Backstage escrita por Fe Damin


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos! Cheguei cedinho essa semana e com uma boa notícia: serão duas semanas de capítulos duplos de Backstage e DV ;)
Eu e a Paulinha estamos muito empolgadas com a história (e generosas também) por isso preparamos essa surpresinha.

Esprero que gostem.



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Na quarta feira, o Ron me ligou a noite, ele estava muito atolado com o trabalho, não ia dar nem para sair de casa, então ficamos apenas conversando um pouco no telefone, eu contei sobre a nova consultora e que provavelmente isso significava algumas mudanças no escritório e ele disse que me avisaria assim que tivesse uma brecha. No dia seguinte, a consultora, ou dondoca como o Ced ainda insistia em chama-la, me comunicou que tinha me inscrito em um curso de cinco dias, para capacitação em gerência de eventos. Achei aquilo um pouco estranho, já que eu era qualificada no assunto, mas não reclamei, conhecimento nunca era demais. Foi só quando ela me disse que o tal curso era em outra cidade que eu fiquei meio irritada. Eu teria que passar praticamente uma semana longe de casa e do meu trabalho.

—Não acredito que a dondoca oxigenada está te despachando pra fazer um curso supérfluo desses! – acho que qualquer coisa que ela fizesse desagradaria o Ced, mas nesse ponto até eu tinha que concordar.

—Agora já está feito, tenho que pegar o avião no domingo e volto no sábado – expliquei – parece que nem cheguei direito na minha casa e já estou viajando de novo.

—Só que dessa vez não tem Sr Incêndio para animar os dias, nem as noites – ele sorriu brincalhão.

—Vai passar rápido.

—E como eu vou viver uma semana inteirinha sem a minha chefinha? – perguntou deprimido.

—Confio na sua capacidade de se manter ocupado, além de que você tem que ficar atento para me passar um relatório completo quando eu voltar.

—Isso não precisava nem pedir – ele balançou a mão dispensando minha observação.

—E se comporte na minha ausência, viu, mocinho? – apontei o dedo imitando uma mãe brava.

—Pode deixar, mãe prometo que vou ser um anjinho – caímos na gargalhada, ainda mais com a cara fingida dele – não posso nem trocar o adoçante do café da dondoca por açúcar?

—Não senhor, você está terminantemente proibida de chegar perto de qualquer coisa que tenha a ver com a dondoca!

—Rá! – exclamou animado.

—O que foi?

—O apelido pegou! – quem viesse diria que ele tinha ganhado na loteria.

—Você que fica chiando no meu ouvido – resmunguei.

—Chiando? Jamais, minha voz é linda como a de um canário – ele bateu os cílios, não dava para ficar brava com aquele palhaço.

Acabei ficando ocupada com algumas coisas que eu tinha que deixar prontas antes de viajar e cheguei tarde em casa nos dois dias que se seguiram. Decidi que ligaria no sábado para o Ron, numa hora mais normal. Passei a manhã do sábado preguiçosamente arrumando minha mala para a próxima semana, e depois do almoço peguei o celular para ligar para ele.

—Oi, Mione – ele respondeu no segundo toque.

—Oi, Ron, conseguiu terminar o trabalho?

—Que nada, falta um monte de coisas ainda, o cliente mudou algumas especificações de última hora, vou ter que passar o fim de semana todo trabalhando – ele concluiu contrariado.

—Ah – foi tudo o que eu consegui dizer, fiquei desanimada por não poder vê-lo antes de viajar o que transpareceu na minha voz.

—O que foi?

—Nada – desconversei – então, lembra da consultora?

—Claro.

—Ela me mandou para um curso na semana que vem.

—Estamos felizes com isso? – perguntou irônico, mas eu adorei o jeito que ele falou, ainda bem que ele não estava me vendo, para eu poder sorrir abertamente.

—Não muito, tenho que pegar o avião amanhã.

—Vai ter que viajar? Que droga – ele concordou.

—Sim, cinco dias, volto no outro sábado.

—Tudo isso? Não estamos felizes mesmo.

—Mas acho que será produtivo, vai passar rápido – ele resmungou alguma coisa que eu não entendi – pena que não vou poder te dar tchau, espero que dê tudo certo ai.

—Porcaria de cliente indeciso... mas eu tenho mesmo que terminar isso pra segunda.

—Não tem problema, Ron. Nos vemos na semana que vem – ele não respondeu nada – vou parar de te atrapalhar e te deixar trabalhar.

—Você nunca atrapalha – eu tinha certeza que ele não percebia as coisas que dizia, mas o meu coração sim, pois resolveu dar uma pirueta.

—Tchau, Ron. Boa semana.

—Tchau.

Desliguei o telefone um tanto decepcionada, uma semana inteirinha que eu não o veria. Isso já aconteceu diversas vezes, mas já fazia um bom tempo que as coisas não eram mais assim, nem me lembrava desde quando, e se tem algo que não leva tempo nenhum para se acostumar é ter por perto a pessoa que te faz sorrir sem nenhum esforço. Porém ele precisava se concentrar nas obrigações dele, e eu não iria atrapalhar, mesmo se ele insistisse que eu não faria isso.

