Nova Geração escrita por Ana


Capítulo 2
Neji Hyuuga


Notas iniciais do capítulo

Pode conter spoilers do episódio 364/ 365 de Naruto Shipuuden



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— Ele definitivamente é seu parente. – sussurrou Noriko para Boruto, se aproximando dele.

Sarada se juntou aos dois depois de terminar de enfaixar as duas pernas do homem, deixando Mirai com Neji.

— E aí, o que aconteceu com ele? – perguntou Boruto, inquieto.

Sarada estava perturbada com o que havia acabado de tratar. Os tornozelos de Neji estavam fracos e finos, com cortes grandes nas laterais.

— É como se ele tivesse passado anos sem se mover e de repente resolvesse lutar contra algo com garras. – disse ela. – É incrível que ele tenha conseguido andar no estado em que se encontrava. Só não faço ideia onde ele conseguiu aqueles cortes.

— A Mirai-senpai já sabe disso?

— Ela quer começar fazendo interrogatório simples. – disse Sarada.

— Não faz sentido ele ser do clã Hyuuga, chackra volumoso e desaparecido e nós nunca termos ouvido falar nele. – concluiu Noriko.

— Eu acho que já ouvi o nome dele em algum lugar, quando eu era criança, mas eu não tenho certeza. Himawari de vez em quando falava nisso. – comentou Boruto. Ele parecia cada vez mais incomodado por ter esquecido do seu provável parente distante.

— Apesar de não o conhecermos, ele parecia nos reconhecer de alguma forma.

— Não é possível. – disse Sarada, pensativa. – Nunca ouvi o nome Neji na minha vida. Não que eu me lembre.

— Esse nome, pensando agora, não me é estranho. – Noriko se esforçava, assim como Boruto, para tentar lembrar de algo que os ajudasse.

Sarada ainda pensava no estado do homem. Parecia que havia comido pela última vez fazia tempo e, como ela havia dito, os músculos estavam um tanto atrofiados. Ele certamente era forte, mas naquela situação, mais um dia naquela caverna escura o mataria.

Ela se aproximou de Mirai para pedir que não pegasse pesado com ele, mas quando chegou, ela já havia terminado as perguntas e apenas o olhava.

— Mirai-sensei, eu acho que devemos abandonar a missão e voltar a vila. – comentou Sarada. – O estado dele não é dos melhores, um ninja médico formado deveria vê-lo.

Mirai se virou na direção de Neji.

— Entende que deve retornar a Konoha, certo?

Ele apenas assentiu, mas mesmo aquele movimento pareceu fraco e cansado.

— São dois dias de viajem, Sarada-chan, acha que ele está em condição?

— Eu estou bem. – respondeu Neji, antes que Sarada o fizesse. Ela o olhou, impressionada com a firmeza de sua voz num estado daqueles.

— Desculpa discordar, mas não acho que esteja. É admirável que consiga andar.

Neji abaixou a cabeça como se mantê-la esticada fosse esforço demais.

— Mirai-sensei, acho que deveríamos partir imediatamente. Eu não sei se é recomendável dar comida sólida a ele, precisamos leva-lo a um hospital já.

— A Aldeia da Areia fica a dois dias e meio correndo, a Folha fica a um e meio. – Mirai encarou Neji, que parecia ter dormido. – Ele não parece bom para correr.

— E se o carregássemos?

— Ele é certamente adulto, mas alega não saber a própria idade. Não acho que nenhum de nós consiga carrega-lo e ainda manter o ritmo.

Sarada ficou pensativa por um momento. Ela olhou ao redor e viu que mesmo com tudo o que havia acontecido não haviam se passado sequer vinte minutos. Ainda era manhã cedo e de dia era o melhor horário para viajar.

— Talvez se partirmos agora e continuarmos na caminhada cheguemos amanhã no fim da tarde. – concluiu Sarada. – Eu, Boruto e Noriko podemos revezar em apoiá-lo.

— Certo. – Mirai suspirou com cansaço. – Não acredito que achamos um Hyuuga perdido no meio de uma missão de reconhecimento.

As duas foram andando lado a lado, deixando Neji descansando enquanto terminavam de arrumar as coisas e conversavam.

Os quatro fizeram um círculo na sombra de uma árvore em frente as pedras onde seu objeto de estudo descansava.

— Ele disse mais alguma coisa? – perguntou Boruto, sendo o primeiro a falar.

