Vidas Trocadas. escrita por Regina Rhodes Merlyn


Capítulo 9
Sábado Maluco!


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas lindas. Voltando. Hora de celebrar a vida e de um certo detetive loiro começar a se envolver nessa história.
Boa leitura.
Bjinhos flores.



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"....Aos poucos vou reconstruindo;Aos poucos tudo volta pro lugar;

Escutando a alma dizer que sim;

Nesse mundo desatino,espero a nova rima me encontrar;

Nesses versos mudos que escrevi.."

Versos Mudos

Marjore Estiano

Central City   17º Distrito Policial

Sexta feira à noite.

   Eddie Thawne

—Detetive Thawne! - escuto a sargento Platt me chamar quando passava pela recepção do distrito e paro,lembrando que ainda lhe devo um relatório..."Será que se eu fingir que não ouvi..."— Thawne! - chama novamente,impaciente,.."É,não deu!",me viro dando o meu melhor sorriso.

—Sargento,- começo,indo em direção a recepção - Sei que estou em dívida com você, mas prometo que segunda feira o relatório vai estar na sua mesa. -prometo, encostando no balcão,sorrindo.

—Guarde esse seu sorriso sedutor pras menininhas Thawne! -aponta o dedo para mim e ergo as mãos - Ainda bem que me lembrou do relatório,mas não foi por isso que lhe chamei.

—Não??- questiono e ela balança a cabeça negativamente enquanto procura algo na bancada.

—Aquele seu amigo do vigésimo distrito,o ruivinho...- estala os dedos tentando lembrar o nome.

—Jay. - digo.

—Isso. Deixou um recado dizendo que ligasse pra ele.- me entrega o papel - Algo sobre uma moto. -informa.

—Sei. Obrigado - agradeço, sério, pegando o número, me virando para ir embora.

—Thawne! - me chama mais uma vez e volto-me pra ela - Já que não vamos nos ver no final de semana, parabéns!- sorri.

—Obrigado sargento - agradeço,lhe mandando um beijo e piscando,vendo-a revirar os olhos, acenando com a mão pra que eu saísse.

Desço as escadas já discando o número de Jay,que atende ao segundo toque.

< Fala ai loirinho!. Só te deram o recado agora foi?> pergunta.

—Só voltei para o distrito agora, Jay. Estava envolvido em uma batida complicada.- digo-lhe - Você achou a moto?? - pergunto sem rodeios.

< Na verdade,foi mais um acidente,por assim dizer.- revela- Estavámos efetuando a prisão de alguns suspeitos quando a vi passar e reconheci a placa. >

—Eddie,pode vir aqui um minuto?- escuto Joe me chama e ergo o polegar.

—Jay,vou ter que desligar agora. Como fazemos ? - questiono-o.

< Amanhã,por volta das onze, poderia vir até aqui? >

—Posso .- afirmo.

< Então estamos combinados. As onze. Até amanhã loiro.> me provoca.

—Até ginger! - devolvo escutando-o rir antes de desligar.

Vou até a sala de Joe,batendo levemente na porta antes de entrar.

—Joe,tudo em ordem?- pergunto, preocupado.

—Tudo . Mag só me pediu pra saber se pretende ir jantar conosco amanhã. - diz - Ela está pensando em manter a tradição,por assim dizer - completa, um riso sem graça no rosto.

Paro, pensativo. Eu, Barry e Tommy descobrimos, durante o colegial, que fazíamos aniversário na mesma data,vinte e oito de Maio.  Desde então, sempre que possível, comemoramos juntos. Nos últimos quatro anos,antes de irmos pra balada festejar, temos jantado na casa de Joe junto com sua família e as nossas.

—Honestamente Joe, não sei se tem clima- digo - Barry fora e toda essa confusão envolvendo Tommy..- lembro - Sem falar que se eu ficar no mesmo ambiente que Sebastian Snow e ele começar a fazer acusações novamente, vai dar merda!- confesso, me irritando só de pensar no padrasto de Tommy.

— Eu sei Eddie. Não tem sido fácil pra nenhum de nós.- comenta, passando as mãos pelo cabelo- Mag e os meninos estão inconformados.

—Todos estamos. Pelo menos os que gostam dele! - friso,lembrando do quanto aquele homem insuportável fazia questão de abordar o assunto sempre que podia, insistindo na culpa de Tommy.

—De qualquer maneira, se quiser aparecer por lá, sabe que será bem vindo - lembra-me - Só não vá fazer nenhuma besteira.

—Tipo?? - questiono,erguendo uma sobrancelha.

—Tipo encher a cara e arrumar confusão.- diz, apontando o dedo em minha direção- E nada de ir atrapalhar a investigação dos outros - avisa - Se levar mais uma advetência, será suspenso Eddie. Não estou brincando! Harris está furioso com você, portanto, comporte-se .

