Escolhas escrita por Bianca Saantos


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

AAAAAMORAS
Estou tão feliz que nem sei porque demorei pra postar aqui.
Mas demorei pouco comparada as outras vezes né? hahaha
Queria primeiramente agradecer aos comentários do capítulo anterior, amei que as minhas leitoras sumidas tenham aparecido, e espero de coração que não desapareçam mais!!!!!!
E além dos comentários maravilhosos...
Queria agradecer de coração a recomendação da minha leitora titulada como "Jorgistas de Portugal"!!!! Obrigada pelo carinho!!!!! Eu amei!!!! To tão encantada que o próximo capítulo está quase nas mãos de vocês rsrsrs'
Obrigada mesmo!!!!
É isso, espero que apreciem esse capítulo, mas garanto que o próximo vai ser imperdível.
Boa Leitura!!!!



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Gery

 

Acordei me sentindo contente. Mas, porém, entretanto, todo o meu bom humor foi por água baixo quando notei que o espaço na cama ao meu lado estava vazio. Agora além de quase não ficar em casa, o León está com mania de sair sem avisar. Odeio parecer chata, mas realmente queria que ele avisasse aonde iria antes de sair de casa, porque aí me trairia menos preocupação e raiva. Nosso relacionamento sempre foi muito controladinho desde o começo, porque agora ele quer desandar tudo? Ele não estava aqui ontem a noite, e também não está aqui hoje de manhã, é bom ele se preparar porque ele vai ouvir muito quando chegar.

Coloquei um vestido e fui à cozinha comer algo. É sempre assim. Toda vez que fico com raiva dele, meu apetite aumenta de 0 a 10 e eu sou obrigada a comer até me sentir saciada, menos preocupada com ele e mais preocupada com o meu peso. Se um dia a minha carreira acabar por conta do meu peso, León vai ser o culpado.

— Alô? – murmurei atendendo o meu celular.

Garota, em que lugar do mundo você se escondeu? Faz duas semanas que não temos fofocas de você aqui em Los Angeles.

Era a Maggie, minha amiga de infância. Crescemos juntas, seguimos a mesma carreira e ela é praticamente minha irmã, mas quando eu comecei a namorar o León, nós nos afastamos um pouco, e foi natural, já que na época em que comecei namorar, ela ficou noiva e no ano seguinte, estava atolada de preparações matrimoniais.

— Maggie – sorri. – estou morrendo de saudades.

Eu também. — ela riu. – Pelo que eu li, você começou uma faculdade, e está levando uma vida normal com a estrela de Los Angeles, mas conhecido como o seu namorado. O que é que deu em você?

— León precisava de um tempo para descansar e eu decidi investir em alguma área para me aprimorar. – expliquei. – Além do mais, acho que esse tempinho vai ser bom para me desintoxicar desse mundo em que vivemos. – falei pegando um pote de biscoitos de morango.

Isso não se parece nada com você. — ela parecia horrorizada com o que eu disse. – Gery, você sabe que quanto mais tempo você demorar em aparecer, mais pessoas irão se esquecer de você, não sabe? Vivemos disso, as pessoas precisam entender que não vivemos uma vida pacata. Nós somos estrelas Gery.

— Ele só pediu um ano de férias para ficar mais próximo a família.

Um ano?! Sério? Ele não tem medo de perder as preciosas fãs? Porque sem elas, sinto muito em dizer, León não é nada.

— Maggie, elas nunca irão esquecê-lo. – revirei os olhos e fui pegar um copo de leite. – Sem contar que o León está sempre nas redes sociais interagindo com elas.

Faz duas semanas que o León não atualiza as redes sociais com fotos, e quase três que não responde as fãs histéricas do Twitter, e está surgindo um rumor de que vocês dois andam em crise, porque nunca mais viram vocês em eventos sociais juntos, e toda foto que os paparazzi conseguem tirar, León está sozinho.

— São apenas rumores. – resmunguei. – E rumores surgem a todo tempo, principalmente no nosso mundo.

