Backstage escrita por Fe Damin


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Olá, um capitulo chegando mais cedo para vocês essa semana! Vamos ver o que a Mione e o Ron decidem fazer com a quantidade de tempo que eles tem para passar junto, algo que eles não estão acostumados nem de longe....
Para os curiosos de plantão, a informação de para onde eles foram está ai no meio, prestem atenção huhuaha
Eu sei que estou atrasada com as respospostas dos comentários lindos de vocês, eu leio todos sem falta, e prometo responder em breve, então continuem me contando as suas opiniões.
Bom, vamos ao que interessa, espero que gostem :)



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Não demorou muito para conseguirmos a chave do chalé em que ficaríamos hospedados. A temperatura estava bem baixa o que me fez querer me aconchegar logo num local fechado e quente. Percorremos o caminho que levava até o local com o número idêntico ao da nossa chave, as malas fazendo barulho no chão irregular. O Ron se ofereceu para levar a minha, mas eu fiz questão te carrega-la sozinha, não queria que ele tivesse mais motivos para implicar com o que ele considerava ser um exagero de mala.

—Aqui estamos nós – ele acendeu a luz e nós entramos no chalé.

—Nossa, que lindo! – eu não estava exagerando nem um pouco, o lugar era muito bem decorado sem ser impessoal.

Um sofá em conjunto com uma mesinha de centro e um móvel onde uma televisão estava apoiada constituía a pequena sala para onde se abria uma cozinha em estilo americano. No canto mais afastado havia a cama enorme e um armário modesto ao lado de uma porta que só podia ser o banheiro.

—Que bom que você gostou, custou muitas horas de pesquisa – ele falou dramático.

—Ainda bem que eles têm sistema de calefação, se não nós iriamos congelar – observei, notando que a neblina, que dava para enxergar pela janela, estava ficando mais densa.

—Claro, eu não ia deixar esse detalhe de fora.

—Vamos arrumar as coisas logo então.

—Arrumar? Parece tudo no lugar pra mim – ele olhou em volta tentando entender o significado das minhas palavras.

—Não o chalé, seu bobo! Estou falando das nossas coisas, ou você vai querer ficar procurando suas roupas em uma mala por cinco dias?

—Nem pensei no assunto – ele coçou a cabeça.

—Bom, mas eu pensei, anda vamos colocar nossas coisas no armário – eu levei a minha mala para perto do guarda roupa e ele me seguiu sem objeções.

A verdade era que eu estava meio desconfortável com a situação, não sabendo muito bem como agir dadas as circunstâncias, e manter a minha mente ocupada com algo prático ajudaria a aliviar um pouco minha ansiedade. Trabalhando em conjunto nós terminamos bem rápido de desfazer as malas.

—Pronto, satisfeita? – ele perguntou ironicamente.

—Muito, agora não vamos ter que aparecer com roupas amassadas em público – ele riu da minha preocupação, mas não disse nada.

—Pensei que nem fosse caber tudo nesse armário... – ele começou a provocar.

—Nem comece, Ronald! Se alguém é culpado disso, é você – acusei.

—Nada disso, não tenho culpa se você e seu “amigo” – notei a ironia ao mencionar o Ced – não sabem ser sucintos ao fazer uma mala – ele me puxou num abraço, passando os lábios pelo meu pescoço.

—Para o seu bem, acho melhor mudar de assunto – aconselhei, tentando conter um gemido quando ele mordiscou a minha orelha – afinal você nem levou seu castigo ainda e eu posso decidir piorar as coisas para o seu lado.

—Ah é, já tinha me esquecido disso, vou ser castigado hoje? – ele me encarou esperando a resposta, e vi nos seus olhos ansiedade pela antecipação.

—Hoje não, vamos deixar para amanhã – falei de modo sugestivo, dando a ele a ideia totalmente errada de que ele gostaria do que estava para vir.

—Já está ficando tarde, é melhor pedirmos nosso jantar logo, não dá mais tempo de ir em algum mercado para comprar alguma coisa, aqui tudo fecha cedo nessa época do ano – ele disse, lembrando das observações que o gerente do local tinha nos dado.

—Tudo bem, pode escolher, não estou com vontade de nada específico hoje, vou tomar um banho enquanto isso.

Deixei-o sozinho no quarto e me dirigi ao banheiro. Era maior do que eu esperava, com uma ducha e uma banheira. Decidi por tomar um banho rápido, então me despi e entrei na ducha, tendo o cuidado de não molhar os meus cabelos que estavam presos, eu os tinha lavado pela manhã. A água quente terminou de espantar o frio que eu sentia, o cômodo já estava nublado com o vapor do chuveiro quando escutei a porta abrindo.

—Tem espaço pra mais um? – na verdade ele nem me esperou responder para começar a tirar a roupa, mas mesmo assim eu confirmei que havia espaço o suficiente.

O banho rápido que eu pretendia acabou sendo estendido para acomodar beijos e carícias, as quais eu não tinha vontade nenhuma de apressar. Já tínhamos nos ensaboado e enxaguado, o que restou depois disso foi aproveitar a sensação da água quente e o contado das nossas peles.

—O jantar vai chegar daqui a pouco – observei num lampejo de realidade enquanto ele massageava a minha cintura e me torturava arranhando minha pele com os dentes.

—Só mais um pouquinho – ele murmurou.

—Aham – foi tudo o que eu disse antes de guiar a boca dele de encontro a minha num beijo faminto.

