Escolhas escrita por Bianca Saantos


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Oieeee
Obrigada a todos que comentaram no capítulo passado, e é bom ver que mesmo não sendo o que vocês esperavam, vocês apoiaram!
Queria desejar um bom final de semana pra todos, e que tenham uma boa leitura!



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“Você já se perguntou o que ele está fazendo?

Como tudo virou mentiras?

Try – Pink.

 

León

 

— Voo 315, com destino a Buenos Aires Argentina.

Respirei fundo e me levantei da cadeira onde eu estava. Eu iria voltar para Buenos Aires. Depois de quatro anos sem pisar os pés lá, finalmente eu irei reencontrar minha família e os meus amigos que eu deixei por lá. Eu estou ansioso, nunca pensei que ficar longe de lá fosse me fazer tanta falta, e olha que eu nem sou da Argentina, mas o que posso fazer se minhas raízes ali estão?

Baby, o que acha de visitarmos os meus avôs quando chegarmos? – Gery perguntou mexendo em seu celular caminhando ao meu lado, enquanto eu carregava minhas malas e as dela. – Minha avó está doente e eu quero muito revê-la, faz um tempinho desde minha última visita. Está na hora de reencontrar à dona Martinha.

— Claro, só vamos à casa dos meus pais primeiro, deixamos nossas coisas no meu apartamento, e aí vamos lá. O que acha?

— Perfeito. Quando chegarmos, telefono para ela, tenho certeza que minha avó vai ficar muito feliz. Sem contar que vou poder comer a macarronada que apenas ela sabe fazer. É uma delícia, você vai amar.

— Ok. – sorri com a sua empolgação. – Agora você pode me dar uma ajudinha? Estou me sentindo um burro de carga.

— Por que não pediu antes? Desculpa. – beijou o canto da minha boca. – Estava falando com uma amiga e nem notei. – pegou a mochila que estava nas minhas costas, e a mala de rodinhas. – Tudo que eu menos quero é que meu namorado chegue quebrado em Buenos Aires, porque quero comemorar muito enquanto estivermos lá. – piscou um de seus olhos maliciosamente me fazendo abrir um sorriso. Gery é uma garota maliciosa, e eu não posso negar que gosto, porque eu gosto, e muito.

— Teremos muito tempo para comemorar. – beijei seus lábios rapidamente. Tudo que eu menos queria é que alguém notasse demais nossa presença. Eu fiquei bastante conhecido desde que iniciei minha carreira em Los Angeles. Sou reconhecido facilmente por fãs, tanto que estou usando chapéu, óculos de sol e um bigode falso, e Gery uma peruca loira e óculos escuros, e é claro que conversamos com os oficiais do aeroporto, afinal não estamos parecidos com as fotos dos nossos documentos.

— Falando nisso, quanto tempo você vai ficar de férias em Buenos Aires? Você sabe que temos que voltar para Los Angeles, não sabe? – perguntou. Nós caminhávamos para a sala de embarque.

— Gery, eu trabalhei quatro anos seguidos, mereço pelo menos esse ano para respirar, me desligar um pouco. É muito cansativo, eu praticamente vivi esses quatro anos atendendo pedidos de fãs, patrocinadores, agentes e diretores. Não tive tempo para mim, eu preciso me reencontrar.

— Está me dizendo que você se perdeu. É isso?

— É claro que não. Eu tenho minha essência. – me ofendi. – Mas eu quero um pouco da minha vida de volta. Eu amo cantar, mas eu amo mais ainda ficar com as pessoas que gostam de mim. Entende?

— Acho que sim. – deu de ombros. – Pelo menos estarei com você, garantindo que não faça nenhuma besteira.

— Sou bastante responsável. – sorri irônico.

— Nem tanto assim. – estreitou os olhos para mim. – Jamais vou esquecer aquele vexame que você deu no jantar de negócios do seu primeiro show.

— Em minha defesa, eu tinha anotado onze e meia.

— León, aprenda: ninguém janta as onze e meia, ainda mais se for um jantar de negócios. – riu. – Todos ficaram embasbacados com sua falta de atenção.

— Ainda bem que você concertou tudo.

— Sim, ainda bem. Meu pai ficou furioso comigo aquele dia. – revirou os olhos ao se lembrar.

— Quem manda ser filha do meu agente?

— Bobo. – pegou minha mão esquerda. – Você sabe que eu amo você. Não sabe?

— É claro que eu sei. – sorri. – Tenho sorte de ter você ao meu lado. – continuei e ela suspirou.

— Só espero que não encontremos gente desagradável quando chegarmos. – disse fazendo uma careta desgostosa.

— Não começa.

Ela revirou os olhos e firmou sua mão na minha. Seguimos até o avião de mãos dadas, tomando cuidado para não sermos reconhecidos.

 

***

 

Três anos e seis meses antes

 

León estava despreocupado em seu quarto do hotel, ajeitando a gravata vermelha que lhe enviaram juntamente a um terno que ele não queria nem saber o valor porque só pela aparência e tecido, dava para saber que custou muito caro. Ele não sabia o quanto esse mundo da música era fascinante e atrativo, não tinha ideia dos milhares de propostas que receberia quando finalmente entrasse nesse ramo, mas finalmente ele descobrira, e estava achando o máximo desfrutar de todas essas possibilidades.