Nem me fala. Um site bastante renomado na Itália escreveu uma nota dizendo que eu estava grávida, por conta de uma foto que um fotógrafo tirou de um ângulo terrível. A notícia se espalhou que nem catapora em criança, e eu quase perdi o emprego em nossa agência. Uma criança não seria nem um pouco bem-vinda, não agora que eu estou no topo e tenho pelo menos mais cinco anos para desfilar em passarelas.

— Jane teve ter pirado. – falei prevendo que nossa instrutora deveria ter surtado ao saber de uma suposta gravidez.

Ela pirou literalmente, e quase cortou o meu pescoço. — riu. – Estou te dizendo isso, porque mesmo que sejam apenas rumores, podem acabar com sua boa fama aqui, porque você sabe como esses sites de fofocas são, não sabe? Podem inventar qualquer coisa, deixando você como vítima ou monstro.

— Não se preocupe, estou bem ciente disso. – suspirei. – Mas prometo a você que nada disso irá acontecer, e caso venha a acontecer, prometo lidar com as consequências.

Você está bem mesmo? De verdade amiga. Você está falando como uma mulher casada. — ela parecia chocada.

— Bem, acho que amadureci um pouco. – ri.

Antes de mim? Acho que não. — ela gargalhou. – Tenho que desligar, eu preciso auxiliar a governanta aqui de casa.

 — Você está falando como uma mulher casada.

Mas eu sou uma mulher casada, né? — riu novamente. – E por mais que eu odeie me parecer com esposas tradicionais, tem dias que eu não consigo evitar. — ela parecia feliz com a vida que estava levando. – Ainda mais em dias especiais.

— Especiais?

Estamos fazendo dois anos de casado amiga. — suspirou apaixonada. – Quero que quando ele chegar do trabalho tenha um jantar especial o esperando. E, além disso — ela deu uma pausa. – assinei um contrato com uma agência poderosíssima em Milão, ele ainda não sabe, irei dizer durante o jantar, mas ele mais do que nunca queria que Milão me aprovasse, porque ele mais do que nunca, sabe que o meu sonho é estar lá, então acho que a noite vai ficar ainda mais mágica.

Escutei o interfone tocar.

— Maggie, se importa de conversarmos mais tarde?

Aconteceu alguma coisa?

— Acho que tenho visita me esperando. – murmurei sabendo que o interfone só tocava por esse motivo.

Ah não, tudo bem, conversamos mais tarde.

— Ok, então. Estou muito feliz por você, desejo toda a felicidade do mundo pro seu casamento.

Eu também desejo toda felicidade para você e o León amiga. Nós nos falamos mais tarde. Beijo.

— Beijo. Até mais.

Fui até o interfone que tocou pela quarta vez em menos de dois minutos.

— Sim?

Senhora, tem uma mulher aqui em baixo que diz ser Marie Bernardi.

— Quem é essa mulher? – perguntei não entendendo absolutamente nada.

Não sei, devo deixar subir?— perguntou. – Se a senhora quiser, posso pedir para ela se retirar imediatamente.

— Não, não faça isso. – suspirei. – Pode deixar subir, se for alguém que eu desconheça, chamarei por você.

Sim, senhora.

Era só o que me faltava agora.

Marie Bernardi? Que raio de nome é esse? Nunca nem ouvi alguém chamado assim. E eu me lembraria de ter conhecido uma mulher com este nome, pois é bastante marcante, e é um nome italiano, normalmente os italianos deixam sua marca de um jeito ou de outro na vida das pessoas.

A campainha tocou e eu me apressei em atender, eu estava ansiosa para conhecer essa tal Bernardi, seja lá quem fosse.

— Ah, eu não acredito. – murmurei revirando os olhos ao abrir a porta.

— Surpresa mi amoré!

Não era ninguém menos do que a minha mãe.

 

***

 

Francesca

 

O dia estava ensolarado, e o meu humor estava ótimo, nem parecia que ontem eu estava tão chateada. Coloquei um vestido salmão, peguei as chaves do carro do meu pai, e saí de casa antes que os meus pais acordassem. Não queria dar de cara com a minha mãe logo de manhã e ficar de mau humor, não em um dia tão bonito como este.