— A única coisa que bate com meus conhecimentos é que ele certamente é do clã Hyuuga. Se ele fosse da família principal eu provavelmente saberia quem é ele, mas ele não tem a marca na testa da família secundária. É muito esquisito. – disse Mirai-sensei. – É como se ele estivesse começando do zero.

 - Ele havia me falado que era de algo chamado Forças Aliadas. – comentou Noriko.

Mirai concordou.

— Forças Aliadas foi uma aliança entre as cinco vilas e os cinco kages para lutar numa guerra. Nossos pais tinham a nossa idade na época. – disse Boruto. – Todo mundo fica falando que meu pai foi um ícone dessa luta, por isso eu sei.

— Sabe mais alguma coisa sobre isso?

— Sei que muita gente morreu e que foi uma das batalhas mais complexas já lutadas em toda a história ninja. Desde então as cinco vilas são aliadas.

— É como se ele achasse que ainda está na guerra. – disse Noriko.

— Como ele ainda acha isso se essa guerra acabou há mais de vinte anos? – indagou Sarada.

Todos deram de ombros. Boruto deu um risinho.

— Talvez ele esteja com amnésia.

— Não brinque com isso. Se esse homem realmente tiver amnés... – Sarada foi interrompida.

— Um instante. – Noriko pediu. – Se esse Neji era poderoso e lutou junto com as Forças Aliadas, isso quer dizer que ele talvez conheça os pais de vocês, certo? Sakura-senpai, talvez?

— Todo mundo conhecia o meu pai. – comentou Boruto.

— Acho que vale tentar. De toda forma, sua mãe deve conhece-lo, não é, Boruto? Se ambos são tecnicamente do mesmo clã. – perguntou Sarada.

— Hm... É. Talvez.

Todos mantiveram em mente que quando chegassem a Vila conseguiriam mais respostas, principalmente quando finalmente falassem com o Hokage e com um médico formado. Aproximadamente meia hora depois, eles começaram a viajar, mantendo um Neji quase inconsciente nos braços, a partir daí sendo necessárias duas pessoas para erguê-lo. Mirai ia em frente, abrindo caminho e Sarada e Boruto mantinham os braços de Neji em seus ombros. Noriko mantinha a guarda pela traseira, usando seu controle sensorial para ver se ninguém se aproximava e, quando alguém vinha, ela lidava com a situação. Foi uma ação em equipe realmente apreciável.

Quando pararam para descansar quase de madrugada, Sarada mal sentia seus ombros e ficou combinado que no outro dia quem ajudaria Boruto seria Noriko. Estavam todos tão cansados que adormeceram assim que se alimentaram.

Já no outro dia de manhã, Sarada ficou encarregada de checar o estado de Neji e ver se havia alguma melhoria no seu estado.

Ela se aproximou dele com cuidado, pois toda a vez que o olhava ele parecia um animal feroz em um beco sem saída. Sarada sentia o intuito de ajuda-lo, mas não sabia se seria mordida no processo.

— Bom dia. – ela o cumprimentou, um tanto envergonhada. No outro dia ela não se sentira dessa forma, porque aquela besteira naquele momento? Ele era um paciente como qualquer outro e ela estava encarregada de atende-lo. Se fosse ficar sem graça toda a vez que fosse tratar alguém, sua habilidade médica ia se tornar inútil.

Sarada se sentiu encorajada quando Neji deu um suave sorriso. Ela sentou ao seu lado e pediu seu braço, que ele esticou com cautela, para que medisse sua pulsação.

— Você parece bem mais forte. – Sarada comentou. – É impressionante como você ganhou peso rapidamente.

— Obrigado, eu acho. – depois que ela soltou seu braço, ele apoiou a mão na testa, como se sentisse algo de diferente em si mesmo. Como se sentisse que estava perdido. – Seu nome é Sarada Uchiha, certo?

Ela assentiu, desenrolando as bandagens da perna dele cuidadosamente.

— Você tem algum parentesco com Sasuke Uchiha?