Escutamos a campainha tocar, o Ron deixou escapar um palavrão antes de sair às pressas para vestir uma roupa e atender. Toda aquela provocação no banho só serviu para me deixar querendo mais, bela hora para ser atrapalhada por uma campainha, pensei de mau grado. Eu não tinha mais razões para continuar no chuveiro, então sai e me vesti, a verdade era que eu já estava com fome.

A comida chegou quentinha e deliciosa ao nosso chalé, comemos sentados no sofá, nossas pernas enroscadas enquanto cada um se apoiava em um dos braços do móvel. Estávamos quase terminando nossos pratos quando a luz piscou, olhamos juntos para o teto como se isso pudesse ajudar a desvendar a causa do problema, mas aí a luz deligou de vez. Já estava escuro e aparentemente todas as fontes de luz tinham sido afetadas, pois não era possível enxergada nada.

—Ron, acabou a energia – constatei o óbvio tentando segurar o riso.

—Sério, não percebi... – ele foi menos sutil e já estava rindo – vou ligar para a recepção e ver o que aconteceu, deixa só eu achar o telefone.

Escutei-o se levantando e tateando até achar o telefone que por sorte não precisava de eletricidade para funcionar, alguns minutos depois de conversar com o atendente, ele voltou para o meu lado no sofá, não sem acertar a canela em algumas coisas no caminho.

—Eles disseram que foi um blackout geral na cidade devido a uma tempestade perto do centro de distribuição de energia, mas que já estão trabalhando no assunto, ou seja, não podem fazer nada – falou emburrado.

—Espero que eles sejam rápidos ou vamos ter que começar a nos preocupar em não virar picolés – ele se encostou em mim, passando o braço pelos meus ombros.

—Pode ficar tranquila que eu não te deixo congelar – a voz dele saiu pertinho do meu ouvido e eu senti a respiração dele fazendo cócegas no meu pescoço, o que me deu um arrepio gostoso.

—Você escolheu um lugar frio, e agora não tem luz, começamos bem a viagem – falei rindo da situação – realmente aquelas horas na internet valeram a pena, foi uma ótima escolha, Ron.

—Fui muito esperto, né? Assim você vai ter que ficar bem grudada em mim para não ficar com frio, quem você acha que encomendou esse blackout? Está tudo no pacote, sou muito eficiente! – ele beijou o meu pescoço e eu me virei para trazer a boca dele de encontro a minha.

—E agora o que vamos fazer, não tem luz e eu não estou com sono ainda, você não vai me deixar entediada, vai? – provoquei, querendo ver qual seria a sugestão dele.

—Claro que não! – eu não podia ver o rosto dele, mas pelo silêncio sabia que ele estava tentando pensar em alguma coisa, provavelmente passando a mão pelos cabelos e franzindo as sobrancelhas – e se nós jogássemos um jogo?

—No escuro? – perguntei cética.

—Esse não precisa de luz.

—E qual seria?

—Verdade ou desafio – ele declarou satisfeito.

—Voltou à adolescência, Ron? – zombei.

—Nem de longe, a gente vai jogar a versão de adulto – ele se levantou do sofá e encontrou a minha mão, me puxando para que fizesse o mesmo.

—E como é essa versão? – indaguei agora um tanto curiosa sobre o assunto.

—Primeiro, a gente não brinca no chão e sim ali naquela cama que me pareceu muito confortável na hora em que podíamos vê-la – fomos andando devagar, minha mão ainda presa na dele, até que ele encontrou a cama, era estanho como o escuro tirava a nossa perspectiva de espaço.

—Já temos o local, o que mais?

—Uma parte muito importante, nada de roupas, só as de baixo – assim que ele terminou de falar, eu senti as mãos deles subindo pelas minhas costas e passando pelos meus ombros até chegar aos botões da minha blusa.

—Você acabou de inventar essas regras.

—Claro, mas você quer brincar, não quer?

—Agora estou até um pouco curiosa.

—Só um pouco – ele afirmou irônico.

—Vem cá, você não vai ficar de roupa também, só espero que não esfrie muito rápido.

—Daqui a pouco você nem vai perceber mais – ele me deu um selinho.

—Pronto agora já podemos começar?

—Sim, vem – nos sentamos na cama, ele apoiado no encosto e eu de frente para ele com as pernas de cada lado da cintura dele, não que conseguíssemos nos ver, mas de alguma forma isso só tornava o jogo mais excitante, nem que fosse pelo mistério e o inesperado.

—Como eu sou cavaleiro pode começar perguntando

—Tudo bem, verdade ou desafio? – comecei a brincadeira

—Verdade – ele escolheu.

Fiquei algum tempo pensando, fazia anos que eu não jogava aquela brincadeira boba, e nunca antes a tal “versão adulta”.

—Ok, como é a primeira eu vou ser boazinha – me levantei de modo a ficar ajoelhada na frente dele – é verdade que você gosta quando eu faço isso?

Me inclinei e meus lábios encontraram a pele macia do pescoço dele, fui descendo uma trilha de beijos até o ombro dele, onde dei uma mordida de leve e como prêmio escutei um gemido baixo de satisfação.

—Gosto, e muito.

—Essa foi fácil – dei um selinho nele antes de continuar – sua vez agora.

—Verdade ou desafio? – eu senti a ansiedade na voz dele e decidi me arriscar.

