Destinados escrita por Martell


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

OI! Viram, dessa vez eu nem demorei tanto!
Enjoy it!



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Harry estava ansioso. Uma energia nervosa corria por suas veias e ele não sabia explicar o porquê. Seu aniversário era no dia seguinte, mas nada aconteceria, como sempre. Era apenas uma comemoração para o moreno, que contava os dias para ter 18 anos e sair da casa dos tios. Cada dia 31 de Julho ele ficava ainda mais perto dessa realização. Mesmo assim, isso não justificava a tensão que sentia. Parecia que algo ia acontecer, algo que mudaria tudo.

Desde o dia em que um gato preto de expressivos olhos verdes havia o levado a um espelho e depois desaparecido no ar, um sentimento estranho tomara conta do garoto. Ele sabia que, racionalmente, um gato não podia sumir no ar, mas ele tinha visto a cena e ainda tinha o espelho para comprovar que o momento fora real. Outra coisa que o deixava inquieto era o espelho. Depois que o encontrara só pegara nele uma vez. E ao não ver seu reflexo e sim um homem com uma armadura completamente negra e olhos esmeralda, decidira deixá-lo guardado por tempo indeterminado.

Mas hoje algo estranho estava acontecendo com Harry e ele se viu pegar o espelho que estava embrulhado num pano velho e escondido cuidadosamente em baixo da "cama" dele. Não conseguiu encarar o objeto em um primeiro momento, temia mais uma vez o que iria ver. Contou mentalmente até três, criando coragem para olhar o objeto em suas mãos. Nunca fora covarde e não seria agora que se tornaria um. Virou o rosto lentamente, os olhos fechados. Okay, ele estava receoso, mas já estava se achando ridículo. Abriu os olhos e viu, mais uma vez, um homem, que lhe era muito familiar. Quis, em um impulso, jogar o objeto longe, mas se sentia incapaz de realizar isso.

Olhou atentamente para o verde incomum dos olhos que aquele homem possuía. Era familiar, é claro, pois era do mesmo tom dos seus. O cabelo era uma bagunça negra, alcançando os ombros, que eram protegidos por uma armadura tão escura quanto. O rosto bronzeado era másculo, com formas definidas, uma barba por fazer dava uma espécie de charme, assim como o sorriso torto que exibia. O garoto examinou a figura, mas não se lembrava de ter visto alguém assim em toda a sua vida. Na verdade, em uma forma muito estranha, lembrava apenas seu rosto infantil, muito magro e pálido, em decorrência da má alimentação e das horas preso naquele armário escuro.

Ouviu a voz da sua tia chamando por ele, assustou-se e quase deixou o objeto escorregar por suas mãos. Com cuidado pegou o pano velho, o mesmo em que estava enrolado quando fora deixado nos seus tios anos atrás, enrolou o espelho e o guardou. Não entendia como aquele homem poderia estar ali. Claramente não era uma foto, já que refletia os objetos a sua volta, mas em vez dele aparecer, quem tomava seu lugar era o mais velho. Magia era a única solução que conseguia pensar, mas ele não acreditava em magia. Tio Vernon passara anos bradando que aquela baboseira era algo totalmente sem fundamento, inventada por vagabundos desocupados, com objetivo de enganar pessoas estúpidas.

Foi para a cozinha, onde tia Petunia o esperava. Era hora dele fazer o jantar, a mulher tinha feito as unhas durante a tarde e não poderia estragá-las, então o dever era responsabilidade do pequeno. Se esforçou para fazer algo decente, realmente bom, pois não queria ouvir reclamações do tio, ou pior, do primo. Uma reclamação do pequeno Dudley era igual a um castigo severo para o menino. Demorou um pouco mais de uma hora, mas sabia que não pretendiam jantar antes das oito. Era verão, os dias eram mais longos que o normal, então este era o horário ideal para a refeição.

Os tios falavam muito alto, sobre o concerto que iriam no outro dia. Todo dia 31 eles saiam, deixando Harry ou só em casa ou na casa da Sra. Figg. Era como se, de uma forma deliberadamente cruel, eles quisessem deixar claro para o moreno que nem em seu aniversário ele poderia se divertir, com ou sem eles. Neste ano iriam para uma espécie de show, onde outros funcionários da firma do tio iriam estar presentes. Era algo decididamente mais requintado e, por isso, crianças não iriam participar. Dudley não fez birra por apenas um motivo: iria para casa de um colega, onde iriam para o cinema e um novo restaurante que abrira. Todos pareciam deliciados em comemorar o dia 31 de Julho.

