Uma mestiça em Hogwarts. escrita por Isa or Bela


Capítulo 2
Capítulo 2 - O primeiro dia de Aula.




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— Vamos, James. Estamos atrasados.  

 

Sirius Black estava impaciente, aquele seria seu primeiro dia de aula em Hogwarts e ele sabia que se ferraria quando recebesse as encomendas naquela manhã, por que? Simples, porque ele foi para a Grifinória. A família de Sirius, desde que fora fundada, foi inteiramente da Sonserina, sempre honrando o seu sangue puro e tratando mal bruxos que eram nascido-trouxas, mas Sirius não era assim. Cansado e com fome, Sirius esticou sua varinha e gritou um feitiço que teria aprendido com sua prima Andrômeda.  

 

— Aguamenti. — um forte jato de água saiu de sua varinha e atingiu James com força, fazendo com que o garoto pulasse para fora da cama com o impacto, caindo no chão. James ergueu a cabeça acordado e olhou ao redor procurando a fonte do feitiço, encarando Sirius que agora ria sem parar. — Meu Deus, essa foi um máximo. — Sirius disse enquanto ria junto de Remus e Peter.  

 

— Isso, riam á vontade. — James murmurou enquanto se levantava do chão e caminhava até o banheiro carregando sua toalha, que tinha pego da mala.  

 

Sirius pegou sua capa em cima da cama e vestiu por cima de suas vestes de Hogwarts, ajeitou o cabelo negro e virou-se para os dois amigos que estavam sentados esperando James se aprontar. Remus ergueu a cabeça e olhou para Sirius e depois para a porta.  

 

— Eu acho que ele vai se vingar. — Remus disse pegando em seguida sua maleta com vários pergaminhos e livros.  

 

— Não, ele não seria capaz. Foi apenas uma brincadeira, James tem senso de humor. — Sirius disse cruzando os braços e batendo o pé freneticamente no piso do dormitório impaciente, James estava demorando demais para o gosto dele. — James, vamos logo, não quero me atrasar para o café da manhã. 

 

— Eu espero que você esteja certo. — Remus falou enquanto caminhava até a porta do banheiro e dava dois tapas fortes na porta.  

 

— Calma, calma. Eu já estou pronto, vê? — James disse abrindo a porta do banheiro enquanto vestia o suéter e a capa, secou o cabelo com a toalha e a jogou em cima da cama, virando-se para seus amigos. — Podemos ir agora. A primeira aula é qual? — James perguntou abrindo a porta do dormitório enquanto carregava sua maleta com os livros, bagunçou os cabelos ainda molhados e viu Peter encostando a porta enquanto corria para alcançá-los.  

 

— Transfiguração com.... — Remus retirou os horários da maleta e o olhou antes de completar a frase — Minerva Mcgonagall.  

 

— Mcgonagall? É a mesma professora que nos chamou na seleção? — Remus concordou com a cabeça e Sirius arregalou os olhos antes de voltar o olhar para James — Não podemos nos atrasar para sua aula. — Sirius comentou enquanto empurrava a porta para fora da torre da Grifinória.  

 

— É, eu sei. — James murmurou enquanto descia as escadarias, virou seu busto e ficou cara a cara com os amigos — Precisamos fazer a maior pegadinha de todas, para comemorarmos nossa entrada em Hogwarts.  

 

— U-uma Pe-pegadinha? — Peter gaguejou olhando assustado para o colega duas vezes mais alto do que ele.  

 

— Sim, uma pegadinha, Peter. — Sirius comentou revirando seus olhos cinzas — Eu adorei a ideia.  

 

— Eu não acho que seja uma boa ideia, meninos. Podemos ficar de detenção por isso, e é só o primeiro dia ainda. — Remus deu sua opinião coçando sua nuca, pensando no que poderia acontecer se eles fizessem algo errado. Custou muito para ele entrar em Hogwarts, e não gostaria de desvolarizar o esforço de Dumbledore, ele fora muito bom em tê-lo aceitado.  

 

— Vamos, Remus, não seja careta. É só uma brincadeirinha, não vai machucar ninguém. — James disse voltando á andar enquanto falava com os três garotos. — Eu acho.  

 

Eles chegaram no Salão Principal minutos depois, adentraram o salão e olharam para todas as mesas enquanto andavam, até chegarem na mesa da Grifinória. James avistou uma cabeleira ruiva e sorriu ao reconhecer a dona delas, então não hesitou em se aproximar com seus amigos, se sentou ao lado da garota loira que estava de frente para a menina de cabelos acaju, então percebeu que a garota era Mareena Watson, uma garota que ele dividiu a cabine por quase uma hora até ela expulsá-lo por ofender seu querido amigo Severus, ou mais conhecido por James e Sirius como ranhoso. Sim, Ranhoso, ele inventou esse apelido para o garoto de cabelo seboso enquanto procuravam outra cabine para dividir, mas no final eles encontraram uma vazia.  

