Projeto Alex - Livro I - Cidade de Metal escrita por Projeto Alex


Capítulo 20
Se Você Gritar -Capítulo Futuro. Não Leiam, Contem Spoillers




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/693126/chapter/20

Com um empurrão, o oficial jogou as duas crianças para dentro de uma sala estranhamente escura. Três soldados que estavam sob ordens dele, entraram também e mandados, fecharam a porta em seguida.

Alex só conseguia pensar nos lindos olhos azuis de Elizabeth e na promessa feita a ela, de que encontraria seu amado irmão, devolvendo-o a ela, a salvo. Mas naquele momento, não podia fazer nada. Sequer podia salvar a si mesmo.

Era um dos poucos lugares da Cidade de Metal feito inteiramente de pedras empilhadas, uma construção bem antiga, como se estivesse lá desde antes da cidade, algo cujo tempo não conseguiu derrubar. Não possuía instalação elétrica, a iluminação fraca, era resultado de alguns pontos incandescentes fixos nas paredes e pela luz que entrava pela grade da porta. Isso deixava o ambiente deveras sombrio. Rapidamente, o jovem percebeu que talvez, irritar o tenente, não tenha sagaz.

—Este é o meu lugar especial. —disse o sádico, com um terrível sorriso: —É pra cá que eu trago atiçadores como você, seu pequeno saco de imundice.

Ao ver o semblante de loucura daquele homem, ele não pode responder. Estava assustado demais pra pensar numa resposta a inteligente. Assustado, não por temer pela sua própria segurança, mas pela de Nathan, que fora jogado ali junto com ele e estava paralisado de temor.

O maníaco deu a ordem, apontando um bastão taser para a parede, e os três soldados algemaram os meninos com grilhões, cada qual com uma corrente, os suspenderam e prenderam nas grossas argolas do teto, próximo à parede. Embora Hill soubesse que poderia dar conta de nocautear pelo menos dois deles, ali havia quatro homens de porte e treinados! Precisava pensar primeiro no seu companheiro, o qual ficaria completamente indefeso.

Alex sabia que poderia suportar alguma tortura, e mesmo imaginando o nível de dor que fosse sentir, seu corpo era capaz de aguentar um pouco de dor. Mas, acima de tudo devia pensar em algo para proteger o pequeno irmão de Elizabeth, era isso o que ela faria em primeiro lugar.

—Fica tanquilo irmãozinho, faça como nós combinamos. Eu vou ficar bem, você sabe, eu sempre fico bem. Eu só preciso que você mantenha a calma e não olhe pra mim. —Alex procurava tranquilizar seu pequeno amigo.

Suas palavras tinham poder calmante sobre o pequeno, afinal, este confiava nele ao extremo. Assim, ele começou a se relaxar, balançando a cabeça, afirmando ter entendido.

O tenente tinha um raciocínio cruel. Poderia simplesmente infligir sofrimento a seu inimigo. No entanto, como soldado experiente que era, estava ciente de que mais sofrimento um humano podia sentir quando visse alguém a quem ama agonizar.

—Ah, como eu vou gostar disso! —o tenente repetia, alucinado, enquanto olhava de forma faminta para o menininho preso.

O loiro percebeu de imediato a intenção daquele monstro: ele pretendia punir Nathan no lugar dele!

Alex arregalou os olhos, em pânico. Seu irmão não possuía a mesma resistência que ele, seu corpo demorava muito para se recuperar e, além disso, sofria com os jogos mentais e abusos verbais realizados pelos examinadores. O que fazer para impedir o homem de castigar brutalmente o inocente? Como proceder para que o oficial voltasse novamente sua atenção para ele?

—SEU COVARDE MISERÁVEL! —gritou, Alex. —Não pode me vencer no “um contra um”, então precisa me prender pra ter alguma chance? Sua organização só tem medíocres!

Isso enraiveceu o atroz, visto que era um homem descontrolado. Ele socou a cara do jovem para extravasar a raiva se vingar do comentário insolente: —Eu sei o que você está tentando fazer, mas não se preocupe, assim que esse pivete estiver espumando no chão eu irei te domar. —disse ele, indo na direção do pequeno, desta vez sem sorrir.

O golpe havia cortado-lhe a sobrancelha e sangue escorria pelo seu rosto, mas Alex não podia desistir, a vida do seu amigo e a dele ao lado da mulher que ama, dependia do resultado daquela situação.

—E você ainda se auto denomina de ”o melhor soldado”? Você teria coragem de falar isso na frente da tenente Wells? O que aquela mulher terrível vai pensar de você quando descobrir o quão covarde e fraco você é? Ou melhor, o que ela vai fazer com você?! —riu-se dele.

