Nova Geração escrita por Ana


Capítulo 3
De volta à Konoha




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Quando estavam quase chegando na vila, pararam para se alimentar em um local muito simpático que vendia dangos. De acordo com Boruto, um dos melhores que ele já havia provado. Noriko não gostava muito de comida tão doce, então não aproveitara tanto.

Neji estava extremamente quieto e também parecia distraído. Ele ficava encarando Boruto, Sarada e Noriko de vez em quando, como se estivesse pensando em algo que não se encaixava com a verdade. Eles não podiam julgá-lo por ficar com aquela expressão, já que todos estavam com os mesmos pensamentos com relação a ele.

O grupo seguiu viajem e quando Konoha se tornou visível, a confusão de Neji foi óbvia. Ele não reconhecia aquela vila. Mal sabiam os outros, que a Konoha de seu tempo era razoavelmente pequena comparada àquela metrópole, com prédios altos e o dobro de gente andando nas ruas. Mal sabiam os quatro que aquela vila havia ressurgido do nada décadas atrás e eles pisavam num solo que já fora palco de muitas guerras. Porém, Neji reconheci aquele local. Passaram em frente a um conjunto de lojas enorme onde costumava ser a sede do clã Hyuuga e uma dor se alastrou por seu peito e a confusão por toda a sua mente. Pela milésima vez nos últimos dois dias, ele se perguntou: O que está acontecendo?

Quando estavam se aproximando do prédio do Hokage, Neji notou o paredão com as imagens do Hokages anteriores. Ele ficou encarando a imagem por bastante tempo, vendo os rosto. Hashirama, o primeiro, Tobirama, o segundo, Sarutobi, o terceiro, Minato, o pai de Naruto e o quarto, Tsunade, a quinta. A partir dali os dois rostos lhe eram quase irreconhecíveis. O homem de máscara que representava o sexto só podia ser uma pessoa e lhe custava acreditar no que via. Neji sorriu quando viu a sétima imagem, o homem que agora ele reconhecera e que estava prestes a reencontrar. Então ele conseguiu, pensou.

— O que foi? – Mirai deu alguns passos para trás para ficar lado a lado com Neji e ver o que ele observava.

O rapaz apenas negou com a cabeça e continuou andando.

— Não é nada.

Mirai deu de ombros e retornou à frente do grupo, seguindo em direção ao prédio do Sétimo Hokage.

Eles estavam subindo as escadas que iam em direção a sala principal do Hokage. Boruto parecia animado em mostrar ao pai o que haviam encontrado, mas Sarada ainda estava preocupada com o resultado da missão. Mirai continuava andando e Neji ia atrás, por último, como se estivesse receoso com relação a sua presença ali. O carpete fofo vermelho que forrava o chão impedia que seus passos ecoassem no grande corredor e o silêncio da caminhada agora tirava Noriko do sério. Estava tudo silencioso, a não ser pela respiração dos cinco.

Mirai parou em frente a porta com as escritas “Esritório do Hokage” e todos esperavam enquanto ela batia. Um “entre” abafado soou e Mirai entrou, apenas para avisar que o grupo havia retornado da missão. Noriko, Boruto e Sarada entraram logo atrás dele, mas Neji ficou do lado de fora, para que entrasse somente quando o chamassem.

A grande mesa do Hokage, como sempre, estava cheia de papéis empilhados em pilhas altas, de tarefas a fazer. Aquela imagem inspirava cansaço e deveres.

Na parede a direita uma grande estante de madeira de vidro com livros desorganizados e mais papéis, e na outra, as seis fotos dos Hokages anteriores.

Sarada observou todo o local com cautela, como sempre fazia quando era chamada aquela sala, tendo em mente uma coisa: que um dia aquela sala seria dela. Um dia ela realizaria seu sonho, de ser o Oitavo Hokage e ter seu rosto esculpido no paredão logo atrás deles. Queria fazer diferença na vila.

O Sétimo estava sentado em frente ao computador, parecendo concentrado com algo, mas deixou o que quer que estivesse lendo de lado e concentrou sua total atenção no time à sua frente, colocando o computador em suspensão.

 Fizeram uma fileira lado a lado esperando que Mirai, dando um passo à frente, fizesse o relatório da missão.