Fui ao mercado, comprei algumas frutas, depois fui à farmácia e comprei produtos de higiene pessoal, comprei uma rosa branca na floricultura, saquei um dinheiro no banco, comprei o livro que eu estava precisando para fazer um trabalho na faculdade, e depois de fazer tudo isso, precisava ir ao shopping.

Gosto de ir ao shopping. Lembro-me que quando eu e o Marco estávamos bem, íamos todo o final de semana, e agora ele nem sequer lembra de que tem uma namorada. Mas eu aposto que se eu esquecesse de que sou comprometida, ele certamente surtaria com tal possibilidade. Eu vou ao shopping almoçar, por mais que eu odeie não ter companhia, minha fome é mais importante do qualquer capricho meu.

Para a minha surpresa Marco me ligou no meio do caminho, perguntando se eu queria almoçar com ele, e eu pedi para que ele fosse ao shopping almoçar comigo, porque eu já estava morrendo de fome.

Deixei o carro no estacionamento e as coisas que eu havia comprado estavam no banco de trás. Olhei-me no espelho do retrovisor, e dei uma arrumadinha em meu cabelo. Eu gostava deles mais curto do que o habitual era mais fácil de arrumar. Retoquei o batom vinho em meus lábios, peguei minha bolsa e saí do carro. Minha barriga fez um barulho estranho, e acho que eu nunca senti tanta fome como estou sentindo agora.

Apertei o botão do elevador e fiquei esperando uns minutos. Eu não gosto de elevadores, uma vez fiquei presa com a Vilu dentro de um e foram os vinte minutos mais longos da minha vida, nos duas ficamos traumatizadas, a Violetta mais do que eu, porque até hoje ela pensa e repensa antes de entrar em um elevador, eu também sou meio medrosa, mas se eu for de escada, vou demorar mais do que o necessário para chegar à praça de alimentação.

Quando enfim as portas do elevador se abriram, eu sorri e entrei. Mais do que odiar elevadores, eu odeio esperar, e...

— Segura para mim! – ouvi alguém gritar, e antes que as portas se fechassem totalmente, coloquei minha bolsa entre elas, e então elas abriram novamente.

E então um homem alto, de óculos escuros, vestido totalmente de preto entrou no elevador com um sorriso agradecido. Sorri de volta e aí sim ele sussurrou um obrigado, apenas assenti. Boas ações geram boas ações. Isso é um lema para a vida.

— Fran...

— Que coincidência!

Era Diego.

— É ótimo que você não esteja bêbada.

— Continua o mesmo babaca de sempre né?

Ele riu. E aquele som me remeteu a imagens felizes da minha adolescência. Dos meus amigos todos unidos, do nosso tempo no colégio, do tempo em que eu realmente era feliz, mas não dava tanta importância, porque ser feliz naquela época era constante, e quando algo é constante na sua vida, você se esquece de valorizar.

— Não tive notícia sua durante o tempo. Na verdade aquele dia que em que eu estava bêbada demais, foi nosso primeiro contato.

— Fiquei um ano e pouco quase dois no México e depois retornei a Espanha com a minha família. – se explicou. – Estava com saudade de lá. – sorriu. – Mas você também está diferente, se não fosse pelo seu sorriso gigante, eu teria dito que você mudou completamente,

— Diego! – bati em seu braço e ele riu. – Você continua mesmo sendo um idiota. – cruzei os braços.

— E você continua se irritando fácil. – riu. – Algumas coisas nunca mudam.

— Não mesmo. – resmunguei.

— Olha só. – ele disse e eu me virei para ele novamente e vi que o mesmo encarava a minha mão. – Aliança prata com um coração dourado? Você e o Marco ainda estão... – o interrompi.

— Sim, nós estamos juntos. – murmurei forçando um sorriso.

