Escolhas escrita por Bianca Saantos


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Voltei amorecos !!!!
Desculpa a demora, mas como eu disse em alguns comentários, o desenrolar da história tá complicado para mim, mas to adorando muito descomplicar hahahaha
Bom, espero que gostem desse capítulo, e muito obrigada a quem está acompanhando e comentando também !!
Boa Leitura!!



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León

 

Finalmente em solo Argentino.

Eu e Gery acabamos de chegar. Aqui está um pouco frio, e por isso tivemos que nos encher de casacos. Gery está quieta porque está morrendo de sono, ela não dorme muito bem em aviões, e quando ela não dorme bem o humor dela não fica lá essas coisas, por isso eu nem me atrevo a conversar ou puxar assunto com a mesma.

Peguei nossas malas e assim fomos em direção ao táxi que nos esperava. Ainda estávamos disfarçados, não podia correr riscos. Porém, assim que entramos no carro, tirei aquele bigode e óculos escuros, e Gery se livrou da peruca loira. E para nossa surpresa ou não...

— Minha nossa... – o taxista disse nos olhando com os olhos arregalados em surpresa. – Você é o León Vargas? – perguntou e eu assenti vagarosamente com medo de que ele saísse desse carro e gritasse pra todo mundo que eu estou aqui. – Meu Deus! Você pode assinar aqui? Minha filha é sua fã. – disse tirando um pequeno papel do porta-luvas e eu fiquei momentaneamente aliviado.

— Claro – sorri. – Qual é o nome dela?

— É Hannah, senhor. – respondeu entusiasmado.

Escrevi uma breve dedicatória, e lhe entreguei de volta o papel e a caneta. Ele não notou Gery porque a mesma ainda estava de óculos escuros e uma touca na cabeça. E ainda bem que ele não notou, era capaz de receber um não, pois a mesma estava irritadinha e com sono. Mas não a culpo, foi uma longa viagem até aqui. Até eu estou cansado. O taxista agradeceu e perguntou qual o nosso destino, e eu rapidamente o informei.

Gery entrelaçou sua mão na minha, e encostou a cabeça em meu ombro. Acho que ela voltou a dormir. Beijei o topo de sua cabeça e vi um mínimo sorriso brotar em seus lábios avermelhados. Talvez ela não estivesse tão mal-humorada assim.

— Está ansioso? – ouvi a mesma perguntar, e essas foram às primeiras palavras que ela disse no dia.

— Muito. – respondi em um sussurro.

— Eu também. – falou se aconchegando mais a mim. – Mas estou com medo.

— Medo do quê? – perguntei preocupado.

— Da sua família não gostar de mim. – disse e eu sorri.

— É claro que eles vão gostar.

— Não sei. Faz tanto tempo que não venho até a Argentina. Estou me sentindo deslocada, e acho que vou me sentir mais deslocada ainda quando conhecer sua família. – revelou.

— Para de bobagem. – ri. – Além do mais, eles não têm que gostar de nada que eu faço. Se me faz feliz, é o que importa. E logo você se acostuma, Buenos Aires é maravilhosa.

— Te faço feliz? – ela perguntou baixinho, como se fosse a única coisa que ela tivesse ouvido em meio a tudo que eu disse.

— Se não fizesse, te garanto que não estaríamos juntos aqui.

— Você também me faz muito feliz, León.

 

***

 

Três anos e seis meses antes

 

— Parabéns! – Gery acabara de pular no pescoço de León, em um “abraço de urso”, que quase fez o mesmo cair de costas no chão daquele salão, que foi transformado em um tenso lugar para discutir o futuro dele.

León sorridente, quase chorando pela emoção de finalmente assinar o seu primeiro contrato, levou os braços até a cintura da jovem, abraçando com força, para ver se conseguia liberar toda sua felicidade através daquele gesto. Não poderia estar mais contente do que hoje.

O homem de terno preto, alto e forte, tossiu propositalmente, fazendo com que os dois jovens a sua frente se desgrudassem para encará-lo. Esse era Richard, pai de Gery, e novo empresário de León. Os dois deram um rápido aperto de mão, e Richard olhou em repreensão a sua filha, pedindo em um olhar silencioso, que ela se comportasse. A mesma abaixou a cabeça envergonhada.