Toda a concentração que ela havia empenhado enquanto fazia seu trabalho foi por água abaixo quando ouvia o nome do seu pai. Um pai que, a propósito, Sarada não via há muitos anos. Aquele sempre fora um assunto muito delicado para ela, principalmente depois dos problemas que se passaram quando ela o conheceu e quando a relação sanguínea dela e de sua mãe foram colocadas a prova, mas tudo havia se resolvido. Tudo havia ficado bem, até mesmo quando Sasuke partira de novo, depois de se despedir de forma bem satisfatória da filha. Um abraço que ela recebera que a reconfortava quando estava sozinho. Sarada as vezes ficava pensando quando receberia outro daqueles, mas não se importava muito. Seus devaneios eram baseados no retorno de seu pai. Seu maior desejo. Então ele realmente voltou. Na sua prova chuunin, pegando Boruto para se tornar seu mestre, mas depois de um tempo de treinamento – que foram mais valiosos para Sarada do que para Boruto em si, pois ela tinha o pai em casa – ele fora embora novamente. Isso havia sido há dois anos atrás.

Sarada retornou ao mundo real, deixando seus pensamentos onde deveriam ficar: na sua cabeça.

— Sim. – com plena curiosidade ela perguntou: - Você o conhecia?

Ele pareceu receoso em responder, como se houvesse um grande segredo que não podia ser revelado, algo que realmente faria diferença na vida dela com relação ao seu pai.

No fim ele apenas disse um “sim” fraco e ela continuou a retirar as bandagens de sua perna com concentração renovada.

O que Sarada esperava realmente não aconteceu. Ela passara a noite receosa de que os cortes nas pernas de Neji infeccionassem ao longo do trajeto e que sua situação piorasse no dia seguinte, mas tudo estava bem. Sua perna pálida não possuía sequer uma cicatriz. Se não houvesse um pano com sangue seco em suas mãos, jamais diria que aquele homem tivesse realmente se machucado em algum momento.

Os seus músculos, quase totalmente atrofiados no dia anterior, estavam no estado de quem jamais houvesse saído da ativa. Depois de checar seu rosto por alguns segundos – um rosto preocupado com um par de olhos grandes e opacos – ela notou que as suas bochechas, que antes estavam afundadas de magreza, agora estavam cheias e altas, como se nunca houvesse passado fome.

— O que foi, algo errado? – ele perguntou, franzindo as sobrancelhas.

— Hm... Não sei dizer. Não tecnicamente. – depois que as palavras saíram de sua boca Sarada notou que elas não haviam feito sentido algum, então refez sua frase: - Você está totalmente curado. Não sei como, mas parece que você nunca esteve ferido.

Sarada ainda estava confusa quando sentiu Mirai se aproximando por trás, talvez para checar a troca das bandagens.

— Veja, - Sarada disse. – ele está completamente novo em folha.

— O que poderia explicar isso?

— O Hokage tem cura quase instantânea, mas sabemos que a situação dele é bem diferente. Talvez um metabolismo super-acelerado, mas isso exigiria que ele comesse mais do que oferecemos. Tem a opção de um tratamento milagroso, mas meu jutsu médico simples está longe de fazer milagres.

— Isso quer dizer, sem respostas, então.

Sarada assentiu.

— Você consegue andar? – perguntou Mirai.

Neji encarou as próprias pernas como se não estivesse familiarizado com elas. Sarada ofereceu suas mãos para que ele as segurasse e usasse de apoio para levantar, mas ele as dispensou com um aceno e se apoiou na árvore atrás de si.

As duas se distanciaram para dar mais espaço a ele. Suas pernas bamboleavam, mas depois de algumas tentativas, ambas se firmaram, como se se acostumassem com a gravidade. Neji se posicionou ereto e alongou os braços, então deu um passo para frente. Dois. E então ele andava normalmente.

— Acho que conseguiremos chegar mais rapidamente agora. – ele comentou. – Não sei se sou capaz de correr, mas acho que não serei mais um peso nos atrasando.

Noriko apareceu da mata de repente e, ao ver Neji andando, deu algumas palmas e Boruto logo veio atrás, curioso. Seu rosto demonstrava total confusão, mas mesmo assim ele sorriu, cruzando os braços.

— Voltaram finalmente. – comentou Mirai. Sarada olhou para os dois por um momento longo demais, mas seus olhos retornaram para Neji quando ela corou.

— Pelo visto alguém se curou milagrosamente. – disse Boruto e depois adicionou: – Achamos uma pequena construção abandonada e checamos. Não havia ninguém, nem mantimentos.

— Uma construção?

— Nada demais. – garantiu Noriko. – Cheia de mato.