Liguei o computador para me distrair até dar a hora da janta, li algumas reportagens e pesquisei um pouco sobre a cidade para a qual eu viajaria, pois mesmo que eu não fosse ter muito tempo para conhecer o local, era sempre bom estar preparada para o caso de uma chance aparecer. Cansei de olhar para a tela do notebook, deixei-o ligado sobre a mesa da sala e fui procurar outra coisa para fazer, tentando expulsar o tédio. Passei um bom tempo sentada de frente para a minha estante de livros, sem conseguir decidir o que eu leria, nada parecia me chamar muita atenção no momento, o que não era nem um pouco comum. Mas a verdade era que eu tinha plena consciência de onde eu gostaria de estar e com quem, todas as outras opções pareciam menos animadoras em comparação.

Perto das sete da noite, eu fui buscar a minha coleção de cardápios de deliveries, escolher o jantar era uma atividade que também me distrairia por alguns minutos. Eu já tinha reduzido as minhas opções para dois finalistas quando a campainha interrompeu a minha acirrada competição. Sem prestar muita atenção, levantei do sofá e fui atender a porta.

—Ron, o que está fazendo aqui? – ele tinha uma mochila nas costas e duas sacolas na mão.

—Eu não te dei boa viagem – ele respondeu como se fosse óbvio.

—Você podia ter ligado

—Mas ai não teria tanta graça – ele entrou e fechou a porta, logo em seguida me puxando para um beijo, que trouxe de volta todo o meu bom humor.

—Terminou o seu trabalho?

—Não, pra isso eu trouxe a mochila – ele indicou com a cabeça o volume que trazia nas costas e eu sorri com a resposta – posso trabalhar em qualquer lugar.

 -Vou pedir comida, já jantou?

—Não, e essa é a razão das sacolas, trouxe comida chinesa.

—Alguém pensou em tudo, veio preparado – ainda estávamos abraçados, e eu me inclinei para dar mais um selinho nele – vem, vou arrumar a mesa então.

Ele colocou a mochila no sofá e me acompanhou até a cozinha para pegarmos copos e pratos. Sentamos lado a lado, e ele abriu as embalagens já pegando um prato e servindo o que eu percebi ser exatamente o que eu gostava de comer. Ele me passou o prato sem dizer nada e pegou o outro para colocar comida para si. Terminamos de comer em meio a uma conversa acalorada sobre o último livro que o Ron tinha lido, ele gostou e eu detestei, nenhum de nós conseguindo convencer o outro.

Depois que demos uma arrumada na bagunça - não dava para deixar de qualquer jeito, pois eu viajaria no dia seguinte – ele me falou que precisava começar a trabalhar de novo.

—Claro, onde você prefere? Pode ficar aqui na mesa, tem uma tomada ali perto – eu afastei o meu computador, que ainda estava ligado perto da tomada.

—Aqui está ótimo então.

Ele abriu a mochila sobre a mesa da sala, tirando de lá de dentro um notebook ultra moderno, que eu provavelmente nem saberia como manusear. Nos segundos que levaram para inicializar a máquina dele, a sua atenção se prendeu na tela do meu computador que estava ao seu lado.

—Você por acaso já fez alguma limpeza de disco nisso aqui? – nem levantou os olhos da tela.

—Já, mas faz um bom tempo... não sou muito disciplinada com essas coisas – expliquei.

—Isso compromete a eficiência, posso fazer pra você se quiser – ofereceu.

—Você tem que trabalhar, Ron, não se preocupe com isso – argumentei, sentando na cadeira ao lado dele.

—Não leva nem cinco minutos, depois é o computador que trabalha sozinho.

—Se não for atrapalhar, então tudo bem.

Ele colocou o meu notebook de frente pra ele, e com os dedos ágeis digitou vários comandos, e alguns cliques depois, a tela mostrava uma contagem percentual da tarefa sendo executada.

—Agora é só esperar.

—Foi realmente rápido, e deu pra ver que eu não entendo nada disso – eu ri e ele se juntou a mim.

—Não é tão complicado assim, muito mais fácil do que desenhar árvores, tenha certeza – a menção aos desenhos terríveis dele me trouxe outro sorriso aos lábios.

—Vamos concordar em discordar nesse ponto – ele assentiu e começou a trabalhar no que ele realmente tinha que fazer.

Fiquei um bom tempo sentada ao seu lado, elaborando perguntas sobre o que ele estava fazendo, já que ele me assegurou que conseguia programar e conversar ao mesmo tempo sem problema nenhum. Os dedos dele digitavam com uma velocidade impressionante, e ele não precisava nem olhar para o que estava escrevendo a fim de ter certeza se estava certo, igualzinho a mim que tinha tanta habilidade que precisava escrever com os olhos colados no teclado.