— Vocês dois estão juntos há uma vida. – comentou e eu ri. – De verdade, eu nunca vi nenhum casal chegar tão longe quanto vocês, eu admiro muito isso. – sorriu.

— É uma surpresa até para mim que estejamos juntos. – resmunguei e ele me olhou com a testa franzida e eu sorri para disfarçar. – Ele está vindo para cá daqui a pouco, tenho certeza que Marco vai adorar te reencontrar.

— Sim. – assentiu. – Marquei com uma pessoa aqui, uma garota que conheci pela internet. – me contou.

— Que legal. – fiquei feliz por ele. – Espero que dê tudo certo no encontro.

— Eu também.  – ele riu e as portas se abriram no andar em que ele tinha de estar. – Foi bom te reencontrar. – beijou minha bochecha. – Você está linda, mais do que antes até. E eu gosto mais do seu cabelo assim. – comentou saindo do elevador.

— Diego! – tentei ficar brava, mas acabei sorrindo.

As portas se fecharam e eu fiquei rindo como uma boba. A nossa amizade continuava igual, independente do tempo em que ele sumiu. Gosto disso. Gosto também do fato de alguém ter me elogiado, alguém do sexo masculino digo. O dia estava ficando cada vez melhor. As portas do elevador se abriram para o terceiro andar, e aí a minha felicidade ficou realmente completa quando vi o McDonald’s.

 

***

 

Violetta

 

Minha cabeça estava literalmente explodindo, e acontecimentos do dia anterior rondavam por minha mente, me fazendo querer ficar enfiada de baixo dos cobertores para sempre. Meu travesseiro estava sobre a minha cabeça, e eu estava em uma espécie de esconderijo querendo fugir da minha própria vida.

Ouvi a porta do meu quarto se abrir e suspirei ainda escondida sob o travesseiro. Nem no meu próprio quarto eu tenho privacidade. Às vezes me esqueço do quão é importante trancar a porta do quarto nessa casa.

— Você não desceu para jantar ontem a noite, não tomou café, ainda não almoçou, e eu soube que rejeitou o sanduíche que Olga te preparou. – ouvi a voz irritada de meu pai. – Sei que você sabe que eu ainda não aceitei aquela história de morar sozinha, mas isso não é motivo para você pular todas as refeições e ficar trancada nesse quarto como se estivesse de castigo.

Tirei o travesseiro de cima de minha cabeça e me esforcei para sentar. A luz do sol incomodava os meus olhos, mas nada era pior do que a expressão de pena que meu pai fez ao olhar para mim.

— O que é que você tem? – ele perguntou desconfiado.

— Nada não. – puxei o cobertor até o pescoço. – Só estou com um pouco de dor de cabeça. – bocejei. – E eu tomei um suco de maracujá que a Olga me trouxe. – sorri. – Estou bem, quando eu me sentir melhor, prometo sair deste quarto.

Ele me olhou e soltou um suspiro. Porém, quando eu achava que ele iria sair do meu quarto, o mesmo se sentou na beirada de minha cama e olhou ao redor de meu quarto, como se estivesse analisando tudo.

— Se está brava por causa de minha reação ao descobrir que você irá sair de casa, eu... – o interrompi.

— Pai, eu não estou brava, acredite. – sorri arrumando os travesseiros a minha volta. – Eu até esperava um pouco de gritos e broncas, mas o senhor foi até mais pacífico do que eu imaginava.

— Eu ainda não digeri essa história, Violetta. – ele disse olhando para todo o quarto menos para mim.

— Um dia você vai ver que foi a melhor coisa que eu fiz. – murmurei.

— Angie também está chateada, ela acha que é por culpa dela que você quer sair de casa. – apoiou os cotovelos nos joelhos. – Sinto muito que nós estejamos te evitando, mas ainda estamos tentando achar meios justificativos de você querer sair de casa.

— Pai, será que a minha justificativa não conta? – perguntei. – Eu cresci, e quero a minha independência, apenas isso.