Mirai-senpai deu de ombros. Agora, com Neji parcialmente curado, podiam ir numa velocidade maior em direção a vila, cuidando para não forçar a “cura milagrosa”. Sarada não parava de pensar no quão rápido ele havia se curado. Aquilo não saia da sua cabeça.

Enquanto seguiam viajem, Neji se mostrou bem ansioso para retornar à vila, andando tão apressadamente quanto sua situação autorizasse. Parecia bem irritado que seu corpo o impusesse limites tão avantajados, mas aos poucos melhorava visivelmente.

Boruto parecia ansioso para fazer um questionário completo para Neji, então se posicionou ao lado dele e esperou por uma brecha enquanto andavam. Depois de um tempo, ficou claro que o mais interessado para fazer perguntas era o próprio Neji, que ainda parecia bem deslocado e perdido, apesar de ter recuperado a saúde física.

— Como vocês encontraram aquela caverna, de onde me tiraram? – perguntou, meio sem jeito.

— Foi uma missão. – explicou Noriko, que vinha ao lado de Sarada. – O Sétimo pediu que fôssemos checar o local, porque exalava chackra. Pelo que sabemos até agora, a quantidade de chackra que saia de lá era quase equivalente à sua, então ficamos em dúvida.

— Sétimo?

— Sim, o Sétimo Hokage.

Neji pareceu ter levado uma bofetada na cara. Ele empalideceu e então franziu as sobrancelhas – algo que ele fazia muito pelo visto -, como se estivesse pensando em algo extremamente importante.

— Como você foi parar ali, falando nisso? – perguntou Boruto.

Neji encarou o nada por um tempo, como se estivesse considerando a questão.

— Eu... realmente não sei.

— Se você não lembra, talvez ajude pensar na sua memória mais recente antes de nos encontrar. Do que você lembra? – Sarada tentou ajudar.

Mais uma vez ele fez um rosto pensativo e então sua mão repousou no próprio peito, como se seu coração doesse de repente.

— Eu lembro de ser atingido. – ele apontou para o próprio tórax. – Aqui.

Todos ficaram confusos. Ele não parecia machucado no peito, sim na perna quando o viram. O que havia acontecido com aquele homem, afinal de contas?

Boruto deu de ombros, como se a informação não fosse nem um pouco desconexa.

— Alguma coisa mais?

— Eu... Eu estava tentando salvar minha prima. – ele continuou. – Ela ia ser atingida. Eu me joguei na frente e... e então tudo escureceu. Um tempo depois eu acordei naquele lugar escuro e úmido, sem conseguir me mexer e sozinho.

— Sabe há quanto tempo foi isso mais ou menos? – perguntou Noriko.

— Pareceu uma questão de dias. Meses talvez, já que o ferimento que eu tinha no peito tinha se curado.

Mirai continuava a frente, mas ao contrário de antes, agora ela estava atenta a conversa dos quatro.

— E você lembra como conseguiu os ferimentos na perna? – Sarada quis saber.

— Não realmente. É como se a parte em que eu me machuco fica... borrada. Opaco. Como ver a própria lembrança por um vidro espelhado.

Todos ficaram em silêncio por alguns instantes. Os únicos sons que podiam ser ouvidos eram os passos quebrando galhos na estrada e a respiração ofegante de Neji. O vento soprou o cabelo de todos, mas o de Neji se sobressaiu sobre o dos outros. Até mesmo o de Sarada e Noriko, que eram longos, não superavam o dele. Eram leves e lisos sendo levados pelo vento.

— Ainda falta muito para chegarmos? – perguntou Boruto depois de alguns minutos.

Mirai olhou para o céu, que exibia exuberantes tons de laranja e azul ao fundo, indicando o fim do dia.

— Andamos até tarde ontem. Acho que não estamos muito longe. – ela respondeu por fim. Todos assentiram, aliviados que já estavam chegando novamente em casa. Ansiavam por descanso, mesmo que a missão tivesse sido tão curta e sem lutas.

Neji olhou para frente, além de Mirai, como se visualizasse Konoha logo a sua frente e, junto com sua imaginação, a ânsia de voltar para casa aumentava. Ficaram em silêncio observando o pôr-do-sol pela copa das árvores enquanto andavam até que finalmente chegassem ao destino final, onde muitos esperavam para recebe-los.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem! Tentarei colocar no mínimo um capítulo por semana!



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