Pronto. Eis o ponto fraco do carrasco, a fenda nas costas que expunha o órgão pulsante: a pessoa a quem ele mais admirava e temia! —Quem você pensa que é para me ameaçar? Você não passa de uma aberração que se julga inatingível, mas eu sei que você sente dor como qualquer um! Vamos ver se você resiste a ISSO!

Alexander fez um sinal com a cabeça para seu irmão, e ele o atendeu prontamente: Ele deveria fechar os olhos e não olhar para o que aconteceria.

O maldito pegou o instrumento, aumentou a intensidade ao máximo e encostou na corrente que se conectava aos grilhões do rapaz, apertando o botão. O fluxo violento correu pelo metal até se deparar com a pele do loiro, atingindo seu corpo. Sentiu-se um cheiro gostoso se espalhar pela sala.

Cheiro de carne assando.

Embora Hill procurasse conter a dor, trincando os dentes, e rapaz não suportou, liberando do fundo da garganta um som alto e rouco.

Os três soldados rasos, que outrora permaneciam inertes no fundo da sala pareciam enjoados, mas quanto ao seu algoz, este gargalhava, vitorioso. Aquilo lhe causava prazer. De fato, ter uma vida em suas mão e poder esmagá-la, era excitante para ele.

Quando o pequenino sentiu o cheiro e ouviu o grunhido emitido por seu irmão, desobedeceu-o, olhou para o lado. O pequeno Bennett, deformando o rosto numa expressão de terror, gritou amedrontado, debatendo-se desesperadamente: O pulso lacerado e fumegante de Alex tentando cicatrizar-se e o rosto estampado de agonia.

Seu herói havia sido golpeado brutalmente e estava tombando!

Notou que algo escorria dos olhos dele, algo translúcido que não lembrava de ter visto nele um dia. A criança pranteava assolada, sem poder fugir ou mesmo ajudar seu amigo.

Embora o flagelo tenha disso maior do que sua capacidade podia aguentar, o jovem ferido ainda tentava esconder sua angustia pelo bem do pequeno. Mas se seu companheiro estava em pânico apenas por presenciar aquele castigo, que dirá se o infame voltar seus olhos para ele e o machucar? A única coisa que não deveria acontecer é o tenente perceber que naquele momento, Nathan era o seu ponto fraco.

—Ora, ora! Para onde você está olhando, Projeto Alex? —e aquela única coisa estava para acontecer. —Está tão preocupado com o bebê chorão ao ponto de esquecer que seus braços viraram churrasco? Interessante... muito interessante.

O garoto arregalou os olhos. O desgraçado realmente parecia estar planejando algo sádico. —Vamos jogar um jogo. —disse o tenente. Aproximou-se novamente deles e articulou: —Projeto Nathan, faremos o seguinte, eu vou te ferir de leve, não muito, só um  pouquinho. Mas se você gritar, eu machuco Alex de novo. Se ele gritar, eu machuco você. A cada vez, eu dobrarei a potência elétrica. Se um os dois ficar uma rodada inteira sem latir... adivinha, adivinha, eu aceito a minha derrota e liberto os dois. —enganando-os abertamente.

Mal o pequenino se enche de esperanças e balança a cabeça concordando, o tenente aplica-lhe uma carga elétrica nas costelas. Fraca, se comparada a anterior, mas o suficiente para fazer o pobrezinho deixar escapar um berro através dos dentes cerrados e lacrimejar.

—É mesmo tão inútil quanto uma mulher! —zombou dele. —Eu até esperava que ele fosse suportar a dor por sua causa, mas a lealdade dele por você, não parece ser tão grande assim.

—D-desculpa... mano... eu não a-aguentei. Tá doendo! T-tá doendo muito! —Gemia, o menininho, em meio a lágrimas, implorando perdão ao seu amado mestre.

—Não fique assim, me escuta: eu vou aguentar por nós dois! Eu prometo pra você, vamos sair daqui juntos! Vamos voltar pra Elizabeth e ela vai fazer um bolo enorme pra gente! —Todavia, o pequeno não o ouvia mais; estava desmaiado.

Era evidente que homem estava a mentir o tempo todo. Não cogitava libertá-los, não ia dar a eles chance alguma. Agora era o momento de Alex ser testado, e mesmo não confiando naquele ser, ele se conservava firme, resoluto em não perder.