Ele ficou calado e eu aproveitei esse meio tempo para tomar o comprimido que estava sobre o meu criado mudo. Olga disse que eu precisava tomar de seis em seis horas, e já era o momento certo para tomá-lo. Ele era pequenininho, e diz Olga que fazia um milagre com as dores de cabeça.

— Está com febre? – papai perguntou se levantando e vindo até mim com um semblante preocupado.

— Não. – coloquei a garrafa de água no criado mudo novamente. – É só um mal-estar, já vai passar. – sorri.

— Nunca é só um mal-estar vindo de você, Violetta. – ele me olhou severamente. – O que é que aconteceu? Você não estava assim ontem.

— Deve ser stress. – resmunguei.

— Stress do quê? – isso era um interrogatório ou o quê?

— Ai pai, eu não sei! – me irritei. – Deve ser a faculdade, o dia a dia, sei lá, pode ser qualquer coisa. – olhei para ele. – É só uma dor de cabeça, quando ela passar eu vou estar bem novamente.

Ele me olhou, me olhou preocupado e não bravo por ter praticamente gritado com ele. Odiava aquela expressão. Era algo misturado com pena, preocupação e algo mais que me deixava irritada e arrasada ao mesmo tempo. Já não bastava a visita do León ontem, hoje eu ainda tenho que aguentar o meu pai e os seus olhares penosos para cima de mim. Minha vida tá dando mais baixos do que altos ultimamente.

— Violetta. – ele se sentou novamente em minha cama e eu revirei os olhos. – Eu sei que você pode estar passando por uma fase difícil, a fase da responsabilidade, onde o adolescente se transforma em adulto e tem que aprender a caminhar com as próprias pernas. – disse e eu arqueei as minhas sobrancelhas. – Mas eu realmente acho que você não devia apressar as coisas.

— Eu não estou apressando nada. – falei brava. – Será que o senhor não vê que é você que quer retardar os meus passos? – perguntei. – Eu já comprei o apartamento, já pedi para o antigo proprietário retirar os móveis, e já estou comprando os meus para montar o meu apartamento do jeito que eu quero. – contei. – Eu estou crescendo, mas o senhor parece não estar crescendo junto.

— Não é isso, o que me preocupa é o que vai ser de você sozinha nesse apartamento. – disse e eu olhei para ele completamente entediada com o rumo daquela conversa.

— Pai, o objetivo é aprender a me virar com as minhas próprias coisas, porque eu não vou ter você, Angie e muito menos a Olga para sempre. Preciso da minha independência mais do que vocês precisam de mim aqui.

— Olha o absurdo que você está falando. – ele riu irônico.

— Pai, se é para tentar colocar as suas ideias na minha cabeça, então, por favor, eu não quero ser rude, mas saia do meu quarto.

Ele me olhou perplexo e com raiva ao mesmo tempo.

— Violetta...

— Eu estou com dor de cabeça e quero ficar sozinha. – o interrompi. – Não vou sair deste quarto hoje, e te garanto que se eu sair, não vai ser para falar com o senhor.

Ele não disse uma palavra, mas respeitou o meu pedido. E quando ele saiu, pude voltar para o meu esconderijo não tão secreto assim.

 

Angie

 

— Mamãe, me conta uma historinha? – Julietta pediu bocejando e eu ri.

— Meu bem, você está morrendo de sono, dormiria assim que eu falasse “era uma vez”. – ri deitando-a na cama. – Melhor cochilar um pouco agora e de noite, quando você for dormir novamente, eu conto uma história para você, pode ser? – perguntei.

— Pode. – murmurou com os olhinhos fechados. – Mamãe, fala pra Olga fazer macarrão com queijo?

— Falo sim. – ri, ela estava praticamente falando dormindo. – Agora descanse um pouco, daqui a pouco venho te acordar.

Coloquei um cobertor sobre ela e lhe dei um beijo na testa, e a mesma já dormia. Acordamos muito cedo para ir ao parque, e quando chegamos, dei um banho nela e a mesma já estava mole de sono antes de sair da banheira. Fechei as cortinas e saí de fininho, encostando a porta. Vou deixá-la dormir por no máximo duas horinhas, porque se não de noite ela não deixa ninguém dormir.

