Uma mestiça em Hogwarts. escrita por Isa or Bela


Capítulo 1
Capítulo 1 - Conhecendo Hogwarts.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, eu gostaria de avisar que não sei quando postarei o capítulo 2.

Boa leitura.



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Hoje será o melhor dia do ano. 

 

Não, hoje será o melhor dia de todos.  

 

Assim que o relógio marcou seis da manhã, a porta logo se abriu, cabeleiras loiras apareceram no meu quarto assim se levantei minha coluna. Mamãe andava de um lado para o outro arrastando minhas malas até o corredor enquanto falava sem parar, o que fez com que eu entendesse metade de cada frase. Joguei minhas pernas para o lado e levantei meu corpo, enfiando meus pés nas pantufas rosadas, puxei a cortina roxa e olhei para o quarto que ficava de frente para o meu, vendo uma menina baixinha de cabeleira ruiva que discutia com uma menina loira. Lílian e Petúnia Evans, duas irmãs vizinhas da minha família. Lílian virou a cabeça e me encarou sorrindo, enquanto Petúnia me observava com nojo. Eu era amiga de Petúnia antes de receber minha carta de Hogwarts junto de Lílian, a ruiva sempre dizia que a irmã só ignorava-as porque passava por um mal momento vendo a irmã e amiga indo embora, mas eu sabia que não era isso. Com todo respeito á Lílian, mas eu não sou ingênua. Sorri para Lily — apelido de Lílian — e fechei a cortina, seguindo até o banheiro. Não demorou muito e retirei minha camisola, entrei no box e abri o chuveiro, sentindo a água quente batendo em meu corpo, uma enorme fumaça subiu e esquentou o banheiro, então deixei a água bater em minhas madeixas claras. Eu não poderia me atrasar, embora o trem saía ás 11:00, dizia meu pai.  

 

Minha mãe era muggle, nascida na Escócia, descobriu ser casada com um bruxo logo após meu nascimento. Não que tenha ficado furiosa, longe disso, mas acho que é estranho para ela até hoje ser mãe de uma bruxa, e eu tenho orgulho dela por isso. Esfreguei o shampoo de lavanda em meu cabelo e enxaguei, junto do condicionador e o sabonete que eu esfregava em meu corpo na pressa. Desliguei a água quente e me sequei, seguindo ao meu quarto, peguei minhas vestes já separadas e me troquei, encarando a rosa negra em cima da cama, sorri e a apanhei, prendendo atrás da minha orelha enquanto passava perfume de ervas aromatizantes. Perfeito. Virei meu rosto para o relógio preso na parede e já marcava 8 da manhã, vesti minhas botas e segui até o primeiro andar, onde meus pais me esperavam para irmos buscar Lílian e Severus, meu melhor amigo junto da ruiva que vivia do outro lado do parque, lugar onde eu brincava com Lílian no dia que descobrimos nossas origens. Foi um dia marcante. 

 

Desci as escadas e vi pela janela mamãe enfiando as malas no porta-malas, me virei para meu pai e o observei, até o mesmo sentir minha presença, um sorriso apareceu em seus lábios e acariciou minhas madeixas loiras e cacheadas, fazendo com que eu sorrisse com seu toque. 

 

— Está pronta? — Concordei com a cabeça e ele seguiu até a porta, abrindo—a. — Então vamos, não queremos chegar atrasados ao expresso. — Caminhei até o carro e abri a porta de trás do Chevrolet Opala daquele ano — 1971 — de cor azul, mas antes que eu pudesse adentrar o automóvel, ouvi um grito esganiçado e virei minha cabeça, encarando Lily que corria escadas abaixo da pequena casa cor creme arrastando o malão vermelho, sua mãe se aproximou do carro com a filha junto de seu marido e deixou um beijo na bochecha da ruiva, que sorria docemente para o casal. — Não se preocupe, Sr e Sra Evans, eu e minha esposa cuidaremos de Lílian.  — Papai disse sorrindo para o casal na calçada que observava Lílian adentrando o automóvel  

 

— Eu sei, Sr Watson, confiamos em vocês. Lily, querida, aproveite a escola e nos vemos no natal. Até as férias de verão, Mareena. — Sra Evans comentou enquanto observava o marido colocando o malão de Lílian no porta-malas e o fechava, voltando para a calçada em seguida. — Vamos, querido? Obrigada novamente por cuidarem de Lílian, ela é nosso tesouro. — Balancei a cabeça e adentrei o carro, encarando a ruiva que agora observava a vista pela janela ansiosa.  

