Escolhas escrita por Bianca Saantos


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

OLÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ
VOLTEEEEEI
E TO DE FÉRIASSSS
É só isso mesmo que eu queria dizer ashjahajj
Muito obrigada aos comentários gente
Boa Leitura!!!



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Violetta

 

— Fran, o que acha desse vestido?

Eu estava em meu quarto, procurando algum vestido bom que não ficasse tão feio em meu corpo. Queria algo especial, que não fosse tão vulgar, mas também não tão discreto. Quero algo que marque, mas não chame atenção. Um pouco difícil, mas é o que eu estou pensando para hoje à noite, e sei que com Francesca aqui, poderei conseguir isso.

— Gostei mais do azul que você estava antes. – disse voltando a se concentrar no computador a sua frente. – Mas vem cá, você não me falou porque está se arrumando tanto. – murmurou anotando algo no caderno.

Francesca está na minha casa porque o computador dela quebrou, e a mesma tem que fazer alguns trabalhos da faculdade, então eu ofereci o meu. Ela me ajuda em tantas coisas que isso é o mínimo que eu posso fazer por ela.

— Vou sair com Clement. – respondi tirando aquele vestido e colocando o azul que ela tinha gostado. E realmente, Francesca tem um ótimo gosto.

— Como assim? – ela perguntou chocada, esquecendo-se dos trabalhos e voltando seu olhar para mim. – Por que eu sou sempre a última, a saber? Eu sou sua melhor amiga, tenho que saber tudo primeiro, ok? – jogou a almofada que estava em suas pernas em mim, me fazendo dar risada.

— Ai Fran, não pira. – continuei rindo. – Foi coisa de última hora, ele nem queria ir, tive que insistir muito. Ele é muito preocupado comigo, disse que se a sessão demorar meu pai vai ficar bravo e eu não acordarei no dia seguinte para ir à faculdade.

— Que bobagem. É claro que você vai acordar para ir à faculdade. – ela riu. – Ainda são sete horas, antes das dez vocês então de volta.

— Pois é, mas ele não entende isso. – murmurei prendendo os cabelos em um rabo de cavalo. – Clement é muito precavido.

— Com certeza. – riu. – Mas e aí, viu algum apartamento hoje? Procurei alguns para você, mas todos que eu achei eram de custo muito alto, então desisti.

— Clement me mostrou um, que foi do amigo dele. – falei colocando os brincos. – O apartamento é bem legal, aconchegante, do jeitinho que eu queria. Vou conversar com ele, e aí vejo se compro ou não.

— Nossa Violetta... – ela disse prendendo os cabelos curtos.

— O que?

— “Clemente me levou pra não sei aonde.”; “Clement me mostrou um apartamento.”; “Clement e eu vamos sair.”; “Clement pra lá.”; “Clement pra cá e blá, blá, blá.” – fez uma péssima imitação. – Caramba amiga, vocês não se desgrudam mais. – soltou uma risada alta, joguei a almofada nela. – Desse jeito logo, logo rola alguma coisa.

— Francesca! – a repreendi. – Você sabe que nós dois apenas somos amigos. Jamais deixaria que algo acontecesse entre nós. Não quero estragar nossa amizade.

— Mas você sabe que por ele, já teria rolado há muito tempo. – ela resmungou voltando a mexer no computar, me fazendo revirar os olhos.

— E você sabe que eu não quero entrar em um relacionamento agora, não me sinto preparada. Sem contar que eu também não ficaria com ele sem compromisso, odeio relações abertas.

— Como assim não se sente preparada Violetta? Já faz quatro anos. Pensei que tinha superado.

— Doeu muito Fran, mas eu superei sim, é só que... – suspirei colocando meu colar de pedrinha azul. – Foi difícil pra mim. Não sei se estou preparada caso Clement decida me deixar também.

— Ele me parece ser o cara ideal.

— Mas talvez não seja ideal para mim. – dei de ombros.

— Você está perdendo a oportunidade. Ele é um cara bacana Violetta. Vai com tudo.

— Nós nunca devemos dar cem por cento nos relacionamentos Fran. – falei com um sorriso. – No máximo uns oitenta por cento e  temos que receber no mínimo noventa. – continuei colocando os meus saltos.

