Meu Jeito escrita por Palas Silvermist


Capítulo 3
Capítulo 3 - Um dia cheio




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Lílian estava no corredor do andar de cima quando ouviu a campainha tocar. Dirigiu-se à escada e foi atropelada pela irmã que falava: “é o Válter” enquanto descia o mais rápido que conseguia. Mas o que ela ouviu ao abrir a porta foi:

—Oi, por favor, a Lílian está?

Nesse momento, a ruiva aparecia na escada olhando curiosa para a sala.

—Lice! – disse a ruiva se apressando em descer

Sendo amigos da irmã, não teriam grande estima para Petúnia, que se retirou imediatamente.

—Que bom ver vocês. – Tiago e Sirius a acompanhavam – Entrem.

—Estamos te atrapalhando? – perguntou Tiago

—Não, de jeito nenhum. Sentem.

—Quem é aquela que abriu a porta? – perguntou Sirius enquanto se sentava

—Petúnia, minha irmã.

—Ela parece meio…

—É. Desde que a primeira carta de Hogwarts chegou aqui.

—Ela não vai se incomodar que a gente esteja aqui? – falou Tiago

—Pelo movimento, ela vai sair com o namorado.

—“Pelo movimento”?

—“Encontros com o namorado” não é o tipo de coisa que ela fala comigo. Aliás, minha irmã evita falar comigo em geral. Então…

—Não importa. Como você está? – perguntou a amiga

—Melhor. – e vendo a expressão no rosto dela – Verdade. Agora estou me mexendo, cuidando da casa, quando meu avô chegar vou ajudar a cuidar dele também. Pelo menos agitada eu não ficar parada pensando… Meus pais saíram para buscá-lo, devem chegar à noite. É só isso. Mas quero saber de vocês, como vão as férias?

—Entediantes. – fez Alice – Nada é a mesma coisa sem o risco de Pirraça acertar um balão de água em você, na melhor das hipóteses… Fora que estou morrendo de saudades do Binns.

—Lice, já faz um ano que não fazemos História da Magia… - Lily comentou

—Por isso mesmo. Imagina o tamanho da saudade que sinto dele...

—Sirius? – perguntou Lílian

—Concordo com a Lice. Acrescento a falta que faz o Filch. Madame No-r-ra, então, nem se fala…

—Tiago, me salva. – pediu Lily

Ele riu pelo nariz.

—Nada de muito interessante. Minha mãe pegou a mim e Sirius de elfos domésticos uns dias para desgnomizar o jardim e não sei mais o quê, mas já passou.

Nesse momento, o telefone tocou.

—Com licença. – falou Lily levantando

—É um tefelone? – Tiago perguntou baixo para Alice

—Telefone, Tiago. Não lembra nada do que aprendeu no quinto ano em Estudo dos Trouxas?

—Pra falar a verdade… - ele enrolou

—Deixa pra lá. – fez ela

Na outra ponta da sala, a ruiva atendia ao telefone.

—Oi, mãe. Já chegaram?

—…

—Por que ela não vem pra cá?

—…

—Imagina, trabalho nenhum. Ela sempre passa uma parte das férias aqui mesmo.

—…

—Mãe, não. Além disso, estou morrendo de saudades dela.

—…

—Está bem. Beijo, tchau.

—Boas notícias? – Alice perguntou quando ela voltou para perto deles

—Uma só… pelo menos, é boa. Minha prima vai passar a noite aqui. A mãe dela vai dar aulas à noite e o pai foi com os meus buscar meu avô.

Ao ver que a amiga não se sentara novamente, Alice suspeitou de algo e perguntou:

—Quer ajuda em alguma coisa?

—Não precisa… - foi o que começou a dizer, mas acabou falando – Se alguém puder me ajudar a levar um colchão para o meu quarto eu agradeço.

Lice riu da frase desconexa.

No andar de cima…

—Qual, Lily? – perguntou Tiago

—Esse aqui. É meio pesado.

—Tudo bem. – ele tirou a varinha do bolso da calça e executou um feitiço de levitação

—Ah, é verdade. – fez a ruiva - Eu esqueci que sou a única criança aqui que não fez dezessete anos ainda.

Os três riram e foram para o quarto dela.

—Onde eu ponho?

—Pode pôr ali. – ela indicou o espaço ao lado de sua cama.

—E aqui está a famosa sacada. – brincou Alice

—Por que famosa? – perguntou Sirius

—Porque na maioria das cartas que me escreve, a Lily fala que ficou aqui horas escrevendo ou lendo.

Entretidos na conversa, ninguém, exceto Tiago, viu a mão de Lily tremer ligeiramente ao abrir um baú onde havia roupas de cama.

… … … … … … … … … … … 

Quando a campainha tocou pela enésima vez naquele dia, entraram na sala o rapaz de olhos verdes que estivera por lá todo o dia e o que parecia ser uma miniatura de Lílian com os cabelos um pouco mais curtos e os olhos castanhos.

