Projeto Alex - Livro I - Cidade de Metal escrita por Projeto Alex


Capítulo 21
Tempo de Caos


Notas iniciais do capítulo

O imponente quetzal engaiolado deixou para traz
A protetora prisão, deslacrando-a e saltando sobre a escuridão,
Levando consigo as penas das asas e nada mais.

Imaginando tratar-se da vastidão, ele mergulha na chama voraz
Duma lareira de pedra, onde habita a chama que o deslumbra.

Suas plumas tornaram-se fuligem, e sua voz, gritos de “ais”.
Sentira falta de sua envergadura a qual não voltará jamais?
É bem capaz...



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A velha caminhonete descia rapidamente a montanha com Mohinder e Alexander acotovelando-se no banco de trás como dois idiotas territorialistas.

—Me enoja a maneira como você corteja a Elizabeth. —Hill reclamou franzindo as sobrancelhas, irritado. —Se está tão desesperado a ponto de partir pra cima daquela garota desagradável, devia ir para Gresmere, você facilmente ganharia a vida, afinal, você é medico não? —Disse cuspindo as palavras.

No bando da frente, o pequeno Nathan deliciava-se vendo pelo retrovisor, a cena protagonizada por seu mestre. O garoto esforçava-se para conter o riso, visto que as reações eram únicas e exageradas.

—Interessante o Cabeça Oca falar essas coisas, sobre eu estar interessado na governanta. Acho que você está simplesmente falando sobre sí próprio... —O mestiço escorou o queixo com o punho, mirando o loiro. —Ou você acha que todos nós não vimos o que aconteceu naquela cozinha ? —Sabeena sorriu de forma instigante, o que deixou o outro possesso.

—QUEM TE CHAMOU PRA VIR JUNTO SEU VERME MISERÁVEL? —O loiro disse aos latidos perdendo a calma por completo.

Mais uma vez Mohinder fizera Hill perder a paciência, coisa a qual parecia lhe causar um estranho prazer. Aliás, já era sabido de todos que o doutor só ficava satisfeito de fato quando levava Hill ao limite.

—Mas você é tapado mesmo! Foi você que gritou dizendo que eu iria “transformar sua casa num cabaret”... —O medico imitou a fala de Alex, balançando a cabeça desdenhando dele. —Não podia sequer me conceber ficar a sós com a sua doce donzela, com medo que eu a colocasse na garupa da moto e a levasse de você.

Com os dentes trincados, Hill já estava espumando pelo canto da boca a ponto de explodir quando Nathan, não agüentando-se mais começou a gargalhar escandalosamente, dissipando a cólera de Alex, esta a qual já estava em ares de detonar.

—Muito divertido, senhor Alex, kyahahaha! —O pequeno segurava a barriga de tanto rir. —Vocês são mesmo bons amigos, não é? —Falou, virando-se para observar seu “irmãozão”.

—Tisc! —O encontro com os olhos negros do Bennett o enrubesceu, fazendo-o cruzar os braços e virar-se para lado. —Cale a boca Nathan!

—Desculpa mestre Alex! Eu disse algo ruim? —O garoto coçou a cabeça, confuso.

Pelo espelho, o velho motorista observava o comportamento do loiro. Este tentava mascarar um riso esboçado no canto da boca, embora a pouco estivesse tão nervoso.

“Não é só o Mohinder, Nathan... Você não sabe, mas você também... Você exerce grande influencia sobre Alexander”. —O velho disse em pensamento mirando-o, enquanto este tentava entender o que acontecera.

—Senhor Backer...

De repente, o motorista freou de súbito o veículo, fazendo Bennett achar por um instante que havia sido por sua causa: —Ei, eu fiz alguma coi-...

Nathan notou que a expressão calma do homem, havia se alterado. Contudo não era só ele: Alex e Sabeena também ficaram sérios de repente. Além disso, através do vidro no fundo do carro, podia notar Stinky, o qual viajava na caçamba, ainda mais nervoso do que na primeira vez que estiveram juntos no povoado.

—Sinto... cheiro de pólvora. —Hill afundou a cabeça sobre os ombros, e um olhar vazio escapou desde a sombra formada pelas as mechas loiras da juba que cobriam seu rosto.

—Do que você está falando, irmãozão? —Nathan começava a se angustiar, voltando-se para cada um dentro da cabine a fim de obter resposta. —Senhor Backer? Doutor Sabeena?

—Você realmente não está sentindo nada de estranho? —Mohinder apertou o punho, com a atenção voltada para a estrada que dava no vilarejo.

As sobrancelhas do menino envergavam-se na testa, tentando entender do que estavam falando, até que... —UM TIRO! UM TIRO DE FUZIL! —Imediatamente, o jovem virou o rosto na direção do estampido.

Senhor Anderson, Ellye, Vassílli... Por favor estejam bem!

Hector estacionou o carro ainda na floresta, escondendo-a no meio densa vegetação da encosta montanhosa. Stinky pulou da caçamba e indo até os outros, os admoestou: —Foram os mercenários de quem eu falei! Eles são realmente treinados, diferente do Chuck, que perto deles, não passa de um bebê desertor!