 

                                                                                 *** 

 

Papai dirigiu por alguns minutos até chegar na frente de uma casa de aparência velha pintada de azul que agora descascava e deixava á mostra parte dos tijolos. Papai apertou a buzina três vezes e um garoto magricelo de longos cabelos negros e oleosos e pálido abriu a porta da casa humilde e a fechou em seguida, caminhando até o carro azul onde estávamos enquanto segurava um malão muito parecido com o meu e de Lily. Severus Snape. O garoto abriu o porta-malas e colocou o malão em cima dos outros dois, fechou o mesmo e foi até a porta, que eu não hesitei em abrir e ir para o lado, deixando espaço vago para ele. Severus sorriu para mim e Lily e percebi quando ele virou a cabeça para a janela e ergueu a cabeça, encarando uma janela do segundo andar da casa onde estava uma mulher de cabelos negros assim como os de Severus e olhos pequenos, ela sorriu e acenou para nós antes de meu pai dar partida e dirigir até a estação King Cross. 

 

— Quem é ela, Sev? — Perguntei assim que viramos a esquina e encarei Severus curiosa, que me olhou e abriu um pequeno sorriso.  

 

— Ninguém. — Severus respondeu voltando á encostar sua cabeça na janela. — Ninguém. — Sussurrou.  

 

Havia se passado quase uma hora quando o carro parou na frente da estação de King Cross. Lily desceu do carro e eu á segui enquanto Severus ia com meus pais buscarem os carrinhos para colocarmos as malas, encostei minhas costas no carro e cruzei os braços enquanto assistia as sombras deles se afastando, joguei meu cabelo para trás e observei a rua, até que vi, em um beco distante, duas pessoas aparecendo do nada e caminhando até a King Cross enquanto conversavam entre si. Olhei para o lado, onde Lily estava, e me perguntei se ela teria visto a mesma coisa que eu, mas parece que não, já que a mesma parecia ocupada demais ajeitando sua trança.  

 

Logo após poucos minutos, Sirius e meus pais voltaram empurrando três carrinhos, sorri agradecida e ajudei Lily á retirar as malas do carro e colocar no carrinho, agarrei a gaiola na parte de baixo do banco e encarei o gato persa branco e peludo adormecido com a cabeça encostada nas patas, junto de um colar dourado escrito em letras prateadas ''Georgia'', sorri e acariciei com meu dedo sua orelha rosada, ouvindo um ronronar baixo. Olhei para meus pais e coloquei a gaiola no carrinho, onde estavam minhas vestes de Hogwarts que eu só vestiria no expresso, esperei Severus e Lílian se ajeitaram então seguimos meus pais até a estação, onde pegaríamos o trem na plataforma Nove e Três Quartos.  

 

O local era iluminado, pessoas passavam de um lado para o outro empurrando seus carrinhos indo para suas plataformas, olhei ao redor e meus olhos brilhavam enquanto observava cada detalhe da estação. Atravessei o corredor ao lado das plataformas enquanto encarava as placas. 

 

Plataforma um. 

 

Plataforma três.  

 

Plataforma cinco.  

 

Demorou cerca de cinco minutos para encontrarmos a plataforma nove e dez, olhei ao redor e me virei para meu pai com a cabeça virada em sinal de desentendimento.  

 

— Não tem plataforma nove e três quartos aqui. — Ele sorriu e fiquei mais confusa ainda. Severus tinha dito para mim e Lily, aos nossos nove anos, que a plataforma nove e três quartos ficava entre a plataforma nove e dez.  

 

— Depende do seu ponto de vista. — Papai disse assim que olhou ao redor para ter que ninguém ouviria além de nós. — Venham, sigam-me. — Concordei curiosa e o segui junto de Lily e Sev, que ficaram calados o tempo todo, o que é estranho, já que eles são tagarelas, mas acho que seja a presença de meu pai. Quando percebi, ele estava de frente para uma barreira entre as plataformas e não tínhamos dado nem oito passos para chegar ali, papai trouxe seu pescoço para trás e encarou as pessoas que caminhavam conversando, então ele virou sua cintura e nos encarou. — É aqui. 