—Vamos às apresentações: estes são alguns amigos: Tiago Potter, – ela ia apontando cada um – Alice Campbell e Sirius Black. E estes são meus primos: Felipe e Débora Evans.

Vendo a menina muito quietinha, Lily se abaixou para falar com ela com uma voz carinhosa.

—Debbie, sobe, toma um banho, eu já deixei uma toalha pra você em cima da minha cama. Daqui a pouco eu estou lá em cima,está bem?

Felipe acompanhou a mais nova carregando uma pequena mala cor-de-rosa.

—Quantos anos ela tem? – perguntou Sirius

—Sete. Pena que não a tenham conhecido realmente. Ela, no seu estado natural, e bem agitada e muito tagarela.

—Já esta tarde. – começou Alice – A gente vai indo pra não te atrapalhar.

—Não atrapalharam em nada. Obrigada por terem vindo.

Eles haviam acabado de sair pela porta, quando Felipe desceu as escadas de volta à sala.

—Fê, o que aconteceu com ela?

—Ela queria ter ido com o tio Paulo para o sítio. E é agora que ela está começando a entender que o vô está doente, embora – ele certificou-se de que a pequena não ouvia às escondidas – não tenha nem idéia da extensão da situação.

—Vou subir pra ficar com ela.

—Se precisar, vou estar no quarto arrumando minhas coisas.

As duas primas estavam sentadas na cama de Lily. A menor ainda tinha um jeito meio melindrado.

“Você deve compreender

Que nem tudo vai ser só diversão”

—Debbie, você tem que tentar se animar um pouquinho…

Mesmo sem saber se a tentativa seria bem sucedida ou não, Lily pega um dos bichinhos de pelúcia que estavam por perto – que também era um fantoche – e começa a fazer caras e bocas com o dragãozinho de cor verde cítrica. Vendo que não tinha muito sucesso, disse:

—‘tá. Essa foi uma tentativa desajeitada de animar você. – ela falou como se desistisse, mas ainda fazia a boca do boneco se mexer.

—Hum… e que tal… uma história – falou o “dragão”

—Uma história? O que você acha Debbie?

Nada.

“Pois um dia, meu amor,

A tristeza e a dor também virão

Mas nós vamos ficar juntos”

—Debbie, eu estou começando a perder a paciência – ela falou em um tom de branda repreensão fazendo o bichinho murchar.

A menina sorriu.

—Ah, a senhorita acha graça em me ver brava… pois vai ver…

Lily se debruçou sobre a prima fazendo cócegas nela e conseguindo, finalmente, algumas gargalhadas.

—E afinal, vai querer que eu conte uma história ou não? – a mais nova recebeu uma “dragãozada” no rosto.

—Quero.

—Muito bem, vamos ver um livro que ainda não conheça. Você está conseguindo acabar com meu estoque. – essa informação não era bem verdade, porque Lily tinha uma coleção incrível de livros.

—Quero ouvir uma história que você tenha feito.

—Porque acha que eu faço histórias? – ela virou-se surpresa

—Você está sempre escrevendo…

—Hum… está bem. Vamos ver…

A mais velha começou a construir personagens, costurar acontecimentos entre si. Eram memórias suas, memórias de amigos e situações criadas por ela e executadas por seres imaginários também criados por ela especialmente para sua ilustre ouvinte.

Ao contrário do que pensava Debbie, aquela não era uma história que estivesse pronta há muito tempo, mas feita ali na hora, apenas para agradá-la.

O mais interessante, porém, não era exatamente o que era falado, e sim a forma como era contado. Lílian tinha uma eloqüência e um jeito muito especiais de narrar.

Por fim, a menor acabou caindo no sono na cama da prima. A mais velha levantou-se bem devagar e com igual delicadeza a cobriu com uma colcha fina.

Como fosse um dia quente, a porta da sacada estava aberta. Pegando seus “instrumentos” – caderno, caneta e lanterna – Lily saiu.

Sentou-se como de costume e observou a noite. Estava linda. Não havia uma única nuvem no céu e pontinhos prateados cintilavam no manto azul-escuro. Suspirou. Tinha sido um dia cheio.

“Se há tanto pra aprender,

só queria viver como eu sou

Sigo o meu coração ou escuto a razão?”

Um vento soprou cortando o calor. Só então percebeu uma carta amarrada nas grades da sacada.

“A um poeta
Longe do estéril turbilhão da rua
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego […]

Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício
É a força e a graça na simplicidade”

Conhece o autor? Se não conhece, aqui está um enigma pra você.

Um beijo,
T.P.

Lílian apenas sorriu ignorando que seu coração batia mais rápido.


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Notas finais do capítulo

N/A – Olá!

Devidos créditos: a música que aparece mais para o final é “Somos Um” do Rei Leão 2.

Curiosidade: o dragãozinho verde de pelúcia realmente existe.

O que acharam do capítulo?

Abraços,
Palas



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