Escolhas escrita por Bianca Saantos


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

GALERINHAAAAA
ESPERO QUE NÃO TENHAM ME ABANDONADO :(((((((((((
Desculpem mesmo a demora

Fiz um capítulo grande, e.... Espero de verdade que vocês gostem.
Boa Leitura



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León

 

Estava deitado em minha cama, enquanto Gery andava de um lado para o outro arrumando vestidos e mais vestidos que ela havia comprado em Los Angeles antes de virmos para cá. São tantas roupas que eu não sei onde ela irá enfiar, já que o guarda-roupa não é um dos maiores.

— Amor, qual você prefere? – perguntou com dois vestidos nas mãos. – Esse ou este?

— Mas são iguais. – murmurei não vendo diferença nenhuma.

— Claro que não, esse é azul escuro e este é azul Royal.

— Eu realmente não vejo diferença. – falei confuso, pois eram idênticos para mim, até mesmo o modelo era igual, por que alguém ficaria indeciso com isso?

— Você é péssimo. – ela riu. – Estou sentindo falta da minha stylist.— suspirou. – Vou usar o azul Royal, provavelmente é a escolha certa.

— Vai usar aonde? – perguntei ainda mais confuso.

— Não te contei? – me olhou surpresa e eu neguei. – Vamos ao Aires Palace.

— O que? – sentei imediatamente.

— Recebemos um convite. – disse entusiasmada, indo até a bolsa e tirando um envelope médio de lá de dentro. – Não é sempre que alguém é convidado a ir nestes eventos, meu amor. – sorriu, atirando o envelope em minhas pernas.

Revirei os olhos e o abri.

 

Seja bem-vindo León!

É com imenso prazer que convidamos você para mais uma festa incrível no Aires Palace. Esperamos sua presença com grande expectativa, já que não é sempre que temos a honra de ter você em nosso país.

Apresente este convite na entrada.

Válido apenas para você e + dois acompanhantes.

Atenciosamente,
equipe Aires Palace.

 

— Você seria a minha acompanhante? – perguntei cansado.

— Claro que não bobinho. – riu. – Eu sou uma estrela, tenho o meu próprio convite, e vou levar minha própria acompanhante.

— E quem seria?

— Uma amiga que reencontrei. – deu de ombros. – Faz uns seis anos que não a vejo, mas é a única pessoa que tenho para levar, já conversei com ela, e nos encontraremos em uma hora. Já que minha avó é muito idosa para estas coisas e não está bem de saúde.

— Eu realmente não estou a fim de ir.

— Mas vai. – disse firme eu ergui minha sobrancelha. – Amor, será que não percebe que eventos como esse não se podem faltar? Seria muita falta de senso! Suas fãs ficaram contentes em saber que você está se divertindo.

— Eu só quero descansar um pouco.

— Descansa quando chegar.

— Gery... – tentei fazer com que ela me liberasse, mas ela me interrompeu.

— Sem drama León. A roupa que você vai usar já está separada, agora vá tomar banho.

Suspirei cansado me levantando para ir até o banheiro. Ela tem essa irritante mania de querer mandar na minha vida. Minha cabeça está mais dolorida do que o meu corpo depois de uma série de exercícios na academia. E pra piorar, aquela ceninha da Violetta beijando outro cara na minha frente não sai da minha cabeça. Minha noite não poderia estar pior.

 

 

Violetta

 

— Francesca, por favor, vamos ficar em casa só hoje? – murmurei com dor de cabeça. – Eu não estou bem amiga, de verdade.

— Não está bem porque não quer. – cruzou os braços. – Vamos comigo Vilu! Vai ser uma festa incrível! Podemos dançar e ficar bêbadas como nunca ficamos! – disse sorridente e eu ergui uma sobrancelha. – Ok, esqueça a parte do ficar bêbada, mas vamos dançar muito amiga!