 

— Como pode ser aqui? É uma barreira. — Severus disse com os braços cruzados e sobrancelha franzida.  

 

— Toda magia pode ser encontrada se você olhar por outro ponto de vista. — Disse. — Hum... Lílian? Pode vir aqui? Você será a primeira. — Então Lily assim fez, a mesma empurrou seu carrinho até a barreira e virou o mesmo para a parede de tijolos, olhando para o homem. — Você escolhe se corre ou anda até a parede, mas recomendo correr, assim você irá para o outro lado com mais facilidade, tome cuidado para ninguém te ver atravessando. Certo, certo, pode ir. — Eu vi Lily correndo empurrando o carrinho em direção á barreira enquanto eu esperava seu impacto, mas ao invés disso, Lily desapareceu. — Quem será o próximo? — Ergui minha mão e ele sorriu, empurrei o carrinho e fiquei de frente para a barreira. —Vá sem medo. 

 

Concordei relutante com a cabeça e mantive o carrinho reto, virei a cabeça para a direção de Severus e ele sorriu acolhedor, então eu tive certeza que tudo ficaria bem. Voltei meu olhar para a barreira entre a plataforma nove e dez e suspirei antes de começar a correr em direção á parede de tijolos enquanto eu fechava meus olhos já esperando a dor que eu obviamente sentiria que eu fizesse isso em uma parede normal, mas aquela não era uma parede normal, então eu abri meus olhos e eu me vi em uma plataforma movimentada. Adultos e crianças caminhavam de um lado para o outro conversando agitadamente, vários grupos de adolescentes espalhados e um enorme trem. O trem era longo e avermelhada, tinha uma chaminé preta logo na frente junto de uma placa escrita ''Expresso de Hogwarts''. Ah, Hogwarts, eu sonhava com aquele colégio desde que Severus contou para mim e Lily sobre ele. Eu sabia que ele era mágico, assim como eu, mas muito, muito melhor.  

 

— Mareena. — Ouvi meu nome e me virei, vendo Lily parada ao lado da barreira acenando para mim, sorri e corri até ela enquanto gargalhava. Era agora, eu sabia que Hogwarts realmente existia e estávamos á poucos passos de vê-lo. — Falta tão pouco. Estou tão, tão ansiosa que nem consigo ao menos descrever. — Lily dizia enquanto balançava seus cabelos cor de acaju, e sua animação me deu vontade de rir. Lily é o tipo de amiga que você sempre quer por perto, ela faz seu animo e autoestima subir, é por isso que eu amo ela. — Ah, Sev. — Virei meu busto e encarei Severus, que tinha aparecido magicamente na plataforma e meus pais logo atrás, ele sorriu e olhou ao redor enquanto se aproximava. —Você estava certo, aqui é incrível. Vamos, vamos, temos que escolher uma boa cabine. — Lily disse sorridente enquanto levava o carrinho até o expresso, troquei olhar com Severus e sorrimos ao mesmo tempo devido á animação da ruiva.  

 

Assim que chegamos ao Expresso, retirei o meu malão e a gaiola de Georgia do carrinho, subi as escadas e caminhei pelos corredores com Lily e Severus atrás de mim, até que senti meu corpo se batendo com algo e cai no chão, mas não vi onde a mala tinha parado, embora eu sentisse o metal da gaiola da gata apertando meu abdômen. Não gemi de dor, ao invés disso, retirei Georgia de cima de mim e entreguei para Lily, então me virei para aquilo que eu bati sem querer. Não era aquilo, e sim quem. Era um garoto, de no máximo onze anos, seus cabelos eram castanhos claros e tinha pequenos olhos de âmbar que brilhavam junto das cicatrizes finas que iam do seu nariz até a maçã do rosto, com outra posicionada em seu queixo, magricelo e com fortes olheiras roxas abaixo de seus olhos, que o deixava com uma aparência doente.  

 

— Oh, desculpe-me por isso. — Eu disse pegando a mala jogada próximo á porta de uma cabine, a de uma cabine, ele sorriu de forma dócil e balançou a cabeça.  