 

— Ah, olá Lily. Mareena. — Sirius disse assim que chegou na mesa, jogou sua maleta de lado e sentou-se, servindo seu prato com pouca comida, já que tinha comido muito na noite anterior. — Dormiram bem?  

 

— É claro que dormimos Black, você não estava lá. — Mareena murmurou enfiando a colher com torta na boca enquanto Remus e Peter riam do fora que ele recebeu da bela loira.  

 

Assim que o grupo parou de rir, enormes corujas começaram a entrar pelas grandes janelas, e uma em especial chamou a atenção de Sirius. Ela era grande e uma coruja das torres, carregava um envelope avermelhado em seu bico e parou no ombro do primogênito dos Black, soltando o envelope nas mesas e começando a bicar sua orelha pedindo comida, Sirius quebrou uma bolacha e entregou pro animal, que começou satisfeito, voltando a voar para onde tinha vindo. Sirius agarrou o envelope e Lily esticou o pescoço para ver o que era.  

 

— Ah, eu já li sobre. É um berrador. — pespondeu a ruiva mordendo uma maçã verde. — Se eu fosse você, abria logo antes que aconteça algo... Hum... ruim. — E assim fez, Sirius retirou o lacre da carta e ela ficou aberta flutuando na sua frente enquanto uma voz feminina e alta adentrou o salão inteiro, obrigando todos a ficarem quietos.  

 

— SIRIUS BLACK, COMO VOCÊ TEVE CORAGEM DE IR PARA A GRIFINÓRIA? DEPOIS DE TUDO QUE EU E SEU PAI TE ENSINAMOS, SORTE QUE BELLATRIX NOS ENVIOU UMA CARTA ASSIM QUE TEVE TEMPO, PORQUE SE ESPERÁSSEMOS POR VOCÊ, JÁ ESTARÍAMOS MORTOS. DESONRA, DESONRA, DESONRA! SÓ NÃO TE DESERDERAMOS PORQUE NÃO QUEREMOS MANCHAR A IMAGEM DA FAMÍLIA. É BOM QUE EU NÃO RECEBA MAIS NENHUMA CARTA DE SUA PRIMA OU DOS PROFESSORES, PORQUE SE NÃO...  

 

E  então a carta se cortou em vários pedaços, soltando pequenos pedaços de pergaminho para todos os lados, Mareena virou a cabeça em direção ao garoto e bebericou o suco de abóbora para conter o riso.  

 

— E essa foi minha querida mãe Walburga Black. — depois do pequeno show feito pela mãe de Sirius, todos voltaram a conversar uns com outros, o próprio fingiu que não tinha acontecido nada e ficou comendo enquanto planejava a pegadinha com seu amigo James, que as vezes olhava para Lily Evans, que nem parecia perceber, já que estava imersa em uma conversa com Mareena sobre como seria as aulas daquele dia. — Nem começaram as aulas ainda e elas já estão conversando sobre. Loucas. Não, James, essa é uma péssima ideia. Precisa ser algo grandioso, marcante. Entende?  

 

— Eu entendo. Bom, podemos planejar isso durante o almoço, porque temos aula agora. — Sirius concordou com a cabeça e se levantou com Remus e Peter, que demorou alguns minutos para perceber que eles estavam saindo, já que devorava seus ovos com bacon sem prestar atenção em nada. — Peter, você vem? — O garoto ergueu a cabeça e olhou para o trio, concordou silenciosamente e limpou os lábios com a manga da blusa enquanto pegava seus materiais e se dirigia para a porta de saída enquanto pensava no quão horrível seria nas matérias.  

 

Demorou nem cinco minutos e pararam na frente da porta da sala de transfiguração que tinha poucos estudantes do primeiro ano, o que era bom, porque significava que eles não estavam atrasados. Adentraram o local e Remus logo parou seus olhos em uma cabeleira loira jogada de lado com vários pergaminhos na mesa, ele logo acenou para os amigos e caminhou até a garota, que parecia ocupada demais anotando algumas coisas em uma folha com a tinta preta.  

 

— Hum... teria problema se eu me sentasse aqui? Sabe, meus amigos estão juntos e não quero atrapalhá-los. — Mareena ergueu a cabeça e olhou para o garoto com um pequeno sorriso no canto de seu lábios pintado de vermelho, acenou com a cabeça confirmando, Remus sorriu agradecido e se sentou, deixando a maleta embaixo da mesa.  