— Não concordo.

— É a filosofia que eu adotei depois do término com o León. – falei achando estranho ao pronunciar o nome dele depois de tanto tempo tentando esquecer.

— Pensei que nunca mais você fosse dizer o nome dele. – ela murmurou.

— Eu também. – ri de nervoso. – Mas ficar remoendo isso, e sofrer a vida toda não é uma boa opção.

— Mas então nunca mais você vai dar cem por cento em uma relação?

— Acho que sim. – dei de ombros. – Não estou disposta a ser destruída novamente.

— Talvez esse pensamento mude.

— Talvez. – concordei. – Mas por enquanto estou bem assim.

— Já que está bem mesmo, adivinha quem saiu pela milésima vez na revista Conmigo? – perguntou entusiasmada.

— Você ainda o acompanha? – perguntei vendo que a mesma ainda seguia todos os passos que o León dava.

— Como você sabe que eu o acompanho? – perguntou com os olhos arregalados.

— Fala sério Francesca – ri. – Eu te sigo no twitter, e tudo que você retweeta é sobre o León, ou frases de efeito.

— Ai Vilu, desculpa. – ela disse num choque arrependido. – Nem me toquei.

— Tudo bem. Como eu disse, eu já superei. – falei rindo do seu estado. – Mas me conta uma coisa. O Marco sabe que você coleciona todas as revistas que fazem matéria sobre o León? – perguntei e ela ficou mais espantada ainda.

— Como você... – a interrompi.

— Francesca, embaixo da cama não é o melhor lugar para se esconder esses tipos de coisas. – respondi.

— Ai como eu sou tonta. – escondeu o rosto nas mãos. – Você deve me achar uma péssima amiga não é?

— Claro que não. – fui até ela. – Eu sei que você é minha amiga tanto quanto é do León, mesmo que vocês tenham perdido o contato durante esse tempo. Eu sei que você torce pelo sucesso dele.

— Ele é meu amigo, mesmo que não fale comigo há três anos e meio. – disse dando uma risadinha tristonha. – Ele deve ter mudado bastante, mas não posso parar de sentir a falta dele.

— Sempre estranhei sua proximidade com ele. – comentei já que estávamos em um momento de confissões. – Às vezes me incomodava a intimidade que vocês tinham juntos, mas que eu nunca teria com ele.

— Que bobagem Vilu. – riu. – É só amizade. Eu não faço o tipo de garota do León, acredite, e nem ele faz o meu. Sou mais um cabeludinho de olhos escuros.

— Eu sei. – sorri com essa confirmação. – Mas e aí como anda a vidinha pacata com o Marco? – perguntei mudando o assunto, mas parece que ela não gostou, porque fechou os olhos respirou fundo.

— Pacata, como sempre. – deu de ombros e parecia estar um pouco indiferente quanto a isso. – Quase oito anos juntos e ele não fez nem um pedido de noivado. Eu amo o Marco, mas sinto que é hora de dar um passo maior no nosso relacionamento. Ele pensa que eu quero namorar pra sempre, como no colégio, mas não é assim.

— Temos vinte e um anos Fran. Vocês ainda têm tempo de sobra, tenta não ficar paranóica com isso. – tentei tranquilizá-la.

— Você sabe que é o meu sonho. E ultimamente parece que estamos tendo objetivos diferentes, porque ele só pensa em subir na empresa e eu quero construir uma família, não estamos sincronizados. Sem contar que a nossa relação caiu na rotina. Faculdade, trabalho e no final do dia ele vai dormir na minha casa. Todo dia a mesma coisa. Não fazemos nenhum programa diferente. Isso tá me cansando.

— Já conversou com ele?

— Ainda não. Quero que ele perceba sozinho, mas tá difícil.

— Os homens são meio lerdos mesmo, mas acho que ainda tá cedo pra querer uma família. – dei minha opinião. – E o Marco tá construindo a carreira dele, e você nem terminou a faculdade ainda, relaxa um pouco.

— Falta apenas um ano para eu terminar. Depois disso quero começar minha vida, entende? Mas ele não pensa assim. Eu não falo dos meus planos pra ele, mas pelo que ele me conta, ele quer subir e subir naquela empresa que tem mais importância na vida dele do que eu. E isso leva anos, e eu não estou disposta a esperar. Se a carreira é tão importante assim, que ele se case com aquela maldita empresa então, e não comigo.