 

— Não tem problemas, espero não ter te machucado. — O garoto disse quase sussurrando, mas o suficiente para que eu pudesse ouvir. — A propósito, eu me chamo Remus.  

 

— Não machucou. Prazer Remus, sou Mareena. —Comentei sorrindo de forma calorosa, olhei para trás e vi Lily e Severus com sobrancelha arqueada. — E esses são Lílian e Severus. Bem, Remus, me desculpe novamente por isso, mas precisamos ir agora.  

 

— Sem problemas. — Ele apenas disse dando de ombros, se afastando em seguida com passos firmes.  

 

Olhei para Lily e Sev e eles se aproximaram, agarrei a gaiola de Georgia e minha mala, então comecei a caminhar pelo corredor á procura de uma cabine, até que encontrei uma vazia e entramos, jogando os malões no bagageiro. Fechei a porta da cabine e abri a gaiola de Georgia, que demorou poucos segundos para se espreguiçar e sair balançando seu rabo enorme e pelud, sorri e e me sentei deixando a gaiola de lado, então encostei minha cabeça na janela e observei famílias se despedindo de seus filhos. Suspirei e vi meus pais próximos da janela me olhando, sorri e acenei, sendo retribuída com outro aceno.  

 

Assim que deu onze horas, sons de apitos invadiram meus ouvidos, abri a janela e coloquei minha cabeça para fora, vendo crianças chorando enquanto adentravam o expresso, então eu finalmente entendi: Faltava pouco para chegarmos em Hogwarts. Voltei para dentro e fechei a janela enquanto sentia as patas de Georgia no meu colo, olhei para baixo e vi a gata deitando em cima da minha coxa enquanto deixava a cabeça sob as patas, a mesma miou e caiu no sono ali mesmo, então ergui a minha cabeça e vi Lily e Severus conversando entre si. Quando eu vi, um balanço começou e o trem começou a andar rapidamente, e logo comecei a sentir a fome chegando, encostei a cabeça no banco e comecei a fazer carinho atrás da orelha de Georgia, que continuava á dormir. 

 

Após quase meia hora, a cabine se abriu, virei minha cabeça para a porta e encarei quatro meninos que estavam parados. Eu conheci o garoto mais alto imediatamente, era o tal de Remus que encontrei no corredor antes do terem sair, logo na frente dele tinha dois garotos, um de cabelos negros e arrepiados com pequenos olhos castanhos esverdeados e outro ao lado de cabelo longo e negros, assim como o 1° garoto e tinha olhos cinzas. O garoto atrás de Remus era o menor de todos, com cabelos cor de palha e olhos castanhos, gorducho e com roupas grandes.  

 

— Ei, será que podemos ficar aqui? O trem inteiro está lotado. — O garoto de olhos castanhos esverdeados disse dando um passo a frente enquanto segurava um malão e uma gaiola com uma coruja das torres posta ali.  

 

Olhei para Lily e Severus e ela concordou com a cabeça enquanto Severus dava apenas de ombro, voltei o olhar para os meninos.  

 

— Claro, por que não? Entrem. — Aceitei, ele sorriu e adentrou sentando-se ao meu lado enquanto colocava sua mala embaixo do banco, o garoto de cabelos negros e sedosos adentrou e se sentou ao lado de Severus, repetindo o ato do menino de colocar a mala embaixo do banco.  

 

— Bom, eu sou James, e esses são Sirius, Peter e Remus. — O tal James disse enquanto Remus e Peter se sentavam encolhidos ao seu lado, sorri e olhei para Lily e Severus que olhavam pela janela a paisagem.  

 

— Muito prazer, James. Eu sou Mareena, e esses são Severus e Lílian. — Me apresentei enquanto Severus e Lily apenas acenavam para os garotos.  

 

Ficamos quietos a viagem inteira, até que eu percebi James encarando Severus enquanto apertava seus lábios, olhei para ele pelos cantos dos olhos e parece que Sev também percebeu, porque o olhou com os semicerrados.  

 

— O que foi? — Severus perguntou.  

 

— Você não costuma lavar seu cabelo, não é mesmo? Ele esta todo oleoso. — Assim que James disse isso, Severus ficou vermelho e Lily encarou o garoto com a testa franzida.  