Assim que saí do quarto, vi Germán fechando a porta do quarto de Violetta e franzi a testa. Raramente ele ia até o quarto dela, ainda mais quando a mesma passou praticamente o dia lá dentro. Normalmente ele pedia para eu ir conversar, tentar saber o que estava acontecendo, nunca ele mesmo tentava.

— Germán? – o chamei quando o mesmo estava indo em direção ao escritório.

Ele virou para mim, e vi seu semblante preocupado e estranhamente irritado, mas ele parecia controlado.

— Tudo bem? – perguntei me aproximando dele.

— Sim, onde está Julietta? – perguntou esquivando-se completamente do meu interesse.

— Dormindo. – fui curta. – Conversou com a Violetta? – perguntei e ele simplesmente balançou a cabeça positivamente. – E o que vocês conversaram? – perguntei invasiva.

— Nada. – ele deu de ombros.

— Germán! – me irritei colocando as mãos na cintura.

— Ela está com dor de cabeça e nós acabamos discutindo por conta da saída dela desta casa. – contou revirando os olhos. – Nada demais, está vendo?

— Por que não deixou que eu conversasse com ela então? Você sabe que eu consigo ser mais serena do que você, não sabe?

— Eu queria falar com a minha filha desta vez Angie, será que eu não posso? – me olhou nervoso.

— É claro que pode, só estou dizendo que eu poderia ter resolvido sem discussões e brigas, apenas conversando.

— Bom, desculpa, da próxima vez você faz o que achar melhor. – disse irônico.

— Pode parando de falar como um idiota. – estreitei meu olhar para ele. – Você sabe muito bem que durante esse tempo, eu tenho cuidado da saúde mental da Violetta. Então você podia muito bem deixar que eu tivesse resolvido isso com ela.

— Da próxima vez eu peço permissão a você para conversar com a minha própria filha. – continuava com aquele humor idiota que me fervia os nervos.

— Pensei que no início do nosso casamento nós dois havíamos concordado em tratar a Violetta como se fosse nossa própria filha, e agora você está dizendo que ela é somente sua? – perguntei completamente irritada.

— Angie, eu só queria um momento com ela tudo bem? Desculpe por não dançar conforme a sua música. – revirou os olhos mais uma vez e eu estava a ponto de bater nele. – Agora que você e a Violetta conseguiram me tirar do sério. Eu vou voltar para o meu escritório e focar no meu trabalho. – me deu as costas.

— Nós ainda não terminamos de conversar! – explodi fazendo com que ele parasse a dez passos da porta do escritório. – Mas que saco, será que não podemos dialogar como dois adultos normais?!

Ele se virou, e com os olhos mais sombrios que eu já vi na minha vida me encarou. Não me intimidei afinal eu estava com raiva também.

— Eu não estou a fim de conversa no momento Angie.

— Pois deveria estar. – cruzei os braços. – Se está com problemas com a sua filha, deveria contar comigo, pedir conselhos, quem sabe acharíamos uma solução juntos? E não meter a cara a tapa, passando por cima da paciência da sua filha e da sua esposa.

— Ela está com raiva porque eu não aceitei a ideia dela sair dessa casa. Escutou? É apenas isso. Não tem porque eu te dar satisfação de cada passo que eu dou junto as minhas filhas.

— Não tem? – perguntei chocada. – Você só pode estar brincando com a minha cara.

— Não, Angie. Nem sempre você pode ser a salvadora dessa família.

— Mas você mal entende as garotas Germán!

— Na maior parte do tempo eu realmente não as entendo, mas agora eu sei que Violetta está agindo com esse drama todo, porque eu simplesmente não consigo aceitar que a mesma sairá de casa! Agora se ela quer passar o dia inteiro trancada naquele quarto, então que fiquei. Se ela quer fingir uma dor de cabeça só para não ter que olhar para mim, então que finja!