 

A sala se encheu aos poucos e Lily passou por Remus e Mareena balançando seus cabelos acaju, a loira apena deu de ombros e enrolou o pergaminho, deixando de lado enquanto James e Sirius ficavam encolhidos num canto anotando em um pedaço de pergaminho seus planos para a brincadeira com o Ranhoso enquanto Peter ouvia silenciosamente a conversa pensando no quão sortudo era por ser amigo de garotos como aqueles. 

 

— Por que ele está sentado com... ela? — Sirius murmurou para James enquanto encarava Mareena e Remus juntos conversando. — Falando nisso, cadê a professora Mcgonagall? 

 

— Eu não sei, deve ter acontecido algo. — James comentou dando de ombros enquanto balançava a varinha de um lado para o alto no ar. — Espero que ela não compareça e sejamos liberados. — disse esperançoso, mas nesse momento um gato cinza malhado e com estranhas marcas ao redor de seus olhos pulou na mesa, mantendo uma expressão severa, James virou a cabeça em direção ao animal e o encarou com a sobrancelha arqueada. — Eu não sabia que a professora Mcgonagall tinha um gato. 

 

Em um piscar de olhos, o gato cinzento pulou da mesa e transformou-se no ar em um ser humano. A mulher de cabelos negros utilizava um vestido muito parecido com o da noite passada, mas dessa vez era inteiramente preto e usava uma capa esmeralda por cima, agarrou o óculos deixados em cima da mesa e o colocou, conseguindo enxergar os estudantes com mais facilidade. Ergueu sua cabeça e encarou os alunos que permaneciam boquiabertos, que não demoraram para se ajeitar em seus lugares.  

 

— A Transfiguração é uma das mágicas mais complexas e perigosas que vão aprender em Hogwarts. Quem fizer bobagens na minha aula vai sair e não vai mais voltar. Estão avisados. — então a sala ficou inteiramente silenciosa, os pequenos olhos castanho-escuros da professora seguiu por cada um, até parar em James. — Peguem suas varinhas, hoje iremos aprender um feitiço simples, mas que requer muita concentração do bruxo, esse feitiço pode transformar um palito em agulha. Cada mesa possui um, então sem discussões desnecessárias durante minha explicação. Não é necessária nenhuma fórmula para esse exercício, apenas... Isso. — Minerva Mcgonagall ergueu sua varinha no ar e a girou no ar duas vezes para a esquerda, sacudindo-a em seguida, e então, o palito parado na mesa de Lily Evans transformou-se em uma agulha fina e prateada, que fez todos abrirem a boca surpresos. — Podem começar.  

 

Mareena ergueu sua varinha e repetiu os passos da professora, e precisou de duas tentativas para transformar seu palito em uma agulha perfeita. Na primeira vez, o palito ficou apenas pontudo e fino, mas alcançou a perfeição em seguida, embora Remus tenha conseguido transfigurar o objeto com apenas uma tentativa. Cinco mesas afastada dos dois, estava Peter Pettigrew, que tentava a todo custo fazer uma transfiguração correta, mas foi em vão, já que seu palito não teve nenhuma diferença grandiosa, apenas a mudança da madeira, que parecia mais áspera. James virou suas costas e encarou o palito do amigo com a testa franzida.  

 

— Por Merlin, Peter. Não conseguiu ainda? — Peter balançou a cabeça triste e tentou novamente, mas parece que aquilo só piorou, já que o palito diminuiu de tamanho e estava menos pontudo. — Sirius? — o garoto de cabelos negros virou sua cabeça e encarou o menino de olhos escuros. — Como foi que Mareena e Lily chegaram aqui antes da gente, sendo que saímos do salão antes delas?  

 

— Eu não sei, mas acho que elas saíram antes e nem vimos. — Sirius murmurou, James deu de ombros e virou seu corpo para frente, deixando Peter sozinho ainda com seu palito.  

 

Enquanto outros alunos tentavam ao máximo transformar seus palitos em agulhas, o sinal bateu. Bruxos saíam conversando entre si e a sala ficava cada vez mais vazia, a cabeleira ruiva de Lily saiu ao lado de Mareena, que apertava seus livros contra o peito enquanto caminhava até a porta, elas pareciam bem submersa em sua conversa, porque nem mesmo se despediram dos garotos, que agora tinham Remus ao seu  lado.  

 

— Olha quem voltou. Remus, nos trocando pela loira? Que feio... — James brincou, abrindo um sorriso maroto em seguida, fazendo com que Sirius e Peter começassem a rir. O garoto de olhos âmbar revirou-os e se afastou, sendo seguido pelos três colegas de quarto. — Ora, Remus, estamos brincando.  