—Vou tentar. - digo sorrindo e ele revira os olhos - Vou indo. Até segunda.- me despeço, abrindo a porta.

—Eddie - chama e me viro,pronto pra levar mais uma bronca - Caso não nos vejamos amanhã ,  parabéns - sorri complascente e agradeço.

Saio do distrito pensando se deveria ou não contar para os outros sobre a moto. Abro meu carro, jogo as coisas dentro, entro e fico sentado, refletindo sobre o assunto. Ainda não entendi e não aceitei como Tommy passou, em menos de quarenta e oito horas, de desaparecido para suspeito de roubo e assassinato da esposa do cara mais rico e influente de Central City. Por mais que as evidências digam o contrário, sei que meu amigo, o cara que cresceu comigo, que enfrentou o  astro de futebol da escola pra defender Cisco e Barry( e levou uma surra,diga-se de passagem!) não é assassino e muito menos ladrão! Barry,Cisco e Iris tem a mesma certeza que eu, assim como Mag. Não que Joe acredite, mas ele precisa se manter imparcial.

Já a mãe e o irmão de Tommy(Claire tem sido poupada em vista de ainda estar se recuperando da cirurgia delicada a que foi submetida) estã sendo constantemente bombardeados com "propaganda'" negativa,por assim dizer, de Sebastian.

Quanto a Helena, sei que está sofrendo,apesar de dizer não estar nem ai e que o problema foi ele mesmo que procurou.  Na verdade, ela ainda não o perdoou pelo que fez a fim de conseguir o dinheiro da cirurgia, pois apesar de os dois dizerem viver uma "relação aberta", todos nós sabíamos que estavam evoluindo para algo mais sério. Bem mais sério. Daí toda a raiva e frustração que ela sente. Temos conversado bastante, eu, ela , Iris e Cisco, ganhando a companhia de Barry, via skype, algumas vezes. Como geralmente sou eu a ir procurá-la, já comecei a ouvir  comentários maliciosos a nosso respeito,mas não estou nem ai. Tenho minha consciência limpa. Ligo o carro , decidindo só lhes falar algo depois de conversar com Jay na manhã seguinte.

***************************************************

Cait e Tommy

Tento, mais uma vez, retirar o corpo dele de cima do meu, sem sucesso.   Após me acalmar e verificar que ele havia, realmente, apenas desmaiado e não morrido, como cheguei a pensar, me apavorando, tenho tentado retirá-lo de cima de mim. Até porque começo a sentir meu corpo ficar dolorido com seu peso. Não que ele estivesse gordo. De forma alguma. Estava bem em forma até.." E que forma!", pensara, me recriminando a seguir.

A verdade é que, estando na posição em que me encontrava, não me restou muita opção a não ser analisá-lo,avaliando seu peso e qual seria a melhor maneira de sair debaixo dele. Tentei fazer seu corpo cair de lado mas não tive forças suficientes para fazê-lo. Sem contar que , da forma como estavámos, mal conseguia respirar imagina erguê-lo o suficiente para me libertar. Escutei dois carros, no mínimo, passarem pela rodovia na última hora( calculo ser esse o tempo que estamos aqui,parados), porém nenhum dos dois parou, se é que viram meu carro, para vir até aqui, ajudar. Tenho quase certeza que um deles viu o carro e chegou a diminuir a velocidade mas voltou a acelerar, indo embora.. " Tempos modernos! Todo mundo tem medo de cair em algum tipo de armadilha!", reflito, sentindo minhas pernas e braços começarem a ficar dormentes. "Tenho  que tentar acordá-lo de alguma forma", decido, começando a mover meu corpo sob o dele na tentativa de deslizar para o lado mas só consigo duas coisas: ficar ainda mais presa, visto que movi minha perna na direção errada e acabei por encaixar seu corpo ao meu de tal forma que, se alguém resolvesse parar, por algum milagre, para verificar se precisávamos de ajuda, certamente pensaria que estávamos transando ou no início da transa, o que me leva a outra coisa que consegui: excitá-lo!  O que me fez corar até a raiz do cabelo..." Como é possível isto, Senhor!?!? Estou presa dentro do meu próprio carro, com um estranho, e ainda assi...", meus pensamentos são interrompidos por seu gemido e percebo que ele começará a despertar.

