Nova Geração escrita por Ana


Capítulo 4
Acerto de contas


Notas iniciais do capítulo

Como sempre, espero que gostem! Se quiser fazer algum comentário adicional estarei no twitter - como sempre - como: @sasugoticqueen
amo vocês ♥



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Boruto ficou impressionado ao ver a mãe tão atônita. Em grande parte do tempo, Hinata era aquela mãe que conhecia seus filhos tão bem que nada que vinha deles a impressionava de tão bem que os conhecia, mas por ser gentil, fingia estar impressionada. Era sempre doce e carinhosa com todos ao seu redor, sem contar que, apesar de não demonstrar, sabiam que era extremamente forte. Naquele momento, Hinata parecia jovem e vulnerável, como seu filho nunca vira antes. De uma forma que o assustava ver.

Ela se aproximou do primo com a mesma lentidão que o Hokage quando o viu pela primeira vez. Como se houvesse o risco de Neji desaparecer se fossem feitos movimentos bruscos.

— O que aconteceu? – Hinata parecia perguntar para si mesma mais do que para os outros. – Eu não entendo... Neji-san? Como você está aqui? Faz... faz mais de... vinte anos.

— Ainda não temos nenhuma explicação, Hinata-sama. – a voz de Neji era suave na sala quieta. Boruto notou que era como se fosse a primeira vez que ele o via sem estar receoso com nada, nem inquieto por nada, nem sujo, nem aparentando confusão. O rapaz entendeu naquele momento o que sua mãe significava para Neji-san. Ela era a família dele, e agora Himawari e Boruto também eram.

A princesa do Byakugan estava frente à frente com Neji, pouco mais de um palmo os separava. Ela colocou a sua mão em seu rosto e então saíam lágrima de seus poderosos olhos. Um sorriso cortava seu belo rosto de porcelana. Hinata deu apenas mais um passo e ficando na ponta dos pés, abraçou o irmão deixando as lágrimas rolarem.

— É você mesmo, onii-chan! – sua voz saiu abafada, com seu rosto no ombro de Neji. – Você está de volta!

Os braços do Hyuuga desaparecido, que estavam imóveis ao lado do corpo, finalmente se moveram e retribuíram o abraço de Hinata. Ambos tinham os olhos fechados, sorrindo.

— Minha missão de protege-la pelo visto ainda não acabou, Hinata-sama. – ele sussurrou.

Eles se separaram e ela enxugou as lágrimas, fungando.

— Não comece essa tolice novamente, onii-chan. – protestou. – Antes apenas minhas palavras tentaram impedi-lo de seguir esse destino terrível do nosso clã, mas agora nem mesmo a marca da maldição o acompanha. Sua missão para com a família principal acabou com sua morte.

— Me sinto muito grato com isso, acredite, mas meu sangue jamais irá mudar o que uma marca não controla mais. Minha vida, mesmo após ter seu fim, ainda pertence a você, seu pai e agora seus filhos.

— Deixaremos essa conclusão para depois, sim? – Hinata mais uma vez enxugou as lágrimas que beiravam seus olhos. – Você precisa falar com meu pai e com o chefe do clã.

— Hiashi-san e Hanabi-sama?

Ela assentiu.

— A sede do clã mudou na última reforma, mas temos muitos quartos livres. Retornará para onde sempre pertenceu, onii-chan.

Naquela noite, Neji Hyuuga jantou na casa da família Uzumaki. Na ocasião, Hyuuga Hanabi, irmã de Hinata e líder do clã Hyuuga, fora convidada, assim o Hokage em pessoa a explicou a situação de Neji, que, de toda forma, não poderia ser do conhecimento de todos até que a investigação terminasse e eles concluíssem o que havia trazido Neji do mundo dos mortos. Ela compreendera a necessidade do sigilo e mesmo não tendo conhecido muito bem o primo quando ainda era vivo, respeitou o afeto da irmã e de seu marido com relação a ele. No fim, ficou combinado que conversariam com Hiashi, pai de Hinata e Hanabi e conselheiro, para conseguir um apartamento no clã. Rapidamente tudo foi providenciado, com a eficiência das palavras da família principal.

Durante toda a noite, a família de Naruto dormia, menos ele. Em meio a enorme confusão que se fizera durante o dia, ainda haviam muitas coisas para fazer, coisas que ele resolveu fazer em seu horário de descanso. Entre essas coisas, estava chamar Uchiha Sasuke, seu melhor amigo, de volta à Vila.