— Faça o meu investimento valer à pena. – um dos cinco homens que ocupavam a sala, disse olhando firme para León.

— Pode deixar. – o garoto disse seguro de si, arrancando um sorriso do investidor.

Assim que a reunião acabou, León subiu desesperado para o seu quarto, sem nem perceber que Gery, aproveitando que o pai conversava com os sócios, seguiu o garoto. León passou como um foguete pela porta, sem nem se preocupar em fechar. Tudo que ele queria era contar aos seus pais sobre a novidade, que finalmente – agora de papel passado – havia entrado no mundo da música. E principalmente, queria dizer tudo o que estava sentindo a sua namorada, e que também estava louco para reencontrá-la.

Mas primeiro, tinha que encontrar o celular. Começou pelo quarto, olhou em todas as gavetas, dentro do armário, pelo chão e também de baixo da cama, mas não encontrou nada. Onde ele estava, havia apenas três cômodos, uma sala, banheiro e quarto, coisa típica de hotel. Vasculhou o sofá, debaixo deles, atrás da televisão, mas não encontrou nada de novo. Gery o espionava sem entrar no apartamento, apenas o olhando escondida do lado de fora.

— Onde está esse celular? – León murmurou irritado consigo mesmo, pois não se lembrava da última vez que tinha usado o aparelho.

Suspirou fundo e foi até o banheiro. Era o último lugar que ele tinha para procurar, porém estava quase aceitando que tinha perdido o celular pelas ruas, pois eram raras as ocasiões em que ele levava o celular para o banheiro.

Assim que abriu a porta daquele cômodo, viu o objeto em cima da pia e sorriu. Deveria ter entrado ali primeiro. Pegou o celular nas mãos, e foi até a sala. Estava decidido que a primeira pessoa que saberia da novidade seria sua namorada. Estava louco de saudades, e tudo que ele queria era ouvir o som da voz dela novamente. Porém, teve uma surpresa ao ligar seu celular. Havia uma mensagem, uma mensagem de Violetta.

“Nunca mais se atreva a falar comigo. O que você fez não tem perdão.” Violetta.

Assustado, León rapidamente discou o número de Violetta. Tentou, tentou e tentou. Milhares de vezes seguidas. Sem pausa. Seu desespero era palpável. León suava em baixo do terno. O mesmo estava começando a entrar em pânico. O que ele tinha feito de tão grave? Seus olhos se encheram de lágrimas involuntariamente. Seu coração estava apertado. Precisava escutar a voz dela, e escutá-la dizendo que estava tudo bem. E pensando nisso, totalmente sem rumo, deixou uma mensagem.

“Violetta me atende. Estou preocupado. O que eu fiz?”

Esperou, esperou e esperou, e quando enfim teve a resposta, sentiu afundar-se no chão onde pisava.

“Cínico. Essa palavra te define. Eu odeio você. Esqueça-me para sempre, que eu vou fazer o mesmo.” – Violetta.

O celular escapou de sua mão, estatelando-se no chão. Deixou seu peso cair no sofá, e escondeu o rosto entre as mãos. Sentia-se estranho e deprimido. Uma hora estava feliz, porque finalmente havia dado entrada em seu sonho, e na outra estava destruído vendo a garota, que ele achava ser o amor da sua vida, escapar por entre seus dedos. Ainda não entendia. E por não entender, que ficava preocupado, angustiado. O que fez de tão ruim para ela querer esquecê-lo?

Gery vendo que o garoto estava desolado no sofá sorriu. Ela não perderia a chance de começar a seduzi-lo a partir de agora, ainda mais vendo que o mesmo estava frágil. Vestiu a máscara de quem não sabia de absolutamente nada e entrou no apartamento, chamando atenção do garoto, que levou um susto ao ouvir os barulhos do salto.

— O que faz aqui? – León perguntou rouco, com os olhos vermelhos e marejados, estava segurando a força de querer fazê-lo chorar.

— Sei lá, pensei em sairmos para comemorar, ir ao cinema, ou ao boliche, mas vendo a sua cara, acho melhor só conversarmos. – respondeu se sentando ao lado dele no sofá. – Aconteceu alguma coisa? Está com cara de choro. – se fez de ingênua.