—Você vai se entediar de ficar me olhando fazer essa parte repetitiva, não precisa ficar aqui sentada – ele me olhou, transmitindo a sinceridade da afirmação com os olhos.

—Vou assistir um pouco de televisão – eu dei um beijo na bochecha dele e levantei.

Percorri os poucos passos até o sofá e deitei, ligando a tv para procurar algo de interessante. Me decidi por uma maratona de episódios de uma série policial que eu gostava de assistir. Eu ainda escutava baixinho o som dos dedos do Ron digitando. O primeiro episódio acabou, eu fui beber um copo de água, trazendo um na volta a pedido do Ron. Na metade do segundo episódio, eu escutei o barulho de cadeira se arrastando e levantei o rosto para ver o Ron vindo em minha direção com o computador na mão. Me levantei com olhar curioso e ele se sentou na ponta do sofá.

—Cansei de ficar na cadeira – ele justificou.

Ele se ajeitou colocando o computador no braço do sofá, e ligando o carregador na tomada do abajur. Eu permaneci sentada, olhando para a tv.

—Pode deitar – ele chamou a minha atenção, indicando que eu podia descansar a cabeça sobre a perna dele.

—Você vai ficar todo torto assim.

—Vou nada, estou acostumado a trabalhar sentado no sofá, vem – ele pegou minha mão, e me trouxe para perto, de modo que eu apoiei a cabeça no colo dele, ficando mais confortável.

De vez em quando ele olhava para a tv e fazia algum comentário sobre o que estava acontecendo, já que ele também assistia essa série. Os tempo foi passando, e pelo jeito ele tinha mesmo muito o que fazer, pois não houve interrupção no barulhinho do teclado. A maratona estava chegando ao fim, e eu estava morrendo de sono, mas não queria deixa-lo sozinho.

—Mione, você está caindo de sono, pode ir dormir, eu tenho que terminar mais algumas coisas, depois eu vou.

—Vai pra onde? Pra cama, né? – eu culpei o sono pela pergunta mais do que idiota.

—Claro, e só pra ficar mais claro, é pra sua – ele se inclinou e me deu um beijo demorado.

—Tá bom, daqui a pouco eu vou – mas acabei não indo a lugar nenhum e pegando no sono ali mesmo, deitada no colo dele.

Não sei quanto tempo depois, eu despertei com ele me chacoalhando gentilmente.

—Mione, vamos pra cama? Terminei aqui, e está tarde.

Eu resmunguei em resposta, sem estar inteiramente acordada, nem meus olhos eu me dei ao trabalho de abrir.

—Se você não levantar, eu vou ter que te carregar de novo, e você falou que eu não devo - ele continuou, me balançando de leve.

—Sem carregar – eu repeti, as palavras dele apenas de longe sendo computadas pelo meu cérebro, mas foi o suficiente para eu piscar, e tentar me sentar.

Ao ver que eu estava mais consciente, ele me ajudou a sentar e me puxou de modo a me levantar e me guiar até o quarto. Entrei no cômodo e me joguei na cama de qualquer jeito, sem perceber que nem do lado certo eu estava.

—Ei, você está do meu lado – ele riu, tentando me virar para poder tirar a minha calça – dá uma ajuda aqui, não vai ficar muito confortável dormir de jeans.

Ele tinha razão, e eu rolei para o outro lado ficando de barriga pra cima, ele se inclinou sobre mim, abriu o botão da calça e puxou até me separar dela.

—Pronto, pode dormir a vontade agora – ele saiu da cama, provavelmente indo também tirar a roupa.

—Cade você? – eu tateei o espaço ao meu lado.

—Estou aqui – senti o colchão afundando e minha mão encontrou o peito dele, me deixando muito mais satisfeita.

Ele se aconchegou ao meu lado e a última coisa que eu escutei foi.

—Boa noite, Mione.

Acordamos cedo no dia seguinte, me arrumei rápido enquanto o Ron se ocupava do café da manhã que tomamos juntos.

—Eu te levo no aeroporto – ele declarou no momento em que eu trazia a mala para sala.

—Não precisa, Ron. É muito contramão pra você, vou chamar um taxi.

—Nada disso, vamos – ele pegou o puxador da mala da minha mão, o que me levou a segui-lo até o seu carro.

O caminho até o aeroporto estava livre, provavelmente por se tratar de um domingo, chegamos em menos tempo do que eu tinha planejado, eu teria algum tempo de espera antes do voo. O Ron entrou com o carro, virando em direção ao estacionamento.

—Só me deixa no desembarque, não precisa estacionar – avisei.

—Mas acabamos chegando muito cedo, eu espero com você – eu não queria atrapalhar ainda mais os afazeres dele, mas não consegui me obrigar a protestar, eu queria a companhia.

Foi fácil conseguir uma vaga, ele puxou a minha mala do porta-malas e nos dirigimos ao saguão do check-in. Nos sentamos num café e ficamos conversando enquanto esperávamos as bebidas que pedimos. O tempo passou muito mais rápido por eu não estar sozinha olhando para o nada. Chequei o horário e constatei que já era melhor me dirigir ao portão de embarque.