— Olha, eu realmente queria que você e o Marco estivessem de bem para ele te acompanhar, porque eu não estou com cabeça para festa nenhuma.

— Se você não for comigo eu passo a noite inteirinha ao seu lado falando o nome do León. – ameaçou.

— Sem chances Francesca, e você não faria isso. – abracei o meu travesseiro.

— Ah não? – sorriu travessa. – Pois veja só: León, León, León, León, León, León, León, León... – começou.

— Francesca isso é ridículo, sério, para. – pedi rindo.

— León, León, não vou parar até você aceitar, León, León, León... – continuou irritantemente.

— Então fica falando aí sozinha, que uma hora você cansa.

Mas ela não parou, na verdade, ela ficou repetindo o nome dele por mais ou menos cinco minutos, parando apenas para tomar fôlego. Foram cinco minutos, mas para mim pareceram horas, e quando senti que os meus ouvidos iriam explodir, tive que interrompê-la.

— León, León, León, León, León, Le...

— Chega! Você sabe ser chata! – reclamei tapando os ouvidos. – Eu vou nessa porcaria de festa, você venceu. – falei brava levantando da cama.

— Eu sempre venço. – riu. – Com que roupa você vai?

— Eu não sei nem pra que tipo de festa você quer me levar.

— É uma boate, se eu não me engano se chama GKB.

— Nunca ouvi falar. – falei indo até o meu guarda-roupa.

— Fui uma vez com um pessoal da faculdade e o Marco, é bem legal. – Francesca comentou com um ar bastante positivo.

— Jeans serve? – murmurei pegando a primeira peça de roupa que me apareceu.

— Serve, se você colocar um salto e uma blusa elegante.

— Ah, então vou de vestido.

— Usa aquele vermelho que compramos na França, aposto que você nunca usou.

— Francesca, faz quase três anos que eu comprei aquele vestido, se bobear nem me serve mais.

— Para amiga, seu corpo tá ótimo, além do mais, não acho que você engordou daquele tempo pra cá.

— Tá... – murmurei pouco entusiasmada tirando o vestido do guarda-roupa. – E lá vamos nós. – sussurrei para mim mesma.

 

León

 

— León a limousine chegou.

Limousine? Eu acho que você tá exagerando bastante.

— León, nós somos convidados ilustres, dois mexicanos que fizeram sucesso em Los Angeles, e agora estão de passagem em Buenos Aires. Nossa chegada naquela festa exige estilo, meu amor.

— Você tá exagerando bastante. – reclamei tentando fazer um nó de gravata descente.

— E você tá chato demais para o meu gosto. – ela reclamou, vindo até mim. – Poxa amor, é só uma festa, já fomos a tantas lá em Los Angeles, por que a frescura agora? – perguntou calma fazendo o nó de minha gravata com uma habilidade absurda.

— Não é frescura, só estou cansado. Pensei que chegando aqui em Buenos Aires teria um pouco de sossego, um pouco da minha vida antes daquele sucesso todo, mas parece que nada mudou desde então.

— Uma vez estrela, sempre estrela. – disse baixo olhando nos meus olhos. – Você escolheu isso, então terá de viver as consequências.

— Na verdade eu escolhi cantar, ser um músico, o sucesso veio como consequência, e a qualquer momento eu posso publicar uma nota em algum site ou jornal dizendo que quero dar uma pausa na minha carreira.

— Nem pense! – disse assustada arregalando os olhos. – Isso mataria o meu pai do coração, e você sabe León, você é o maior investimento que ele já teve na vida.

— Gery, seu pai é um bom produtor, tenho certeza que já tem muitos talentos para revelar, eu só sou mais um.

— Eu odeio quando você não liga para sua carreira. – disse irritada. – Se tem uma coisa que eu odeio mais ainda do que isso é quando você se diminui.

— Não estou me diminuindo, só estou dizendo que...

