Meu Jeito escrita por Palas Silvermist


Capítulo 2
Capítulo 2 - Gentileza para acordar




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Cerca de duas semanas depois...

Noc, noc.

Sabe quando os primeiros raios de sol começam a despontar no horizonte, você está dormindo e aparece um barulhinho constante que perturba o ambiente? Você não realmente o escuta, mas esse som é captado pelo seu ouvido e interpretado pelo seu cérebro que, bêbado de sono, resolve ignorá-lo.

O barulho continua e sua amplitude aumenta. Corajosamente, sua pobre massa encefálica continua tentando não prestar atenção, só que chega uma hora que você, inevitavelmente, começa a acordar.

NOC, NOC.

Lílian revira-se na cama colocando o travesseiro em cima da cabeça. Ainda não abrira os olhos.

NOC, NOC!

—Lílian!

A garota resmunga e inconscientemente se lembra que Petúnia não entraria em seu quarto nem em caso de uma invasão de javalis por medo de levar uma bicada de Clio ou tropeçar em um feitiço perdido. Tudo certo. Era só ignorar, voltar a dormir que ela pararia de bater à porta.

Infelizmente, o processo de acordar já tinha tido início.

—LÍLIAN! Vou chegar atrasada!

A ruiva, em um esforço supremo, olha o relógio para confirmar.

—Que mentira deslavada. – resmunga

—Lílian, eu preciso da minha saia preta!

—Ah, céus. – ela falou antes de levantar da cama e dirigir-se à porta abrindo-a repentinamente – O que você quer? – Lily teve de fechar os olhos por causa da claridade no corredor

—Preciso da minha saia preta.

—Tentou o seu armário, a lavanderia ou vai precisar de um Feitiço Convocatório?

A irmã fez uma careta pela palavra “feitiço” e retrucou:

—Ao contrário de você eu sei fazer as coisas normalmente.

—Verdade? Engraçado que não sou eu que brigo com o fogão falando que não funciona direito, nem tenho dificuldade para usar um aspirador de pó.

Petúnia fez menção de revidar, mas Lily falou primeiro:

—Contenha-se ou não pego sua saia.

Assim, uma figura de por volta de quase um metro e sessenta de altura, com longos cabelos ruivos, trajando uma camisola verde-água que descia até os joelhos e descalça descia as belas escadas do sobrado dos Evans com os olhos semifechados de sono. Era seguida por uma moça um pouco mais alta, com um semblante carrancudo que resmungava baixinho.

Na cozinha, Helena preparava o café, e Matheus lia o jornal.

—Bom dia, Petúnia. – e reparando na outra filha, ele acrescentou – Lily, já está acordada?

—Não muito. Eu teria mais meia hora de sono, mas me acordaram. – ela indicou a irmã com a cabeça

A mais nova entrou em um cômodo ao lado. Cerca de cinco minutos depois, voltou com um tecido preto nas mãos.

—Pega. – falou jogando a saia no ombro da irmã – Estava na pilha de roupas passadas. Da próxima vez, procure melhor antes de me acordar.

Ela dirigiu-se para a porta e a mãe a interrompeu:

—Lily, sente-se para tomar café.

—Eu já volto, mãe. Vou só lavar o rosto. Nem isso eu pude fazer porque tinha um paquiderme batendo à minha porta.

—Eu não estou gorda! – por um motivo qualquer, Petúnia andava muito sensível sobre esse assunto

—Não, maninha, não foi o que eu quis dizer. Estava apenas me referindo à delicadeza de um elefante que você usou pra me acordar hoje.

… … … … … … … … … … … … … … … …

Mais tarde, naquela mesma manhã, quando todos já haviam saído para trabalhar, Lily estava sentada no sofá esperando.

A sala dos Evans era realmente bonita. Era um aposento grande, retangular e muito claro, quase todo branco. Havia uma mesinha de centro, um raque e um aparador de madeira de cerejeira, além de sofás próximos à porta de entrada. No outro canto estava uma lareira.

Era o primeiro cômodo em que se entrava ao passar pela porta da frente, e, certamente, era o lugar mais alto do sobrado. Em todas as outras partes, a casa era composta de dois andares, menos ali. Embora a sala ficasse no térreo, seu teto era o mesmo do andar de cima, o que lhe dava um ar ainda mais amplo.

A bela escada formava um L. A parte do andar de baixo encostava na parede que formava a lateral da casa; a parte do andar de cima, na parede do fundo. Os degraus se continuavam com um corredor também branco no segundo andar. A primeira parte desse corredor estava à vista de quem estivesse na sala, e ali ficava a porta do quarto de Petúnia. A escada e esse trecho do corredor eram contornados por uma grade branca e simples. Na parte mais funda do corredor via-se as portas dos quartos de Lily e dos pais.

Do chão do corredor até o piso do andar de baixo desciam duas colunas igualmente espaçadas. Ao lado delas, embaixo da esquina que fazia o L das escadas ficava um pequeno espaço mais escondido.

Na parede lateral havia uma janela, assim como na parede da frente, que fazia divisa com o jardim. Já a outra parede lateral separava a sala da cozinha. Dessa parede também saia um outro corredor, que daria em um lavabo, no quarto de hóspedes e em uma porta para o jardim do fundo.

Quando a campainha finalmente tocou, já sabendo quem seria, Lily correu para atender à porta. Ao reconhecer os cabelos castanhos e os olhos muito verdes, se lançou ao pescoço do rapaz à sua frente.