—Tenho que ir, Ron – ele deu o último gole no café e nos levantamos em direção ao portão.

A ação dele de passar a mão pelos meus ombros não era inédita, mas mesmo assim nem de longe algo habitual, completei o quadro enlaçando a cintura dele. Nesse momento, não resisti ao pensamento de que eu gostaria que as coisas fossem assim sempre, mas logo dispensei a ideia. Melhor isso do que me perder nessa espiral de desejos e vontades que eu ainda não tinha coragem de declarar em voz alta.

—Tchau, Ron obrigada por ter me trazido – me virei para abraça-lo em agradecimento.

—Boa viagem, me avisa quando chegar – me lembrei do seu medo de avião e resolvi provocar.

—É uma viagem rapidinha, não dá tempo nem do avião ca... – eu nem consegui completar a frase, pois ele tampou a minha boca com a mão.

—Nem brinca com isso! – ele me olhou feio, retirando a mão - Liga mesmo assim.

—Tá bom – me estiquei para alcançar o rosto dele e me despedir com um beijo rápido, mas acabei passando os braços no seu pescoço e aprofundando mais o contato que de alguma forma eu sentia que ele não queria finalizar também.

—Tchau – ele falou, me encarando ainda abraçado a mim.

—Tchau – eu não me movi.

—Você tem que ir.

—Tenho – respirei fundo e me desvencilhei dos braços dele, seguindo a passos lentos até a porta.

Olhei para trás antes de cruzar o vidro, ele ainda estava parado no mesmo lugar me observando. Eu sorri e acenei, recebendo a mesma resposta, até que já não podia mais vê-lo. O vôo foi tranquilo e rápido como eu tinha dito ao Ron que seria. Achei facilmente o Hotel no qual eu tinha sido hospedada e depois de instalada, liguei para ele como prometido. Ficamos uns vinte minutos conversando, ele perguntou várias coisas sobre o local que eu ficaria, além de ter admitido que estava fugindo um pouco do trabalho. Após terminar a ligação, fui dar um passeio, aproveitando o dia livre.

O curso se mostrou muito menos proveitoso do que eu imaginava, no final das contas não passou de uma repetição do que eu já havia visto em outros que eu frequentei anteriormente, mas eu tinha que estar lá, então melhor encarar positivamente. Porém cada dia que passava, eu tinha mais vontade de voltar para casa. Meu trabalho muito mais produtivo e agradável me esperava e o ruivo que não saia do meu pensamento também.

Passei a receber uma ligação dele sempre no mesmo horário, de noitinha quando ele sabia que eu já estaria no hotel. No princípio estranhei um pouco, mas acabei me acostumando rapidamente, apenas imaginando se o hábito continuaria depois que eu voltasse de viagem.

—Quando eu estou aí você não me liga tanto – observei em tom de brincadeira, na quinta feira a noite.

—Exatamente, você está aqui. Vou ganhar lembrancinha dessa viagem? – ele completou manhoso.

—Você está pedindo presente, Ronald? – me admirei da atenção que ele estava pedindo, mas, como tudo que ele fazia ultimamente, acabei sorrindo com a atitude.

—Talvez...

—Então talvez eu leve – respondi fazendo mistério, que ele claramente não acreditou, pois escutei a risada gostosa dele.

—Só mais um dia de Rio de Janeiro pra você.

—Já estou louca para ir pra casa – confessei.

—Tanta saudade assim? – ele provocou.

—Claro, minha cama é muito melhor do que desse hotel – zombei, sem morder a isca que ele tinha lançado, se ele queria saber se eu estava com saudades dele, teria que perguntar com todas as letras.

—Aposto que a minha é melhor também – ele adicionou no que eu pensei ser um tom meio emburrado, me arrancando uma gargalhada.

—Você não tinha que dormir cedo hoje? O tal cliente de Porto Alegre não vai te fazer madrugar?

—Nem me lembra – ele bufou – esse cara é um saco! Toda vez a mesma coisa, ele quer reuniões presenciais, mas nunca tem horário de gente normal.... se eu quisesse trabalhar com horas loucas iguais a da Ginny, eu tinha virado médico.

—Você, médico? Ia fazer o que com a primeira gota de sangue que visse? – indaguei, lembrando da cara nauseada dele na vez que eu cortei o dedo acidentalmente ao cortar ingredientes para o jantar que ele estava fazendo.

—Guarda noturno então – ele mudou de ideia – e eu nem tenho medo de sangue, só não gosto de ver ninguém machucado...

—Tudo bem, Ron, seu “não medo de sangue” está do lado do seu “não medo de avião”.

—Hoje é dia do “tire sarro do Ron”? – perguntou rabugento.

—Não, mas continua sendo engraçado – eu conseguia imaginar com perfeição a testa dele enrugada e o bico imenso que ele devia estar fazendo.

—Eu não tiro sarro do seu medo de água – completou de mau gosto.

