Escolhas escrita por Bianca Saantos


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Tem alguém aí?

A culpa da minha demora é as Olimpíadas eu juro!!!

Boa Leitura!!



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León

 

Então eu a vi.

Na verdade eu não estava vendo ela completamente, apenas a sua silhueta parada na porta, certamente esperando por Francesca. Respirei fundo tentando não transparecer o meu nervosismo. Foram quatro anos sem ter notícias dela, não é agora que eu preciso me importar com isso, não é?

— Obrigada. – escutei Francesca murmurar e logo me dar um beijo na bochecha. – E a propósito, não gostei da sua namoradinha. – sussurrou bem baixinho e eu me segurei para não rir. Francesca sincera sempre me causou muitas risadas. – Tchau Gery, adorei te conhecer. – fingiu simpatia e um sorriso e eu tive que morder o meu lábio para não rir.

Ela saiu do carro, e eu fiquei esperando a mesma entrar. De relance a vi dar um longo abraço na garota parada na porta, e em seguida entrar. Fiquei alguns segundos encarando aquela casa, me lembrando dos momentos que estive lá dentro.

— O que foi que aquela garota sussurrou no seu ouvido? – Gery murmurou passando desajeitadamente para o banco do passageiro ao meu lado. – Já posso te dizer que eu não gostei dela, juro, não estou me precipitando.

Engraçado, porque ela também não gostou de você, pensei comigo mesmo, mas tive que me conter e fiquei quieto.

— Ela não disse nada demais, e se disse, eu não entendi. – me fiz de indiferente.

— Tudo bem, mas vamos para o seu apartamento? Estou exausta.

— Exausta ou com saudade de mim? – perguntei a provocando, tentando colocar um sorriso naquele rosto irritado, e funcionou, pois a mesma me olhou com os olhos cheios de más intenções.

— Exausta, mas com certeza com muita saudade de você. – abriu um sorriso se aproximando de mim, dando um rápido beijo em meus lábios. – Vamos logo, antes que eu te agarre dentro do carro dos seus pais. – falou com um sorriso e ficando vermelha em seguida.

 

***

 

Violetta

 

— Então, o que aconteceu? – perguntei a Francesca quando a mesma se sentou em minha cama agarrando um ursinho de pelúcia. – Brigaram pelo o que dessa vez?

— Pelas mesmas coisas de sempre. – murmurou de cabeça baixa. – Isso está me desgastando muito. – colocou os cabelos curtinhos atrás da orelha. – Essa coisa de brigar toda vez que nos vemos, está me cansando.

— Por que não acaba com isso de uma vez amiga? – perguntei triste por ela. – Você sabe, que quando o relacionamento começa afundar, é melhor se salvar do que afundar junto. Então, por favor, se salva.

— Não é assim tão fácil. – fez uma carinha triste. – São muitos anos juntos, muitos sonhos compartilhados, muitos planos construídos juntos. – olhou para as próprias mãos. – Não é como se fosse possível passar uma borracha em tudo que nós vivemos.

— Tá bom, mas essa relação está te deixando sem forças, e eu espero que não seja muito tarde, quando você perceber. – a abracei. – Agora vamos descansar, porque está tarde, e amanhã temos aula.

— Tinha até me esquecido. – fez biquinho e se jogou para trás, caindo deitada, me fazendo rir. – Acho que não vou não.

— Ah, pode parando. – neguei com a cabeça. – Eu não vou deixar que o idiota do seu namorado, faça você perder uma aula de psicologia.

— Ah Vilu, eu estou tão cansada, não vou ter cabeça para prestar atenção em nada.

— Não precisa prestar atenção, apenas faça suas anotações, e estuda em casa.

— Não sei não...

— Por favorzinho... – pedi.

— Acredita que o Marco reclamou da profissão que eu escolhi? – ela disse do nada. – Você acha mesmo que eu fiz uma escolha errada? Que eu poderia estar fazendo uma faculdade que explorasse mais o meu intelecto?

— Agora aquele idiota passou dos limites. – me estressei. – Você é maluca de considerar cada palavra que ele fala. Claro que não Francesca! Você nasceu para isso. Quem manda na sua vida é você, quem sabe o que é certo é você. E eu espero, espero de verdade, que se ele insinuar mais uma vez que você não serve para isso, você acabe com ele.

— Tudo bem... – ela sorriu triste. – Você tem razão, eu estou seguindo algo que me faz feliz, não vou deixar que ninguém me tire isso.

— É assim que se fala. – sorri. – Agora vamos dormir que eu estou exausta, mas antes... Quem foi que te trouxe?

— Como assim?

— Você chegou com alguém, quem era?

— Ah... – ela me olhou apreensiva. – Era um primo do Marco, ele estava lá também, e me trouxe até aqui.