—Fê, que saudade!

—Oi, Lily. – ele correspondeu ao abraço e a levantou do chão – Minha…

Interrompeu o que falava afrouxando um pouco o braço para perguntar:

—Petúnia está por aqui?

—Não.

—Minha prima favorita. – ele continuou o que estava falando e a abraçou de novo fazendo-a rir

Após os cumprimentos de primos que não se viam desde o natal, Felipe falou:

—Então, o que vamos fazer hoje?

—Deixei a parte mais interessante pra você me ajudar: limpar os banheiros.

—Que bom… - fez ele com um sorriso amarelo

—É brincadeira. Bom, cuidei dos quartos lá em cima ontem. Sobra a sala, a cozinha e o quarto de hóspedes.

—‘tá. E por onde a gente começa?

—Quarto de hóspedes.

… … … … … … … … … … … … … … … 

Quilômetros de distância dali…

—Almofadinhas, acorda! – Tiago falava para a porta do quarto de Sirius

—Pontas, vai dormir. – resmungou o outro sem nem abrir os olhos

—Você não vai abrir a porta? Tudo bem. Você não me deixa outra alternativa – ele pegou fôlego e começou a cantar a plenos pulmões – Um cervo incomoda muita gente. Dois cervos incomodam, incomodam muito maaais. Três cervos…

—Eu vou fazer é matar esse cervo. – Sirius falou abafando o rosto no travesseiro

—Cinco cervos incomodam muita gente. Seis cervos incomodam, incomodam, incomodam, incomodam…

—Cervo insuportável. Onde está a estação de caça quando se precisa dela? – ele já empurrava as cobertas para o lado

—Sete cervos incomodam muita gente. – Tiago fazia todo o possível para desafinar sua voz ao máximo – Oito cervos incomodam, incomodam, INCOMODAM… ah, bom dia, Almofadinhas. – falou com um sorrisinho como se nada de mais estivesse acontecendo

—Boa madrugada você quer dizer.

—Se dez e meia da manhã é madrugada pra você…

Sirius emitiu um som qualquer que significaria “e daí?”.

—Anda. A Alice está na lareira e quer falar com a gente.

—Bom dia pra vocês dois. – um rosto sorridente os cumprimentou entre as chamas – Sirius você caiu da cama?

—Na verdade, um quadrúpede me derrubou. – ele respondeu com a voz engasgada de sono

—Inacreditável. Até com o rosto amassado desse jeito você fica bonito.

Ele endireitou a postura e sorriu um tanto convencido para provocar o amigo.

—Lice, não me fala que você também faz parte do fã-clube dele.

—Não, Tiago. – ela riu – Foi só para fazê-lo acordar. Agora, o que eu queria falar com vocês era…

… … … … … … … … … … … … … …

—Ihh… - Lily falou ao abrir uma porta – Aqui está meio empoeirado… Essas caixas meu pai falou para colocarmos na garagem.

—E depois de limpar vamos ter de colocar duas camas aqui.

—Basicamente isso.

.

.

.

TEC, TEC.

Após a faxina, o primo montava uma das camas, enquanto ela começava a arrumar a sala.

TEC. TEC.

—AI!

—Felipe! – correu para acudir o primo – Você martelou o dedo!

—Foi sem querer.

A face antes preocupada de Lily adquiriu um tom de riso.

—É claro que foi sem querer. Só um asno para martelar o dedo de propósito…

Ela foi até a cozinha e voltou no minuto seguinte.

—Coloca isso no dedo.

—O que é isso?

—Gelo. … Por que está distraído?

—Não estou distraído.

Lily estreitou os olhos em um meio sorriso.

—Fê, você não é de ficar corado. O que aconteceu?

—Não aconteceu nada, é fruto da sua imaginação. Você anda lendo livros românticos de mais.

—Românticos…?

.

.

.

Por volta das quatro e meia da tarde…

—Bom, acho que é só.

—Então eu vou pra casa pegar minhas coisas. – falou Felipe – Mais tarde volto pra cá.

Ainda falava quando duas pessoas apressadas entram na casa.

—Boa tarde, boa tarde.

—Oi, tia Helena, tio Matheus.

—Olá, Felipe.

—Helena, não demore. – o pai de Lily falou ao ver a esposa subindo as escadas

—Matheus, só vou tomar um banho rápido. A galinha que meus alunos deviam dissecar acabou caindo em cima de mim.

—Eca. – foi o comentário de Lily

—Não estamos de férias? – perguntou o primo

—Alunos em recuperação.

—Felipe, me ajuda a colocar algumas caixas no carro?

—Claro, tio.

—Pai, vocês vão direto para o sítio?

—Não, antes vamos pegar o tio de vocês. Ele vai com a gente para buscar seu avô.

Quase meia hora depois, os pais e o primo de Lily saiam e Petúnia chegava. Como de costume, a moça não se deu ao trabalho de cumprimentar a irmã, subindo direto para seu quarto.

—Acho que agora eu posso descansar um pouco. – a ruiva murmurou para si mesma


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Notas finais do capítulo

N/A – Oi!

Esse capítulo ficou um pouco menor, porque na verdade ele é só metade de um capítulo. Como tinha ficado muito grande, achei melhor quebrar em dois. Eu particularmente gosto do jeito que a Lily e o Sirius são acordados nesse capítulo, daí o título. :P

O que acharam desse capítulo?

Abraço,
Palas



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