—Mas eu nunca neguei que tenho medo!

—E você acha que eu nunca notei que você morre de medo de baratas? Mesmo com sua compostura toda, eu vi que você ficou bem encolhidinha no canto da sala enquanto eu ia atrás para mata-la – ele declarou triunfante.

—Não é medo, é mais nojo – me defendi.

—Aham... vou guardar o seu “não medo de baratas” também – jogou minhas palavras de volta.

—Acho melhor voltarmos para a sua carreira de guarda noturno... – tentei desconversar.

—Eu não seria bom nessa também, imagina o tédio! O jeito é ir dormir e aturar o meu cliente pentelho amanhã.

—Muito profissional da sua parte – falei irônica.

—Ele não está aqui para escutar, você vai contar, por acaso?

—Meus lábios estão selados, seu segredo está salvo comigo, pelo menos até eu precisar fazer alguma chantagem.

—Agora estou em desvantagem! Pode me contar algum segredo também – exigiu, bem humorado.

Acabei engasgando com as palavras, o segredo mais importante que eu carregava aparecendo como um peso nas minhas costas, mas a possibilidade de eu contar a ele, principalmente assim pelo telefone, eram mínimas. Só de pensar em como seria a cena, eu já fiquei gelada.

—Mione? – ele me chamou, em virtude do meu silêncio – o segredo é tão ruim assim, ou você tem tantos que está difícil escolher? Preciso me preocupar? – ele riu.

—Claro que não! Só me distraí um pouco – menti descaradamente, mas ele não teria como saber.

—Estou esperando seu segredo – ele insistiu.

Eu precisava de algo para distraí-lo daquele assunto, e achei a saída perfeita;

—Eu não queria te contar – comecei séria – mas sou uma espiã russa enviada para coletar segredos da sua empresa, meu nome na verdade é Natasha – tentei me manter firme, mas acabei rindo.

—Bem que eu achei que tinha algo estranho nesse seu sotaque! – ele entrou na brincadeira.

—Só que agora que eu te contei, vou ter que te matar, uma pena...

—Melhor eu deixar tudo em ordem e me preparar então.

—Nem adianta, você vai ter que ir à reunião de amanhã, só vou poder te matar depois que esse curso acabar.

—Poxa, assim nem tem graça!

Ficamos conversando por mais um bom tempo, eu não estava com sono, já que a semana estava sendo bem mais tranquila do que de costume, e ele claramente não queria dormir, quase que adiando a reunião pela qual ele não tinha nenhuma antecipação.

—Agora você tem que dormir mesmo, Ron! Já é quase meia noite – admoestei.

—Ai, ai, tá bom, já to indo! – falou debochado.

—Depois você perde o horário e vai dizer que a culpa é minha.

—Mas a culpa não é sua, é da cabeça de vento que te mandou pra esse curso.

—Pode deixar que eu aviso a ela.

—Vou indo, Mione.

—Boa noite, Ron.

—Boa noite, dorme bem.

Desliguei o telefone e me esparramei na cama, mesmo sabendo que uma noite boa mesmo de sono são seria exatamente possível, esse tipo de luxo já parecia perigosamente ligado à um par de braços me envolvendo com carinhos e o cheiro que eu tanto gostava.

Na sexta feira depois da última aula do curso, eu dei uma saída para comprar o presente que o Ron, sem nenhum pudor, havia pedido. A tola, claro que ia providenciar, nem que fosse só para ver o sorriso dele. Andei por algumas lojas do centro e não resisti a comprar um imã de geladeira. Foi o presente que eu trouxe da minha última viagem, que ele mantinha preso na porta da geladeira dele. Ia ser engraçado dar aquele item primeiro, mas eu ainda tinha que encontrar um presente de verdade, dessa vez eu queria algo melhor.

Decidi entrar em um dos shoppings da cidade e olhar as opções. Meus olhos foram atraídos pela vitrine de uma loja de bolsas. Na última noite que ele esteve em minha casa, eu percebi que a mochila dele estava velha e desgastada, provavelmente de tanto uso para carregar o notebook. Ali estava uma ótima oportunidade de presente. Pedi a atendente simpática para me mostrar os modelos e acabei me decidindo por uma um pouco maior do que a dele, de tecido preto e com vários compartimentos, inclusive para o computador, que eu julgava ser o mais importante para ele.

Saí satisfeita com a sacola grande nas mãos, jantei por lá mesmo e voltei ao hotel a tempo de me arrumar para deitar antes que o Ron ligasse. Ele me contou sobre a reunião do dia, e como ele teve que respirar fundo o tempo todo para não pular no pescoço do cliente que fazia as exigências mais absurdas.

—Você chega que horas amanhã? – ele perguntou.

—Um pouco antes do almoço, acho que as 11:00.

—Podiam ter te arrumado um voo mais cedo...

—Eu não tive escolha, se não nem tinha vindo, acabou não me acrescentando quase nada – suspirei, pensando no tanto de trabalho atrasado que eu teria quando voltasse.