—Desafio – sussurrei.

—Ótimo – ele se endireitou me girando para que eu trocasse de posição com ele, agora eram as minhas costas que estavam prensadas contra a o encosto.

—Só é bom lembrar que se perder um desafio, tem que pagar ouviu? – eu confirmei, já ansiosa pelo que vinha pela frente – eu te desafio a não emitir nenhum som – a voz dele era quase um veludo e sozinha já conseguiu me arrepiar.

—Som? Como assim? Fala as regras antes, não vou perder de graça – argumentei.

—Nos próximos cinco minutos você tem que ficar calada, se não eu ganho – explicou.

—Certo – quão difícil podia ser, mas ele não ia jogar limpo.

Sem me dar nenhum tempo para pensar, eu senti os dedos dele afastando as alças do meu sutiã, em seguida os lábios dele começaram a me beijar ali. Ele foi rápido com as mãos e, mesmo no escuro, conseguiu desabotoar o meu sutiã e jogá-lo para um canto qualquer do quarto. Eu queria protestar, dizendo que remover outra peça de roupa não estava nas regras, mas dessa forma ele ganharia. Mordi a língua para ficar calada e me concentrei em permanecer em silêncio. Os dedos dele começaram uma carícia extremamente provocante em meus seios, eu fechei os olhos, mesmo não podendo ver nada, e prendi minhas mãos no lençol, me esforçando ao máximo para não deixar nenhum som escapar dos meus lábios. Ele estava muito determinado a ganhar, e não se demorou a substituir a ação dos seus dedos pela língua. Eu senti um arrepio gostoso e meus lábios quase se abriram pedindo por mais, porém eu trinquei os dentes.

Ele não estava demonstrando nem um tipo de hesitação a fim de conseguir o que queria, mas eu estava convencida de que venceria aquela disputa. Acabei pensando cedo demais, pois as mãos dele foram passando pela minha cintura até começarem a acariciar as minhas coxas. Eu sabia exatamente o que ele tinha a intenção de fazer e tentei fechar as minhas pernas, mas não fui rápida o bastante, os dedos dele já tinham achado o elástico da minha calcinha e ele começou um novo nível de tortura através do tecido rendado. Quando ele insinuou os dedos por baixo da lingerie, de encontro com a minha pele, eu não consegui mais permanecer impassível.

—Ron! – gemi, o desafio já esquecido, minha mente estava 100% concentrada nas sensações que ele me provocava.

—Você perdeu – ele declarou triunfante se afastando completamente de mim.

—O que? – ele não podia simplesmente parar daquela forma – volta aqui – estiquei a minha mão tentando puxá-lo às cegas, mas ele conseguiu se desvencilhar.

—Nada disso, regras são regras, agora você tem que pagar pela derrota – ele estava se divertindo abertamente com aquilo.

—Negativo, você quebrou as regras! – reclamei.

—Eu?

—Você não tinha dito nada sobre tirar mais peças de roupa e foram mais do que cinco minutos – eu defendi o meu caso e ele riu com gosto.

—Como você sabe que passaram mais de cinco minutos?

—Como você sabe que não? – eu não ia pagar por derrota nenhuma.

—E se considerarmos um empate? Acho que cansei desse jogo de qualquer forma – eu senti o colchão afundando perto de mim assim que ele se inclinou para me abraçar novamente.

—Ótimo – enlacei meus braços no pescoço dele, prendendo-o entre as minhas pernas, dessa vez ele não sairia de lá.

Decidimos num consenso silencioso que a hora de provocações já tinha passado, as últimas peças de roupas foram arrancadas com pressa. A língua dele invadiu a minha boca num beijo urgente, ao mesmo tempo em que ele me preencheu dando início à um ritmo lento que não falhou em arrancar gemidos de nós dois.

—Agora você pode fazer o barulho que quiser – ele mordeu meu lábio com força, acelerando as investidas.

Nem que eu quisesse teria conseguido ficar calada, o escuro deixava tudo mais excitante, sem os olhos para desviar a atenção dava para se focar melhor nos sons e sensações, esqueci de tudo a minha volta, me deixando levar pelo prazer que dávamos um ao outro, nossos fôlegos acelerados, braços e pernas enrolados, até atingir o clímax. Ele rolou para o meu lado, a fim de aliviar o peso de cima de mim, e me puxou para me acomodar em seus braços. Afundei o nariz no seu pescoço, me aproveitando para sentir o perfume já tão familiar.

—E então, te deixei entediada? – ele provocou passando os dedos pelas minhas costas.

—Você quer escutar um elogio por acaso? – rebati irônica.

—É difícil conseguir um de você – revirei os olhos e ele riu.

A luz voltou a acender e o burburinho do aquecedor retornou ao ambiente.

—Ainda bem que a energia voltou – comentei.

—Por que, você quer fazer alguma coisa que precise dela?

—Não saio mais dessa cama até amanha – respondi, me aconchegando ainda mais ao lado dele e fechando os olhos, o cansaço da viagem e a preguiça tinham tomado conta de mim, e os braços dele estavam muito confortáveis.

—Adorei a resposta – ele se inclinou para alcançar os interruptores a fim de desligar as luzes, deixando apenas um abajur acesso, e puxou uma coberta para cima de nós.

—E ai, chegou a uma decisão? – ele indagou ao voltar a posição de antes.