— Gery, vai embora, seu pai vai ficar bravo comigo e com você. – León pediu desviando seus olhares. Só queria se entender com Violetta e dizer que a amava e que estava louco para revê-la.

— Não precisa ser grosso, só estou preocupada com você. – disse fingindo chateada com o mau humor dele.

— Desculpa, só estou com problemas com a minha namorada, aquela de Buenos Aires que eu te disse. – explicou. – Ela não quer me perdoar, mas eu não me lembro o que eu fiz de tão ruim assim.

— Ela deve estar pirada então. – a garota disse dando de ombros. – Deixa isso pra lá e vamos curtir.

— Eu amo a Violetta, Gery. E eu não saio daqui antes de me acertar com ela.

— Então liga pra ela. – a garota disse se levantando do sofá e cruzando os braços. – Liga pra ela, e se ela te atender, você tenta se acertar, mas se ela não te atender, você sairá comigo, fechou?

Assentindo, ele pegou o celular do chão e remontou, ligando novamente para Violetta. Chamou, chamou e chamou, mas caiu na caixa postal. Ligou mais uma vez e nada. Tentou até uma terceira vez, mas nem sinal de Violetta.

— Tudo bem. – ele suspirou derrotado. – Nós sairemos. – continuou e Gery comemorou. – Mas não vamos demorar muito.

— Tá, mas desmancha essa cara feia e coloca um sorriso nesse rostinho bonito.

— Ok. - León forçou um sorriso, fazendo a mesma sorrir pelo esforço dele.

Gery pegou na mão de León e o arrastou para fora daquele hotel. Seu pai nem prestou atenção, já que estava distraído em uma conversa sobre beisebol com os amigos/sócios. E com o coração destruído, León saiu noite adentro com Gery, a todo o momento com seus pensamentos voltados a bela garota de olhos castanhos e perfume de rosas.

A dor não durou uma eternidade. Mas ele sofreu. León sofreu cada chamada não atendida, cada mensagem ignorada. Chorou a noite, sozinho, enquanto olhava a foto dela sob a luz do abajur. Sofreu até começar a enxergar outras pessoas, ou melhor dizendo, outra pessoa. Até enxergar a “boa” garota que sempre o acompanhava, que estava ali para ele em todos os momentos de todos os dias. Sofreu até perceber que havia coisas melhores para se viver, e não se afundar em uma relação fracassada, sendo que ele nem sabia o motivo de ter acabado.

Parou de sofrer e se culpar no dia que beijou os lábios de outra, e experimentou o gosto de ser amado novamente. No dia em que beijou Gery. No dia em que viu que ela, podia e queria dar o melhor de si para vê-lo feliz. No dia em que o sol brilhou e ambos assistiam o balançar das copas das árvores. Nesse dia em que os olhares se cruzaram e os lábios se aproximaram. Foi nesse dia em que ele desistiu de sofrer e se permitiu gostar de outro alguém, mesmo não amando, preferiu Gery a chorar por Violetta na madrugada, sozinho.

 

***

 

León

 

— Meu filho querido! Eu estava morrendo de saudades de você. – mamãe disse me abraçando apertado, quase me tirando o ar. – Não sabe o quanto esta casa ficou vazia sem você e sua irmã aqui comigo e com o seu pai. – continuou chorosa em meus braços. – Por favor, me diz que essa tortura acabou não suportaria ficar tanto tempo sem ver você novamente.

— Ei mãe. – a chamei. – Pare de chorar, eu estou aqui, e não vou ir embora. – não ainda, pelo menos esse ano eu posso ficar aqui com eles, porque eu não posso abandonar a carreira que eu construí, sei que é dolorido para ela, mas eu demorei tanto para chegar aonde cheguei, não posso jogar tudo para o ar agora.

— Quando você for pai, você vai entender o que é a dor de ver um filho longe. – ela murmurou em meu ouvido. – Mas eu estou muito feliz em te ver. – se afastou com as mãos em meus ombros. – Você mudou tanto – acariciou o meu rosto e apertou meu nariz me fazendo dar risada. – Estou tão orgulhosa de você. – sequei algumas de suas lágrimas. – Senti muito a sua falta.

— Eu também senti a sua. – sorri beijando sua testa e logo fui em direção ao meu pai que me recebeu com os braços abertos. Eu nunca fui muito de abraçar o meu pai, mas talvez ele tenha sentido a minha falta como a mamãe, por isso o abraço.