— Nem tudo gira ao redor do que você aceita ou deixa de aceitar Germán! A Violetta não está sentida pela sua falta de compreensão. Será que você não entende que ela é uma garota que está passando por um turbilhão de sentimentos de uma vez só?! – perguntei exaltada. – É a faculdade, a vida adulta, um ex. namorado que voltou, um homem que está completamente apaixonado por ela, uma amiga que é como uma irmã para ela e está passando por momentos complicados. Não é só sobre a sua aceitação. É sobre ela, sobre tudo que está acontecendo. E você sabia disso tudo? É claro que não. Você nem ao menos perguntou para ela o que aconteceu nos últimos dias! Aposto que já chegou jogando sua raiva pra cima da garota, então não me venha dizer que é apenas drama, porque se você não agiu como o pai que ela precisava até agora, não venha cobrar a filha que você queria que ela fosse!

Seu rosto ficou vermelho, e ele estava com muita, muita raiva. Todo o seu corpo tencionou, e por mais que eu saiba que ele não é um homem agressivo, uma onda de medo percorreu o meu corpo quando ele se aproximou em passos lentos em direção a mim. Seus músculos rijos me diziam o quanto ele estava se controlando.

— Não venha falar sobre o meu papel de pai.

— Então não fale comigo como se você fosse superior. – retruquei no mesmo tom. – Como se tivesse mais direito de tirar conclusões sobre a Violetta, ou sobre Julietta, quanto eu tenho.

— Violetta só está fazendo drama, conheço a filha que eu tenho.

— Conhece? – perguntei. – Conhece mesmo? – senti os meus olhos marejarem, mas não derrubei nenhuma lágrima, nunca discutimos assim antes. – Então você sabe que o León veio aqui ontem à noite? Sabe que eles tentaram colocar toda a história em panos limpos? Sabe que ele saiu daqui determinado com sabe lá Deus o quê? E sabe que desde então, ela está trancada dentro daquele quarto?

— Como é que aquele imbecil conseguiu entrar aqui em... – o interrompi.

— Eu permiti que ele entrasse. – confessei. – Eu permiti que ele conversasse com ela, que os dois se resolvessem, porque eu sei o quanto é importante dialogar, saber o que o outro pensa e o que sente.

— Você não devia ter feito isso.

— Eu dei a chance dos dois se entenderem, e da Violetta viver livre desse sentimento de traição. – olhei dentro dos olhos dele. – Eu permiti que eles fizessem o que deveriam ter feito anos atrás.

— E agora veja o estado em que ela está!

— Quando você estiver mais calmo, nós conversamos. – dei dois passos para trás. – Não vou falar com você nesse estado. – dei as costas para ele. – Hoje vou dormir no quarto da Julietta, e vou pedir para que Olga leve o meu jantar para o quarto da minha filha, e eu e Julietta comeremos juntas.

— Angie

Ele não disse mais nada depois de dizer o meu nome, e eu voltei para o quarto de Julietta. A mesma ainda dormia serenamente agarrada a boneca de pano que Olga deu quando a mesma nasceu. Sentei-me na poltrona que ali havia e contemplei a calma daquele quarto, calma que o Germán parecia não  ter adquirido ao longo da vida.

 ***


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Notas finais do capítulo

Perceberam que o León está sumido? hahahahah
Sei que vocês esperavam mais desse capítulo, mas sinto muito em dizer que só no próximo que o circo irá pegar fogo !!!!
E essa briga do Germán com a Angie não foi atoa amoras, fiquem ligadas que vem choro por aí!!!!
Volto na terça ou no máximo quinta para postar mais um capítulo para vocês !!!! Então me digam o que acharam desse pfff
Vocês vão adorar o próximo, ele está quase pronto, e eu estou apaixonada por ele.
Posso deixar um trechinho para vocês?
Sim?
Aqui vai então:

"[...]

— Eu preciso fazer uma coisa – ele sussurrou próximo, próximo demais. – realmente preciso.

...Como se meus pés tivessem criado raízes, não consegui me afastar...

— Não é muito sensato isso o que você quer fazer.

[...]"



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