—Soube que o povoado é atacado constantemente por ladrões... mas mercenários de verdade?... —O medico tirou vários bisturis de dentro da bolsa e os instalou dentro da manga do casaco. — Só se descobriram existir um Amethyst Eye nas redondezas... Me pergunto como chegaram a esta informação. —Ele mirou discretamente o homem que lhes falava.

—Espera, senhor, você ainda não explicou direito o que aconteceu com os outros, Chuck, Jarryd e Vassílli... —Nathan puxou de leve o tecido da camisa de Stinky.

—Estão... mortos... —Ele desviou o olhar para o solo. —Eu mesmo só sobrevivi porque nessa hora tinha ido no mato mijar... Observei tudo a distância, sem poder fazer nada...

Ah não! Vassílli!

—Eles não eram maus senhor Alex! —Naty principiou a chorar, sendo amparado por Hill. —O Vassílli não pode nem se despedir do filhinho dele!

Sem os encarar, o sujeito de dentes amarelos continuou: —Os bastados renderam a todos no povoado a procura dos Amethyst Eye... A minha opinião, é que temos de correr por dentro da plantação para não ser vistos. —Pronunciou com voz trêmula.

Infelizmente estava claro que não havia escolha. Por mais suspeita que fosse aquela situação, precisavam agir, pelo menos pelos que ainda estavam vivos.

Os cinco moveram-se furtivos buscando aproximar-se ao máximo de uma das entradas do vilarejo. De lá puderam perceber um soldado vigiando os reféns encostados no chafariz seco da rua central, enquanto outro puxava uma mulher pelo tornozelo. Esta gritava implorando por ajuda, ao ser arrastada no chão, segurando em seus braços um bebê. A mulher agarrava o pequeno para que este não se machucasse com os solavancos e foi jogada no meio da rua, junto a outros moradores.

—Desgraçados! —Alexander encheu-se de repudio diante de toda aquela brutalidade. —E então, como faremos, velho? —O rapaz virou-se para o motorista, mas antes que este pudesse pensar em alguma coisa, Nathan adiantou-se a eles, esgueirando-se por detrás das casas, intencionando pegar os bandidos desprevenidos com seu canivete.

Mas que merda, Bennett! —Hector e Hill sussurraram, passando, irritados, as mãos pelos rostos ao mesmo tempo, sem notarem um sutil brilho no alto de um dos sobrados.

Da vidraça da janela, alguém acompanhava cada passo deles.

—Eles estão aqui, Boss. Tenho o alvo na mira, quer que eu exploda as pernas dele agora? —O sujeito de roupas acinzentadas falou pelo rádio sem sequer desviar o olhar da presa.

—Não. Apenas siga plano. Vamos afastar o coelho da toca e trazê-lo direto para a nossa armadilha. —A voz grave do outro lado da conexão comandou. —Avise o “Tico e Teco” para seguirem com a próxima parte, e se eles estragarem tudo é melhor torcerem para eu não encontrá-los. —Desligou.

[...]

Um pouco distante do povoado, folhas secas são levadas pelo vento em direção a uma clareira. Alí dois soldados montados sobre um Toyota blindado aguardavam inquietos pelo chamado, quando o walk talk na cintura do homem com mascara de lã começou a chiar.

—Os imbecis estão na escuta? —Era o atirador situado no sobrado.

Chateado com o tão carinhoso xingamento, o comparsa bufou: —Vá se ferrar Mitch! O que você quer? —Ele disse, removendo o tecido, revelando o rosto atroz. Eis que era Roger Miller, o sádico soldado a serviço de Black Harnnes, responsável pelo fim de Daniel Bennett!

—Os coelhos estão na fogueira, Miller. Está na hora. Traga-a para cá e teremos uma festa.

Este riu de uma forma insana. —Ela não precisa estar inteira, certo? —O perverso perguntou ávido por diversão.

O homem debruçado sobre a janela suspirou impaciente: —Não, ela não precisa estar inteira...

—Legal! —Disse, dando um tapa no imenso arpão acoplado ao veículo. E virando-se para seu colega no banco do motorista, mandou que acelerasse. —Pisa fundo, porque depois de hoje, SÓ VAI SER LAGOSTA, E VADIAAAS!

O carro arrancou então, a toda velocidade em direção a mansão dos Hill, onde a governanta, Elizabeth Bennett, encontrava-se completamente desprotegida.

[...]

Esgueirando-se por trás do vigia, Nathan segurou firme o canivete por dentro da blusa e esperou pelo momento certo. Na noite em que seu mestre estivera em perigo, ficou com medo e não pode fazer nada para ajudá-lo, mas dessa vez iria ser diferente. Iria engolir o medo e cuidar não somente de Alex, mas de todos que precisassem dele.