 

— Como é? — Severus murmurou, e então eu vi no seu tom de voz que ele estava envergonhado e furioso, Sirius começou a rir descontroladamente e Peter mordia o lábio para não começar a rir, e Remus, como sempre, quieto.  

 

Então, depois dessa ofensa, ninguém disse mais nada. Apertei meu punho com força enquanto me continha para fazer nada estúpido, já que eu não queria arrumar briga logo no primeiro dia, olhei para Lily e ela fuzilava James, que não parecia se importar, já que estava quieto.  

 

— Meu pai foi da Grifinória, assim como todos da minha família. — James disse, fazendo que todos olhares voltassem para ele novamente. — Vocês sabem para qual casa vão? Eu espero não ir para a Sonserina 

 

— Cara, minha família inteira foi da Sonserina. — Sirius disse sorrindo, chamando atenção de James.  

 

— O que? E eu pensando que você era um cara legal. — James disse colocando a mão em seu peito, fazendo eu revirar os olhos.  

 

— Sonserina é a melhor casa, todos bruxos que estudaram lá foram muito bem depois que saíram. — Severus comentou.  

 

— Meu pai me disse que todos bruxos que estudaram na Sonserina se aliaram á Você-sabe-quem. — James disse encarando Sev com uma expressão de superioridade. — Então eu continuo preferindo a Grifinória.  

 

— Bem, se você prefere ter mais músculos do que cérebro. — Severus disse dando de ombros.  

 

— E parece que você não tem nenhum dos dois. — James disse, e parece que esse foi o ponto final, porque Severus se levantou de sua cadeira e retirou a varinha do bolso da calça jeans, fazendo com que James repetisse seu ato e apontasse sua varinha na direção de meu melhor amigo.  

 

— Chega. — Adverti. — Eu acho melhor vocês irem embora, não vai dar certo os quatro aqui.  

 

— Sem ofensas, mas eu concordo com a Mareena. — Ouvi a voz rouca de Remus e virei minha cabeça, encarando o garoto de olhos âmbar. —Brigar não vai resolver nada, então vamos procurar outra cabine.  

 

James, Sirius, Peter e Remus pegaram suas malas e saíram da cabine sem dizer nada, tranquei a mesma e voltei a me sentar enquanto olhava Georgia deslizando suas garras no tapete, suspirei e voltei á encarar pela janela a paisagem que já começava a escurecer. Encostei minha cabeça no banco e desejei chegar logo á Hogwarts, onde eu estudaria e teria o melhor ano de todos, assim espero.  

 

Até o fim da viagem ninguém disse nada, até porque, nas ultimas horas teríamos conversado mais do que planejávamos com os quatro garotos, peguei Georgia com cuidado e a devolvi para sua gaiola enquanto pensava no quão horrível devia ser ficar enjaulado. Depois de um tempo esperando, o trem tinha parado e não hesitei em sair da cabine sendo seguida por meus melhores amigos, desci as escadinhas e vi um homem mais de três metros robusto e com uma larga cabeleira castanha que batia em seu ombro e a barba também marrom que batia em seu busto, junto de pequenos olhos negros que me lembravam besouros e o mesmo segurava um lampião na mão esquerda que eu juro que era maior que minha cabeça.  

 

— Alunos do primeiro ano por aqui! Alunos do primeiro ano por aqui! — O homem gritou, enquanto muitas crianças se aproximavam, e eu as segui, ficando a pequenos passos dele. — Estão todos aqui? Ótimo. Pegaremos as barcas para ir pro castelo, então me sigam. — Ele deu de costas e começou a andar, e eu o segui com cuidado enquanto tentava não me bater com os outros estudantes. Assim que chegamos na beirada da calçada, o homem parou de andar e virou-se novamente para nós. — Apenas tres em cada barca.  

 

Concordamos silenciosamente e adentrei uma barca com Lily e Severus enquanto o homem entrava na maior barca de todas, que ocupava todo o espaço. Eu troquei olhares com os dois e assim que todos entraram na barca, a mesma começou a andar magicamente sob á água, e foi assim até ouvirmos a voz rouca do homem novamente.  