— Está se diminuindo sim. – me interrompeu. – E chega disso, já estou irritada o suficiente, e não quero chegar de mau humor na festa.

— Então é melhor eu não ir.

— Você vai sim, para de tentar me enrolar. – me fuzilou com o olhar. – Minha amiga vai estar em frente ao Aires Palace nos esperando. – avisou. – Faça o que tenha que fazer aqui ainda e depois desça, estarei te esperando na limousine.

— Só tenho que fazer uma ligação antes.

— Ótimo. – disse brava saindo do apartamento segurando a barra do vestido para não arrastar no chão.

Eu não estava pensando em levar acompanhante nenhum, mas agora que a Gery resolveu surtar, não quero ficar naquela festa sozinho, porque eu tenho mais do que certeza que ela vai bancar a difícil e só vai falar comigo se um paparazzo nos importunar.

Fala cara.

— Marco? Tem algum plano pra hoje?

Na verdade não. To na casa do Diego vendo um jogo inútil de futebol, bebendo uma cerveja horrível, por quê?

— Coloquem uma roupa elegante e me encontrem na porta do Aires Palace.

Uma festa do Aires?! Tá me zoando?!

— Descolaram uns convites.

Você acabou de melhorar a minha noite. Eu e o Diego estaremos lá.

— Cheguem ao máximo em meia hora.

Pode deixar cara.

Marco é ambicioso, sabia que ele jamais iria recusar um convite para ir ao Aires, já que ele seria visto com olhos mais ricos e poderosos, o que faria com que o conceito dele subisse bastante no meio da elite. Além do mais, ele está brigado com a Francesca, embora não pareça nem um pouco afetado, seria legal espairecer um pouco.

Peguei minha carteira e o celular e enfiei no bolso. Se a noite não fosse boa, pelo menos não seria tão ruim com os meus amigos por perto.

 

Violetta

 

— Gata, você vem sempre aqui?

É a terceira cantada que eu levo em menos de quinze minutos que eu estou aqui. Francesca me trouxe em um lugar que tem homens para todos os lados em busca de alguém para ficar, e eu realmente não estou no clima de beijar ninguém.

— Na verdade não. – respondi o cara que me olhava com muita expectativa.

— Poderia te pagar uma bebida.

— Ah não é necessário. – sorri tentando parecer simpática.

— Poderíamos dançar então.

— Eu bem que queria, mas tenho que fazer companhia para a minha amiga, sabe como é né? Terminou com o namorado, precisa de mim. – inventei uma desculpa, apontando para Francesca que estava ao meu lado esperando que nossas bebidas chegassem.

— Que pena, mas qualquer coisa é só me procurar, me chamo Gabriel.

— Prazer Gabriel. – sorri.

Ele se aproximou e deu um delicado beijo no canto de minha boca e eu me segurei para não rir. Depois ele se afastou e deu uma piscadinha, apenas sorri, até que ele era bonitinho.

— Poxa Vilu, você recusou três caras maravilhosos, e eu aqui na espera de um só.

— Se toca que você tem namorado. – dei um soquinho no braço dela.

— Ah, mas você disse pro tal Gabriel que eu acabei de terminar com o meu namorado, então tecnicamente eu estou solteira.

— Francesca, nem pense. – suspirei. – Querendo ou não você e o Marco ainda estão juntos.

— Não fala o nome dele, eu to bem feliz hoje.

— Mas me promete que não vai fazer besteira nenhuma?

— Claro que não. – riu. – Embora o meu namorado pareça ex, eu jamais ficaria com alguém. A não ser se ficasse bêbada.

— Então deixe que eu mesma beba os dois Martine que você pediu. – falei desesperada.

— Vilu, Martine não faz diferença.

— Sei... – disse meio desconfiada.

— Se vier outro cara pedir pra dançar com você, por favor, aceite.

