Meu Jeito escrita por Palas Silvermist


Capítulo 4
Capítulo 4 - Visita e Lembranças




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Conforme o previsto, o senhor Evans chegou naquela noite. Estava um pouco abatido, é verdade, mas quem falasse com ele pensaria se tratar de nada mais grave do que uma pequena indisposição. Sua conversa era agradável e bem humorada como sempre.

Ele tinha um aspecto simpático. Seus olhos eram de um verde intenso; seus cabelos, outrora ruivos, estavam agora brancos. Tê-lo em casa, apesar das circunstâncias, era um gosto para todos que ali estavam.

Foi decidido que Débora também ficaria aos cuidados de Lílian e Felipe durante a semana. Sarah, a mãe dela, pensava em como fazer para não deixar a filha sozinha sem atrapalhar os sobrinhos. Todos os anos ela passava um tempo na casa de seu cunhado, Matheus, mas naquela situação…

No entanto, os três primos foram muito enfáticos ao dizer que queriam ficar juntos. Os dois mais velhos estudavam longe e eram as férias o único período em que podiam se encontrar. Assim, com a concordância de Helena, Matheus, Sarah e Paulo (os pais), ficou arranjado que a garota iria para casa apenas nos fins de semana.

No quarto dia da estadia de Debbie, a menina novamente pedia a prima que lhe contasse uma história antes de dormir.

—Debbie, essa já é a quarta noite que me pede histórias originais. Quem pensa que eu sou? Sherazade?

—Quem é essa?

—Você não conhece? Ótimo, vai conhecer hoje.

Lílian foi até a prateleira e pegou uma versão de “Mil e uma noites”. Como tivesse o hábito de ler e reler várias vezes cada livro, ela conhecia grandes trechos décor, de forma que não precisava realmente ler. Isso lhe dava certa liberdade, o que ela aproveitava com grande habilidade. Mexia com o rosto e com a voz, gesticulava.

Parecia viver a trama tão intensamente quanto as personagens. Talvez não soubesse, mas conseguia prender a atenção de seus ouvintes facilmente.

… … … … … … … … … … … … … …

Poucos dias depois, chegou a data da cirurgia que tirava o sono da família. Petúnia e a mãe precisaram trabalhar e Matheus acompanhara o pai de Felipe ao hospital.

Logo no começo da tarde, a campainha tocou anunciando uma boa surpresa. Alice, Maia e Ana estavam ali para visitar a amiga e foram recebidas com muito entusiasmo por ela.

Diana White, ou Ana como preferia ser chamada, era baixa (da mesma altura de Lily), tinha olhos castanho claro. Os cabelos, castanhos com reflexos loiros, eram lisos e desciam até os ombros. Era um pouco gordinha, míope e tinha um rosto muito simpático.

—Lily, o chão da sua casa é reforçado? – Ana perguntou parada do lado de fora da porta

—Por quê?

—Pra ter certeza que não vai afundar quando eu entrar. – ela riu

—Ana, deixa de ser boba. – A ruiva a puxou para dentro.

Por ser ainda criança e haver o risco de não conseguir guardar muito bem o segredo, Debbie nada sabia sobre Hogwarts, varinhas ou caldeirões. Só o que ela sabia – porque era um pouco difícil de esconder – era que a prima tinha um animal meio exótico, uma coruja, como bicho de estimação. Então, para que as quatro pudessem conversar mais à vontade, Felipe saiu com a menina para “tomar um sorvete”.

Acomodadas no quarto de Lily, elas se divertiam como se estivessem aproveitando o tempo livre no dormitório do castelo.

—Lice, eu estava arrumando umas coisas esses dias e olha o que eu achei.

—Uau, você guardou isso? A gente trocou esse bilhete em uma aula de Runas Antigas no meio do quinto ano.

As duas começaram uma breve encenação do que estava escrito:

Alice: Vou matar o Tiago.

Lílian: Momentinho, trocando o “Tiago” por “Potter”, essa fala não é minha?

Alice: Peguei emprestado.

Lílian: Qual o problema?

Alice: Aquele filhote de hipógrifo enfeitiçou a minha badeteria.

Lílian: Sua o quê??

Alice: Bateredia, bateira…

Lílian: Batedeira?

Alice: É, isso. Ótimo, já não me bastasse o que aconteceu, eu ainda preciso de horas extras de estudo pra, pelo menos, aprender o nome dessa coisa. Pelo visto, o professor não me achou uma incompetente só por culpa do Tiago…

Lílian: Lice, calma. Afinal o que aconteceu?

Alice: Hoje, na aula de Estudos dos Trouxas, a gente tinha que mostrar como funciona um eletro… eletrodoméstico (é isso?) e o meu querido amigo enfeitiçou o meu achando que era o de um sonserino. Ele precisa aumentar o grau daqueles óculos.

Lílian: Tem um sonserino na classe de Estudos dos Trouxas? Mas eles vivem enchendo a minha paciência porque sou filha de trouxas.

Alice: Vai entender… Ahhh, agora eu tenho lição extra. Eu vou matá-lo já tinha coisas de mais pra fazer.