—Boa viagem amanhã, me liga quando chegar – ele pediu e eu concordei.

Nos despedimos e por falta de algo melhor para fazer, fui dormir, ansiosa para a curta viagem do dia seguinte.

O voo acabou atrasando e eu cheguei ao meio dia, peguei a minha bagagem da esteira, um tanto irritada pelo transtorno e saí na porta de desembarque sem prestar muita atenção em nada. Mas mesmo com os olhos distraídos, eu reconheceria em instantes a cabeleira vermelha e os olhos azuis que me encaravam. O Ron estava encostado em uma das barras que separava a o caminho dos passageiros que chegavam, e assim que nossos olhos se encontraram, eu não consegui frear o sorriso radiante que surgiu nos meus lábios. Ele tinha vindo me esperar! Eu me sentia uma adolescente boba, com o coração acelerado eu apressei o passo e, esquecendo a mala e a sacola com o presente dele ao meu lado, me encaixei no abraço que ele me oferecia.

—O que você está fazendo aqui? – perguntei ainda com o rosto colado no peito dele.

—Nada, estava passando por aqui e resolvi entrar – ele brincou.

Eu balancei a cabeça com a gracinha, mas ele inclinou meu queixo com a ponta dos dedos e colou nossos lábios, num beijo que eu estava sedenta para provar. Nos perdemos por alguns segundos no nosso mundo, esquecendo que estávamos no meio de um aeroporto. Já fazia um bom tempo que eu não passava tanto tempo longe dele, e a saudade foi transmitida na ferocidade das nossas bocas.

—A viagem foi boa, Natasha? – zombou do meu suposto nome verdadeiro.

—Ótima, apesar do atraso.

—Uma hora de atraso, essas empresas não tem jeito – ele balançou a cabeça – e nem tem a decência de avisar porque o avião não chega – completou emburrado.

Eu ainda o abraçava, mas me afastei de modo a poder enxergar completamente o rosto dele.

—Ficou preocupado, Ron? – provoquei.

—E não era pra ficar? – eu ri satisfeita com a preocupação dele, claro que se devia ao medo de voar, mas era por mim que ele tinha se preocupado.

—Você sabe que agora tem que ficar preocupado com outra coisa, né? – ele me olhou intrigado, mas logo o entendimento ficou visível no seu rosto.

—Ah, hoje tem o meu assassinato – eu assenti, passando a mão no pescoço dele e ficando na ponta dos pés, para beijá-lo mais uma vez – pode ser depois do almoço? Estou morrendo de fome.

Eu dei uma gargalhada do comentário, mas concordei. Ele pegou a minha mala, e fomos pagar o estacionamento antes de nos dirigirmos até o local onde ele havia estacionado o carro.

—O que você quer almoçar? – ele perguntou assim que nos acomodamos nos assentos dianteiros.

—Qualquer coisa, também estou faminta. Deram só um saquinho de amendoins de lanche no avião – reclamei.

—Tá vendo? Além de tudo não oferecem nem comida que preste!

—Mas pra falar a verdade, eu preferia ir para casa, um banho e uma roupa mais confortável cairiam muito bem – eu olhei para ele tentando empregar minha melhor cara de pidona, que acabou funcionando.

—Tá bom, mas eu não vou cozinhar, já vou avisando! – falou com o dedo em riste, me olhando de relance enquanto fazia uma curva.

—Nem pedi pra você cozinhar – dei de ombros com desdém fingido.

—Te conheço, Natasha – zombou.

—Vai ficar me chamando assim, agora?

—Não é o seu nome? Posso chamar de Nat se você preferir.

—Você, senhor Ronald – levei a mão até a coxa dele e apertei com vontade, sentindo rapidamente ele se sobressaltar – é muito engraçadinho.

—E você está tentando causar um acidente – ele parou o carro no semáforo e se inclinou em minha direção, prendendo meus lábios entre seus dentes me provocando antes de me dar um selinho rápido e voltar a dirigir.

Chegamos ao meu apartamento poucos minutos depois. Eu sempre achava uma sensação aconchegante, chegar em casa depois de um período de ausência. Aquela velha satisfação de saber que seu mundo continua no lugar. Numa atitude pouco típica de mim, eu larguei a minha mala do lado do sofá e o restante do que eu carregava, em cima da mesa.

—Já chegou fazendo bagunça? Estou vendo que a tal de Hermione não está aqui mesmo – ele comentou ao reparar na minha desordem proposital.

—Tenho direito a ter preguiça de vez em quando também – me defendi, esticando a mão na direção dele que a aceitou, me puxando para perto.

—Agora me diz, o quão entediada você ficou essa semana?

—Totalmente, entediada. Ah! E o café da manhã do hotel não chega nem perto do seu – elogie, ganhando um sorriso radiante de presente.

—Bom saber que meus serviços não tem concorrentes em vista.

—Eu vou tomar um banho, você pede a comida?

—Ok.