 

— Tá, tá. Vamos, temos aula de História da Magia agora. — murmurou Remus, que agora caminhava em direção á sala de História da Magia que ficava a poucos metros da Sala de Transfiguração.  

 

A aula de História da Magia foi simplesmente entediante, o professor fantasma Cuthbert Binns tinha voz de aspirador de pó velho, que só dava um tom mais maçante á aula. James Potter, que teria dormido pouco na noite passada, encostou sua cabeça nos braços e veio á dormir enquanto sua pena enfeitiçada escrevia tudo o que o professor falava. Remus Lupin estava sentado na primeira fileira e escrevia na pressa os comentários do professor. 

 

— Mas os Duendes ainda não queriam que a Revolução acontecesse. Tinham seus motivos, que nunca ninguém soube. E foi em 1352 a.C. que a Revolução estourou, os Duendes se revoltaram contra os Bruxos, Vampiros e Mutantes. Houve muitas mortes, muitos e muitos seres foram mortos, tanto mágicos quanto muggles. — professor Binns falava lentamente sobre a revolta dos duendes enquanto olhava suas notas sobre o conteúdo. Sirius Black, que agora encarava o amigo, enfeitiçou sua pena e fecho os olhos aos poucos enquanto deixava o sono vir e dormia com a cabeça jogada ao lado da cabeça do amigo. — Drumfartico, o poderoso Vampiro das Trevas, Junglon, o mais forte Mutante e Silvarrom, o grande, mais sábio e poderoso bruxo. Foram obrigados a se unirem para acabar com a Revolução desses seres revoltados, que eram os Duendes. Foram longos cinco anos de repressão no mundo mágico, mas Drumfartico, Junglon e Silvarrom conseguiram derrotar os Duendes e os prenderam num grande castelo, até que pensassem em um destino para os Duendes. Esse trabalho foi completamente de Silvarrom, porque Drumfartico e Junglon sumiram e nunca mais foram vistos, deixando-o sozinho para conseguir um lugar para essas criaturas mágicas.  

 

Então Mareena Watson olhou para o lado, onde viu claramente três garotos dormindo, que logo reconheceu como os meninos da cabine e café da manhã, e que mantinham penas voadoras que anotavam tudo que o professor falava. Sem hesitar, a garota caminhou nas pontas do pé até a mesa dos garotos, ergueu sua varinha e murmurou um feitiço que fez as penas perderem o efeito e elas caíssem no pergaminho, a loira abriu um largo sorriso e voltou para seu lugar, onde voltaria á anotar tudo que o professor Binns dizia. Severus estava vingado.  

 

                                                                                    *** 

 

James e Sirius só perceberam o que aconteceu quando o sinal bateu, Remus se levantou e pegou o pergaminho dos amigos, olhando o começo do texto que o professor passou. O garoto arqueou a sobrancelha e deixou o pergaminho de lado, vendo Mareena caminhar até Lily  e falar algo que fez a ruiva rir, então as duas saíram continuando á conversar sobre algo engraçado.  

 

— Por que vocês não copiaram a continuação do texto que o professor passou? — Remus perguntou enquanto caminhavam até o salão principal, já que estava na hora do almoço.  

 

— O que você quer dizer com isso? — Sirius perguntou agora ao lado de Remus. 

 

— Vocês só copiaram o começo do texto, tem muito mais sobre a Revolta dos Duendes. — Sirius e James se olharam e o rosto do garoto de cabelos curtos ficou vermelho, possivelmente de raiva. — Vão ter que pedir a continuação para algum aluno, a Revolta vai cair na prova.  

 

— E você vai passar para a gente, não é mesmo? —  James perguntou olhando para Remus com um pequeno sorriso maroto, conseguindo a atenção do garoto moreno.  

 

— Mas é claro, que não. — Remus respondeu caminhando na frente dos garotos enquanto ajeitava as penas e tinteiro na bolsa. — Vocês só estão nessa situação por causa de suas escolhas, então vivam com ela e tentam resolver seus problemas sozinhos. — Sirius bufou e adentraram o Salão Principal enquanto eram seguidos por Peter que não parecia entender o que acontecia.   

 

Remus se sentou ao lado de Peter e arqueou a sobrancelha quando o garoto baixinho encheu seu prato com vários tipos de alimentos, começando a comer furiosamente enquanto era encarado pelos três amigos. Remus revirou os olhos e serviu um pouco de comida em seu prato, começando á comer rápido antes que a próxima aula começasse.  

 

— Aquela aula de História da Magia é insuportável. — Sirius murmurou mordendo um pedaço do bife. — Bem que Andrômeda me disse que era chato.  

 

— Quem é Andrômeda? — James perguntou olhando para o amigo.  