Ele ergue a cabeça, roçando a barba em meu rosto, me causando um arrepio por todo o corpo, fazendo minha respiração aumentar a medida em se mexe sobre mim, erguendo parte do corpo. Apoiando as mãos nas laterais do banco do carro, ergue seu tronco abrindo os olhos,me encarando. Um suspiro escapa de minha boca, involuntáriamente, ao flutuar naquele céu azul acinzentado que parece penetrar minha alma. Apesar de seu rosto estar ferido, não tenho como não perceber a beleza de seus traços, especialmente a boca, que mantinha-se entreaberta, convidativa..." Juízo Caitlin,juízo! Até uma hora atrás tentava fugir desse estranho e agora ficar toda excitada com a proximidade dele...",me choco com a constatação a que chego.."Só posso estar ficando maluca!!", concluo no exato momento em que ele apoia a mãos no encosto do banco, forçando o corpo para trás, me libertando mas ao mesmo tempo, pressionando seu quadril contra o meu. Mais uma vez suspiro, fechando as mãos, agarrando as laterais do estofamento. A reação dele é imediata e surpreendente. Ao contrário do que esperava, se afasta rapidamente, segurando minhas pernas, colocando-as de lado , pegando meus braços e me ajundando a sentar.

— Me desculpe - começa a fala, a voz grave - Não foi minha intenção assustá-la ou feri-la - me encara mais uma vez, para logo depois abrir a porta e sair.

Surpresa, fico imóvel , sendo despertada  pelo clarão seguido do estrondo provocados por um trovão e relâmpago. Me lanço para fora do carro.

—ESPERE! - grito por sobre o estrondo de outro trovão e vejo-o parar, virando-se para mim. Ignorando todos os sinais de alerta ligados por minha consciência, corro até onde ele está. Ao chegar perto, percebo que abraça o próprio corpo com as mãos, como se lutasse para controlar a dor.- Não posso largar você aqui, em meio a esse dilúvio. - digo- Volte para o carro. Levo você até um hospital...- ele me interrompe.

—Não posso ir a hospital nenhum.- diz - Estão me procurando. Se me encontrarem, me matam. - revela, virando-se para seguir caminho mas o impeço, segurando seu braço, fazendo-o voltar-se  novamente para mim.

—Mais um motivo para não largá-lo aqui - ' TÁ MALUCA?!', grita minha consciência e sorrio para mim mesma.." Acho que sim!" -— Venha, deixe-me ajudá-lo - peço, estendendo a mão. Depois de alguns minutos parados na chuva, de frente um para o outro, ele finalmente coloca sua mão sobre a minha e voltamos para o carro, seguindo viagem.

 

*******************************************************

Mansão Merlyn

Sábado   5:00 p.m

Ao invés de entrar pelo portão principal, uso a entrada lateral que me permite chegar sem ser notada. Estaciono o carro próximo ao pequeno bangalô que meus pais haviam construido ano passado quando meu tio resolvera bancar o inventor. Pego o celular e disco o número de Ximena.

< Alô?! > atende com voz de sono.

—Ximena, sou eu Cait.Cheguei.- comunico,falando baixo - Você e Zoe poderiam vir aqui fora me ajudar? Estou por trás do bangalô - aviso.

< Por que está ai e não na frente da casa? - questiona - e por que está cochichando? > acrescenta.

— Venham até aqui e explico tudo, ou melhor, vão entender.- digo- Não demorem por favor. Daqui a pouco os seguranças vão começar a ronda e não quero que eles o vejam.

< Ver quem?  .> ouço-a perguntar rápido e sei que despertei sua curiosidade.

—Vem rápido! - apresso-a, desligando em seguida. Pouco tempo depois, as duas aparecem, enroladas em grossos roupões.

Aceno para ambas, que apressam o passo. Ao chegarem perto, desço para recebê-las.

—Em primeiro lugar,nada de criticas ou recriminações ok? - advirto e as duas se olham, depois me olham,concordando  - Em segundo lugar...-penso - Na verdade não tem segundo lugar. Só me ajudem e depois explico tudo, se é que é possível- comento, abrindo a porta de trás. Ambas tomam um tremendo susto ao vê-lo reclinado sobre o banco e voltam-se para mim abrindo a boca mas não as deixo falar- Sem perguntas, gritos, críticas ou recriminações ok? Depois conversamos. Por hora, temos que colocá-lo lá dentro antes que nos vejam. Me ajudem aqui- peço, tocando no ombro do rapaz, que desperta, saindo do carro em seguida. Apoio seu corpo em meus ombros e Ximena faz o mesmo enquanto Zoe vai a nossa frente para abrir a porta dobangalô.

A chuva caia fininha agora,uma brisa agradável sopra. Olhando o céu como estava naquele momento, sei que, independente do que irá acontecer de agora em diante, sempre que vir um amanhecer como este, irei me lembrar dele.

 continua

"....Pra tentar me convencer, que eu consigo sem você;

Respirar, enfim,um momento só pra mim e deixar;

A vida acontecer..."

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Bjinhos flores.



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