— Não seja tão radical. – beijei sua testa. – Vocês se amam, e daqui a pouco vão conseguir conciliar tudo, você vai ver.

— Espero. – disse sem ânimo.

— Já vou indo. – olhei pelo relógio e vi que já estava na hora. – Clement deve estar me esperando lá embaixo.

— Vai lá, aproveita e vê se pega esse homem, por favor. – pediu.

— Menos Francesca, bem menos. – peguei minha bolsa. – Você vai estar aqui quando eu voltar?

— Acho que não, por quê? – perguntou voltando a se concentrar no computador.

— Pensei que você podia dormir aqui, aí quando eu voltar à gente conversa mais, e eu te conto como foi o meu encontrinho com o Clement.

— Então você está interessada nele né? – disse risonha e eu corei. – Pensando bem, acho que vou estar por aqui, e aí amanhã vamos à faculdade juntas.

— Super apoio. – sorri. – Vejo você quando voltar então.

— Sim.

— Beijo Fran. – disse me despedindo jogando beijos no ar.

— Beijo.

Saí do quarto, desci as escadas. Estou incrivelmente ansiosa, acho que nunca fiquei assim com nenhuma saída com Clement. Encontrei papai, Angie e Julietta, minha irmãzinha, brincando no tapete da sala com brinquedinhos coloridos. Ela estava com quatro aninhos, estava uma graça.

— Vai sair minha filha? – meu pai me pegou olhando para eles.

— Sim. – respondi vendo o amor transbordar entre eles. Julietta tem sorte de ter uma família assim, e eu tenho muita sorte em tê-los.

— Francesca não vai também? – papai perguntou estranhando.

— Não, ela está fazendo uns trabalhos, e vai dormir aqui, se o senhor não se importar.

— É claro que não me importo, Francesca é da família. – ele riu. – Mas vai sair com quem? – perguntou desconfiado.

— Com quem você acha Germán? – Angie perguntou rindo.

— Clement? – papai perguntou para confirmar, e eu assenti. – Menos mal, confio nesse garoto. – disse com um sorriso.

— Eu sei. – fui até ele e lhe dei um beijo na bochecha. – Volto antes das onze. – avisei. – Tchau Angie, Tchau Jú. – acenei para elas, mas apenas Angie acenou de volta, já que Julietta estava entretida com seus brinquedos. – Tchau pai.

— Tchau filha. – beijou minha testa. – Cuidado.

— Pode deixar.

Caminhei até a porta e dei o meu último aceno, que dessa vez foi correspondido por Julietta.  Saí de casa e encontrei um carro prata estacionado em frente a minha casa, sorri, é o carro de Clement. Ele saiu rapidamente, abrindo a porta do passageiro para mim. Caminhei até o mesmo, e lhe dei um rápido beijo na bochecha.

— Você está linda. – disse segurando a minha mão, me ajudando a entrar no carro.

— Obrigada. – sorri encantada pelo seu gesto.

Ele fechou a minha porta e correu para o outro lado, entrando rapidamente no carro.

— Já tem alguma ideia de que filme nós vamos assistir?

— Ainda não, mas tem que ser um de ação. – falei colocando os meus cintos.

— Você quem manda. – disse ligando o carro e dando partida.

— Bobo. – murmurei e então seguimos o caminho até o cinema.

 

***

 

Francesca

 

— Oi Marco. – atendi o celular depois de alguns segundos o procurando dentro de minha mochila. – Aconteceu alguma coisa?

Claro que aconteceu. Queria saber onde você está, já que eu acabei de chegar à sua casa e seus pais me disseram que você não voltou pra casa desde que saiu de manhã para ir à faculdade. Nós estamos preocupados Francesca. — respondeu um pouco alterado, evidentemente irritado.

— Desculpa, me esqueci de avisar. Eu estou aqui na casa da Violetta fazendo uns trabalhos, meu computador pifou, e eu precisei vir para cá.

Por que não veio na minha casa? É mais próximo.