— Dessa vez vocês foram realmente rápidos. – comentou Naruto.

Mirai mordia o lábio inferior, como se só naquele momento passou pela sua mente que eles não haviam concluído a missão. Haviam parado ela no meio quando acharam Neji e retornaram a vila por conta do seu estado, que milagrosamente melhorara no seu caminho de volta.

Vendo daquele ponto de vista, a missão havia sido um fracasso total.

— Bem... Não concluímos a missão. – disse Mirai de uma vez. Sarada apreciou sua coragem. Não que o homem a frente deles fosse puni-los por isso, mas era uma grande decepção por parte deles.

— Não entendi.

— Foi mais complicado que isso, p... Sétimo. – interrompeu Boruto.

O Hokage franziu as sobrancelhas, ainda sem compreender.

— Bom, eu ia gostar muito se alguém me relatasse o que aconteceu. – ao falar isso, ele olhou para Mirai, capitã provisória do time. Ela engoliu em seco e começou a falar:

— Nossa ida até o limite com o País do Vento ocorreu bem e chegamos na caverna com sucesso e inclusive presenciamos o chackra saindo dela na madrugada. Com isso concluímos que estávamos no local certo e achamos melhor esperar para explorar o local ao amanhecer. No dia seguinte, como combinado, entramos no local, mas logo que avaliamos tudo com mais cautela e luz, achamos sangue na entrada, deixando a entender que havia alguém ferido lá dentro. Dessa forma, entramos na caverna tendo em mente que poderíamos achar uma pessoa ferida ou que talvez ali fosse a toca de um animal grande. – ela interrompeu sua narração de repente.

— Até aí tudo parece estar caminhando perfeitamente. Quando exatamente a missão saiu do previsto?

— Enquanto caminhávamos pela gruta, - continuou Mirai-senpai. – ouvimos sons de passos e acabamos encontrando um ninja extremamente ferido e fraco, fazendo com nossa missão fosse abortada por votação unânime de todos os membros do grupo e retornamos para que tratássemos dele.

Sarada deu um passo à frente.

— Posso complementar?

— Continue, Sarada. – autorizou o Hokage.

— O homem que achamos não possuía bandana, mas alegava pertencer à Vila da Folha. Ele tinha dois grandes cortes nas pernas, que eu tratei na hora, mas acontece que no dia seguinte a nossa viajem de retorno, nosso resgatado estava completamente curado e forte.

— Isso é extremamente suspeito.

— Sim, foi exatamente o que achamos. Minhas análises médicas não chegaram a nenhuma conclusão plausível.

— E vocês o trouxeram? Não passou pela mente de vocês que esse homem podia estar mentindo quanto a sua origem?

Boruto deu um passo à frente.

— O homem possui byakugan legítimo do clã Hyuuga. Que eu saiba, a única vila que possui o byakugan é a folha.

Aquilo espantou o Sétimo. Seu espanto logo deu lugar a dúvida e ele franzia a testa enquanto pensava, mas acontece que todos já haviam pensado em todas as possibilidades, assim como Naruto, então não estavam chegando a lugar nenhum.

Por fim, o Hokage suspirou e disse:

— Ele está apto para conversar comigo?

— Está esperando no corredor. – disse Mirai.

— Peça que entre, por favor.

Sarada andou em direção à porta e a abriu, falou algumas palavras que ninguém ouviu e então Neji entrou na sala.

Naruto, que estava sentado calmamente na sua cadeira, se preparando um interrogatório qualquer, não esperava por aquela. Ele se levantou num supetão, batendo a cadeira na parede atrás de si e derrubando um pote de canetas no chão.

— Neji?! – sua voz parecia totalmente alterada.

O Hokage deu a volta na própria mesa andando lentamente, um tanto curvado e apertando os olhos, andando em direção ao convidado.

— É você?

Todos presentes ficaram confusos com o súbito reconhecimento do Sétimo com relação ao homem, principalmente Boruto, que imaginou que conhecia quase todas as pessoas que eram amigos do próprio pai.

— O que significa isso? – Naruto se diria ao grupo. – Onde vocês... como o encontraram?