— Parabéns pela carreira. – ele disse durão se afastando rápido, mas me dando um sorriso com os olhos avermelhados.

— Obrigado pai. – sorri. – Onde está Melanie?

— Está vindo com o Fernando. – minha mãe disse com um sorriso encantado. – Mas me diga quem é essa moça? – perguntou baixinho e então eu olhei para Gery que tinha um sorriso tímido e as mãos entrelaçadas uma a outra, ela estava com vergonha.

— Essa é a Gery – a puxei para os meus braços, e ela sorriu vermelha. – Minha namorada. – sorri.

— É claro que é – mamãe riu. – Vi muitas matérias de vocês dois juntos. É um prazer finalmente te conhecer. – cumprimentou Gery e as duas trocaram um rápido abraço.

— Igualmente Senhora Vargas. – respondeu baixo.

Ela e meu pai trocaram um aperto de mão e logo nós fomos para o sofá, conversar um pouco, enquanto a Mel não chegava. Meu pai aproveitou para fazer perguntas, muitas perguntas, e eu estava quase me sentindo em um interrogatório, mas ainda bem que minha mãe percebeu e o cortou. A campainha soou em seguida, e Rosa foi atender.

— León!

Levantei-me assim que vi a figura loira correr até mim e agarrar o meu pescoço em um abraço super apertado. Minha prima está mudada, mas ainda se parece muito com a pirralha que só usava rosa pink.

— Ai que saudade – pegou meu rosto em suas mãos e olhou nos meus olhos. – Você tá diferente. – riu com lágrimas nos olhos, ela estava emotiva hoje. – Não sabe como senti falta de você no meu dia a dia.

— Posso imaginar. – sorri. – Veio sozinha? – perguntei erguendo a sobrancelha sabendo que a minha tia havia se mudado para um lugar um pouco mais longe, e seria perigoso ela vir sozinha.

— Não. – colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha. – Até parece que eu iria atravessar a cidade nesse salto alto. – fez um careta e eu dei risada. – O motorista me trouxe, papai e mamãe estão na França, voltam depois de amanhã. – sorriu. – Mas eu estou tão feliz que você está aqui! – me abraçou de novo.

Ela pareceu notar Gery e me soltou, olhou para mim desconfiadamente e franziu a testa. De repente suas bochechas ficaram vermelhas e seus lábios torcidos para baixo, se eu conheço bem a minha prima, ela está com raiva, muita raiva. Só não estou entendendo o porquê dessa raiva toda, é pela Gery?

— Olá, então você é a amiguinha do meu primo? Gery, não é? – ela perguntou a Gery com um sorriso pequeno no rosto, apenas apertou a mão dela. Gery não sorriu.

— Na verdade é namorada. – Gery corrigiu. – E você é a prima, certo?

— Não se faça de cínica, você sabe quem eu sou. – Ludmila disse fechando a cara.

— Ludmila, meu amor, seja mais educada. – minha mãe disse espantada assim como eu. – Por que está sendo tão rude?

— Me desculpe tia, não tive um dia bom. – falou, mas não parecia sincera, e olhou para mim novamente.

— Gery, venha comigo, quero te mostrar a casa. – minha mãe disse evidentemente constrangida. Gery prontamente se levantou e foi com minha mãe e meu pai fazer um tour pelos cômodos.

— Você ficou maluca? – perguntei quando eles se foram e nós ficamos sozinhos na sala.

— Maluca, eu? Poxa León, você é um babaca. – me insultou.

— Depois de quatro anos longe, é isso que eu mereço ouvir quando volto?

— Eu pensei que você e ela só tinham tido um caso, mas não que estavam namorando. Faz uns dois anos que eu não vejo notícias sobre vocês nas revistas. E aí de repente você volta, e ela vem de brinde? Que palhaçada é essa?!

— Tudo isso é por que eu to namorando outra garota? De todas as pessoas que eu achei que fossem me tratar mal por causa disso, você era a última. – falou irritado.

— León, não é por isso... – uma voz me interrompeu, roubando nossa atenção.

 

 

***


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Notas finais do capítulo

O que acharam?????
Comentem rsrs'



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