 

— Ah, minha prima. — Sirius deu de ombros, voltando a comer. — Ela estuda aqui, está em seu sexto ano. Igual minhas primas, Bellatrix e Narcissa. — o garoto de cabelos negros e volumosos contorceu seu nariz ao pronunciar o nome das suas duas primas. — Não são tão legais igual a Andie, na verdade, elas são insuportáveis. 

 

Assim que Sirius terminou seu comentário sobre as primas, várias corujas apareceram voando pelo teto do salão, aquela era a segunda vez que as corujas apareciam naquele dia. Quando Mareena, que estava ao lado de Lily, empurrou seu prato para o lado, um jornal empoeirado caiu na sua frente, os olhares do quarteto voltaram para a jovem e ela revirou seus olhos azulados enquanto pegava o objeto de pesquisa e o abria, deixando a mostra um bruxo desconhecido para a mesma, mas não deu muita importância para ele, porque seus olhos pareciam vidrados na matéria. 

 

''Foi encontrado na manhã dessa segunda-feira, dois de Setembro, três bruxos nascido-muggles assassinados por aqueles que acreditam ser os seguidores de Você-sabe-quem, um bruxo das trevas que tem ganhado muita atenção nos últimos anos por seu preconceito com muggles e nascido-muggles.  

 

Segundo testemunhas do crime, os dois bruxos que atacaram o trio vestiam capas negras e máscaras, o que dificulta para o Ministério da Magia descobrir quem são os bruxos por trás do crime, mas eles não desistirão até descobrir o que aconteceu de fato. 

 

Mais informações sobre o ocorrido somente no Profeta Diário.'' 

 

— Quem é Você-sabe-quem? — Mareena perguntou para o quarteto assim que terminou de ler a matéria, entregando o jornal para Remus. 

 

— Papai disse que é um bruxo das trevas que pertencia a casa da Sonserina, mas esse não é o nome verdadeiro dele. O nome verdadeiro é... — James parou para pensar por alguns segundos, até voltar o olhar para a garota. — Lorde Voldemort, mas ninguém chama ele pelo nome. Falam que é um tabu, mas não acredito nisso, ninguém seria capaz de invadir Hogwarts com Dumbledore aqui.  

 

Dumbledore? O que aquilo tinha haver com Dumbledore?  

 

Mareena não prestou mais atenção no que o quarteto conversava, ela parecia concentrada demais na sua salada e as vezes olhava para trás, onde Severus almoçava enquanto conversava com um garoto que descobriu ser Igor Karkaroff.   

 

— Mareena? Mare, está me ouvindo? — Mareena olhou para o lado e encarou a garota de cabelos acaju que tocava seu ombro. — Eu estava perguntando se você não gostaria de ir comigo na biblioteca antes da próxima aula começar. 

 

— Ah, tudo bem. — concordou deixando o prato e a taça de lado e agarrando sua bolsa de couro que permanecia em cima da cadeira, se levantou e seguiu a ruiva pelos corredores até o terceiro andar. — Sabe, eu ainda estou pensando no que Potter disse.  

 

— Potter? Esqueça-o, ele dorme nas aulas, fica brincando e não leva nada a sério. — Lily disse enquanto subia as escadas, segurando-se no corrimão enquanto a mesma se movia no ar. — Você acredita nele?  

 

— Não, claro que não. — Mareena negou imediatamente, olhando para os lados antes de completar. — Só... só não deixa de ser estranho e convincente.  

 

Mareena deu de ombros e subiu as escadas, chegando ao terceiro andar. Ficou ao lado de Lily e caminhou até a biblioteca, que ficava no fim do corredor. A biblioteca era enorme, a parede era enorme e tinha várias fileiras de estantes cheias de livros empoeirados, e escadas que davam para um segundo andar, onde tinha mais estantes e livros. Logo na entrada da biblioteca, muitas mesas estavam espalhadas, que iam até um balcão onde tinha uma bruxa de cabelos negros que folheava um livro grosso e possuía um espanador ao seu lado.  

 

— Severus disse que essa é a bibliotecária Pince. — a bibliotecária era uma mulher aparentemente não tão velha, magra e irritadiça que parecia um urubu subnutrido, tem as faces encovadas, pele de pergaminho e longo nariz curvo. — Ah, está ali. Vamos. — a loira tirou os olhos da bibliotecária e olhou para a ruiva, que agora caminhava até uma estante, seguindo-a sem hesitar. Quando chegou na estante, Lily Evans agarrou um livro empoeirado que tinha uma imagem do brasão de Hogwarts com uma escrita já apagada embaixo. — Hogwarts, uma História. É esse livro.  