Ao ir dormir sem respostas, o Hokage esperava o retorno do seu companheiro de time no final do dia seguinte, se não antes. Ele esperava que antes.

— É oficial. – disse Boruto à Sarada assim que se encontraram no dia seguinte. – Sasuke-sensei está voltando.

— Como você tem tanta certeza?

— Eu vi a águia do meu pai saindo ontem de madrugada da janela dele. Ele só usa esse meio de comunicação arcaica com o tio Sasuke, já que ele não usa telefone quando fica em missão.

Sarada estava prestes a responder, mas então a voz de Chocho ressou logo atrás de si. Eles estavam numa avenida movimentada, cheia de pequenas lojas e restaurantes que cheiravam muito bem, mesmo àquela hora da manhã. Como esperado, sua amiga do clã Akimichi veio com um saco de salgados na mão, acompanhada de Inojin, futuro prodígio do clã Yamanaka. Sarada olhou ao redor, mas não achou Shikadai, filho de Shikamaru, do clã Nara. Desde que ela sabia, eram necessários os três para treinar a famosa e lendário formação Ino-Shika-Cho. Boruto parecia ter notado a mesma coisa.

— Cadê o Shikadai? – ele perguntou.

— Olá para você também, Boruto-san. – disse Cho. Depois ela se virou para Sarada. – Se vamos falar de ausência, cada o Mitsuki?

— Meu pai disse que ele está fazendo alguma missão pessoal para família dele. – Boruto respondeu como se a pergunta houvesse sido dirigida a ele.

Inojin encarou Boruto como se nunca tivesse passado pela mente dele que o outro membro do time deles tivesse família. Depois deu de ombros, como se notasse que aquilo realmente não era da sua conta.

— Mas e aí, - começou Inojin. – do que estavam falando?

— Nossa última missão. – disse Sarada. Ela tinha ideia, depois da conversa com Boruto no dia seguinte na sala de espera, que a situação em que colocariam o Hokage se o boato de que um morto andava pela vila seria crítica. Sabia que teria que manter sigilo e ser mais cautelosa ao conversar com Boruto sobre o assunto. – Nada demais.

— Nada demais? Vocês pareciam bem distraídos. Chamei seu nome mil vezes lá de longe. – reclamou Cho.

— Estava muito cheio. Não ouvi, desculpa, Cho-san.

Sua amiga dispensou as desculpas com um aceno informal de mãos. Eles começaram a andar enquanto conversavam.

— Mas vocês sabem porque o Shikadai anda sumido? – perguntou Boruto.

— Não tenho certeza. – começou Inojin. – Mas acho que ele está na Vila da Areia com Temari-sama, visitando os tios.

— O Kazekage? – Inojin assentiu. – Parece então que não treinarão a formação hoje.

— Nem me lembre! – disse Inojin, bufando. – Minha mãe fica reclamando que temos que treinar cada vez mais as técnicas do clã, mas se um de nós não estiver a formação toda se desmancha. Nada contra as constantes viagens do Shikadai, apoio que ele veja os tios de fora sempre que pode, mas a ausência dele pesa.

— Veja vocês, por exemplo. – Cho apontou para Boruto e Sarada e automaticamente ambos coraram de forma estranha. Ela ignorou o ocorrido, fazendo uma anotação mental de comentar com Sarada depois, e continuou falando. – Mitsuki viajou para uma missão particular e vocês foram em outra num time provisório. Ninguém saiu perdendo.

— Mas vocês ainda podem ir em outras missões em times provisórios. – Sarada retrucou.

— É, até podemos, mas nosso poder de fogo diminui muito. Muitos golpes que não podem ser usados quando um de nós se ausenta.

— Então o que vocês vão fazer? – perguntou Boruto. – Eu e a Sarada-chan vamos treinar o jutsu shuriken dela e o meu clone das sombras trabalhando em conjunto.

Inojin e Chocho se olharam, como se estivessem tentando pensar em algo para fazer. No fim, Cho suspirou e Inojin desviou os olhos.

— Eu vou comprar um lanche e levo para o local de treinamento. A gente almoça na beira do lago, que tal?

— Por mim tudo bem... – concordou Boruto. Sarada deu ombros. – Certo, então vamos. Vemos vocês dois lá.