— Ele estava perdido na caverna. – disse Mirai. – Sua memória mais recente é de ser atingido.

Naruto estava frente à frente com Neji. Ele se virou para Noriko e disse:

— Procure o Shikamaru agora e traga ele aqui. Peça que ele interrompa o que quer que esteja fazendo e que é urgente. – com isso, ela saiu correndo porta afora, assustada e com urgência exagerada.

— O que está acontecendo? – perguntou Sarada, perdida, assim como Boruto. Ela se virou para o companheiro de time e ele deu de ombros.

Enquanto os dois ficavam parados e confusos, Naruto encarava Neji, os olhos um tanto arregalados e – de certa forma – tão perdido quanto eles.

— Como vocês está vivo?

O Hokage havia levado todos a uma sala de reuniões, onde havia uma grande mesa com capacidade para quatorze pessoas. Neji havia sentado na cadeira da ponta, a pedido do próprio Sétimo e não havia falado quase nada desde que eles haviam se visto. Sarada e Boruto estava parados em um canto observando o que acontecia, esperando Shikamaru chegar. Quando ele finalmente chegou, a comoção foi maior ainda e, assim como Naruto, ao ver Neji, Shikamaru surtou.

Ele e o Hokage se sentaram em uma cadeira em frente ao convidado. Boruto e Sarada permaneceram quietos e de pé, observando a ação.

— Bem, está claro que ele está vivo. – concluiu Shikamaru.

— Mas ele estava morto. Eu vi, senti, a vida dele escorrendo para longe bem nos meus braços. – o Hokage encarou as próprias mãos por alguns instantes, depois ergueu o rosto novamente.

— Eu não me lembro de muita coisa e pelo visto muito mais que meses se passaram. – comentou Neji, o que espantou a muitos ali. – Eu me lembro da guerra. Lutávamos contra o juubi e voavam estacas para todos os lados. Quando eu vi que uma delas acertaria Hinata-sama, eu me joguei na frente e então eu caí. Tudo ficou escuro e uma paz enorme me atingiu, mas depois pânico e tudo queimava. Em uma questão de segundos depois eu não estava mais no campo de batalha, mas sim onde Noriko-sama me encontrou.

— Isso está muito mal explicado. – disse Shikamaru. – Eu vi você morrer também. Eu fui no seu enterro!

Sarada viu naquele momento que ao ter o nome da mãe tocado na conversa, Boruto havia se aproximado da mesa, como que para ouvir. Enquanto reparava na confusão vinda do homem mais inteligente que ela conhecia, viu que talvez aquele não fosse um mistério tão fácil de resolver.

— Mirai comentou que quando o encontraram você estava ferido. – o Sétimo lembrou. – Sarada cuidou dos seus ferimentos na perna, mas quando você morreu, foi atingido no peito.

— Acho que tudo está muito sem explicação. Aquela caverna fez algo, algo demorado pelo visto e realmente perigoso. Precisamos enviar alguém mais experiente no assunto para lá e realiza ruma investigação profunda. – Shikamaru falou, mas na verdade parecia mais que ele estava pensando em voz alta.

— E de que assunto estamos falando exatamente? Existe alguém especializado em retorno dos mortos aqui?

— Na guerra o Kabuto usou o Edo Tensei no jutsu. – disse Neji. Boruto não conseguia não achar estranho que ele parecia estar colaborando na investigação para descobrir porque estava vivo, como havia morrido e retornado. Aquilo tudo estava ficando realmente confuso.

Sarada foi até o Hokage e disse:

— Desculpa interromper, mas acho que deveria deixar essa investigação e interrogatório para depois. Neji-san estava num estado péssimo quando o encontramos e é quase milagroso que ele esteja andando no momento. Mesmo vindo dos mortos, acho que ele precisa de um exame completo.

Naruto assentiu, mas estava claro que ele ainda pensava no que haviam acabado de discutir.

— Bem lembrado, Sarada-chan. Acho que a pessoa mais indicada para tratar dele é Sakura-chan. Chame-a, por favor, diga que é de grande urgência.

Sarada assentiu, mas antes que fechasse a porta atrás de si, ela ouviu mais uma parcela da conversa:

— Neji-san, - disse o Hokage, como se a confusão tivesse dado lugar a alegria. – Hinata vai ficar surpresa em vê-lo.