 

— Por que você precisa desse livro? — Mareena perguntou olhando para o livro grosso que Lily segurava com dificuldade. 

 

— Ah, pesquisa. — Lily deu de ombros e caminhou até a bibliotecária, entregando para a mulher o livro. — Lily Evans. — a bruxa assinou o nome da garota atrás do livro e devolveu-o para a ruiva, que sorriu em agradecimento. — Sev nos contou tudo o que sabia sobre esse mundo, mas eu sinto que não é o suficiente, entende? 

 

— Sim, é claro. — concordou enquanto seguia a garota novamente até o Salão Principal. — Não se preocupe, Lils, eu te entendo. 

 

— Obrigada. — sorriu Lily enquanto descia as escadarias ao lado da loira, que parecia concentrada em seus sapatos de fivela negros. — Mare? Está tudo bem? Você parece meio... sonhadora.  

 

— Eu? Ah, estou ótima. — Mareena respondeu enquanto balançava a cabeça e retirava mechas finas e cacheadas de seus olhos, voltando a prestar atenção em seu caminho. 

 

                                                                                    *** 

 

— E a pegadinha, James? — perguntou Sirius assim que a comida sumiu e apareceu a sobremesa, o quarteto parecia concentrado demais em seu almoço antes do moreno acabar com o silencio da mesa. Remus, que estava ao lado de Peter, ergueu sua cabeça e arregalou os olho enquanto bufava silenciosamente com a pergunta do amigo, ele jurava que eles iam esquecer daquela pegadinha.  

 

— Hum... não planejei ainda, mas vou ver essa semana. — essa semana? Ufa, Remus teria uma semana para fazer o garoto desistir dessa ideia estúpida de pegadinha, ele sabia que os amigos agradeceriam ele no futuro.  

 

— Tem que ser algo incrível, mas não se preocupe, eu vou te ajudar com ele. — respondeu Sirius dando um tapa de leve no ombro do amigo e bebericando seu suco de abóbora em seguida.  

 

                                                                                    *** 

 

Severus caminhava pelos corredores ao lado de Lily e Mareena, que contavam para o Sonserino sobre as aulas que elas tiveram naquele dia. Mesmo estando em casas diferentes, o trio ainda eram amigos e contavam um para os outros as suas novidades, e era vez do garoto de cabelos negros contar sobre os garotos da sua casa. Severus dividia o dormitório com Igor Karkaroff e outro garoto que ele nunca lembrava o nome, mas ele não se importava muito com isso. Na sua primeira noite na casa, Severus ouviu seus dois colegas de quarto conversando sobre seus pais, que eram seguidores do ''temido'' Lorde Voldemort, um bruxo até então desconhecido pro jovem Severus, até o correio do almoço, quando um menino do terceiro ano recebeu um jornal onde tinha uma informação sobre o bruxo maligno.  

 

— Ah, Mareena recebeu um jornal desse. — Lily disse enquanto saltitava ao lado de Mareena e Severus, que olhava para a garota ruiva e baixinha. — Qual era o nome dele mesmo? Lembrei, era Profeta Diário, mas eu nunca ouvi falar dele. 

 

— É um jornal bruxo. — explicou Severus para a amiga ruiva.  

 

— Ah, faz sentido. Mas por que você nunca nos falou dele? — Mareena ergueu a cabeça e olhou para o amigo moreno com a sobrancelha arqueada após a pergunta de Lily.  

 

— Hum... eu não sabia da existência dele, só descobri sobre quando recebemos nosso exemplar. — Severus deu de ombros, retirando fios negros e finos de seus olhos.  

 

— Sev? — Severus parou e olhou para Mareena, que também tinha parado de andar. — Como você sabe tanto sobre... Esse mundo?  

 

— Eu descobri pela minha mãe. — admitiu.  

 

— Sua mãe? Ela é uma bruxa? — perguntou Lily boquiaberta.  

 

— Sim, toda minha família por parte maternal é. — Severus deu de ombros, voltando a andar com pressa para o pátio de voo, onde a Grifinória teria aula com a Sonserina. Mareena e Lílian se entreolharam e correram para ficarem ao lado do garoto de cabelos oleosos e nariz de gancho.  

 

— Por que nunca nos disse? — perguntou Mareena.  

 

— Porque meu pai odeia magia, assim como ele odeia minha mãe e me odeia. — as duas garotas se entreolharam.  

 

— Isso não é verdade, Sev. — disse Lily colocando sua mão no ombro do garoto, que abriu um pequeno sorriso, mas Mareena podia sentir que ele não acreditava muito nas palavras da ruiva.  