 

— Cuidado com a cabeça. — E foi ai que eu percebi uma espécie de ponte cheia de galhos, abaixei minha cabeça e ouvi um grito de dor, olhei para trás e vi aquele garoto Peter com a mão na testa, que agora tinha um corte fino, me segurei para não rir e levantei a cabeça quando deixamos a ponte, a neblina sumiu e um enorme castelo apareceu, fazendo com que eu deixasse a boca semiaberta com a beleza do lugar, e então, as barcas pararam e descemos, me vendo em uma espécie de casa para as mesmas.  

 

O castelo era simplesmente fabuloso, o teto estava tão alto que eu não conseguia enxergá-lo devido ás infinitas escadas que preenchiam o lugar. Quase me bati com um garoto quando o mesmo parou de andar e eu vi que o homem gigante estava parado próximo á uma porta, e foi ai que eu vi uma mulher de cabelos negros presos em um coque firme e pele alva junto de pequenos olhos verdes sair do cômodo  com um longo vestido verde esmeralda e um chapéu longo e pontudo negro, que logo olhou para o homem e disse em tom severo.  

 

— Obrigada Hagrid, eu cuido deles daqui. — O tal Hagrid olhou para nós e sorriu gentilmente antes de responder.  

 

— Não há de que, professora Mcgonagall. Eu estarei no salão. —Hagrid, ele voltou á nos olhar. — Até breve, crianças. — Então ele se afastou, nos deixando sozinhos com a professora Mcgonagall.  

 

— Bem-vindos a Hogwarts. — disse a Profª. Minerva. — O banquete de abertura do ano letivo vai começar daqui a pouco, mas antes de se sentarem às mesas, vocês serão selecionados por casas. A Seleção é uma cerimônia muito importante porque, enquanto estiverem aqui, sua casa será uma espécie de família em Hogwarts. Vocês assistirão a aulas com o restante dos alunos de sua casa, dormirão no dormitório da casa e passarão o tempo livre na sala comunal. As quatro casas chamam-se Grifinória, Lufa-lufa, Corvinal e Sonserina. Cada casa tem sua história honrosa e cada uma produziu bruxas e bruxos extraordinários. Enquanto estiverem em Hogwarts os seus acertos renderão pontos para sua casa, enquanto os erros a farão perder. No fim do ano, a casa com o maior número de pontos receberá a taça da casa, uma grande honra. Espero que cada um de vocês seja motivo de orgulho para a casa à qual vier a pertencer. A Cerimônia de Seleção vai se realizar dentro de alguns minutos na presença de toda a escola. Sugiro que vocês se arrumem o melhor que puderem enquanto esperam. — Voltarei quando estivermos prontos para receber vocês — disse a Profª. Minerva. — Por favor, aguardem em silêncio.— A professora adentrou o salão e comecei a ajeitar meu cabelo em silencio, até que ela voltou. — Vamos andando agora — disse uma voz energética. — A Cerimônia de Seleção vai começar. — Agora façam fila e me sigam. — Ela empurrou as portas altas e senti meu rosto queimando quando todos pararam de falar e seus olhos voltaram para nós, e então eu segui a professora Mcgonagall até a mesa onde estava vários bruxos, ela se afastou e pegou um banco de três pernas, junto de um velho chapéu, que foi deixado em cima da cadeira.  

 

Após alguns minutos de silencio, o chapéu acordou e nos olhou por um tempo, até começar a cantar do nada.  

 

Ah, vocês podem me achar pouco atraente, 
mas não me julguem pela aparência 
Engulo a mim mesmo se puderem encontrar 
Um chapéu mais inteligente do que o papai aqui. 
 
Podem guardar seus chapéus-coco bem pretos, 
suas cartolas altas de cetim brilhoso 
porque eu sou o Chapéu Seletor de Hogwarts 
E dou de dez a zero em qualquer outro chapéu. 
 
Não há nada escondido em sua cabeça 
que o Chapéu Seletor não consiga ver, 
por isso é só me porem na cabeça que vou dizer 
em que casa de Hogwarts deverão ficar. 
 
Quem sabe sua morada é a Grifinória, 
casa onde habitam os corações indômitos. 
Ousadia e sangue frio e nobreza 
destacam os alunos da Grifinória dos demais; 
 
Quem sabe é na Lufa-Lufa que você vai morar, 
onde seus moradores são justos e leais 
pacientes, sinceros, sem medo da dor; 
ou será a velha e sábia Corvinal, 
 
A casa dos que tem a mente sempre alerta, 
onde os homens de grande espírito e saber 
sempre encontrarão companheiros seus iguais; 
ou quem sabe a Sonserina será a sua casa 
 
E ali fará seus verdadeiros amigos, 
homens de astúcia que usam quaisquer meios 
para atingir os fins que antes colimaram. 
Vamos, me experimentem! Não deverão temer! 
 