—Decisão? Sobre o que? – do que ele estava falando? Vasculhei na minha memória, procurando o que eu tinha ficado de decidir em relação a ele e tudo o que me vinha a cabeça eram perguntas que eu tinha certeza que ele não sabia.

—Posso fazer carinho ou não? – ele me olhou curioso, provavelmente pela minha reação meio exagerada.

—Ah – respirei aliviada, voltei a deitar a cabeça no ombro dele – pode.

Ele abriu um sorriso e a mão dele, que estava pousada nos meus ombros, subiu até os meus cabelos. Fechei os olhos sabendo que não ficaria acordada por muito mais tempo. Eu já estava quase dormindo quando escutei a voz dele murmurando baixinho.

—Dessa vez você não vai embora - acabei me despertando com a declaração dele.

Eu me endireitei para responder, por mais que não fizesse ideia do que deveria falar, mas percebi pelos olhos fechados e o compasso da respiração dele, que ele estava dormindo. A situação me chamou atenção para o fato de que realmente era isso mesmo, eu não ia embora, muito menos ele. Acordaríamos na manhã seguinte e eu saberia de uma vez por todas como era a sensação de tê-lo ao meu lado. Joguei a ansiedade para o fundo da minha mente e me rendi ao cansaço do dia.

Acordei na manhã seguinte com os primeiros raios de sol que brilhavam exatamente na minha direção. Com toda a agitação da noite passada, havíamos esquecido de fechar as cortinas. A primeira coisa que eu percebi foi que eu estava descoberta, mas mesmo assim não sentia frio. O Ron tinha roubado toda a minha parte do cobertor, mas por outro lado, me emprestava o calor do corpo dele para me manter confortável, já que continuávamos tão enrolados quanto na hora em que fomos dormir, o que fazia da posição da nossa coberta um mistério. Fiquei observando-o por algum tempo, os olhos tranquilamente fechados e a respiração constante, então era assim que era acordar ao lado dele, mas tudo o que o meu cérebro conseguia lidar no momento era classificar como confortável e imensamente agradável, nada de mais.

Eu me mexi, inclinando-me sobre ele para puxar a ponta mais próxima do cobertor, porém o movimento acabou fazendo com que ele acordasse. Ele piscou os olhos algumas vezes, se acostumando com a claridade, virou-se em minha direção e me cumprimentou com um sorriso radiante. Esse não é um mau jeito de começar o dia, pensei, mas rapidamente dispensei a ideia, já que eu não estava ali para me acostumar com nada, apenas me divertir e quem sabe chegar a uma ou duas conclusões no final.

—Bom dia, você acordou cedo – a voz dele estava rouca de uma maneira que eu nunca tinha ouvido antes.

—Bom dia, e você roubou a minha coberta – brinquei, rindo quando ele me olhou mortificado.

—Nossa, roubei mesmo! – ele jogou a parte do cobertor que me cabia por cima de mim – desculpa – ele me deu um selinho e eu o assegurei que não tinha problema.

—Só fiquei imaginando como você fez isso sem sair do lugar – franzi as sobrancelhas fingindo pensar seriamente no assunto.

—Um mágico nunca revela seus truques.

—Isso porque você falou que não ia me deixar passar frio, não sabia que esquecia promessas tão rápido – provoquei e ele mordeu a isca facilmente.

—Não estou te vendo bater os dentes, então posso dizer que não esqueci nada – ele se defendeu, a voz cheia de bom humor – mas depois desse assalto acho que você merece um café da manhã.

—Mereço de fato! Na cama.

—Tudo bem, mas só dessa vez, não quero te deixar mimada – ele se desvencilhou de mim e levantou.

Eu o observei ir até o banheiro e voltar trajando um dos roupões que estavam à disposição e trazendo o outro na mão.

—Toma, pra você não dizer de novo que eu não zelo pelo seu bem estar térmico – peguei a peça que ele me ofereceu me esticando para beijá-lo antes que ele se afastasse.

Ouvi o barulho típico de movimentação na cozinha e alguns minutos depois ele gritou de lá.

—Tudo o que tem disponível aqui são torradas, manteiga e suco de laranja.

—Os três item são do meu agrado – respondi, claramente o local oferecia apenas o básico, se quiséssemos uma refeição melhor, teríamos que pedir na cozinha do hotel ou comprar algo para fazermos.

—Voilá, um super café na cama – ele voltou com um prato de torradas com manteiga e dois copos de suco de laranja empoleirados numa bandeja.

 Eu me sentei de modo a colocar um dos travesseiros sobre as pernas para que ele pudesse pousar a bandeja.

—Foi rápido.

—Não é como se tivessem muitas opções – ele zombou.

—Não importa, está ótimo – agradeci, mas foi cedo demais.

Levamos as torradas à boca ao mesmo tempo e nossos olhos se encontraram chegando a mesma conclusão, tivemos que usar todo nosso autocontrole para não nos engasgarmos com a torrada em meio aos risos.

—Isso aqui não tem gosto de nada! – ele reclamou abandonando a torrada no prato.

—Temos o suco para nos salvar então – ele concordou, porém a bebida se provou ainda pior do que a comida.

—Quem escolhe essas porcarias pra colocar nos quartos? Não é possível – eu estava quase chorando de tanto rir, a cara dele de espanto apenas ajudando a aumentar a minha gargalhada.

—Acho que é um jeito sutil de nos fazer pedir a comida.