 

                                                                                    *** 

 

O local era aberto, podia-se ver as torres de Hogwarts á poucas distancias. Apesar de ser muito frio naquela época do ano, o clima estava ameno, o céu aberto e a luz do sol refletia na grama recém-cortada, porém o vento frio batia nas pernas finas de Mareena e sentiu seu corpo se arrepiando.  

 

Os garotos da Sonserina já estavam lá, bem como as vinte vassouras arrumadas em fileiras no chão. Mareena ouvira James Potter e Sirius Black se queixarem das vassouras da escola, dizendo que teriam ouvido alunos do quarto ano dizendo que havia umas que começavam a vibrar quando voavam muito alto, ou sempre repuxavam ligeiramente para a esquerda. 

 

A professora, Madame Hooch, chegou. Tinhas cabelos curtos e grisalhos e olhos amarelos como os de um falcão. 

 

—  Vamos, o que é que estão esperando? — perguntou com rispidez. — Cada um ao lado de uma vassoura. Vamos, andem logo. 

 

James olhou para a vassoura. Era velha e tinha algumas palhas espetadas para fora em ângulos estranhos. 

 

— Estiquem a mão direita sobre a vassoura — mandou Madame Hooch diante deles — e digam “Em pé!”. 

 

— EM PÉ! — gritaram todos. 

 

As vassouras de James e Sirius pularam imediatamente para suas mãos, mas foi uma das poucas que fez isso. A de Lílian Evans simplesmente se virou no chão e a de Severus nem se mexeu. Madame Hooch, em seguida, mostrou-lhes como montar as vassouras sem escorregar pela outra extremidade, e passou pelas fileiras de alunos corrigindo a maneira de segurá-la.  

 

— Agora, quando eu apitar, deem um impulso forte com os pés — disse a professora. — Mantenham as vassouras firmes, saiam alguns centímetros do chão e voltem a descer curvando o corpo um pouco para frente. Quando eu apitar... Três... Dois... Um. 

 

Então Mareena sentiu seus pés saindo do chão, segurou o cabo da vassoura e deu um giro no ar, olhando para James que voava antes de voltar os pés no chão. A garota de cabelos cacheados olhou para a professora e ela abriu um abriu um pequeno sorriso orgulhoso antes de falar. 

 

— Isso, perfeito. — exclamou. — Vamos, tentem. Não tem o que temer.  

 

Várias vassouras começaram a flutuar acima da cabeça de Severus, que bufava com a dificuldade em voar, já que deslizava para o lado o tempo todo. James e Sirius, que estavam bem longes do jovem, riam com a dificuldade do garoto, e Remus revirava os olhos com a imaturidade dos amigos. Aquele era o primeiro dia de aula, por que começar brigas? Mas ele sabia, bem no fundo, que eles se odiavam desde o encontro no expresso.  

 

Após alguns minutos de tentativas de voo, a aula acabou. Suspiros e decepções soaram no ouvido de Mareena enquanto deixava a vassoura da escola no chão, a madame Hooch balançou sua varinha e as vassouras ficaram de pés e flutuando, juntando-se em um monte, lembrando um espanador gigante.  

 

— Muito bem, parabéns para todos os alunos que conseguiram voar na aula de hoje.— disse madame Hooch. — e por isso... vinte e cinco pontos para a Grifinória e Sonserina.  

 

Mareena sorriu confiante e se aproximou de Lily e Severus, que conversavam entre si. Lily, como sempre, estava sorridente, mas Severus parecia um pouco desapontado por um motivo que para a loira era desconhecido.  

 

— O que se passa, Sev? — perguntou Mareena.  

 

— Potter e Black sendo arrogantes, é claro. — bufou Severus — Eles se acham por serem bons com vassoura, e Igor ouviu eles falando que são ótimos em Quadribol. — revirou os olhos. 

 

— É recém o primeiro dia de aula, Sev. Vocês terão muito tempo para se conhecerem e... serem amigos. — disse Mareena paciente.  

 

— Eu? Ser amigo do Potter e Black? — perguntou Severus abismado — Acho difícil, Mare.  

 

Mareena abaixou a cabeça e encarou seus sapatos negros engraxados pensando nas palavras do garoto, era assim tão difícil os três garotos serem agradáveis um com o outro? 

 

— Ah... Tudo bem. — respondeu desapontada.  

 

                                                                                    *** 

 

Mareena estava na mesa de jantar ao lado de Dorcas, a morena contava sobre a primeira vez que foi em uma copa mundial , aos sete anos.  

 

— Eu nunca fui numa copa. —disse Mareena envergonhada. 

 

— Ah, é incrível. — disse Dorcas bebericando o suco de abóbora e comendo um pedaço de pudim de caramelo — Toda aquela animação, os países... as vassouras... A propósito, eu vi você voando na aula de voo, é talento puro.  