— Sei... – murmurei desconfiada.

— To falando sério.

— Se você diz.

— Sim, eu digo. – disse sincera e eu tive que acreditar. – Sábado eu e o Marco completamos oito anos de namoro, você acha que...

— Eu acho que você tem que parar de pensar nele e dormir, porque amanhã você vai para a faculdade.

Ele forçou uma risadinha e fomos nos arrumar para dormir.

 

***

 

León

 

 

Acordei sentindo beijos quentes em meu pescoço e uma mão atrevida passeando pelo meu abdômen descoberto. Abri os meus olhos, logo os fechando por conta da luz que do sol que entrava pela janela. Escutei a risada doce de Gery, e cocei os meus olhos, abrindo-os novamente para encará-la.

Ela estava me olhando atentamente, com os olhos castanhos claros me olhando carinhosamente, e um sorriso sensual nos lábios tão delicados. Seus cabelos curtos estavam bagunçados e seu corpo apenas enrolado no fino lençol branco.

— Bom dia meu amor. – ela disse com um sorriso de orelha a orelha.

— Bom dia. – sorri também. – O que quer fazer hoje?

— Bom, tenho que conhecer a cidade não é mesmo? – perguntou rindo. – Mas antes, precisamos colocar esse apartamento em ordem, e eu preciso que você faça um favorzinho para mim.

— O que seria?

— Preciso que vá até uma faculdade que tem aqui perto, e entregue uns documentos para mim.  – pediu.

— Pra quê?

— Quando você disse que queria “tirar umas férias”, eu achei que seria uma boa estudar um pouco. Então me inscrevi para uma faculdade.

— Faculdade de que?

— Dança. – sorriu. – Você sabe né, eu sou modelo e atriz, porque não investir em mais uma área da arte?

— Dança? Você tá me zoando. – perguntei em pânico, ao me lembrar de que o sonho de Violetta era se tornar uma bailarina, uma dançarina profissional.

— Não amor. – ela fez uma carinha triste. – É importante para mim, e para minha carreira. Eu preciso disso.

— Mas...

— Sem “mas”. Eu nunca fiz uma faculdade na minha vida.

— Isso porque você não precisa. – falei rindo e ela se irritou. – Você sempre teve tudo Gery, nunca precisou batalhar por nada.

— Você está me magoando dizendo essas coisas! – ela disse se sentando, levando o lençol junto ao corpo e me olhando com as bochechas vermelhas de irritação.

— Gery, sua mãe é artista em Hollywood, seu pai é um grande empresário, por que raios você precisaria se esforçar?

— Isso não justifica. Eu quero batalhar também ok? Quero fazer alguma coisa por mim sozinha! Será que você não pode simplesmente me apoiar?!

Puxei seu braço fazendo o lenço escorregar, mostrando o seu lindo corpo e a puxei para os meus braços beijando-a para conter sua irritação. Ela relutou um pouco, mas em seguida se entregou, me beijando de volta.

— Você tem que parar de me calar com beijos. – reclamou puxando os meus cabelos.

— E você tem que parar de se irritar tão facilmente. – mordi o seu ombro.

— Vai levar os documentos para mim? – puxou o meu rosto para que eu a pudesse olhar novamente os seus olhos. – Eu mesma iria, mas tenho que ver os meus avôs.

— Tudo bem... – murmurei rendido e ela abriu um sorriso me beijando novamente.

E foi o que bastou para que nos perdêssemos um no outro naquela manhã.

 

***

 

Violetta

 

— Amiga – Francesca me chamou, enquanto eu estava sentada no banco colocando os meus tênis para ir embora. A aula de hoje foi puxada e eu estou exausta, e tenho que me recuperar logo, porque mais tarde tenho aulas extras de balé.

— Oi Fran... – murmurei estranhando, normalmente ela me esperava fora da faculdade.

— Você não vai acreditar quem está lá em baixo.

— Quem? – amarrei os meus tênis pacientemente.

— Clement. – disse reprimindo um sorriso e eu a olhei, confusa.

— Que estranho, eu não me lembro de ter combinado com ele sobre me buscar.

— Mas eu acho que ele veio fazer outra coisa... – ela disse desviando os nossos olhares.

— O que está insinuando?

— Ele está com um buquê de margaridas nas mãos. – disse rápido e eu arregalei os olhos. – Sério, ele está lá fora te esperando, e já até imagino qual será a surpresa.

— Ah não... – choraminguei. – Ele disse que iria esperar o meu tempo! – gritei me irritando.

— Bom, acho que ele pensa que esse tempo já chegou.

— Ai Francesca, o que eu vou dizer? Não posso magoar ele, mas também não quero me precipitar e dizer “sim”. – fiz cara de choro. – Me ajuda amiga, vamos sair pelos fundos, não estou disposta a encará-lo.