Apenas sorri assentindo, mas eu sei que ela sabia que eu não aceitaria dançar com ninguém. No fundo, tudo que eu queria, era estar enrolada no cobertor com alguém, comendo chocolate, falando bobagens enquanto assistia uma série ou um filme, e não estar aqui, em um lugar cheio de pessoas desconhecidas, querendo uma as outras como se não pegar ninguém fosse algo inaceitável.

Nossas bebidas chegaram, e Francesca bebeu em segundos. Sei que ela está passando por momentos difíceis, mas descontar na bebida não vai fazer com que ela se sinta melhor. Francesca estuda psicologia, mas não parece aplicar os conceitos na própria vida. Ela é uma pessoa maravilhosa, que sabe ajudar todo mundo, além de ter os melhores conselhos para dar, mas às vezes sinto que falta ela mesma se ouvir, e se ajudar, e me deixar ajudar também, porque quando ela se fecha, raramente eu consigo arrancar alguma coisa que a está incomodando.

— Vou dançar. – murmurou com um sorriso empolgado. – Você vem?

— Não, pode se divertir, eu to bem aqui.

Ela deu um sorriso e saiu animada com os cabelos curtinhos balançando a todo instante. Ela merecia se divertir um pouquinho, Marco anda sendo muito duro com a minha amiga, e eu não sei como ele consegue ser tão grosso e irritante, porque a Fran é a pessoa mais amável dessa Terra, é quase impossível se estressar com ela.

Olhei as horas no celular e ainda eram onze e meia, teria que ficar aqui pelo menos até uma hora da manhã para não parecer chata quando pedir para ir embora.

 

León

 

— Amor quem são aqueles caras que estão olhando para nós? – Gery perguntou enquanto caminhávamos de mãos dadas até a entrada do Aires, depois de ir o caminho todo sem trocar uma palavra comigo.

— Meus amigos que eu convidei.

— Você não me avisou que iria chamá-los.

— Foi de última hora. – murmurei sem querer conversar.

— León, me... – ela parou no meio da frase e depois suspirou. – Deixa pra lá.

Não fiz questão de perguntar o que era, estou exausta e discutir com ela só vai me deixar mais estressado. Caminhamos em direção a eles, enquanto fotógrafos tiravam algumas fotografias nossas. Gery sorria para as câmeras, ela era boa atriz, porque por mais que não estivesse bem, conseguia sorrir como se tivesse acabado de ganhar um milhão de dólares.

— E aí cara? – Marco disse com um sorriso ainda maior do que o que a Gery dava para as câmeras.

— E aí. – respondi. – É bom te ver de novo Diego. – falei sorrindo e ele me deu um acenar de cabeça.

— Não é por nada, mas eu preferia ter ficado no meu sofá assistindo ao jogo. – Diego murmurou e eu ri.

— Também não queria estar aqui. – ri, e senti Gery dar um aperto na minha mão. – Esta é minha namorada, Gery.

— Prazer, Diego.

— É um prazer conhecê-lo. – ela disse simpática e depois se dirigiu ao Marco. – E é muito bom revê-lo Marco.

— Muito bom em revê-la também. – Marco sorriu.

— Vou procurar minha amiga. – Gery disse me dando um rápido selinho. – Te encontro lá dentro. – disse baixinho em um tom um pouco ameaçador, como se eu fosse capaz de fugir para as montanhas. – Até logo gente. – sorriu para os garotos.

Ela saiu e eu enfim pude relaxar, não gosto de ser pressionado, me lembra do início da minha carreira, onde eu mal respirava. Eu gosto muito do mundo que a música me proporciona, mas às vezes é difícil aguentar as exigências.

— É impressão minha ou sua namorada é um pouco controladora? – Marco perguntou em um tom sarcástico.

— Um pouco? Ela é bastante na verdade. – respondi e eles riram.

— Ela parece ser simpática. – Diego disse com um sorriso.

— Quando ela quer, ela é. – ri. – Mas então, vamos entrar?