Neji conhecera noite passada seu novo lar. Era um apartamento pequeno, com um banheiro simples e uma cama de solteiro. Não que ele estivesse reclamando, mas era estranho ver tudo aquilo. O lugar para qual voltaria ao fim do dia era bem diferente do que estava acostumado.

O rapaz estava distraído pensando no que havia passado e acariciava o local que se lembrava de tê-lo atingido. O lugar que o matou e agora não havia sequer uma cicatriz ou mesmo uma elevação na pele. Nada que indicasse que houvesse morrido e voltado.

Desde que encontrara o grupo que o havia resgatado Neji sentia uma sensação estranha. Como se algo estivesse fora do lugar, fora dos eixos. Sua presença ali era errada e ele sabia daquilo mesmo sem aquela sensação no peito.

Ele se sobressaltou quando ouviu batidas na porta. Deixando de lado seus pensamentos conflitantes, foi atender. Ao abrir a porta, viu Hinata-sama parada na sua soleira. Ela sorria, da mesma forma que quando eram adolescentes: com doçura e suavidade. Tudo nela era calmo e pacífico, mas Neji sabia que por baixo daquela calmaria toda havia uma pessoa poderosa e disposta a lutar e era aquilo que mais o encantava na prima. Muitas vezes, Hinata era o que o fazia ver que talvez dar a vida para proteger a família não fosse o pior dos destinos. Tanto é que aconteceu o que aconteceu.

— Hinata-sama. – disse Neji como uma forma de comprimento.

— Onii-san. Desculpa vir sem avisar, mas queria conversar com você.

Ela tirou seus sapatos e entrou no pequeno apartamento, no qual seu primo não movera nem uma palha desde que chegara a não ser na cama. Até mesmo a poeira ainda repousava na mesa.

— Vejo que Hanabi conseguiu um lugar bom. – disse Hinata, observando ao redor. – Fico feliz que esteja bem acomodado.

— Eu também. Apesar da minha estadia aqui ainda me causar estranheza, logo me acostumo.

— Qualquer coisa é só me pedir. Sabe onde eu moro agora, não sabe? Sem contar que Boruto vive por aí, mande recado por ele.

Neji sorriu, agradecido com a gentileza.

— Mas então, o que a trouxe? Algum assunto em particular?

— Queria falar com você algo rápido, mas que não poderia ser discutido por telefone.

— E o que seria?

— Seu time.

Ele se sobressaltou de repente. Quando ainda estava vivo – antes, no caso – e não tinha com quem conversar, Neji conversava com Hinata. Ela gostava de ouvi-lo. Ele falava sobre seu sensei, Rock Lee e suas frescuras. Tenten.

Especialmente Tenten.

— E o que tem ele? Pensei que minha existência por enquanto devesse ser mantida em sigilo.

— Sim, dos nossos colegas, mas não do seu time. Lee, Gai e Tenten sofreram tanto quando você morreu. Assim como eu, eles merecem saber que ainda está vivo, Neji-san.

— O Hokage não vai se incomodar? Que eu saiba se meu estado se espalhar o caos vem junto.

— Nada que venha de você causa caos, onii-san. Tenten vai ficar feliz em vê-lo, que eu saiba as coisas entre vocês ainda estão mal resolvidas.

— É, porque afinal de contas, eu morri. E nem namorávamos oficialmente.

— Então, foi um término e tanto. – ressaltou Hinata. – Lee vai ficar tão feliz em ver você!

Neji sentou em uma pequena almofada que havia no canto do cômodo e Hinata o seguiu, sentando ao seu lado.

— O que aconteceu com eles, afinal de contas? – ele perguntou. – Foram 20 anos, acho que o time Gai não está na mesma.

— Bem, Rock Lee teve um filho. Metal.

— O Rock Lee casou? – Neji parecia genuinamente surpreso. Hinata assentiu. – Eu não esperava por essa.

Hinata fez uma leve careta.

— Bem, ele casou, mas é viúvo. Lee e Uremi tiveram uma história de amor bem bonita, mas ela tinha um físico muito fraco, nem tinha treinamento Ninja. Por causa disso ela não suportou o parto. Felizmente, Metal sobreviveu. Tenten ajudou seu companheiro de time a cria-lo.