Estava entretido tentando por sua gravata no lugar, que levou um susto quando alguém tocou a campainha. Olhou no relógio e eram sete horas, o jantar seria às sete e meia, no salão do hotel, dessa vez ele não se atrasaria como fez da primeira vez, mas só aconteceu porque ele confundiu os horários e acabou chegando ao jantar as onze e meia, mas graças a Gery, filha de um dos seus investidores, conseguiu contornar a situação, já que a mesma disse que a culpa tinha sido dela, pois havia passado o horário errado para León, ou seja, ela salvou a noite, deixando seu pai irritado com a falta de responsabilidade da filha, sendo que a culpa fora totalmente de León.

— Gery. – León atendeu a porta com um sorriso. – O que faz aqui?

— Só vim ver como você está. – sorriu também, tomando a liberdade de entrar no quarto do rapaz. – Preparado para assinar o contrato que mudará sua vida para sempre? – perguntou.

— Mais do que nunca. – León disse sacudindo a cabeça desconsertado ao reparar o quanto o vestido lilás que Gery estava usando a deixava tão linda.

— Sua gravata está torta. – disse deixando sua bolsa de mão em cima da poltrona que ali havia, se aproximando do garoto que apenas tentava controlar sua sanidade com a bela garota que estava à frente dele.

As mãos de Gery trabalhavam rapidamente em sua gravata, deixando-o fascinado. León voltou seus olhos para o rosto que estava tão próximo do seu e soltou um suspiro. Os dias se tornaram mais difíceis quando Gery chegou a sua vida. Desde o início a garota tinha deixado claras as intenções que queria com ele, mas o mesmo sempre disse que Violetta, sua namorada, era a que importava, e era a única que ele queria em sua vida. Porém, estava ficando cada vez mais difícil separar os sentimentos, cada vez mais confusos, ainda mais convivendo com Gery quase todos os dias.

— Assim está melhor. – Gery disse com um sorriso apaixonado ao ver o quão lindo León havia ficado de terno e gravata.

Seus olhares se cruzaram, e Gery ficou séria, parando de sorrir. Suas mãos estavam sobre o peito de León, sentindo o coração do mesmo soar um pouco descompassado. León apenas conseguia pensar no que estava fazendo. Ele estava se sentindo culpado, com raiva de si mesmo. Jamais havia pensado em outra garota enquanto estava com Violetta, mas agora que ela estava longe, as coisas se tornaram complicadas. León engoliu as palavras que lhe faltavam, e virou o rosto, quebrando aquele contato visual, ele não era daqueles que fugiam da situação, mas estava ficando incomodado com a confusão que Gery estava fazendo com sua cabeça. Delicadamente, tirou as mãos dela de cima de seu peito e se afastou.

— Preciso ir ao meu quarto trocar essa calça e colocar um sapato decente, me espera aqui para descermos juntos? – perguntou evidentemente constrangido por cortar o clima.

— Claro. – ela disse com um sorriso, escondendo sua decepção.

León saiu como um foguete em direção ao banheiro, deixando uma Gery frustrada no meio da sala. Ela sabia que León só não ficava com ela por conta da "tal" Violetta.

Com as mãos na cintura e andando de um lado para o outro no apartamento pensando em como fazer para León desejá-la mais do que apenas uma amiga, ouviu o celular do mesmo tocar, e rapidamente foi até o objeto, o silenciando. Olhou para ver quem era, e fechou a cara com raiva vendo o nome da rival. Era Violetta. Não pensou duas vezes, e atendeu o celular de León, olhando para a porta do banheiro, certificando se não corria o risco dele a pegar atendendo suas ligações.

— Alô? – disse com a voz normal, porém em um tom mais baixo.

— Olá, o León está? – ouviu, pela primeira vez, a voz meiga e delicada da garota do outro lado da linha. Gery não podia acreditar que realmente era ela. Parecia que a garota estava esfriada ou algo do tipo, pois a voz estava fráca e sussurrada.

— Quem está falando? – perguntou, precisava da confirmação de que era realmente ela, precisava ouvir da boca dela.

— É a Violetta. – a garota respondeu firme, e parecia não estar com muita paciência. Gery sorriu, e teve uma ideia. Iria finalmente tirar aquela garota do caminho do garoto que ela estava completamente apaixonada. Iria tirar Violetta do caminho de León. Estava decidida.

— León está dormindo. – respondeu cínica. – E eu queria pedir para que você não ligasse mais, por favor. – pediu como se estivesse incomodada. Ela daria uma ótima atriz. Gery conseguia fingir muito bem em determinadas situações.

— Quem está falando? – foi à vez de Violetta perguntar.

— A namorada dele. – disse enfática, com um sorriso vitorioso se formando nos lábios.

— Namorada? – perguntou, e Gery segurou o riso, já conseguia imaginar a cara de espanto de Violetta ao imaginar que seu namoradinho perfeito a estava traindo.