—Dá próxima vez, eu procuro algum lugar que tenha café da manhã incluído, porque isso aqui é um crime – ele tirou a bandeja do meu colo levando de volta para a cozinha, eu tentei não ler nada nas palavras dele sobre uma próxima vez.

—Acho melhor nos arrumarmos para sair, tomamos café e podemos conhecer um pouco da cidade, que tal? – ele se jogou de volta ao meu lado ficando de bruços e virando o rosto para o meu lado.

—Parece um bom plano, mas você ainda me deve um café na cama – observei, ele até abriu a boca para rebater, mas acabou desistindo.

Levamos um bom tempo para nos arrumarmos, até porque ainda era bem cedo, eu escolhi colocar um vestido de inverno que eu tinha trazido, juntamente com uma meia calça preta e sapatilhas, eu não sabia exatamente para onde estava indo nem por quanto tempo ia ficar, então optei pela alternativa mais confortável. O Ron estava com seu habitual camisa e jeans, a única diferença sendo o casaco e o cachecol que ele adicionou ao conjunto. Fomos até a recepção pegar um mapa turístico da cidade e resolvemos chamar um taxi para nos levar ao centro, já que a distância era considerável, conheceríamos melhor o local andando pela parte central. Começamos a caminhada andando lado a lado, nem percebi direito como aconteceu, mas quando dei por mim, meu braço direito estava enroscado no esquerdo do Ron e nós continuamos de mãos dadas até entrar no primeiro café que encontramos.

Sentamos em uma das mesinhas disponíveis e uma garçonete animada veio nos atender imediatamente, pelo jeito eles sabiam bem como tratar turistas, pois o serviço foi ótimo, mesmo com a diferença entre as línguas. Ali tivemos acesso a um café da manhã decente, que para mim incluiu um delicioso chocolate quente e uma torta de maçã.

—Isso está com cara boa – o Ron observou sobre o meu doce.

—Não acredito que até o meu café da manhã você quer roubar – passei a mão na frente do prato, como se estivesse protegendo o que era meu.

—Não é nada disso, foi só um comentário – ele deu de ombros, mas o olhar comprido para o meu prato continuou.

—Toda vez... não importa a refeição – era a primeira vez que ele pedia o meu café, mas isso provavelmente se devia ao fato de estarmos dividindo essa refeição pela primeira vez também, acabei me rendendo e empurrando o prato na direção dele que pegou uma garfada todo sorridente.

—Realmente muito bom.

—Agora posso terminar em paz? – olhei de soslaio, indicando que na verdade aquela era uma pergunta retórica.

—Claro, vá em frente – ele me devolveu o prato como se tivesse me fazendo um favor e eu acabei rindo da cara de pau.

Acabamos enrolando mais um pouco ali, a ambiente era agradável e a vitrine de doces praticamente pedia para pedirmos outros sabores. Quando finalmente saímos do estabelecimento, estávamos mais do que satisfeitos de comer.

—Vamos dar uma olhada nas lojas – eu o puxei para o caminho que queria tomar, sem nem esperar uma confirmação, mas ele não fez menção de reclamar nenhuma vez.

As lojinhas se enfileiravam numa variedade de coisas, desde o artesanato local até roupas e os tradicionais vinhos que eram produzidos na região. No entendo, uma em especial chamou a minha atenção e eu tive que entrar.

—Olha que coisas lindas – eu me grudei à vitrine da loja que era especializada em materiais de pintura e desenho.

Meus olhos deviam estar brilhando de felicidade porque o Ron se apressou a perguntar:

—Quer entrar? – eu assenti e ele abriu a porta que estava ao seu lado para que eu passasse.

Fiquei um bom tempo admirando os conjuntos de lápis, o Ron me observava com um sorrisinho escondido no canto da boca, pelo jeito a minha empolgação era engraçada. Eu já estava quase pronta para partir, quanto meu olho enxergou uma caixa que continha os lápis da melhor marca que eu conhecia. Era tão raro encontra-los numa loja física, os meus já estavam antigos e muitos já tinham sido usados, num impulso eu pedi para a vendedora se podia olhar de perto.

—Ai meu Deus, acho que não vou resistir – debati comigo mesma.

O Ron se colocou ao meu lado, se esticando para observar o conteúdo da caixa luxuosa que eu segurava.

—São lápis bonitos.

—Bonitos? Esses são maravilhosos! Os meus estão deprimentes, essa aqui não é a coleção maior, mas o preço está bom e é tão difícil achar, nunca esperei encontra-los aqui em Bariloche... – eu comecei a tagarelar, mais enumerando as razões pelas quais eu estava certa em levá-los do que conversando com o Ron.

—Ei – ele colocou a mão no meu ombro, interrompendo o meu monólogo – se você quer tanto, leva.

—Vou levar – decidi, e um sorriso permanente se instalou nos meus lábios.

—Mas já que agora você tem os lápis mais legais do universo, eu quero ver um desenho seu.

—E você vai fazer o que enquanto eu desenho? – perguntei, mas na verdade já estava animada para estrear a minha nova aquisição.

—Vi no mapa que tem um parque seguindo a estrada do nosso hotel, podemos ficar aqui no centro mais um pouco depois almoçamos e vamos pra lá, ai você faz a sua mágica.

—Só se você desenhar também – desafiei.

—Eu? Não acabei de dizer que era mágica? Isso quer dizer que eu não faço a mínima ideia nem de como começar – a sinceridade dele foi muito engraçada, mas eu não desisti.