Nem se atrapalhar! Estarão em boas mãos! 
(Mesmo que os chapéus não tenham pés nem mãos) 
porque sou o único, sou um Chapéu Pensador! 

 

Assim que ele terminou de cantar, todos começaram a aplaudir o chapéu, que logo fez uma reverencia para cada mesa e ficou novamente em silencio.  

 

— Eu chamarei cada um e você vai se sentar aqui, onde o chapéu escolherá sua casa. —Professora Mcgonagall disse segurando o chapéu pela ponta enquanto o pergaminho se desenrolava magicamente. — Vamos começar.  

 

Avery, Amelia. 

 

Uma garota de cabelos negros veio do fundo e caminhou até o banco em passos lentos, então ela se sentou no banco e o chapéu foi colocado em sua cabeça.  

 

— Lufa-Lufa.  

 

A garota sorriu e retirou o chapéu, caminhando até a mesa da Lufa-lufa, então a seleção continuou.  

 

Ash, Ian.  

 

Um garoto de cabelos ruivos saiu da fila e caminhou até o chapéu, se sentou e o chapéu o sorteou.  

 

— Corvinal. 

 

Black, Sirius.  

 

O garoto de cabelos negros da cabine saiu do lado do tal James e caminhou em passos firmes até o banco, se sentou e fechou os olhos enquanto o chapéu decidia a sua casa. 

 

— Grifinória. 

 

O garoto abriu os olhos e sorriu enquanto Mcgonagall retirava o chapéu de sua cabeça, ele desceu do banco e caminhou até a mesa da casa enquanto James o observava.  

 

Bones, Michael.  

 

— Lufa-lufa.  

 

Dixon, Martha. 

 

— Corvinal.  

 

Evans, Lily.  

 

E foi esse nome que chamou a minha atenção, me virei para a ruiva e ela sorriu antes de caminhar aterrorizada até o banco, se sentou e não ficou muito tempo com o chapéu na cabeça até o mesmo gritar.  

 

— Grifinória.  

 

E assim a seleção se desenrolou, mas eu não prestava muita atenção nela até um nome soar no meu ouvido ao ser chamado.  

 

Lupin, Remus.  

 

Me virei e vi o garoto com cicatrizes no rosto se afastar de James e me olhar com seus grandes olhos âmbar antes de ir pro banco, e Remus ficou assim por pelo menos três minutos até ser sorteado.  

 

— Grifinória.  

 

E então veio McKinnon.... Meadowes.... Munciber... Owens.   

 

Potter, James. 

 

O garoto passou do meu lado de maneira confiante enquanto caminhava até o banco, se sentou e logo colocou o chapéu até o mesmo decidir. 

 

— Grifinória.  

 

Snape, Severus.  

 

Olhei para Sev ao meu lado e ele apertou minha mão antes de ir até o banco, se sentou e eu percebi que ele olhava para Lily enquanto colocava o chapéu, e foi quando o chapéu gritou sua casa que eu fiquei horrorizada. Estamos separados.  

 

— Sonserina.  

 

E então sobrou apenas eu e uma garota de cabelos negros como ébano e olhos claros, suspirei e olhei para o chapéu quando a professora chamou.  

 

Emmeline, Vance.  

 

A garota ao meu lado olhou para mim e sorriu antes de ir para o banco, semou-se e abaixou a cabeça enquanto esperava o chapéu decidir.  

 

— Corvinal.  

 

E só sobrou eu. Minerva me chamou e caminhei com as pernas bambas até o banco, olhei para Lily que sorria e depois para Severus, que estava conversando com um garoto de cabelos loiros quase prateados, mas quando ele ouviu meu nome ergueu a cabeça e sorriu confiante. 