— Nananinanão. – segurou-me no lugar. – Você vai descer, e ir até lá embaixo, e dizer tudo para ele, sem fugir.

— Não faz isso comigo. – choraminguei.

— Um dos pontos que eu mais amo na psicologia, é quando ela incentiva você a passar por cima dos seus medos, então saia dessa faculdade, e encare o seu problema que está lá fora lindo de morrer segurando um buquê enorme de margaridas.

— Você não presta. – ri.

— Vai logo amiga!

Peguei minha bolsa e saí do vestiário correndo. Desci as escadas e rapidamente estava do lado de fora da minha faculdade, e como esperado, Clement estava encostado em seu carro, com uma blusa azul marinho, uma calça jeans e um tênis branco. Ele estava lindo, e eu estava me sentindo ridícula, por estar com uma calça de moletom branca e uma blusa de alcinha preta, e com certeza os meus cabelos deveriam estar bagunçados por causa da minha afobação.

Ele abriu um sorriso enorme ao me ver e eu apenas apertei as minhas mãos em nervosismo. Ele se aproximou tomando as minhas mãos, e ficando de joelhos na minha frente. Ah não, ele não ia fazer isso assim...

— Clement, levanta! – pedi envergonhada com os estudantes que nos observavam. – Por favor, não faz isso comigo...

— Sei que prometi esperar... – ele começou. – Mas eu não consigo mais, meu coração vai explodir se eu não disser tudo o que tenho guardado durante todo esse tempo.

— Clement... – eu estava prestes a chorar, não de emoção, e sim de vergonha.

— Eu te amo Violetta, desde que te encontrei desde que olhei pela primeira vez em seus olhos castanhos, desde aquele dia na França, desde o momento em que trocamos os nossos telefones, desde o primeiro momento, eu soube que iria te amar mais do que qualquer coisa que eu tenha conquistado na minha vida.

— Por favor, você está exagerando. – choraminguei. – Levanta, por mim, levanta. – pedi, estava me sentindo humilhada demais com os olhares que eu estava recebendo.

Ele me escutou e se levantou, me olhando com um olhar intenso e um sorriso grandioso nos lábios. Eu não devia tê-lo beijado ontem, é óbvio que ele tomou aquele gesto como um incentivo, mas eu não estou preparada, eu não o amo, tenho um carinho muito forte, mas não o amo.

— Violetta, eu te amo. – Clement disse.

— Acho melhor sairmos daqui Clement. – pedi constatando que na frente da minha faculdade não era um bom lugar para se discutir esse tipo de assunto.

— Não Violetta, chega de fugir disso. – pegou em minhas mãos, as segurando com precisão. – É um ultimato. Eu já não posso mais esperar. Ter você é tudo o que eu mais quero. Eu amo você com todo o meu corpo, com toda a minha alma, e está me dilacerando não poder me dar complemente a você. Será que ainda não percebeu que me tem em suas mãos? Estou aqui, implorando pelo seu amor, me acho digno o bastante para você. Por favor, vamos resolver nossa história, vamos ficar juntos. Eu não aguento só ser esse seu amigo.

— Clement... – ele me interrompeu.

— Eu só... – enlaçou minha cintura com os braços. –... Preciso ter certeza de que você quer ser minha. – sussurrou.

— Eu... – o que vou dizer? Não quero magoá-lo.

Estou encurralada. Preciso pensar em uma resposta clara e rápida. Porém, isso tudo foi por água abaixo, quando de repente vi uma moto estacionar abruptamente próxima a calçada onde eu estava. E meu coração disparou quando vi a pessoa tirar o capacete.

Por que raios o León estava aqui? Quando ele voltou que eu não percebi?

Meu estômago embrulhou e eu queria fugir para algum lugar bem distante.

Olhei dentro dos olhos castanhos escuros de Clement, e colei meus lábios nos dele. Ele estava desesperado para uma resposta, e eu estou desesperada para sentir alguma coisa e me livrar de vez por todas de León, eu não quero ficar presa ao passado, eu não posso ficar presa. Os braços de Clement me envolveram com força e logo ele retribuiu com mais fervor o meu beijo.

Eu espero que ele esteja vendo isso, que esteja me vendo com Clement.

Quando nossos lábios se repeliram eu estava tonta e com falta de ar. Droga. Eu não fui capaz de sentir nada, não consigo sentir mais do que uma forte amizade por Clement, nenhuma faisquinha de desejo. Nada. E eu preocupei-me ao ver o sorriso contente dele para mim. Parabéns pra mim. Além de querer me iludir, eu estou iludindo o meu amigo. Sou a pior pessoa da face da terra.


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Notas finais do capítulo

O que acharam????

PS: BRASIL É TRICAMPEÃO NO VÔLEI

Até mais amores!!