De Outro Mundo escrita por S Q


Capítulo 46
Contra-tempo




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Nos segundos que se passaram a seguir, aconteceu mais coisa que em muitas horas. Alex e Justin estavam anestesiados pelo beijo que deram e nem perceberam que por trás, Arck vinha os alcançando...

Foi muito rápido. Um instante de hesitação, sorrindo, acalmando o coração das emoções, colando as testas.

 O suficiente para Arck chegar, mover-se furtivo, e tirar a pedra das mãos deles. 

O casal se separou assustado. Alex, no sobressalto, só berrou. Justin tentou correr atrás de Arck, mas o outro já estava muito mais à frente. Ele tentou ser racional:

— Arck… OK, tudo bem, pegamos a pedra, pode ficar com ela! Agora, por favor, só desfaz o feitiço da Alex! — pediu Justin numa voz trêmula e muito preocupada,`à beira do desespero. Arck lhes devolveu um olhar doentio.

— Agora… que eu posso fazer QUALQUER COISA? — encarando-os nos olhos completou — Não. Eu não quero.

Arck pegou a pedra, segurou ela com as duas mãos e fez uma expressão de concentração. O objeto mágico brilhou forte, iluminando toda a gruta em que se encontravam. Várias luzes negras saíram da pedra ao mesmo tempo, derrubando Alex e Justin. O garoto só pôde gritar, começando a chorar de raiva. Ao desabarem no chão, viu-se uma luz violeta e outra azul fluindo de seus corpos para Arck. A face dele falhou por um segundo antes do misterioso feiticeiro desaparecer completamente.

— Gorog!

A caverna ficou escura e silenciosa. Alex e Justin permaneceram estatelados no chão sem conseguir proferir uma palavra. Haviam chegado até ali para nada? A garota soltou um pesado suspiro, reclinando a cabeça para trás. Por que a trilha tinha se aberto para ela então?

O silêncio entre os feiticeiros alfa e beta estava ficando insuportável e a garota estava prestes a gritar de cima das rochas onde havia caído, mesmo sem forças para levantar. Porém, Justin se ergueu de um salto. Começara a escutar algumas vozes conhecidas ao longe.

— Não acredito!

— Nem eu!

As sombras de Theresa, Jerry, Max e Harper começaram a aparecer trêmulas no topo da gruta onde o casal estava. De repente, ouviu-se um berro e os quatro despencaram da descida abrupta que levava àquele espaço, num baque surdo.

— Pensaram que iam resolver isso sozinhos? — Os irmãos Finkle falaram juntos, colocando as mãos na cintura, no melhor estilo dramático.

— Como encontraram a gente aqui? — Justin perguntou perplexo, enquanto Jerry e Theresa iam ajudar Alex a se levantar.

— O Max achou a carta de vocês depois de não ser reconhecido pelos nossos tutores. Ele se teletransportou para perto de mim na mesma hora, desesperado. Podia ter dado muito problema, mas por sorte eu estava sozinha. Aparatamos de volta ao hotel onde meu irmão estava hospedado quase no mesmo instante em que vimos vocês seguindo a trilha para a pedra. Bem, o Max é uma criança e eu quase não uso minha magia, então catamos Theresa e Jerry para ajudarem a seguir os rastros de vocês. Não foi muito difícil convencer eles porque, bem… — Harper apontou para a cara aluada dos tutores. Não se lembravam mais nem de onde estavam, muito menos o que era "contrariar".

— Caramba! O estado deles piorou muito! — Justin constatou o que temia. Mas balançou rápido a cabeça, lembrando-se de Gorog — A gente tem muito para conversar, mas é melhor sairmos logo desse buraco! Tem um psicótico com a pedra fundamental nas mãos!

—Vamos! — assim, o grupo reunido correu para fora caverna. Precisavam tentar capturar Gorog, embora parecesse impossível, pois se isso não acontecesse, estaria tudo perdido.

Enquanto atravessavam os caminhos complexos da gruta o mais rápido que podiam, imbuídos pelo desespero, Max se voltou para os dois colegas, reflexivo.

— Pelo o que entendi, vocês pretendiam  tentar salvar o mundo bruxo… Então porque pararam para ficar se pegando?!

Alex e Justin travaram na mesma hora.

— Ah.. a gente não tava se p-pegando...

Harper riu, trocando um olhar cúmplice com o irmão:

— Ah,é? E o que explica o  batom borrado na boca dos dois “heróis” da história?

Alex e Justin olharam na mesma hora um para a boca do outro. 

E gritaram. Gritaram muito, ao mesmo tempo, tentando limpar os borrões que viam na frente deles. Até que pararam juntos ao perceber que estavam mexendo um no outro, ao invés de limparem a si mesmos. Gritaram de novo. Puxaram as mãos para o próprio rosto- as mesmas que estavam passando pelos lábios um do outro. Gritaram de novo.

Max e Harper foram alcançando a saída da caverna, rindo, ou esquecendo por um instante o tamanho do problema que tinham. 

 A realidade puxou eles de volta brutalmente. Jerry e Theresa, que vinham calados até então, começaram a ficar transparentes. Harper respirou pesado ao notar isso com um golpe de ar que lhe varreu os cabelos, vindo dos tutores. Justin notou seu olhar preocupado e se virou curioso para os padrinhos. A cara dele mudou drasticamente.

— Ah,não! NÃO!

De mãos dadas, eles não entendiam porque o garoto gritava. Um vento ensurdecedor se formou ao redor do casal de tutores. Sorrindo um para o outro,  eles foram sumindo aos poucos.

Todos ali ficaram atordoados, mas Justin, sobrinho deles se ajoelhou no chão, bagunçando os próprios cabelos, fora de si. Alex, ficara estática, lágrimas descendo dos seus olhos. O único som audível na entrada da caverna, antes tão esperançosa, foi virando o vento impiedoso, entrecortados pelos soluços que Justin começou a dar convulsivamente após seu berro.

— Eu falhei... eu falhei!

— Vocês não falharam. Ainda.

A voz que surgiu imponente era a de Crumbs Migalhovisk. Logo ele se materializou na frente dos jovens. Alex se manifestou:

— Diretor?! Você... está bem?!

— Estou, graças a alguns conhecimentos em magia  avançada adquiridos ao longo dos últimos anos. Mas creio que me resta pouco tempo. Devemos ir logo.

Sem explicar mais nada, o idoso feiticeiro apenas estalou os dedos e transportou todo o grupo consigo, em milésimos de segundo,da encosta pedregosa para um aberto campo verde. Os jovens ficaram impressionados.

— Que foi? Deviam duvidar menos da capacidade de pessoas na minha idade… — comentou pleno. — Pois bem. O tempo está contra nós, devemos nos mover o mais rapidamente possível. Depois explico tudo com calma, mas agora… — Crumbs ergueu sua varinha em forma de cajado e o campo foi tomado por um sinuado e pedregoso labirinto. Em seu centro uma grande fonte de poder começou a vibrar forte e reluzente — que vença o FEITICEIRO COMPLETO!


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