Separou uma pequena porção em um pote e o levou para o armário. Ele não se sentia bem o suficiente para comer com os tios e foi o que falou a eles, mas teve que voltar uma hora depois para lavar os pratos que foram utilizados. Totalmente esgotado, depois de ter que arrumar a cozinha para a tia, voltou para o armário. Era reconfortante o escuro, parecia o abraçar, mas não o oprimir. Depois de anos convivendo com ele, já parecia um velho amigo. A luz que vinha era a da sala, mas perto das dez e meia os tios e o primo subiram para o seu quarto. Dudley, como sempre, subiu quase pulando nos degraus, fazendo com que poeira caísse em cima de Harry. O moreno temia que um dia a escada quebrasse e não fosse apenas a poeira que caísse nele.

Seguindo um estranho impulso, pegou o espelho novamente. Dessa vez não havia homem nenhum, apenas o próprio Harry. Ele mal conseguia enxergar naquele escuro, mesmo assim ele sentia que não havia ninguém fora ele sendo refletido. O espaço pequeno começou a ficar sufocante demais e ele precisava sair dali. Tinha medo de ser descoberto, mas algo o puxava para o jardim. Cuidadosamente abriu a porta e, levando o espelho junto ao peito, andou até a porta da frente. Destrancou bem lentamente, torcendo para que o barulho não despertasse ninguém. Abriu a porta devagar, saiu rapidamente e a fechou logo após. Não havia ninguém na rua, a noite era iluminada por postes e pela lua crescente.

Sentou-se no chão, a grama bem aparada fazendo cócegas em suas pernas. Colocou o espelho a sua frente, mas deu mais atenção ao céu. Ele amava as estrelas, que tinham um brilho tão intenso, mas que parecia tão fraco visto de longe. Ele costumava brincar de criar novas constelações, dar um nome e um significado. Mas infelizmente Dudley descobriu esse prazer secreto do garoto e deu um jeito de atrapalhar cada uma das vezes que ele saia para olhar o céu durante a noite. Logo Vernon encarou aquilo como mais uma das esquisitices do menino e o proibiu de contemplar suas amadas estrelas. Mais um desejo negado, mas o garoto já estava tão acostumado, tão anestesiado, que mal sentia a dor de ter algo que adorava sendo tirado dele sem nenhum motivo.

Quando voltou a notar o espelho, este estava diferente. Erguia-se ante a ele, um pouco maior que o garoto, uma aura prateada o contornando. E ele conseguia se enxergar ali, de uma forma que nunca havia feito. Olhos verdes, mas com uma sombra escura que estava sempre presente. Cabelos numa bagunça tipicamente dele, mais escuros que a noite sem nuvens. Corpo pequeno, magro, com uma pele branca pálida, com alguns machucados em tons de roxo na altura dos braços. Rosto com traços bem definidos, lábios finos rosados, nenhuma marca aparente fora a estranha cicatriz em sua testa. Sua expressão era séria, levemente indagadora, mas nenhum sorriso iluminava as feições sombreadas. Os óculos refletiam as luzes dos postes, mas isso não atrapalhava a observação que fazia de si. Ele parecia mais velho, mais sábio, mais perigoso do que realmente era. E ele se sentiu bem por pensar que, pelo menos uma vez na vida, ele não parecia aquele menino fraco que apanhava dos amigos do primo.

Levado por um impulso que não reconhecia, sentiu vontade de tocar no espelho. E levou a mão até metade do caminho, quando parou e pensou racionalmente sobre o que estava fazendo. Sozinho, faltando poucos minutos para a meia-noite, parado no jardim da casa dos Dursley's, de frente a um espelho maravilhoso, onde as vezes via seu reflexo, as vezes não. Seguira impulsos estranhos desde que vira o gato preto de olhos verdes pela primeira vez, e o gato desaparecera no ar. Então achara o espelho e este não o refletia. Aí sentira vontade de sair de casa durante a noite para contemplar a si mesmo no tal espelho que, de forma inexplicável, mudara de tamanho. E agora ia, pateticamente, ficar tocando o espelho. O que ele esperava que acontecesse? Que um portal se abrisse e o levasse até um mundo cheio de magia? Nem Harry era bobo o suficiente para crer numa coisa assim.

Mas a vontade incontrolável ainda estava ali e ele sabia que não conseguiria se conter por muito mais tempo. Olhou firmemente para seus olhos refletidos ali e tocou o espelho. Mas assim que as pontas de seus dedos tocaram a superfície fria não era mais seus olhos que via. Um par de olhos cor de mel, do tom mais lindo que já vira, o encarava de volta. Parecia chocolate derretido, misturado a um dourado salpicado, dando um tom único a eles. Eram de uma garota, a mesma que vira várias vezes em seus sonhos. Os cabelos caiam como uma cachoeira de fogo por seus ombros, a pele parecia ter o tom mais suave de branco. O corpo dela era pequeno e delicado, como a de uma pequena fada. A garota de seus sonhos, com quem ele sentia uma conexão profunda e inexplicável.