Neji pensou nas palavras da prima. “Eles tiveram uma história de amor bem bonita”, ela dissera, pouco antes de dizer que a mulher havia morrido, deixando um filho. Será que quando Tenten lembrava dele pensava o mesmo? Que eles tiveram algo belo e simples? Ele ainda não gostava de pensar naquele assunto, então deixou para se remoer com aquilo depois.

— Mas e o Gai-sensei? – perguntou Neji mudando de assunto. – Ele ainda faz aqueles treinamentos absurdos?

— Bem, essa é outra questão. Depois que você morreu, Obito foi derrotado, mas logo o próprio Madara tomou seu lugar como jinchuuriki da juubi. Na ocasião, Gai tentou lutar contra ele e quase venceu, mas para isso ele abriu o oitavo portão, o portão da morte.

— Mas ninguém sobrevive a ele! Gai-sensei morreu também?

Hinata fez que não com a cabeça.

— Paralelo a isso, Naruto recebeu um poder especial do Sábio dos Seis Caminhos e conseguiu salvar sua vida, mas Gai nunca mais voltará a andar. Ele perdeu os movimentos da cintura para cima.

— Bem, menos mau.

Ambos ficaram em silêncio. Neji ia abrir a boca para fazer mais uma pergunta, mas logo de cara Hinata soube de sua dúvida e o cortou.

— Não vou dizer como ela está. Faça uma visita, seja corajoso. Ou então ficará sem saber o que aconteceu com Tenten para o resto da sua vida.

Ele ficou em silêncio.

— Quer que alguém vá com você? Não acho que seja apropriado, mas se for necessário...

— Não precisa. Eu sei que devo fazer isso sozinho.

Hinata sorriu de uma forma que ela esperava que o encorajasse, e chegou bem perto disso, mas a única coisa que ele visualizava era o rosto de Tenten. Será que ela havia mudado? Como será que havia resolvido a própria vida?

E a pergunta que mais o perturbava: será que sua companheira de time havia casado?

De alguma forma sua prima já havia imaginado que ele iria acabar cedendo a seu encorajamento. Já havia pesquisado o endereço o qual ele deveria ir e providenciara uma rota que Neji poderia seguir sem que fosse visto por muita gente, nem que ninguém o reconhecesse.

Ele se encaminhava lentamente até o local e quando finalmente chegara desejou ter pego um caminho mais longo. Examinou a casa de fora. Não era bem uma casa, era um pequeno prédio, de apenas três andares, branco e que tinha uma escada de madeira na lateral que descascava um pouco. No térreo havia uma loja de armas que estava fechada, e subir à escada parecia dar em dois apartamentos, um no primeiro e outro no segundo andar. A velha escada não alcançava o terceiro andar, então ele imaginou que o segundo fosse ligado ao terceiro por dentro.

Neji olhou novamente o papel. Ao lado da rua e do número do edifício, havia um número singular do lado. Dois. Ele supôs que fosse segundo andar então. Não que houvesse nada a perder se estivesse errado, nesse caso o rapaz só voltaria para casa e diria à Hinata que não havia encontrado o endereço certo.

Com cuidado, Neji subiu às escadas, um rangido diferente a cada passo. Depois de dois lances, ele ficou frente à frente com uma porta de madeira antiga e um tapete vermelho com o símbolo do fogo, representando o país, e de certa forma o clã de Tenten, na frente. Talvez estivesse no lugar certo então.

Neji não sentira tamanho receio nem no momento em que anunciaram que a Quarta Grande Guerra Ninja estava prestes a eclodir. Com mais cuidado do que quando havia subido às velhas escadas, ele bateu na porta. Cinco batidas.

Ele ouviu o som de algo caindo no chão, não parecia que havia quebrado, mas algo como uma dúzia de pergaminhos. Se concentrasse os ouvidos Neji podia mesmo ouvir alguns resmungos. Sim, ele certamente estava no lugar certo.

— Já vai! – a voz feminina gritou do outro lado. O rapaz não respondeu, obviamente. Neji ouviu os passos ecoando no que parecia ser um piso de madeira e então a chave rodava na porta a sua frente. Então, a corrente.

Quando a porta abrisse, Neji estava pronto para muitas reações. Nesse ponto, Tenten era um tanto imprevisível, mas ele não esperava aquilo. Não.

Ele mal teve tempo de ver seu rosto claramente, quando um grito estridente cortou o local e a porta bateu com força.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo :)



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