—Eu te dou umas dicas, se não eu não vou desenhar nada.

—Ok, ok você venceu, mas quando o meu desenho te aterrorizar, não quero ninguém reclamando – ele apontou o dedo na minha direção e eu concordei.

—Vou levar esse e dois blocos de desenho – falei para a atendente.

O peso da sacola na minha mão só me deixava mais feliz, eu parecia uma criança que tinha acabado de ganhar um presente de natal que ela esperou a vida toda. Vagamos sem um destino certo entre as ruas da cidade e eu aproveitei para comprar algumas lembrancinhas. Na hora do almoço, selecionamos um dos restaurantes indicados nos sites de viagem e não nos arrependemos, a comida estava ótima, ainda mais acompanhada de um vinho muito saboroso.

—Não saio daqui sem fazer algum daqueles passeios de degustação de vinho – observei.

—Tudo bem, vamos incluir no roteiro.

—Nós temos um roteiro?

—Não, mas a gente inclui mesmo assim – acabei rindo, era bem a cara do Ron mesmo, nada muito planejado. Se eu tivesse sido a encarregada de organizar essa viagem, a existência de um roteiro não precisaria nem ser questionada.

Terminamos o almoço e não nos demoramos a conseguir o transporte necessário para o parque, que no final das contas era realmente muito bonito. O lugar era imenso, seria impossível ver tudo. Apreciamos a paisagem por um bom tempo, não tinham muitas pessoas passeando, provavelmente por não ser alta temporada, conseguimos um lugar na grama perto de uma árvore frondosa onde nós nos encostamos prontos para a tal sessão de desenho.

—Tá e agora? – ele me perguntou, claramente perdido.

—Você pega o seu bloco – coloquei o objeto na mão dele – escolhe um lápis – apontei para a grande variedade à disposição – e começa a desenhar.

—Alguém já falou que as suas dicas são meio inúteis? – ele levantou a sobrancelha com ar de superioridade.

— Eu até ia tem ensinar um pouco sobre contornos e sombras, mas agora pode se virar sozinho – eu torci o nariz, mas acabei rindo da cara de arrependido dele.

—Isso vai sair uma tristeza, o que eu desenho?

—Tem uma paisagem inteira na sua frente. Que tal começar com aquela árvore ali? – apontei para uma das que estavam mais próximas.

—Vamos ver o que sai, mas você trate de caprichar – eu revirei os olhos e comecei a olhar em volta para decidir o que desenhar.

Ele estava tão concentrado no desenho dele, que nem percebeu que eu me afastei para me sentar com alguma distância de onde ele estava. A razão é que eu tinha decidido o que eu desenharia. Ele tinha o bloco apoiado em um dos joelhos que estava dobrado próximo ao seu peito e a outra perna esticada. As costas confortavelmente encostadas no tronco da árvore e ambas as mãos ocupadas, uma segurando o bloco e a outra desenhando. Como eu me afastei do estojo de lápis, acabei decidindo fazer todo o desenho em tons de branco e preto, assim não precisaria denunciar a minha posição para pegar outras cores.

Os contornos do rosto dele já eram muito familiares para mim, então não tive nenhuma dificuldade em coloca-los no papel, e roupas também faziam parte da minha zona de conforto. Eu já tinha esboçado a maior parte do desenho quando ele percebeu que eu não me encontrava mais do seu lado.

—Ei, o que você está fazendo ai?

—Desenhando – respondi constatando o óbvio.

—Claro que está, engraçadinha, mas porque tão longe? – ele fez menção de se levantar.

—Não se mexe!

—Você está ME desenhando? – a exasperação dele foi hilária, se eu não estivesse tão concentrada, teria com certeza perdido alguns minutos rindo.

—Sim.

—Ah – ele abriu e fechou a boca algumas vezes, mas não falou nada e continuou na mesma posição – eu já terminei a minha árvore, está péssima.

—Desenha a do lado então, quem sabe melhora, você vai ter que ficar aí até eu terminar.

—Isso demora?

—Mais alguns minutos – pensei que ele fosse reclamar, mas continuou quieto.

Acabei me empolgando e desenhando um pouco do entorno, então uma boa meia hora tinha passado entes que eu declarasse o fim do meu desenho.

—Terminado – levantei para entregar a folha de papel a ele.

—Caralho, isso está muito bom! – ele me olhou com os olhos arregalados.

—Eu sei desenhar, Ron claro que está bom – sorri convencida e senti que aquele seria uma resposta aprovada pelo Ced.

—Eu sabia que você desenhava, só não sabia que tão bem, você nunca me mostrou nada antes – ele se explicou.

Era verdade, outra coisa que nunca havia feito antes para se juntar a lista infinita.

—Agora me deixa ver o seu – estendi o braço para que ele me passasse o desenho.

—Não mesmo! – ele se agarrou ao bloco, se recusando a me entregar.

—Não vale, você viu o meu – resmunguei.

—O que não vale é eu passar esse vexame com meu desenho de criança de primeira série.

—Ah Ron, eu quero ver – eu chacoalhei o ombro dele, sem obter nenhum sucesso – agora estou curiosa.

—Tá bom, eu deixo você ver com uma condição.

—Qual? – perguntei desconfiada, ultimamente eu não tinha muita certeza se confiava em acordos com ele.

—Eu quero um desenho de presente.