Boruto estava esperando no corredor branco de hospital há várias horas. Foi a mesma recepção com aquele homem quando Sakura-senpai o viu. Foi tudo muito rápido. Vários momentos de choque e as mesmas dúvidas. Ninguém sabia de onde ele havia vindo, somente que havia sido achado. O jovem esperava com frio, ainda sujo da missão, sem banho e com fome. Seu pai esperava ao seu lado e o estranhava ver que aquele homem que recebia diagnóstico era tão importante para o seu pai que ele sequer mandara um clone. Ele mesmo, em carne e osso aguardava ao seu lado. Naqueles momentos Boruto via o Naruto pelo qual as pessoas lutavam, pelo qual acreditavam serem capazes de tudo.

Não havia fraquezas no homem ao seu lado.

— Pai, - Boruto o chamou. – esse homem é o tio Neji?

O Sétimo Hokage o encarou, mas seu olhar não era de autoridade, era de pai. Naquele momento Boruto viu que a máscara de herói salvador do povo havia saído e dado lugar a uma pessoa como qualquer outro, que havia acabado de presenciar um amigo retornar dos mortos.

— Sim.

— A mamãe sabe que ele está vivo?

— Não ainda. Quis esperar que fizessem todo o exame nele primeiro antes de chama-la.

Boruto olhou para as próprias mãos, sujas.

— Ele sabe que sou sobrinho dele?

— Provavelmente ainda não, mas eu vou fazer as devidas apresentações, não se preocupe.

Ambos ficaram em silêncio. Ficaram em tamanho silêncio, que podiam ouvir a energia na lâmpada acima deles pulsar e aquele cheiro de antisséptico de hospital ficou ainda mais forte ao olfato de Boruto.

— Vocês eram muito amigos? – ele perguntou de repente. A pergunta claramente surpreendeu Naruto, pois ele mudou de posição na cadeira onde estava e ficou pensando por alguns segundos.

— Nos conhecemos na minha prova chuunin. Lutamos juntos nas finais.

— Mas vocês eram amigos?

—Hm... pode-se dizer que sim. Éramos companheiros, mais que tudo. Eu o ensinei uma lição quando lutamos juntos e desde então nos tornamos imagens de admiração um para o outro. Apesar de ser da família secundária, ele era extremamente forte.

— Porque ele não tem a marca na testa dos membros da família secundária, então?

— Essa é só mais uma das perguntas que eu não sei responder, Boruto. – ele pareceu cansado. – Eu nem sei o que pensar dessa situação. Claro que eu estou feliz com seu retorno, mas isso implica em mais que só a felicidade da nova vida do irmão da sua mãe.

— O que quer dizer?

— Imagine dessa forma: de repente uma pessoa reaparece dos mortos numa caverna no meio do nada. E digamos que as pessoas comecem a acreditar que lá é um local onde os mortos ressurgem. Vai ter gente indo para lá tentando ressuscitar familiares, com esperança, sendo que o que aconteceu com Neji pode ser um fenômeno isolado e único, sem repetições.

Naruto se inclinou para frente e colocou a cabeça nas duas mãos que estavam apoiadas nas pernas.

— Vai tudo ficar muito confuso. – falou, com voz abafada. – Boatos vão correr e mais perguntas que eu não sei como responder virão a mim. A linha entre a vida e a morte foi cruzada, filho, e as consequências disso são imprevisíveis. Eu só presenciei pessoas voltarem dos mortos algumas vezes e em todas as situações, era uma troca de corpos. Uma pessoa só volta em troca de outra. Tenho medo de pensar que um inocente morreu para que seu tio voltasse.

— Está falando daquele jutsu que o Shikamaru-san comentou?

O Hokage assentiu. Boruto se sentou ereto, com a cabeça fervilhando com tudo o que havia acabado de ouvir.

— O que você vai fazer? – perguntou. – Você disse que ia chamar alguém para investigar, mas algo dessa magnitude requer alguém de extrema confiança.

— Acho que você, antes mesmo de perguntar, já sabia quem eu vou chamar. – disse seu pai. – Não se faça de tolo.