Entramos no Aires e eu pude entender o significado de glamour. Mal tive tempo de analisar o local que três caras voaram para cima de mim fazendo perguntas sobre Marco e Diego que estavam ao meu lado. Eu apenas sorri e saí sem dizer uma pessoa, não era tão fácil ignorar as pessoas, mas durante esses quatro anos, eu aprendi a ignorar bastante os paparazzi.

— Isso é irado. – Marco disse pegando a primeira taça de champanhe.

— Eu ainda prefiro o meu jogo de futebol. – Diego murmurou pegando uma taça também.

— Ah Diego, fala sério, isso aqui é melhor do que a cerveja que estávamos tomando. – Marco disse sorridente.

Diego revirou os olhos e eu dei risada, acho que sempre gostei da amizade do Diego porque ele é bem reservado, a não ser pelo fato de quando éramos mais novos ele era obcecado pela Ludmila, mas acho que essa fase já passou, eu acho.

— Amor! – era a voz de Gery.

Quando me virei, ela vinha em minha direção, agarrada ao braço de uma garota de cabelos grandes de cor castanha. Olhei para Marco e vi-o dar uma cotovelada em Diego que revirou os olhos mais uma vez, nunca vou entender esses dois.

— Amor, eu quero te apresentar a minha amiga. – ela disse quando se aproximou de mim.

A garota estava com um sorriso tímido, e não me parecia entranha, na verdade, me lembrava de alguém, sim, me lembrava...

— Esta é a Lara, e Lara este é o León. – acho que meu rosto perdeu a cor.

— León? – Lara disse com os olhos arregalados e a boca. – Meu Deus, você mudou. – continuou com uma expressão chocada. – Mudou muito, não sei como o reconheci.

— Você também. – murmurei surpreso.

Ela estava com os cabelos maiores e mais escuros, estava usando um vestido preto cheio de brilho que moldava o seu corpo que estava bem diferente de alguns anos atrás.

— Ei, vocês já se conhecem? – Gery perguntou claramente aborrecida, enquanto cruzava os braços, Diego e Marco e riram.

— Namoramos no ensino médio. – Lara disse sem parar de me encarar.

— Pensei que você tinha namorado uma tal de Violetta no ensino médio León. – Gery disse irritada.

— Convenhamos que o León namorou metade das garotas do nosso colégio. – Marco disse e Diego gargalhou.

— O que?! – Gery deu um gritinho agudo.

— Ah pelo amor de Deus, não escuta o que esses babacas falam. – pedi. – É um prazer revê-la, Lara. – murmurei, embora não fosse prazer nenhum, já que jamais irei me esquecer do que ela fez comigo quando namorávamos.

Lara sorriu encabulada e disse que precisava ir até o banheiro. Gery me encarava ainda de braços cruzados.

— O que foi? – perguntei.

— Metade das garotas León?

— Gery, isso é passado.

— Pensei que a Violetta fosse seu passado, não um monte de garotas.

— Para de falar da Violetta. – pedi. – E sim, eu tive algumas namoradas, mas acabou Gery, encontrar a Lara foi uma coincidência do destino, agora deixa isso pra lá.

— Ah dane-se, preciso beber alguma coisa. – disse dramática, indo até o barman.

— Obrigado “amigos”. – murmurei para Diego e Marco e saí para ir atrás de Gery.

 

***

 

Gery não quis conversar comigo, ela está me ignorando pra falar a verdade, mas por incrível que pareça eu não estou mal, quando ela quiser minha companhia ela virá até mim, é sempre assim.

— Isso tá um saco. – murmurei. – Quero ir pra casa.

— Marco parece estar se divertindo. – Diego apontou para o Marco que conversava com três caras enquanto bebia a quinta taça de champanhe.

— Só ele mesmo. – bufei. – Acho que vou dar uma volta.

— E deixar sua namorada furiosa nessa festa? Acho que não é certo. – ele riu.