Engraçado o que cinco dias podem fazer, principalmente depois de deixar seu coração sentir tudo o que ele tivesse vontade. Parecia que eu não queria deixa-lo fora do alcance das minhas vistas, mas me forcei a me separar daquele abraço gostoso e ir para o banheiro, com receio de estar sendo mais óbvia do que era seguro. Acabei levando um tempinho considerável lavando o cabelo, e ao voltar para a cozinha, com um shorts, uma blusa confortável e os cabelos ainda enrolados na toalha, o Ron já tinha arrumado a mesa e desempacotava a comida que pelo jeito tinha acabado de chegar.

Comemos em meio a uma conversa descontraída, uma situação que vinha acontecendo com cada vez mais frequência e da qual eu já era extremamente dependente. Era, além de tudo, divertido contar a ele os pequenos detalhes do meu dia e ouvir os comentários que ele sempre tinha a postos, como era igualmente satisfatório escutar o que ele queria dividir comigo sobre a rotina dele. A fome exagerada nos fez terminar até o último grãozinho de comida que pedimos, arrumamos tudo e nos jogamos no sofá, com a preguiça característica que aparece depois de uma refeição assim.

—Você não vai tirar esse treco da cabeça? – ele indagou sobre a toalha que ainda envolvia os meus cabelos molhados.

—Tenho que tirar, mas estou com preguiça de desembaraçar agora – fiz uma careta e ele balançou a cabeça rindo.

Ele tirou o braço que estava envolvendo os meus ombros e levantou indo em direção ao meu quarto. Poucos minutos depois ele voltou com a minha escova de cabelos, o que eu achei uma gracinha, mas eu era suspeita para achar qualquer coisa.

—Pronto, toma a escova – ele colocou na minha mão e voltou a sentar ao meu lado.

—Obrigada, Ron, daqui a pouco eu penteio.

—Dá aqui isso, vai – ele esticou a mão e eu fiquei confusa por um tempo até entender que ele queria a escova de volta e entreguei, mesmo não tendo muita ideia do que ele pretendia fazer.

Com a mão livre, ele puxou a toalha da minha cabeça, liberando a cascata de mechas embaraçadas que era o meu cabelo no momento.

—Vira aqui – ele se sentou de lado e acenou para que eu me acomodasse entre as pernas dele me sentando de costas.

—Você não está pensando e desembaraçar meu cabelo, está? – perguntei contendo o riso, aquilo era tão inusitado quanto fofo.

—Enquanto essa preguiça toda está tomando conta de você, não podemos deixar seu pobre cabelo sofrendo – ele falou dramático e eu me virei para olhar a cara levada que ele tinha.

—Se você arrancar os meus cabelos, vou me certificar que sua morte vai ser lenta e dolorida – ameacei ao sentir a escova se embrenhando nos fios.

—Pois saiba que eu sou muito bem treinado na arte de pentear cabelos longos e indomados – ele se gabou – lembra que eu tenho uma irmãzinha? Você não tem ideia da habilidade necessária para conseguir deixar uma Ginny de 5 anos apresentável! Minha mãe sempre desistia, coitada.

—Sobrava pra você? – perguntei, sempre curiosa por saber mais do passado dele.

—Sim, eu era o único com pique o suficiente para correr atrás dela, e com a lábia necessária para deixa-la quieta quando conseguia pegá-la – ele riu, provavelmente se lembrando das várias vezes que teve que fazer aquilo.

—Estou vendo que você aprendeu mesmo – ele passava a escova de leve nos meus cabelos, começando pelas pontas e desembaraçando facilmente, sem me machucar.

Eu estava adorando aquilo, os dedos dele roçavam vez ou outra no meu pescoço, e a escova era quase um carinho nos meus cabelos. Aí estava mais uma coisa com a qual eu poderia me acostumar facilmente.

—Claro que aprendi, sou um irmão exemplar!

—Ainda bem que a Ginny não precisa mais da sua ajuda – brinquei – acho que ia ficar meio complicado.

—Ela ia andar descabelada, porque de jeito nenhum eu ia acordar de madrugada pra pentear os cabelos dela, trinta anos na cara, já está grandinha o suficiente.

—Ela ainda não fez trinta anos e você está penteando os meus – provoquei.

—Ah, está tão perto o aniversário que não importa mais, e nos seus cabelos eu tenho um interesse especial – ele se inclinou e beijou o meu pescoço, mordendo de leve a pele sensível e me arrepiando inteira – e você ainda vai ter 29 anos por vários meses, ainda pode – sussurrou no meu ouvido.

—Vou aproveitar o tempo que resta então – me aconcheguei mais para perto dele – pode terminar! - ele riu, mas fez como eu pedi.

Boa parte da tarde foi passada naquele sofá, depois que o meu cabeleireiro particular terminou o serviço, eu me virei para ficar de frente para ele e intercalar a conversa com beijos, matando mais um pouco a saudade que tinha acumulado durante a semana.

—Ah! – exclamei, subitamente me lembrando de algo importante.

—O que foi?