— Eu preciso confirmar. Preciso ouvir você dizer, em voz alta.

Ele tirou a cabeça das mãos – o que deixou duas marcas rosadas na sua testa – e encarou o filho, olho azul encarando um olho mais azul ainda. Um reflexo encarando o outro.

— Vou chamar o Sasuke, claro.

Sarada foi no hospital assim que pôde, para encontrar com sua mãe. No fundo ela queria saber o que estava acontecendo e aproveitou a brecha de que quem cuidava de Neji era Sakura. Depois de conversar com as recepcionistas e chegar no corredor indicado, ela viu Boruto e o Sétimo, sentados lado a lado em posições idênticas. A menina teria ficado ali mais tempo observando, mas logo Boruto notou sua presença e foi na sua direção, sorrindo. Sem nem controlar, ela sentiu suas bochechas ficando vermelhas. Sua mão voou para o rosto, como se de alguma forma isso fosse esconder sua vermelhidão.

— E então alguma novidade? – Sarada perguntou.

— Sim, duas. Lembra que o Shikamaru-san havia dito que ia chamar alguém para investigar a caverna?

Sarada assentiu e Boruto continuou.

— Meu pai vai chamar o Sasuke-sensei.

Os olhos dela se arregalaram com a novidade. Se ela estivesse bebendo ou comendo algo certamente engasgaria. Sarada não tinha ideia do que achar daquela notícia, mas seu subconsciente estava alegre. Ela não se deixou levar pela alegria do momento. Deixaria para comemorar depois.

— Qual a outra notícia?

— Bem, o homem que resgatamos, Neji, ele... meio que é o meu tio.

— O seu tio?

— Sim, meu tio morto. Que, obviamente, voltou.

— Então ele realmente voltou dos mortos?

Boruto assentiu.

— Fico pensando como vai ser o desfecho dessa situação.

— É imprevisível o que acontecerá a partir daqui. Existia um jutsu que trazia as pessoas dos mortos, o Shikamaru falou dele na reunião, mas ele foi proibido assim que a Quarta Grande Guerra Ninja terminou. De toda a forma, Neji não tem as características das pessoas ressuscitadas por esse ele.

O seu companheiro de time a encarou com estranheza, espantado.

— Como você sabe tanto sobre isso?

— Você não foi o único que estudou sobre a Quarta Grande Guerra Ninja, Boruto. – ela disse. – De toda forma, não vou mentir. Depois que ouvi o nome daquele jutsu, fui pesquisar mais a respeito. O criador dele foi o Segundo Hokage e parece que depois, ele mesmo foi ressuscitado com o próprio jutsu.

— Enfim, quer dizer então que mais uma opção foi riscada da lista. Neji-san não está sob o Edo Tensei.

Sarada assentiu. Ela se virou para o Hokage, sentado quase imóvel logo atrás deles.

— O que seu pai pretende fazer?

— Eu não sei, mas acho que isso vai ficar menos confuso depois que o seu pai der uma olhada na Caverna dos Sonhos.

Naquele momento as portas se abriram, Sakura, Neji e vários enfermeiros saíram lá de dentro. Ele estava bem melhor. Suas roupas haviam sido trocadas e agora ele usava um conjunto todo branco. Parecia que havia penteado o cabelo e o usava liso e atrás da orelha, solto. Seu rosto estava limpo e não havia mais mancha de sangue nele. Naruto levantou do banco de espera assim que as portas se abriram e Sarada e Boruto se juntaram a ele.

— O estado dele é realmente incrível. – disse Sakura, com seu avental de trabalho e os cabelos rosas presos. – É como se ele nunca tivesse sequer sido atingido na guerra. Toda e qualquer cicatriz que ele adquiriu ao longo da vida, inclusive aquela durante o ataque à vila na prova chuunin, se foi. Até mesmo a marca da família secundária. Neji está completamente novo, como se nunca tivesse morrido. Ele até mesmo envelheceu fisicamente, o que faz com que tenha a aparência de alguém da nossa idade.

Naruto assentiu, ainda com rosto pensativo, que logo deu lugar a um sorriso receptivo. Boruto olhou aquele sorriso e ficou surpreso de como ele conseguia esconder sua preocupação com tudo naquele momento.