Seu coração começou a bater tão rápido que sentia que ele fosse pular de seu peito. Uma sensação de dormência passou por seus dedos, mas ele não ligou. Era como se a vida toda ele aguardasse esse momento. O que não fazia nenhum sentido, pois nem sabia se a garota era real. Mas vê-la ali, do outro lado do espelho, causava uma satisfação que ele nunca havia sentido. Tinha vontade de protege-la, guardar o corpo pequeno dela em seus braços e não soltar. Seu lado racional gritava com ele, mas ele nunca ouvia ele e não era agora que o faria. Aquela garota era o seu pequeno mundo. Como ele sabia disso era algo que não entendia, mas coisas estranhas sempre aconteceram com ele e essa a melhor coisa estranha que poderia acontecer.

Acalme-se, você terá muito tempo para entender o que está acontecendo. A voz que soava na sua cabeça era grave, estranhamente rouca e extremamente familiar. Quando estiver pronto, compreenderá a verdade. Afinal, é o seu destino. E Harry sentia que era verdade. E quando a garota sorriu, tudo ficou mais que perfeito. E ele sabia que não precisava entender nada agora, que tudo viria em seu momento certo. Então, de forma hesitante, sorriu para a menina. As dúvidas ainda martelavam na sua cabeça, é claro, mas parecia que havia ficado dez vezes mais sábio nessa noite, então calou-as afirmando para si que aquele não era o momento.

Então ela abriu a boca e disse, com a voz mais doce e musical que já ouvira em sua vida, palavras simples, mas que tocaram o moreno de uma forma inimaginável.

— Feliz aniversário Harry.

Então ela sumiu, deixando-o ali, encarando ainda maravilhado o espelho. O encanto foi desfeito segundos depois, quando ouviu um barulho vindo da casa vizinha. Sabia que precisava entrar e se preparar para dormir. O objeto pareceu entender essa necessidade, já que voltou ao tamanho de um espelho de bolso. Harry pegou rapidamente o mesmo e entrou na casa, andando cuidadosamente e tentando não fazer nenhum som. Abriu a porta do armário e rapidamente pegou o mesmo pano de antes, embrulhou o espelho e o colocou embaixo da "cama". Deitou-se e dormiu rapidamente, a voz da ruiva repetindo em sua mente as palavras mais doces que alguém já havia dito para ele.

Não sonhou com nada muito marcante durante a noite, apenas se lembrava de cabelos vermelhos e risadas musicais. Antes de abrir os olhos, sabia que ninguém na casa havia acordado ainda. Era o tipo de coisa que ele sempre sabia, quase um instinto, nem chegava mais a questionar como. Sem perceber, soltou um suspiro de alívio e pegou o espelho, como se fizesse isso todos os dias. Assim que abriu os olhos e realmente encarou o objeto, teve uma maravilhosa surpresa. Era a garota, com os cabelos bagunçados e uma expressão de quem acabara de acordar assim como ele. Mesmo assim, o rosto dela se iluminou ao vê-lo. Assim como o dele fez.

— Bom dia Harry!


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Notas finais do capítulo

Sei que eu prometi postar no domingo passado, mas sendo honesta com vocês, eu nem tentei. MAS teve um motivo muito bom ~para mim, pelo menos~. Eu já estava com esse capítulo quase finalizado, mas sempre que eu tentava escrever o final, não saia. Isso aconteceu por um motivo muito simples, eu estava com muitas ideias na cabeça. Então, eu comecei a escrever outra fica, numa pegada bem diferente dessa. Não vou postar ainda, quero ao menos ter uns 5 capítulos escritos e revisados antes de me aventurar.

E me desculpem, mas sempre que eu vou escrever os pov's do Harry eu acabo divagando um pouco. Mas se vocês notarem com atenção, este é um pouco maior que os outros! Yay!
Desse momento em diante as coisas vão andar de forma mais rápida. Esses capítulos iniciais eram mais para introduzir a história em si. Espero que gostem da coisa mais acelerada, mas para mim, pessoalmente, é muito difícil escrever assim.

Anyways, espero que gostem! Comentários são bem vindos, críticas e etc. Se te algum erro me desculpem, sou eu que reviso e as vezes deixo algumas coisas passarem.

Com amor,
Duda.



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