Na fonte, também estava Ellye, A menininha mantinha-se sentada nos braços de Anderson. O velho xerife estava com um ferimento hemorrágico na testa e parecia meio zonzo, sinal de que havia travado uma árdua luta corpo-a-corpo. A menina notou Naty às costas do homem com o fuzil, mas Bennett fez um sinal de silêncio com o dedo para que esta se contivesse de apresentar alguma reação.

Vocês vão pagar pelo que fizeram ao pessoal!

 Assim que o outro entrou novamente nas casas, Bennett avançou sobre o homem, saltando sobre ele com sua lâmina em punho e cravando-a na...!

O soldado virou-se na hora certa, agarrando com a mão nua a lâmina de Nathan, travando-a entre os dedos, ao passo que com a outra, segurou-lhe pela cabeça.

O sangue escuro escorreu-lhe pelo punho, rumo o cotovelo: —ARGH! —O patife resmungou dorido. —Hehehe! Você não achou que seria tão fácil assim, não é garoto? —Ele ajoelhou-se sobre o menino a fim de velo estrebuchar. —Mesmo assim, eu não imaginava que você iria vir pra cima com algo assim. —Apertou então o pulso do garoto até que este soltasse o canivete. —ÔE, OLHA SÓ O QUE EU ENCONTREI! —Ele gritou, chamando o colega, que veio ligeiro, como se já soubesse de todo o ocorrido.

Chegando perto do comparsa, o outro apontou seu fuzil para o beco, ordenando: —PODEM SAIR... OS DOIS!

Detrás das casas, Hill e Hector, estremeceram. Com certeza os invasores haviam sido alertados que havia pessoas a espreita. —Eu tenho que ir lá! —Alex tentou mostrar-se, mas foi segurado por Backer, o qual, embora o prendendo, pela primeira vez, estava travado. O coração do velho batia de tal forma que fazia dançar o tórax por baixo da camisa de linho.

—É melhor não torrarem a minha paciência, eu estou sangrando aqui... —Ele tomou a lâmina e apontou diretamente para o olho do garotinho, riscando-lhe a sobrancelha. —Quando esse dia terminar eu vou estar levando comigo dois olhos, não importa como. —Deixando claro que não se tratava apenas de uma ameaça.

Preocupado com a segurança de Naty, o rapaz desvencilhou-se de Hector e saiu do beco, sendo seguido pelo empregado, ambos com as mãos para o alto, não demonstrando resistência. —Tudo bem, tudo bem... Será que dá pra soltar o garoto agora? —Hill tentou negociar.

Mas o homem armado lhe deu uma potente coronhada nuca. Esta fora tão forte que fez o jovem ajoelhar-se no chão. Para não desabar por completo, Alex apoiou-se usando a mão, pressionado com a palma os vestígios de asfalto de outras eras.

—Por que você acha que vai barganhar conosco, loirinho? —Ele agarrou o rapaz pelo cabelo e o puxou para trás levantando o rosto dele e revelando-lhe os olhos lilás.

Hector rangeu os dentes sob o bigode espesso ao ver aquele imundo tocar no patrão. De nenhuma forma eles poderiam descobrir quem era Alexander!

Mas quando projetou seu corpo para frente, O velho foi surpreendido com um tiro próximo de seu pé. Ele olhou para cima e notou o fugaz brilho da mira do atirador.

Merda, um snipper!?

Ao ver a intensa cor púrpura refletida pelos orbes, o mercenário levantou as sobrancelhas, animado e disse: —Levem os quatro para o chefe. Ele vai pirar com isso!

Como assim quatro?

Eis que pela estrada principal, vinha Sabeena de braços erguidos, caminhado na frente da espingarda de Fedido.

—Traidor! Eu devia saber que essa história toda estava cheirando tão mal quanto você! —Falou Backer, decepcionado pelo voto de confiança.

—Desculpa aí pessoal... —O verme disse através da boca asquerosa: —Mas vocês sabem que isso é uma oportunidade de ouro, não é? —Ainda tentando se justificar.

—Me diz uma coisa, velhote: Você quer morrer agora, ou depois? —O bandido perguntou a Backer, apontando-lhe a navalha.


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Notas finais do capítulo

Pois então, aquele capítulo lá, foi um puta spoiler, né?
Gomen, mina-chan!
Eu postei sem querer. Vou explicar o que aconteceu...
Eu escrevo algumas coisas e salvo aqui mesmo no editor do Nyah programando a postagem, porque se desse algum problema no meu pc, já ia estar aqui seguro e eu não ia precisar digitar tudo de novo. Quando a data da programação se aproximando, eu ia adiando a postagem.
Mas aí eu fiquei uns 2 meses sem acessar minha contar por motivos de saúde e quando eu fui ver, a cacetada do capítulo já tava lá pra todo mundo ver! kkkkkkk
Mas o mal já foi feito, vou deixar lá mesmo poque sou bad ass. =P

Desculpem pelo vacilo, obrigado pelo carinho, ♫ Não me abandone, Não me desespere, Porque eu não posso ficar sem você! ♫ o/

Um abraço de urso jogando carpa pra cima e aparando com a boca!
;)



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