— A Violetta ofereceu e eu não estava em condições de recusar. E eu vou aproveitar e dormir por aqui, já que iremos juntas a faculdade amanhã. – murmurei querendo voltar logo a fazer meus trabalhos.

Então dormirei sozinho hoje? — perguntou dramático.

— Apenas uma noite, você não vai morrer por isso. – respondi.

Você tá brava comigo?

— Não por quê?

Está diferente. Fiz alguma coisa que você não tenha gostado?

— Não.

Francesca. — soou repressor.

— A gente se fala depois, to cheia de trabalho. Beijo. – e assim desliguei.

Ele não percebe mesmo. Oito anos juntos e nada. Isso tá me deixando cansada. Marco não faz mais nada pela nossa relação, assim fica chato. Eu estou sim brava com ele. Brava por ele não prestar mais atenção em mim, não me fazer uma surpresa, e eu nem lembro qual foi à última vez que ele disse que me amava. Tudo se resume a nada. Nada. Parece que nosso relacionamento não evoluiu e sim andou para trás, ele nunca mais me deu flores ou chocolates. Tá ficando insuportável. Sem contar que ele esquece praticamente todas as datas, até mesmo a do meu aniversário.

O celular tocou de novo. Olhei no visor e vi que era ele. Suspirei, eu sei que não deveria ter desligado daquele jeito, mas eu só preciso de um tempo pra mim. As coisas estão muito confusas em minha cabeça.

Você nunca desligou na minha cara antes. — disse chateado assim que eu o atendi.

— Desculpa, só estou estressada.

Conversa comigo Fran, eu sou seu namorado e seu amigo também. — pediu.

— Marco, eu só quero ficar sozinha um pouco e terminar meus trabalhos, respeita isso, por favor. – foi a minha vez de pedir algo.

Tudo bem, eu prometo não te incomodar mais, mas antes quero te dar uma notícia em primeira mão, porque mais ninguém sabe. — disse entusiasmado.

— O que? – perguntei colocando a caneta em cima do caderno.

Fui promovido na empresa.

É sempre assim. Tudo por essa porcaria de empresa.

— Parabéns. – disse sem muito ânimo.

Não está contente?

— É claro que estou. Mas como disse antes estou cansada, e preciso fazer meus trabalhos, depois nós comemoramos.

Vou cobrar.

— Ok. Vou desligar. Bei... – ele me interrompeu.

Espera, tenho mais uma coisa pra te contar!

— O quê? – perguntei torcendo para que não seja nada sobre a empresa que ele trabalha.

León está voltando.

Isso sim é notícia! Não pude evitar o sorriso.

— Como você sabe disso? Achei que não conversasse mais com ele.

Realmente não converso, mas encontrei Ludmila pelas ruas ontem, e ela me contou. E a família dele chamou a gente para a festinha de boas-vindas, você topa ir? Falei que só ia se você fosse.

— Não sei. O que será que a Vilu pensa sobre isso?

Nós fomos convidados, não a Violetta. Esquece esse rolo, Fran. Esse assunto é entre ela e o León, nós não temos nada a ver. E pensa, vai ser muito bom a gente reencontrá-lo, faz tanto que não o vemos. E a Violetta nem precisa saber.

— Você tem razão. – concordei mesmo achando errado esconder isso da minha melhor amiga. – Então nós vamos, quando vai ser?

Amanhã à noite, porque parece que ele pegou o vôo hoje de tarde, deve chegar pela manhã. — explicou.

— Fechado, então nós vamos.

Ok. Beijo, até amanhã.

— Beijo.

E assim desligamos. Sorri. Finalmente iria reencontrar meu amigo. Falo assim, mas nem sei se ele me considera uma amiga ainda. Isso eu só vou descobrir quando ele chegar. Estou ansiosa para que esse reencontro aconteça logo. Porém não vou dizer nada a Violetta, sei que ela diz que superou, mas seu eu digo que ele voltou é capaz dela ter um troço. E eu não quero que a mesma se estresse com uma coisa que demorou tanto para parar de doer. É mais fácil eu dizer em outro momento, não agora que ela está tão feliz, e quase se acertando com Clement, que ela diz ser só um amigo, mas eu desconfio, pois ele está se tornando muito mais que isso.

 

***


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