—Claro, pode ficar com o que eu fiz – até que foi uma condição bem fácil.

—Ah, mas se é pra ser presente, eu não quero que seja a minha cara que eu vejo todo dia – pronto já tinha alguma pegadinha.

—O que você quer que eu desenhe então?

—Você.

—Eu? E como eu vou fazer isso? Você vê algum espelho por aqui? – eu tentei desconversar, mas a verdade é que o pedido me deixou meio desconsertada.

—Eu tiro uma foto se esse é o problema – ele já tinha um sorriso triunfante no rosto, sabendo que tinha me colocado numa posição em que ele ganharia fácil, droga de curiosidade.

—Ok, combinado. Mas você vai me deixar ver o seu desenho primeiro.

—Tudo bem – ele me entregou o bloco.

Eu abri na página em que ele tinha trabalhado e, mesmo tentando conter a gargalhada para não pisar demais no ego dele, acabei rindo sonoramente, tanto que senti até os meus olhos lacrimejarem. Ele não estava mentindo quando disse que não sabia desenhar, as árvores dele só podiam ser compreendidas como tal se empregássemos algum conceito modernista de desenho.

—Ron isso... – nem terminar a frase foi possível.

—Ai, ai, por que eu me coloco nesse tipo de situação? – ele chacoalhou a cabeça – mas agora chega, já pode cumprir sua parte do trato.

Ele me entregou o celular dele, na tela uma foto minha que ele, aparentemente, tinha acabado de tirar sem que eu percebesse. Eu estava com o bloco de desenho em uma das mãos enquanto a outra tentava esconder meu sorriso, meus cabelos estavam meio bagunçados pelo vento, e os meus olhos quase fechados de tanto rir.

—Estou toda desarrumada nessa, Ron – reclamei, mas ele rebateu dizendo que o presente era dele e ele queria aquela mesmo.

—Tá, mas eu vou ficar com essa – separei a folha com o desenho dele do resto do bloco e passei para o meu.

—Nem pensar – ele se inclinou sobre mim para roubar de volta minha nova posse, mas eu fui mais rápida e tirei do alcance dele.

—Você vai me deixar trabalhar no seu presente ou o que?

—Não vou deixar esse desenho horrível sobreviver.

—Agora ele já é meu.

—Mas você roubou! – ele resmungou igualzinho a uma criança birrenta.

—Vem cá – eu puxei o casaco dele em minha direção e colei os lábios no dele, num beijo demorado e profundo – pronto não é mais roubado, troquei por um beijo.

—Acho que vou até fazer mais alguns desenhos para ter uma moeda de troca para dias difíceis – ele abriu o bloco de novo, dessa vez poiado nas pernas cruzadas.

Eu me virei, deitando a cabeça nas pernas dele e levantando os joelhos para dar apoio ao meu próprio bloco, mantive o celular dele virado para mim e comecei a copiar a figura. Dessa vez eu tinha meus lápis à disposição e pude me divertir com as cores. Ficamos em silêncio, ele terminou mais um desenho a se cansou da brincadeira, pois de encostou na árvore e ficou me observando desenhar. Eu sentia vez ou outra os dedos dele deslizando sobre os meus cabelos. Aquela foi uma tarefa meio estranha para mim, já que eu nunca tinha me desenhando, acabei dando conta do recado.

—Aqui está o seu presente – destaquei a folha e entreguei.

Ele ficou encarando o desenho sem emitir uma opinião sequer.

—O que foi? Não está bom? - ele piscou, desviando a atenção para mim.

—Claro que está! É só que... você esqueceu de assinar – ele me devolveu o papel – tenho que ter como provar que foi você que desenhou, assim quando virar uma estilista mundialmente conhecida, eu posso vender por uma fortuna – ri da gracinha dele, mas fiz como ele pediu.

—Acho que é melhor irmos, temos que passar no mercado se você vai fazer o meu café na cama amanhã – ele concordou.

Saímos do parque, achamos um mercadinho onde ele comprou alguns ingredientes que não me dava muita ideia do que ele faria no dia seguinte e voltamos para o hotel apenas para tomar um banho e nos arrumarmos para sair e jantar. Passamos praticamente o dia todo andando, então no fim da noite já estávamos cansados, terminamos e comer e voltamos para o nosso chalé.

A noite estava quase terminando, mas eu não havia me esquecido que eu tinha um castigo para aplicar ainda e foi isso que eu disse a ele.

—E como vai ser isso? – ele perguntou, totalmente interessado.

Estávamos sentados no sofá, eu deitada entra as pernas dele com as costas apoiadas no seu peito. Ele já tinha se trocado e usava apenas a bermuda do pijama que tinha trazido, enquanto eu ainda usava a roupa que tinha colocado para jantar.

—Deixa eu ir me trocar que você já descobre – eu dei um sorriso malicioso em direção a ele, e me levantei.

Parei para pegar no armário a sacola que continha o que eu havia comprado especialmente para a ocasião e fui para o banheiro. Ele estava sentado na beira da cama quando eu voltei para o quarto.

—É vestida assim que você vai me dar um castigo? – ele zombou, sem desgrudar os olhos do roupão preto extremamente curto que eu usava - Você percebe que tudo o que conseguiu até agora foi aumentar a minha vontade de fazer coisas erradas que te deixem brava, né? – o sorriso dele não foi nada inocente.

—Tenho certeza que daqui a pouco eu vou escutar você se desculpando – afirmei com convicção.