 

''Ora, ora, o que temos aqui. Uma garota confiante, vejo, mas com um forte sentimento de altruísmo e uma inteligência de alto nível. Não precisa esconder nada, esta tudo aqui, em sua mente. Você ficaria muito bem na Lufa-Lufa, ou até mesmo na Corvinal, mas vejo que sua coragem é maior que qualquer coisa, então esta decidido. Você vai para...'' 

 

— Grifinória. — E foi assim que a seleção acabou, Macgonagall retirou o chapéu de minhas madeixas loiras e caminhei com pressa até a mesa, me sentando ao lado de Lily. Olhei para trás e vi Severus olhando para nós, forcei um sorriso e voltei o olhar para a ruiva. 

 

— Estamos juntas, isso é tão bom, mas gostaria que Severus estivesse conosco. — Lily disse triste, e fiquei quieta, até ouvir palmas e a voz de um homem soar em meu ouvido.  

 

— Sejam bem-vindos á mais um ano letivo.  Antes de começar um maravilhoso banquete, eu gostaria de dizer duas coisas. Primeiro, gostaria de avisar aos novatos que a Floresta Negra é proibida á todos estudantes. E segundo, quero apresentar a todos a nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas, a Srta. Finkle. Boa sorte e bem-vinda, Professora.  

 

A professora não era uma mulher tão velha, tinha pequenas rugas de expressão no canto dos olhos e usava um vestido longo rosa cheio de bordados. A mulher se levantou e fez uma reverencia para cada mesa diante dos aplausos dos alunos.  

 

— Eu ouvi que os professores de Defesa contra as Artes das Trevas não duram um ano. — James disse para Sirius, Peter e Remus, que os olharam surpresos.  

 

Após as palavras do diretor, a mesa ficou lotada de comida, olhei para o grande banquete e servi um pouco de cada, cortei o frango em pequenas fatias e comecei a comer enquanto via Sirius mordendo furiosamente um frango, troquei olhares surpresos com Lily e apenas dei de ombros, voltando a aproveitar meu jantar. Assim que terminei de comer, cortei um pedaço de torta de caramelo e coloquei no prato, comendo o saboroso doce enquanto observava Lily conversando com duas garotas que eu acho que se chamam Marlene McKinnon e Dorcas Meadowes. Suspirei e olhei para Remus, que retribuiu o olhar, sorri e comi outro pedaço de torta enquanto pensava no que teria acontecido para ele ter cicatrizes.  

 

Depois de um tempo de jantar, toda a comida sumiu. Ouvi dois garotos falando que os alunos do primeiro ano deveriam seguir o monitor para a torre da nossa casa, e assim fiz. Me aproximei do monitor com os alunos do primeiro ano e seguimos o mesmo até a torre da Grifinória, subimos inúmeros lances de escada até pararmos na frente de um quadro de uma mulher gorducha, que logo virou-se para nós.  

 

— Senha? — A mulher perguntou. 

 

— Cabeça de dragão. —O monitor disse, fazendo com que a porta se abrisse, adentramos o cômodo e ele virou-se para o grupo de estudantes que eu fazia parte. — O dormitório das meninas fica no lado direito e dos meninos no esquerdo, suas malas lá estão lá te esperando. 

 

O dormitório era composto por seis camas dossel vermelhas e douradas que ficavam posicionadas um de frente para outra, fazendo duas fileiras com três camas cada. Corri para a cama perto da janela e vi Lily rindo enquanto as duas garotas do jantar, Marlene e Dorcas, se sentavam nas suas camas escolhidas enquanto outra garota desconhecida se sentava na cama de frente para a minha. Abri minha mala e peguei minha camisola e escova de dente depois de retirar Georgia da sua gaiola. Me virei para minhas colegas de quarto e sorri, antes de falar. 

 

— Bom, eu vou tomar banho antes de ir dormir. — Elas concordaram com a cabeça e adentrei o banheiro, tranquei a porta e retirei minhas vestes de Hogwarts. Entrei no banheiro e tomei banho quente, lavei meus cabelos e sai do banho vinte minutos depois. Escovei meus dentes e voltei para o quarto já de camisola, guardei minhas vestes e me cobri com o cobertor, olhando para as garotas antes de apagar a luz. — Boa noite.  

 

Deitei minha cabeça no travesseiro e senti as patas de Georgia na cama, esfreguei seu pelo branco e a abracei sem muita força, até meu corpo ficou leve e cai no sono.


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