Lílian: Ai, Merlin. Ele acabou de olhar pra mim e arrepiar os cabelos. Ele não cansa?

Alice: De chamar a sua atenção? Não.

Lílian: Infelizmente.

—Eu me lembro desse dia. – falou Ana – Lice chegou ao dormitório parecendo um explosivim com dor de dente.

—É. E modéstia à parte, foi minha a idéia que foi usada contra um dos Marotos, o grupo mais encrenqueiro de Hogwarts. – gabou-se Maia

—Ah, nem foi tão maldade assim. – riu Lily

—Depois do que você fez, não. – comentou Ana

—Meninas, eu fiquei muito emocionada aquele dia. – Lice fingiu enxugar lágrimas – Só eu fui prejudicada pela brincadeira insensata e todas vocês se moveram pra me ajudar.

—Lice, quer ajuda com a lição extra? – perguntou Ana que tinha a mãe trouxa

 

A amiga fez uma expressão de desânimo.

—Hei, acho que tive uma idéia. – falou Maia entusiasmada – Você não vai precisar esganar ninguém.

—É, qual? – Alice levantou um pouco a cabeça

—Venham vocês duas comigo pra biblioteca. – ela levantou

—Biblioteca? – Ana se espantou – Isso deve ser influência da Lily.

—O que tem eu? – falou a própria entrando no dormitório – Ei, aonde vocês vão?

—Vem você com a gente também. – Maia falou puxando a ruiva escada a baixo

—Ótimo, a poção não demora pra ficar pronta. O que achou, Lice? – perguntou Maia

—É, - Alice sorriu – vai ser interessante.

Na manhã do dia seguinte, à porta do dormitório feminino…

—Ele deve estar lá embaixo esperando o Sirius. Vou até lá.

—Lice, quer que eu faça isso?

—Por que, Lily? – perguntou Ana

—Bom, os Marotos aprontam entre si e estão sempre revidando entre si também. A Lice é amiga deles, então Potter pode querer “se vingar” – ela fez um sinal de aspas com a mão – mesmo que seja algo mais… brando.

—Faz sentido. – Maia concordou

—E eu tenho uma carta na manga.

—Ah, está bem. – Alice entregou a ela a poção

—A propósito, isto é pra você. – Lily entregou a ela um pequeno vidro com um líquido marrom

—O que é isso?

—Hum, eu tomei a liberdade de acrescentar uma coisa na idéia da Maia. Com isso ele vai ficar meio que na sua mão. Vai descobrir o que é já, já.

Lílian desceu na ponta dos pés, as outras três ficaram no topo da escada para ouvir o que aconteceria.

Por sorte, o Salão Comunal estava vazio. A “vítima” estava sentada em uma poltrona próxima à lareira e de costas para ela. A garota caminhava em direção a ele sem fazer barulho e abrindo um frasco.

—Bom dia, Potter. – falou enquanto derramava o conteúdo nos cabelos dele

—Bom dia, Li… ei, o que é isso?

Surpreso com a voz doce que ela usara para cumprimentá-lo e pelo fato de que ela tomara a iniciativa de dar-lhe ‘bom dia’, ele demorou alguns segundos para perceber algo frio em sua cabeça.

—Ah, nada. – ela falou com uma falsa voz inocente e usando um pente para repartir os cabelos dele ao meio.

—Lily, o que é isso?

—Nada de mais. Só uma poção para “domar cabelos rebeldes”.

Ele levantou. A diferença de uns quinze centímetros de altura entre eles ficou bem visível.

—O que??

—Tem mais: o efeito dura vinte e quatro horas e não adianta lavar os cabelos.

—E… Sabia que eu posso querer revanche?

—Não vai ter revanche. – ela disse calma

—Duvida?

—Não vai ter revanche. Sabe por quê?

—Não. Por quê? – Tiago cruzou os braços

—Porque tenho uma amiga monitora que pode te dar uma detenção de presente. E principalmente – ela acrescentou ao ver a cara de pouco caso que ele fez – não vai ter revanche porque você ainda quer sair comigo e não quer perder qualquer chance que pensa ter.

Como Tiago não dissesse nada, ela encaminhou-se para o retrato dizendo:

—Tenha um bom dia.

—Como eu vou pra aula assim? – a voz dele era “sofrida”

Lily voltou-se para ele com um meio sorriso.

—Ok, eu não vou ser tão má. No alto daquelas escadas, - ela apontou para o dormitório feminino – nas quais você não pode por as patas, aliás, tem uma poção que corta o efeito dessa que está no seu cabelo. Por acaso ela está na mão de uma garota de cabelos claros… qual é mesmo o nome dela… ah, Alice.

Tiago fez uma careta ao lembrar do ocorrido do dia anterior e, finalmente, entendendo o que estava acontecendo.

—Se você conseguir convencê-la… Se bem que você ficou uma graça com esse novo penteado.

—Acha mesmo? – ele não perdia a oportunidade de dar um sorriso galante para ela.

—Bom, entre você e Severo Snape eu escolheria… Severo.