— Eu já notei que muita coisa mudou enquanto eu estava fora. – disse Neji, olhando Naruto, que usava sua túnica de Hokage nos ombros. – Me fale um pouco do que aconteceu com todos. Com Hinata-sama.

— Pois é. Nem mesmo sei por onde começar... – ele deu um risinho. – Hinata e eu nos casamos.

Neji pareceu chocado com aquela descoberta, mas depois de um momento as coisas pareceram fazer mais sentido. Pelo menos esse era o ponto de vista de quem o observava.

— Ela sempre gostou de você. – concluiu Neji. – O que mais?

— Temos dois filhos. Você provavelmente já conhece um deles.

O rapaz parecia ainda confuso e franziu as sobrancelhas como que perguntasse “jura?”. Naruto fez um sinal chamando Boruto e ele se aproximou, acenando de uma forma envergonhada e meiga que Sarada jamais havia visto.

— Este é o Boruto. Estava no time que te resgatou. – o Hokage os apresentou. – E tem a Himawari, que deve estar em casa.

Neji olhou Boruto por bastante tempo e então sorriu. Para Boruto, aquilo foi um bom começo.

— Boruto e Himawari, hã? – ele sorriu mais ainda. – Parece que mesmo morto, vocês lembraram de mim.

*lembrando que Boruto e Himawari são nomes que fazem referência ao significado do nome Neji*

Todos ficaram confusos, menos Naruto e Sakura. Os dois pareceram entender a pequena homenagem do momento. Ninguém se deu o trabalho de explicar a Sarada e Boruto, então o comentário ficou por isso mesmo.

— Sakura é mãe de Sarada, que também fazia parte do grupo que te resgatou. – imitando Boruto, ela deu um pequeno aceno em direção ao tio do seu companheiro de time. Então, o Hokage fez uma cara de quem lembrava de algo extremamente importante. – Boruto, chame sua mãe. Peça que ela nos encontre no escritório do Hokage, Neji deve querer revê-la.

Boruto assentiu e foi correndo corredor afora, apesar de isso provavelmente ser proibido num hospital.

— Vamos andando. Hinata deve estar aqui em um instante.

Eles seguiram retornando ao escritório do Hokage, conversando. Sarada prestava atenção, mas sem que quisesse, a frase “ELE VAI VOLTAR” piscava como um outdoor iluminado na sua cabeça. Ela sentia as bochechas quentes e se perguntava se a mãe já sabia da novidade. Mais uma vez a garota teve que se lembrar que seu pai não estava voltando para ficar mais tempo com a família, mas sim porque o Sétimo pedira – isso que nem havia pedido ainda. Ela estava totalmente precipitada.

Continuaram a caminhada. Já era quase noite e na rua o cheiro de comida era forte, o que fez com o estômago de Sarada de roncasse. Aquilo também a fez lembrar que ela sequer fora para casa desde que voltara da missão, então provavelmente estava bem suja.

— Mãe, - ela sussurrou, se aproximando de Sakura. – eu acho que vou para casa. Preciso relaxar um pouco e me limpar.

— Tudo bem, querida. Eu só vou acompanhar o Naruto até a sala do Hokage, depois vou embora também.

Sarada começou a se distanciar do grupo, se preparando para virar na próxima rua, desviando das pessoas, pois naquele horário aquele lugar ficava cheio de gente, principalmente alguns curiosos que viam o Hokage e queriam ficar olhando.

— Sarada-chan! – Boruto foi na sua direção. – Onde está indo?

— Hm, eu vou para casa.

— Não vai vim com a gente?

— Não, estou meio cansada. Vá junto com seu pai, amanhã nos encontramos para treinar jutsu shuriken com o Inojin, Shikadai e Chocho. Ouvi dizer que vão estar na colina treinando a formação.

Ele assentiu.

— Tudo bem, então.

— Boa sorte com Neji-san. – adicionou Sarada logo quando Boruto virava de costas. O garoto olhou para ela e sorriu, depois correu para alcançar Naruto, Neji e Sakura.