—Você não queria um presente da viagem?

—Você trouxe? – o sorriso dele foi tão genuíno, deixando-o com a aparência de uma criancinha animada.

—Aham – confirmei, antes de saltar do colo dele em direção a minha bolsa – eu estava num humor muito generoso

Pesquei o pequeno embrulho e entreguei a ele, que me olhou curioso. Eu tentei segurar o riso, porém dessa vez eu já esperava a cara de decepção dele, e o bico que ele fez só deu mais combustível para a vontade que eu tinha de rir. Enquanto ele abria a embalagem, eu trouxe a sacola com o presente verdadeiro para perto de mim.

—Outro imã... agora a minha geladeira vai ter o Cristo Redentor, estou começando algum tipo de coleção? – resmungou, e eu comecei a rir de vez.

—Esse bico é tão adorável – me inclinei sobre ele, contornando os lábios dele com o dedo indicador – alguém já te falou que você parece uma criancinha de 5 anos quando tem as expectativas frustradas? – provoquei.

—Não teve nenhuma expectativa frustrada aqui – ele afirmou, tentando, em vão, soar convincente.

—Ah é? – passei a perna por sobre o colo dele, me sentando ali – perdi meu tempo comprando um presente legal então, que pena.... dou pra outra pessoa – puxei a alça da sacola que estava na frente do sofá fazendo-o nota-la pela primeira vez.

—Não, mesmo. É meu! – ele puxou rapidamente o volume da minha mão, e eu levantei a fim dar espaço a ele para aproveitar o presente novo.

—Eu estava precisando de uma dessas! – comemorou empolgado, já abrindo todos os compartimentos da mochila.

—Eu notei – ele sorria todo feliz, do jeitinho que eu gostava de vê-lo.

Não precisava de muito para alegrá-lo, e vê-lo assim, aparentemente era o suficiente para me deixar contente também, pois me vi contagiada pela animação e sorri junto com ele.

—Gostou?

—Adorei, Mione – eu tinha me sentado no braço do sofá, então ele só precisou se endireitar para alcançar os meus lábios.

Depois do jantar, não foram necessárias palavras para decidir que ele ficaria o resto da noite, um acordo silencioso foi transmitido e ele me acompanhou até o quarto quando nos cansamos da televisão, apesar de que eu fui bem convincente em relação à uma certa promessa que eu havia feito.

—Pronto, já estamos aqui, pode começar o seu plano diabólico, Natasha – ele me abraçou por trás, deslizando uma das mãos pela minha coxa que estava visível em virtude do shorts curto.

—Hum... deixa eu ver... – coloquei a mão no queixo, contendo um gemido quando o toque dele ficou mais urgente, sendo acompanhado da sua língua que provocava o meu pescoço – posso te matar de muitas maneiras.

—Vou adorar todas elas – eu me virei de frente para ele a tempo de ver o sorriso indecente que ele tinha no rosto.

Caminhei guiando-o entre beijos, até que ele estivesse encostado na cama e o empurrei de supetão, fazendo-o cair no colchão surpreso com a ação. Não dei muito tempo para ele pensar e me ajoelhei por cima dele, me encaixando no seu colo. Puxei a camiseta dele, e ele levantou os braços para que ela passasse facilmente por sobre a sua cabeça. Corri meus dedos sobre o seu peito nu, admirando aquele corpo que eu gostava tanto. Ele mantinha os olhos presos em mim em expectativa, eu o encarei e assumi uma expressão um tanto maldosa.

—Pode ser que eu te mate sufocado – subi ambas as mãos para o seu pescoço ao mesmo tempo em que minha boca capturou a dele num beijo urgente e faminto, daqueles que não deixa tempo nem vontade de recobrar o fôlego.

O braços dele me enlaçavam, me mantendo no lugar e eu pressionava meu corpo no dele sem hesitação.

—Ou talvez com mordidas – continuei provocando, mordendo seu lábio antes de mudar de foco e arranhar meus dentes pelo pescoço dele e escutar com satisfação um gemido grave.

—Pode ser morrer de vontade também – juntei todo meu autocontrole e saí de cima dele, me sentando apoiada no encosto da cama e deixando-o com cara de aturdido.

—Essa não! – ele protestou se virando e juntando-se a mim, agora com o corpo por sobre o meu - Prefiro morrer por excesso!

—Então está decidido – ele não esperou nem um segundo para dar início à longa noite que teríamos pela frente.


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Notas finais do capítulo

O que dizer desses dois que estão tão casalzinho? Eu sei que sou suspeita para dizer qualquer coisa, mas amo os momentos de derreter o coração, principalmente quando o Ron age quase sem pensar e faz as fofuras dele.
O Ron e a Mione estão cada vez mais próximos, o que vocês acham que vem a seguir?
Deixem os seus comentários me contando o que acharam do capítulo!!

Bjus

Crossover: esse capítulo é separado dos acontecimentos de DV, mas as coisas estão cada vez mais emocionantes por lá, não percam o capítulo de amanhã!