O carrasco dobrou a potencia da máquina e atingiu o outro também nas costelas. Entretanto, apesar da dor excruciante, dessa vez o rapaz permaneceu forte, suportando a carga elétrica que passava impetuosamente por seu corpo e causando dano a cada órgão seu, sem sequer gemer. Mesmo franzindo a sobrancelha e trincando os dentes, encarava sublimemente seu agressor, conservando uma postura digna de um cavaleiro. Tudo isso para cumprir seu maior objetivo: resgatar seu querido irmãozinho Cara-de-Lua.

—Bravo. Eu não imaginava que uma criatura imunda como você pudesse suportar uma carga desse nível. —O oficial parabenizou-o. —Como será a reação do seu irmãozinho depois que eu dobrar a potência novamente e o atingir. Vamos ver se ele acorda.

—PARE! —bradou o rapaz. —SEU DESGRAÇADO! VOCÊ ME ENGANOU, DISSE QUE NOS LIBERTARIA! —Embora ele não tivesse acreditado no trato desde o começo.

—Não seja estúpido. É obvio que não havia acordo nenhum. Vocês vão apodrecer na Cidade de Metal. Vocês dois pertencem a nós, projeto A-l-e-x. —disse, debochando da ingenuidade dele.

Injuriado, o rapaz bradou em resposta: —MEU NOME É ALEXANDER! E EU SOU O MAIS FORTE QUE VOCÊ! SE ACHA QUE PODE COMIGO, ME SOLTA DESSAS CORRENTES, E EU VOU TE MASSACRAR ATÉ O CHÃO!

Contudo, para o desespero dele, o maldito estava decidido a fazê-lo sofrer por meio de Bennett. Não havia negociação, a arma eletrificada já vinha rápido na direção do pequenino.

Estava acabado! Aquela voltagem era muito alta. O garotinho iria ser morto! De que forma poderia agora encarar sua estimada Elizabeth; olhar nos olhos ao lhe entregar o irmão sem vida, nos braços franzinos dela?

“Como ela poderia me perdoar por ter quebrar a promessa, permitindo que seu amado morresse? Como esse homem ousa destruir a minha felicidade, fazer minha querida sofrer e atacar diretamente a minha vontade?”

Esses pensamentos lhe vieram numa fração de segundos. Um ódio extraordinário lhe inflamou o fígado.

Como um touro enfurecido, seus olhos lilás focavam somente no objeto da sua cólera. Transtornado, e tirando forças de seu furor, com um urro, puxou sua cadeia metálica vigorosamente, arrancando do teto a grossa argola que a prendia. Voltou-se para a parede de blocos de pedra e, pulando sobre ela, deu um impulso com os pés, saltando de costas, por cima o seu adversário, abraçando-o com a comprida corrente, ainda fixada nos seus pulsos pelas algemas.

Mesmo que o homem cogitasse se defender com o bastão, aquilo foi extremamente rápido para qualquer reação. O garoto já estava detrás dele, e uma corrente lhe apertava o pescoço.

Alexander, com um giro de corpo, dominou o inimigo, pondo-o de quatro. Agachou-se nele, ficou encolhido e acocorado nas costas do homem, enquanto prosseguia puxando a corrente, apertando-a entorno da goela de seu opressor. Os três guardas correram, então, para acudir seu oficial, esmurrando o loiro na cabeça e o puxando tanto pelos membros quanto pelo cabelo comprido, a fim de despregar-los. Ao mesmo tempo, o tenente agoniado, agarrando o laço e lutando para não ser enforcado, imbecilmente, tem a ‘brilhante ideia’ de eletrificar outra vez o taser, e tentar alcançar com ele, o jovem audacioso em sua cacunda.

Os soldados, ao perceberem o intuito do seu superior, soltam-nos rapidamente, afastando-se para não serem atingidos pela descarga: —Ele pretendia nos fritar também??? —exclamavam espantados, com desaprovação.

Era uma situação perigosa para o jovem, porém na forma na qual se encontrava, importava-lhe apenas deixar transbordar seus instintos perversos: —Isso seu verme tolo! Eletrocute a nós dois! Mas caso ainda não tenha percebido, tem metal colado na sua garganta. Um choque desse nível vai me ferir gravemente, mas a você, vai converter em carvão! —falou o loiro, fora de sí, divertindo-se. Usando os pés, encardidos, Alex empurra as escápulas do tenete, ao passo que, com os braços firmes e cotovelos rígidos aperta ainda mais a forca, sobrepujando-o e fazendo-o largar a arma no chão empoeirado, desvanecido e derrotado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Projeto Alex - Livro I - Cidade de Metal" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.