito e bato ainda mais. Sinto a fúria exalar por cada poro do meu corpo e os braços do Gustavo se fecharem ao meu redor.

— Não. __ Grito e sinto as lágrimas caírem do meu rosto. — Acorda Felipe.

— Alice calma.

Gustavo me prende os braços ao meu redor e quando ele está prestes a me puxar o Felipe tosse.  Nós paramos e esperamos. Esperamos qualquer reação. Qualquer coisa. E então ele abre os olhos e é como se o mudo saísse dos meus ombros. Me jogo em cima dele assim que ele ameaça levantar e em seguida sinto minha prima chocar o corpo dela ao nosso. Nós caímos no chão e ele passa um dos braços ao meu redor.

— Você é um idiota. __ ouço a voz abafada da minha prima entre os soluços. — Eu te odeio tanto.

E ele sorri. Me afasto e observo enquanto ele a abraça forte. Os soluços dela estão abafados e tudo parece fazer um pouco de sentido.

— Se morrer eu mesma te mato. __ digo séria e ele me olha sorrindo.

— Você é um grande filho da puta. __ ouço o Gustavo dizer e só então me lembro de tudo que vi.

— Achei que eu fosse o amor da sua vida.

Os dois riem e eu me afasto. Quando levanto meu rosto vejo o Gustavo me olhando e sei que ele sabe exatamente no que eu estou pensando.

— A gente precisa sair daqui. __ ele desvia o olhar do meu. — O David deve estar chegando e ele vai limpar tudo.

— Pra onde a gente vai? __ minha prima se afasta do Felipe e olha ao redor.

— Para um lugar seguro. __ O Gustavo me olha de novo e eu me encolho contra a parede.

Tudo que acontece depois disso soa tão normal que parece loucura. O Felipe levanta e nós caminhamos até a sala, desviando dos corpos dentro do quarto. Quando descemos a escada o Felipe nos guia até a porta da frente, dentre outros corpos caídos em meio ao sangue, e nos coloca dentro do carro dele, do outro lado rua. Observo o Gustavo sair da casa com nossas bolsas nas mãos e em seguida uma caminhonete preta para na nossa frente. Eles parecem conhecer o rapaz que desce e eles conversam.

— Esse é o David. __ minha prima diz ao meu lado. — Ele ajudou a te encontrar.

Assinto em silêncio e logo o tal David entra na nossa casa, seguido por outros cinco homens. O Gustavo e o Felipe entram no carro e logo nós estamos nos deslocando, deixando nossa casa para trás. Nossa casa sempre segura. A casa do tio Ben.

Ponho meus pés em cima do banco e me encolho o máximo que consigo. Encosto meu resto nos joelhos e tudo que aconteceu parece me atingir como um soco. Não um, vários e vários. Fecho meus olhos e minhas lembranças se fundem com tudo que aconteceu agora pouco e ao mesmo tempo tudo parece tão distante, irreal.

— Alice?

Ouço a voz do Felipe, mas não consigo responder. Dentro da minha cabeça tudo que consigo ver e ouvir é meu pai dizendo que tudo é minha culpa, enquanto o sangue escorre da testa dele. Sinto minha prima se afastar e logo o cheiro o Felipe está ao meu redor. Quando levanto o rosto ele está sentado ao meu lado, me olhando de forma doce.

— Vai ficar tudo bem.

Faço que não com a cabeça e deixo que ele me abrace. Os soluços me dominam e eu me sinto uma criança de novo. Pequena e sozinha. E minhas forças parecem sumir. Ele me abraça ainda mais forte e eu tenho medo. Medo de perder o Felipe. De perder mais alguém que amo.

— Eu não vou a lugar nenhum. __ ele sussurra, adivinhando meus pensamentos. — Não se preocupe.

E isso me traz paz. Uma tão pequena e frágil paz.  Me agarro nele e deixo que o cheiro familiar dele acalme meu coração. Acalme o medo que sinto e que afaste, pelo menos brevemente, a certeza de que tudo recomeçou.

GUSTAVO

Olho pelo retrovisor e a vejo encolhida nos braços do Felipe. Meu instinto está gritando e implorando para que eu troque de lugar com ele. Por que, mesmo sabendo que ela não me quer por perto, quero cuidar dela.

Minha mente não para de trabalhar e mesmo não me esforçando, meu consciente organiza tudo o que aconteceu e me apresenta dezenas de explicações e suposições para tudo iso. Olho mais uma vez no retrovisor e vejo o Felipe olhando para a Pirralha.

Ela também dormiu.

— O que a gente vai fazer? __ ele não me olha.

— Eu não sei. __ respondo depois de um tempo.

Não falamos mais nada. O silêncio faz minha mente trabalhar de novo e eu recapitulo, minuto a minuto, tudo o que aconteceu. Dirijo para fora da cidade e pego o caminho da antiga propriedade da minha família, por que é o único lugar que consigo considerar seguro no momento. Dirijo durante duas horas e nada é dito dentro do carro. Olho algumas várias vezes para os três pelo retrovisor e meu peito parece estilhar mais a cada vez. Quando chegamos na porteira da fazendo eu desço e arrebento o cadeado. Quando o carro passa eu paro, pego um cadeado novo dentro da minha bolsa e recoloco a corrente.

Quero que tudo continue parecendo abandonado. Pelo menos até encontrarmos um outro lugar. Adentramos a fazenda por um caminho tomado por matos crescidos e minhas lembranças surgem aos poucos.

— Essa é a fazenda da sua família, não é? __ ouço o Felipe perguntar.

— É. __ digo unicamente.

Paro o carro em frente à casa e a observo durante um tempo. Respiro fundo e tranco todas as lembranças o mais fundo que consigo dentro de mim.

— Pega a Alice que eu levo a Paloma.

— Não. __ preciso respeitar a vontade dela. — Eu levo a pirralha, você a Alice.

Ele parece entender e não discute. Desço do carro e dô volta ao outro lado. Abro a porta e pego a pirralha no colo. O observo sair com a Alice e de novo sinto meu peito estilhaçar. Não por que ela está nos braços dele, mas por que não está nos meus. Respiro fundo e subo a escadaria larga na frente da casa.


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Notas finais do capítulo

Até a próxima!



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