— Sim, namorada. Agora se você me der licença, vou voltar a dormir. – falou querendo encerrar o assunto, pois escutara León cantarolar uma música, e sabia que ele estava prestes a sair do quarto.

— Espera um minuto. – Violetta se alterou, e Gery revirou os olhos. – Você está com ele? – perguntou.

— Querida, aqui em Los Angeles, nós dormimos cedo. Eu estou com sono, e eu não te devo explicações, mas sim estou com León. Agora eu preciso desligar. Tenha uma boa noite. – mentiu descaradamente.

— Espera! Qual o seu nome?! – perguntou aflita.

— Meu nome é Gery. – disse com um sorriso de satisfação e logo desligou.

Suspirou e sentiu uma esperança nascer em seu peito. Finalmente o caminho entre ela e León estava livre, sem mais barreiras. A única dificuldade que ela teria era de convencer o mesmo a ficar junto com ela. Mas não seria tão difícil assim, ela não era boba, e sabia que estava conseguindo mexer com a cabeça e o coração do garoto. Gery é insistente, e têm objetivos, e o principal do momento, era conseguir ter León.

Ouviu a porta do quarto se abrir, e rapidamente se virou, escondendo o celular nas mãos, atrás das costas. León saiu do quarto, já pronto, e ela praticamente se derreteu ao vê-lo tão lindo.

— Gery. – a chamou. – Você viu meu celular?

— Não, por quê? – fingiu-se de desentendida.

— Preciso fazer uma ligação. – respondeu parecendo um pouco preocupado. Gery estranhou.

— Aconteceu alguma coisa? Para quem quer ligar? – perguntou começando a ficar preocupada também, vai que tinha acontecido algo com a família dele.

— Não, é que amanhã é aniversário da Violetta. – disse sorrindo apaixonado ao lembrar-se da namorada, a única maneira que ele tirava Gery de seus pensamentos, era quando pensava em Violetta. – Faz tempo que não ouço a voz dela, estou com saudade. – disse coçando a nuca, constrangido, pois se sentia uma menininha ao confessar seus sentimentos para outras pessoas.

— Faz isso amanhã, se não nós vamos nos atrasar. – tentou não se irritar com aquela confissão de León, e mal sabia ele que tudo que a Violetta menos queria era escutá-lo.

— Quero fazer isso agora Gery. – disse sério, procurando seu celular pelos móveis.

Irritada, Gery fechou a cara, e não disse mais nada, às vezes se irritava com a teimosia de León, ele era tão difícil de lidar. Em um momento, aproveitou-se que León estava de costas olhando dentro de algumas gavetas, para ver se encontrava o objeto eletrônico, e colocou o celular no decote de seu vestido, assim ele não teria como achar. Com as mãos livres, se dirigiu até o lado dele.

— León, são quase sete e meia. Você não vai querer se atrasar justo hoje. – ela pediu calmamente.

— Tenho mais seis minutos. – respirou fundo. – Vou ligar para o meu celular do telefone fixo, essa é a única maneira.

León sentia necessidade de falar com Violetta. E essa necessidade surgiu do nada, era como se apenas naquele momento se tivesse feito importante para escutar a voz da namorada que a havia deixado em Buenos Aires. Discou o número do celular no telefone para o desespero de Gery, que se sentia preocupada e ansiosa com a insistência do garoto. Mas para o seu alívio, se lembrou que havia tirado o som do aparelho. Suspirou com um sorriso quando sentiu que ele apenas vibrava no decote de seu vestido.

León ligou duas vezes, e se irritou por não ter escutado nada. Colocou o telefone no gancho e olhou frustrado para Gery. Ele não poderia esperar mais, tinha apenas três minutos para estar no salão, e tudo que ele menos queria era levar uma bronca de seus investidores.

— Desisto.

— Ainda bem. – Gery disse sorrindo e León a olhou desconfiado com uma sobrancelha erguida, mas ela deu um jeitinho de disfarçar sua felicidade.

— Vamos para o jantar? – León perguntou sem ânimo.

— Só preciso passar no banheiro. – disse rapidamente.

— Não dá tempo Gery. – León tentou protestar.

— É rapidinho. – falou dando as costas e indo ao banheiro com passos apressados.

Chegando lá, fechou a porta e tirou o celular de dentro do decote. Apagou a ligação que Violetta tinha feito, para não levantar suspeitas. Deixou o celular sobre a pia, para León encontrar-lo ali depois, já que aquele foi o único cômodo que ele não havia procurado. Olhou-se no espelho e sorriu minimamente, se controlando para não pular de felicidade.

Saiu no banheiro em pouco tempo, encontrando León perto da porta, segurando as chaves do apartamento. Sorriu para ele que devolveu um sorriso triste.

— Vamos? – León perguntou.

— Sim. – ela respondeu com uma felicidade crescente dentro do peito.

Seu plano havia dado certo.

 

***


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Notas finais do capítulo

E aí????
Próxima história a ser atualizada vai ser Together !!! Até mais pessoalzinho.
Beijo