—Também não precisa abaixar o nível.

Ela riu.

—Bom dia, Evans. – Sirius descera – Hum… Pontas, do que você está fantasiado?

—Lily, será que você podia chamar a Lice pra mim? – ele voltara à sua voz sofrida

Mesmo não tendo grande idéia de como estava, boa coisa não devia ser. Sirius o vira assim e tinha um daqueles sorrisos que diziam: você jamais vai se esquecer desse dia.

—Não precisa, já estou aqui embaixo. – Lice falou acompanhada de Maia e Ana

—Licezinha querida, cadê o antídoto?

—Antídoto? Tiago você não bebeu veneno.

—Que seja. Cadê?

—Você já se viu em um espelho?

—Não. Nem quero.

—Sinto muito, mas você só vai receber a poção depois que tiver uma imagem muito clara do dia de hoje na sua mente.

—Não seja por isso. – Sirius ria de todas as piadas que faria com o amigo – Accio espelho. Dá uma olhadinha, Pontas.

 Ai, Merlin. – o garoto gemeu

Sua imagem mostrava seus cabelos repartidos ao meio, escorridos, quase grudados na cabeça – lembrava mesmo um pouco Snape. Não era nenhuma cena realmente de calamidade, mas para quem se gabava por ter os cabelos sempre espetados como se tivesse acabado de descer de uma vassoura e detestava o “Ranhoso”…

—Lice, eu não posso sair em público assim!!

—Então é melhor falar mais baixo ou vai atrair toda a Grifinória aqui pra baixo.

—Tiago, você devia ser comediante. – Ana falou pela primeira vez – Seus chiliques são hilários.

—Eu não tenho chiliques!!!!!

—Tiago, - Alice adotou um tom solene – você se compromete a ser um bom menino? Eu não vou pedir pra você parar de aprontar, seria pedir pra Lula Gigante dançar cancan. Mas você pelo menos vai tomar o cuidado de não atingir seus amigos?

—Sim, sim.

—Muito bem, como eu sou uma pessoa muito generosa…

—Lice espera. – Sirius interrompeu – Preciso ter um registro disso. ALUADO, TRAZ A MÁQUINA FOTOGRÁFICA!

Tiago analisou rapidamente suas opções:

Sair da Torre da Grifinória? Nem sob tortura.

Dormitório feminino? As escadas não deixavam ser uma opção.

Dormitório masculino? E trombar com Remo no caminho?

Nisso, deu tempo de um garoto de cabelos castanhos aparecer carregando uma câmera.

—Pra que essa gritaria logo cedo, Almofadinhas? … Pontas? – o garoto estranhou a cena

Pouco depois, “antídoto” entregue, Tiago correu ao banheiro para resolver sua “trágica situação” enquanto os outros desciam para tomar café.

—Quem fez aquela poção? – perguntou Remo

—Eu. – respondeu Ana

—Se puder me passar a receita depois… - pediu Sirius

Mais a frente, Lice a Lily conversavam.

—Sua tática de “você ainda quer sair comigo” foi ótima, Lily.

—Alguma coisa boa tinha que sair dessa chatice semanal…

As quatro se divertiam ao lembrarem-se do episódio.

—Acho que não faria isso de novo. – Lice falou

—Eu também não. – Lily concordou

—Pois eu faria. – Maia afirmou

—Eu também. – Ana disse

—É, Lily, na época, o Tiago ainda era Potter.

—Quando ele foi promovido a Tiago mesmo? – perguntou Ana

—Quase no meio do sexto ano. – foi Alice quem respondeu

—É verdade. – Maia recordou – E antes disso vocês tinham ficado um tempo sem se falar, não foi?

—Foi no começo do sexto ano por causa DA encrenca depois do N.O.M. de Defesa Contra as Artes das Trevas. – a ruiva falou

—Eh… aquele dia a briga foi feia.

—Foi. Eu nunca tinha gritado tanto com ele.

—E olhe que vocês brigavam bastante na época.

—“Quer sair comigo, Lily?” – Ana imitou a voz do maroto

— “NÃO! Deu pra entender ou quer que eu desenhe? E já falei que pra você é Evans.” Era a minha resposta preferida.

—Maia, minha voz não era tão aguda assim. – Lily falou

Elas terminavam de descer a escada ao mesmo tempo que Felipe e Debbie entravam e o telefone tocava. Lily correu para atender; a conversa com as amigas a distraíra momentaneamente do fato de que seu avô estava no hospital. E ela não errara em sua suspeita: era seu pai que falava do outro lado da linha.

Após ouvir as notícias, suspirou aliviada.

 

 


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Notas finais do capítulo

N/A – Hei!

Espero que tenham gostado do capítulo. Bom, vocês passaram a conhecer um pouquinho as colegas de quarto da Lily e ficaram sabendo alguma coisa sobre a situação da amizade de Lily e Tiago agora no começo da fic. Ainda antes de chegar em Hogwarts as coisas ficam mais animadas, vocês vão ver.

Mandem reviews por favor, quero muito saber como está a história.



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