— Pra mim é mais do que certo. – ri. – Quer vir?

— Pode ser. – deu de ombros. – Mas acho que não podemos deixar o Marco sozinho, ele pode acabar fazendo uma besteira.

— Vai nada, aqui tem muitas pessoas bem relacionadas, ele não pagaria um vexame, tenho certeza.

— Se você diz.

E então nós saímos daquela festa que eu não queria vir desde o início. Foi difícil encontrar a saída sem que ninguém se desse conta que eu havia saído, já que a cada passo que eu dava alguém nos interrompia para conversar e perguntar coisas da minha vida, mas quando enfim encontramos a saída suspirei de alívio.

— Acha que alguém notou que você saiu?

— Não, se não teria alguém aqui fora. – sorri.

Ninguém notou mesmo. Uma vez, quando tentei sair sem ser visto de uma festa em Los Angeles, um cara me seguiu até o lado de fora e perguntou por que eu estava indo embora, e aí eu tive que voltar para dentro de novo, já que não se pode sair de uma festa sem falar com os anfitriões e a maioria dos convidados.

— É boa essa vida? – Diego perguntou enquanto andávamos sem rumo pelas ruas escuras de Buenos Aires.

— Como assim?

— É boa essa vida que está levando? Cheia de festas, pessoas famosas, câmeras...

— Na maior parte do tempo é. – dei de ombros. – Não que eu não goste, mas às vezes quero só ficar em casa, sozinho, e não posso. – enfiei as mãos no bolso. – Agora estou achando ótimo andar pelas ruas sem ser perseguido por nenhum fotógrafo maluco. – murmurei e Diego riu.

— Te perguntei isso, porque estou te achando estranho. – murmurou. – Sei que faz um bom tempo que não nos vemos, e sei que nossa amizade ficou estranhamente abalada depois que namorei a Ludmila, mas a verdade, é que eu ainda acho que te conheço o suficiente, para saber que está te faltando algo.

— Eu não sei. – franzi a testa. – Eu tenho tudo agora, mas parece que não tenho nada. Estou bem feliz com a vida que eu tenho, mas me falta algo mesmo, algo que não faço a mínima ideia do que seja.

— Sei...

— Eu não posso reclamar sabe? Tenho uma vida ótima, uma profissão que eu amo fãs que apreciam o meu trabalho, uma namorada que faz de tudo para que minha carreira se mantenha estável...

— Gery parece ser bem exigente. – ele riu.

— É pior que o meu empresário, e ele ainda por cima é pai dela. – ri e Diego arregalou os olhos surpreso.

— Gosta dela? – perguntou.

— Gosto. – dei de ombros.

— Não parece. – Diego riu e eu tive que encará-lo. – Ah desculpa, é que eu era tão acostumado a te ver com a Violetta, cheio de brincadeiras melosas. E com Gery você parece mais frio e... Distante.

— Não sou mais um adolescente Diego.

— Mas também não é 100% adulto.

— Mas estou amadurecendo. Estar com a Gery é diferente, não sou capaz de compará-la a Violetta, tudo com ela é mais simples, mais sólido, me dá segurança, sei que posso me apoiar nela, e sei que ela sempre irá me estar ao meu lado, independente de eu estar errado ou não.

— Está insinuando que a Violetta não te dava segurança? – perguntou desconfiado.

— Não é isso, é que... – pensei um pouco nas palavras que eu iria utilizar. – Era diferente, éramos imaturos. Violetta sempre precisou de mim, era como se eu fosse o porto seguro dela. Eu a amava e talvez por isso achasse que protegê-la era a minha missão de vida, sempre a vi muito frágil, eu acho.

— De frágil ela não tem nada. – Diego contrariou. – E sim, você era uma espécie de porto seguro para ela, e não entendo como isso acabou de uma hora para a outra, não sei se você sabe, mas ela sofreu muito.