 

—  Hum, obrigada. — sorriu agradecida. —Foi a primeira vez que subi em uma vassoura. 

 

— Como eu disse, foi talento puro. — respondeu Dorcas, até que apareceu Marlene ajeitando sua capa. — Lene, onde estava? 

 

— Na sala comunal. Eu tinha perdido minha capa, então fui pegar a extra. — Marlene deu de ombros, se sentando de frente para as duas colegas de quarto. 

 

— Vocês se conhecem? — perguntou Mareena surpresa. 

 

— Ah, sim. Dorcas é minha vizinha. — Marlene disse sorrindo, bagunçando seu cabelo loiro dourado antes de pegar um pedaço de frango e colocar em seu prato. — Então, cadê Lily?  

 

— Ela disse que iria encontrar Sev antes de vir jantar, até me convidou para ir com ela. — disse Mareena. — Mas eu não quis ir com ela.  

 

— O que? Por quê? — perguntou Dorcas. 

 

— Não sei, preguiça. — respondeu Mareena, fazendo as duas garotas loiras rirem.  

 

Mareena sentiu uma mão em seu ombro e olhou para trás, vendo Lily se sentando ao seu lado com o mesmo livro de horas atrás.  

 

— Desculpa a demora, eu me perdi no castelo. — disse.  

 

— Sem problemas. — respondeu Mareena de volta. — Se eu fosse vocês, eu jantaria logo. O toque de recolher já vai tocar. — sugeriu, e assim fizeram. Lily pegou frango cozido e colocou em seu prato junto com um pouco de salada, desfiou a carne branca e comeu silenciosamente enquanto bebia o suco de abóbora fresco. — Esse jantar está maravilhoso.  

 

— Muito. — concordou Marlene e Dorcas, que comiam com um pequeno sorriso em lábios.  

 

Após quase vinte minutos, o jantar sumiu e apareceu a sobremesa. Dorcas encheu seu prato com torta de caramelo com chantilly e saboreou o doce, soltando um suspiro com o toque. Mareena olhou para Lily e conseguiu enxergar por cima de seu ombro o quarteto James, Sirius, Remus e Peter comendo a sobremesa e sussurrando entre si, mas Remus parecia mais focado em seu doce do que na conversa dos amigos.  

 

— Continuo não achando essa pegadinha uma boa ideia, temos que nos focar nos estudos. — respondeu Remus pros garotos.  

 

— Você vai nos dedurar? — perguntou Sirius ajeitando sua postura e olhando pro garoto.  

 

— Não, claro que não. Só que... — antes que Remus pudesse completar sua frase, o sinal bateu. Todos estudantes se levantaram de cada mesa e se dirigiram para a porta. — É o toque de recolher, precisamos ir.  

 

— Ah, tudo bem. — Sirius deu de ombros e se levantou, seguindo até a sala comunal da Grifinória. Vários alunos do primeiro ano estavam parados na frente do quadro da Mulher Gorda. — O que está acontecendo aqui?  

 

— É a senha, ninguém sabe ela. — um garoto de cabelos ruivos respondeu encarando o quarteto, até que um garoto de no máximo dezesseis anos apareceu usando um broche no peito escrito ''monitor-chefe''.  

 

—Com licença, com licença. — O monitor-chefe passou entre algumas crianças e parou na frente do quadro. — Pastéis de Banana. — então o quadro virou, o monitor adentrou e o quarteto o seguiu, seguindo para o dormitório que dividiam com um menino chamado Frank Longbottom.  

 

— Ah, eu estou exausto. — James murmurou deixando suas costas baterem no edredom vermelho e dourado da cama, lembrando-se de uma ruiva. — Evans estava linda hoje.  

 

— Evans? Lily Evans? — perguntou Sirius com a sobrancelha arqueada e uma expressão de nojo. — As garotas do sexto ano são muito mais bonitas.  

 

— Concordo, concordo. — disse Peter balançando a cabeça animado, mas ninguém parece ter prestado atenção nele.  

 

— Você teve tempo de olhar as garotas do sexto ano? — perguntou Remus horrorizado.  

 

— Eu sempre estou com tempo para olhar garotas. — disse Sirius com um sorriso maroto, fazendo James retribuir sua ação.  

 

— Certo, certo. Vamos dormir. — James murmurou retirando suas vestes de Hogwarts e deixando em cima do malão novo, pegou um shorts preto e vestiu, deitando-se por dentro do edredom. — Boa noite.  

 

— Boa noite. — retribuíram, Remus vestiu uma calça de moletom e deitou-se, sentindo o sono chegando e adormecendo em seguida.


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