Boruto logo os alcançou novamente, e pareceu que ele sequer havia se separado em momento algum. Seu pai e Neji conversavam ainda sobre pessoas que Boruto mal conhecia ou conhecia por serem pais de algum amigo dele. Era estranha a forma como o Hokage estava falando tão animadamente e tão abertamente de tempos que para Boruto significavam apenas muitas páginas em livros que ele folheara na Academia. Vendo naquele momento, ele notava que aquilo era realidade. Pessoas haviam morrido e mudado naquela época, e seu pai era apenas mais um em milhares. Ele mudara o rumo de uma geração inteira, mas não fizera aquilo sozinho.

Logo em que chegaram na frente do prédio do Hokage, Boruto avistou Himawari, que esperava na porta. Seu cabelo curto do mesmo tom de Hinata e os olhos da cor do de Boruto, mas agora a diferença era que ela havia crescido e frequentava a Academia.

— Onii-chan! – ela gritou de longe. Hima veio correndo na direção deles. – Pai!

A menina se aproximou do grupo sorrindo, como sempre fazia e abraçou Boruto e o pai e cumprimentou Sakura como se ela fosse sua tia.

— Himawari, temos um convidado. – ele apontou para Neji. – Este é Neji, primo da mamãe.

Hima parecia claramente confusa com aquela declaração. Afinal de contas, mesmo depois que Boruto parara de ir visitar o túmulo dele junto com Hinata, ela continuou indo e, se a perguntassem, talvez ainda fosse. Neji deve ter sido um nome que sua irmã repetira com muito carinho na mente, ela não se esqueceria dele da mesma forma que Boruto fizera de forma tão leviana.

— Ele é o tio Neji?

Neji sorriu com aquela pergunta e assentiu com a cabeça, ainda sorrindo. Himawari deixou a confusão de lado. Ela não precisava de resposta do porque haviam acabado de apresenta-la um tio morto. A garota simplesmente não se importava, Neji era o tio Neji a quem seu nome homenageava. A razão de comprarem margaridas na floricultura Yamanaka todo ano.

— A mamãe está esperando lá em cima. – disse Himawari avisou.

Todos subiram sentindo o coração palpitar como um só. Sakura e Naruto sabiam o quanto Neji e Hinata eram importantes um para o outro, eles vivenciaram os dois primos – que mais eram irmãos – transformando a divisão das famílias secundárias e principais em igualdade e amor. Boruto não conhecia aquela história, mas já sabia que Neji morrera para sua mãe viver. Aquilo para ele era a maior prova de amor na sua opinião e mesmo sem saber de toda a história ele se sentia imensamente grato. Talvez, se não fosse por aquele homem próximo a Boruto, ele sequer existisse, Himawari também. Muita coisa seria diferente.

Estavam em frente à sala do Hokage naquele dia. Boruto tinha quase certeza que nunca fora tantas vezes na sala do pai quanto naquele dia.

— Pai, não acha melhor, não sei, explicar a situação para ela antes de entrar com o tio Neji? – Neji olhou para Boruto quando ele falou aquilo e então o rapaz percebeu que foi a primeira vez desde que se conheceram que ele chamava Neji de tio. Mesmo depois que as coisas ficaram esclarecidas quando ao parentesco que tinham. Boruto corou. Neji fez a mesma expressão que com Himawari, mas ele fingiu que não viu, apesar de aquilo tê-lo alegrado. Sua irmãzinha se aproximou cuidadosamente e segurou na sua mão e naquele momento ele se sentiu completo, como sempre se sentia quando Hima estava por perto. Ela tinha esse efeito nas pessoas.

— Boa ideia. Eu vou lá. Um momento.

Naruto foi porta adentro. Eles podiam ouvir o murmúrio abafado de conversa dos dois lá dentro e depois de alguns minutos o Hokage abriu a porta e pediu que entrassem. Himawari e Boruto foram na frente, Neji atrás deles.

Os olhos opacos de Hinata correram todos na sala, pararam rapidamente em Boruto e ele sentiu que ela avaliava se ele havia retornado bem da missão, apesar de sujo. Depois repousou em Neji. Os olhos de Hinata se arregalaram e sua boca se abriu levemente, a qual ela cobriu com as mãos.

— Onii-san? – sua voz soava fraca e baixa.

— Olá, Hinata-sama.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ♥



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