— Como? – murmurei não entendendo, eu que sofri muito, foi ela que parou de falar comigo do nada.

— Pois é cara, ela ficou sem sair com a galera durante uns dois meses, só queria conversar com a Francesca.

— Mas eu... – nesse instante ouvi um grito e parei de falar.

— Ouviu isso? – Diego perguntou. – Foi um grito feminino.

— Acho que tá vindo daquela esquina.

Nunca soube o que fazer quando escutasse um grito vindo de uma mulher, ainda mais de madrugada numa rua deserta. Eu e o Diego corremos até lá, alguém poderia estar em apuros, e quem sabe não salvássemos a noite de uma mulher que estava sendo atacada?

Porém meu plano de bancar o herói foi completamente por água abaixo quando vi, há alguns metros, uma cena engraçada para não dizer trágica. Eu realmente não estava com sorte hoje.

— Ah meu Deus. – Diego segurou a risada.

Violetta estava sentada na calçada segurando um dos pares de seus sapatos, enquanto Francesca rodopiava animada em volta dela.

— Dá próxima vez, me lembre de nunca aceitar um convite seu para sair. – ela dizia brava, e pelo visto não tinha me visto nem visto o Diego. – Poxa Fran, eu quebrei meu salto, por sua culpa.

— Eu te amo Vilu. – Francesca disse animada, mas de repente parou. – Acho que eu vou vomitar.

— O que?! – Violetta gritou. – Francesca, eu... Não! – tarde demais, Francesca havia se abaixado e colocado tudo para fora. – Que nojo Fran!

Olhei para o Diego que estava vermelho tentando não rir. Ele indicou que fossemos até lá e eu travei no caminho. Não queria falar com Violetta, não agora, não assim. Depois de quatro anos, eu imaginava um encontro mais emocionante, e não numa rua deserta, por acaso. Mas ao invés de ficar ali parado discutindo se ia ou não até elas, resolvi seguir o Diego.

— O que vocês estão fazendo, sozinhas, uma hora dessas? – Diego perguntou quando nos aproximamos, e Violetta que estava tentando levantar Francesca, se assustou, fazendo com que as duas caíssem sentadas na calçada.

— Diego! Quer me matar do coração seu... – seu olhar cruzou com o meu e ela se calou por uns instantes.

— Seu...? – Diego insistiu.

— O que está fazendo aqui? – ela murmurou se levantando, e puxando Francesca junto.

— Estávamos numa festa, e decidimos andar um pouco. – Diego respondeu. – Agora me conta o que raios estão fazendo sozinhas numa rua deserta.

— Eu... – ela levou os olhos até mim mais uma vez, e depois voltou a encarar o Diego. – Estávamos em uma festa também.

Diego abriu a boca para dizer algo, mas neste instante um raio iluminou o céu e um trovão soou nos assustando. Vi Violetta tremer, e em seguida abraçar o próprio corpo, sei o quanto ela não gosto de tempestades por conta dos trovões, e talvez por sentir que ainda a conhecia, um sorriso se formou em meus lábios.

— Acho melhor chamar um taxi. – murmurei.

— Não. – Violetta disse por impulso. – Não precisa, e eu a Fran nos viramos.

Ergui uma sobrancelha e em seguida olhei para a Francesca que estava pálida enquanto se apoiava no braço de Violetta. É óbvio que elas não iriam se virar nunca, não com a Francesca nesse estado.

Quando pensei em dizer algo que a convencesse de dividir o táxi comigo, gotas pingaram do céu, anunciando que a tempestade viria a seguir. Olhei para ela com um sorriso divertido e ela fechou a cara, e... Meu Deus, ela continuava a mesma. Essa carinha que ela fez me lembrou de quando brigávamos, porque ela ficava emburrada minutos depois.

— Vou chamar um táxi. – Diego disse com um sorriso.


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Notas finais do capítulo

O QUE ACHARAM??????
Até logo amoras!!!!!