—Hum... vamos ter que esperar e ver – eu me aproximei em passos lentos até a cama.

—Você está de castigo e não pode encostar em nada, entendido? – levantei a voz empregando um tom autoritário.

—Nem um pouquinho? – ele gemeu fazendo bico, mas o brilho em seus olhos me dizia exatamente o que ele estava esperando.

—Não – parei em frente a ele – deita.

Ele me obedeceu sem reclamar, puxou as cobertas da cama e se acomodou do lado dele, eu dei a volta e parei do lado que eu havia dormido na noite anterior.

—Quer ver o que tem por baixo? – eu estava provocando sem nenhum pudor e gostei do fogo que vi quando ele respondeu.

—Aham - tirei o roupão, deixando-o cair aos meus pés e expondo a camisola nada comportada que eu usava. A renda vermelha falhava no quesito de esconder os meus seios e o tecido diáfano que compunha a camisola, se abria com uma fenda desde o fim do decote deixando a mostra a calcinha minúscula que acabava de compor o visual.

—Puta que pariu – quase ri ao vê-lo engolir em seco, mas mantive toda a pose.

Coloquei um joelho no colchão e me icei para subir na cama, ele levantou a mão em minha direção, mas eu o parei com um tapa de advertência nos dedos. A respiração dele já estava mais pesada, o olhar não desgrudava de mim, ele não perdeu tempo nem piscando.

—Nada aqui é seu essa noite – declarei, e finalmente era chegada a hora da cartada final - boa noite – deitei a cabeça no travesseiro e me virei de costas pra ele.

—O que? – a voz dele soou esganiçada e eu mordi a língua para não rir.

Apenas me estiquei e desliguei as luzes, tomando o cuidado de deixar o abajur ligado para que ele pudesse ver exatamente o que tinha ao lado dele, até as cobertas eu dispensei.

—Você vai dormir? – ele me perguntou atônito.

—Vou.

—Mas... – eu senti ele se deitar e a mão dele subindo até o meu ombro.

—Já falei que você não pode encostar – me virei olhando feio pra ele – se tentar de novo, o castigo dura a viagem inteira – ameacei, claro que eu estava exagerando, mas com a minha cara séria ele não tinha como saber e sabiamente decidiu não pagar para ver.

Ele recolheu o braço colando-o ao corpo. Decidi que já estava na hora da fase dois, como ele estava deitado de barriga para cima, foi fácil me virar e pegar o braço dele. Ele me olhou aliviado com a ação, mas eu apenas sorri com a melhor cara maldosa que eu consegui e passei o braço dele por baixo do meu pescoço, voltei a me virar para o outro lado, a diferença é que agora o meu corpo estava colado ao dele.

—Quer dizer que eu não posso encostar e você vem se acomodar assim? – ele reclamou.

—Quem está dando o castigo sou eu, minhas regras, boa noite – permaneci em silêncio, e até fechei os olhos, fiz questão de me mexer de vez enquanto só para atormentá-lo mais um pouco.

Ele estava imóvel, toda vez que eu me movia roçando parte do meu corpo no dele eu escutava a respiração dele falhando, e ele se esforçando para conter um suspiro. Alguns minutos se passaram, e eu estava adorando cada um deles, pois eu imaginava como aquilo estava sendo difícil, afinal ele tinha pensado que esse castigo seria bem diferente.

—Hermione, eu não vou conseguir dormir assim – ele resmungou.

—Do mesmo jeito que eu disse que não ia conseguir fazer minha mala, não é? Mas olha só, eu dei um jeito, então você também consegue.

—Eu não gosto da Hermione má, traz a feliz de volta, por favor.

—É ruim, não é? Quando queremos alguma coisa e a pessoa não quer nos dar? – ele entendeu direitinho a indireta, e eu o escutei bufando em resposta.

—Tá bom, eu prometo que nunca mais te engano com gracinha nenhuma – eu não respondi – desculpa, vai – ele aproximou a boca do meu pescoço e eu sabia exatamente a intenção dele.

—Sem beijos – adverti e ele voltou para a posição anterior.

—Você vai mesmo fazer isso comigo? – a voz dele em si já era uma súplica.

—Já estou fazendo, e pela última vez, boa noite.

Se dependesse dos meus desejos, a noite dele seria comprida e mal dormida, eu porém, não demorei muito para pegar no sono, ainda mais com o calor do corpo dele colado no meu.


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Notas finais do capítulo

Então, o que vocês estão achando dessa viagem até agora? Momentos de fofura começando a surgir cada vez com mais frequência, algo me diz que até o fim esses dois já vão estar irremediavelmente acostumados com essa proximidade toda.
E o tal castigo que a Mione preparou? Como será que o Ron vai reagir na manhã seguinte?
Espero comentários maravilhosos, como sempre! Até porque tem um aviso importante aqui no fim das notas que eu acho que vocês vão gostar.
Bjus

Crossover: esse capítulo é independente de DV, mas não deixam de acompanhar, porque não falta muito para o desfile da Mione e aí as histórias se cruzam de novo.

Aviso importante: Vai ter capítulo duplo essa semana! Isso mesmo, olha como eu estou legal :)
A viagem acabou rendendo mais capítulos do que o previsto então para não bagunçar a cronologia, amanhã a Paulinha vai postar mais um capítulo de DV e na sexta tem Backstage de novo.
Até lá