Tom: A história de Nick e Judy escrita por O Deus Da Festa


Capítulo 16
A história por trás de um coração metálico




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/692246/chapter/16

Os civis abandonaram rapiamente a zona. O FBI cercou completamente o local. Quando deu por isso, Tomazzo estava completamente cercado por agentes da lei. O oficial que tinha derrubado tinha uma arma, da qual ele se pôde apoderar. Empurrou o agente de volta para o meio dos oficiais armados. Tomazzo não precisava de reféns. A única coisa perto dele era o corpo ainda inconsciente de Claire. A descarga eléctrica incapacitou-a. Não se conseguia mexer, mas começou a recuperar a visão e audição, e a perceber onde estava, e aquilo em que ela e Tomazzo estavam metidos.

 

 

"Tomazzo, vou pedir-te para te renderes." Ordenou Johny, dando um passo em frente. Continuava a pelo menos 7 metros de Tomazzo, e o FBI continuava a ter pelo menos 8 agentes a apontar armas na direcção de Tomazzo.

 

 

 

"Nunca ." Respondeu ele, mantendo a arma para baixo. Ele sobreviveria, mas Claire não tinha a mesma resistência que ele, e não sabia se sobreviveria a umas quantas balas disparadas contra ela.

 

 

 

"Tomazzo, o que é que nós temos de fazer ? Chamar o Exército todo contra ti ? Não tens de fazer isto." 

 

"Não, não, não. Não tentes usar essa conversa de negociador de reféns comigo ! Porque, caso não te tenhas apercebido, eu não estou aqui preso com vocês. Vocês estão aqui presos comigo !" Johny podia notar a expressão de raiva na cara dele. Tomazzo lidava bem com a pressão, mas quando enlouquecia, enlouquecia completamente.

 

"Pousa a arma, Tomazzo. Eu estudei o teu cérebro. Conheço-te quase tão bem como tu te conheces a ti mesmo. Eu sei que até alguém como tu tem os seus limites. Estas são homens com famílias, filhos em casa. Não estás mesmo..."

 

"Para de falar ! Tu não me conheces ! Sabes o suficiente sobre mim para saber que regras morais são a última coisa que me importa nestes momentos. Olha-me diretamente nos olhos e diz-me. Diz-me que eu não tenho coragem para matar esta gente toda."

 

"Tomazzo, não me obrigues a..."

 

"A quê ? A disparar essas armas ? Isso são brinquedos para mim ! Vocês não estão em posição de negociar comigo. Eu é que estou no controlo aqui !"

 

Os homens ao redor de Johny tiveram intenção de disparar, mas contiveram-se.

 

"Ouve, Tomazzo...Nós podemos chegar a um entendimento aqui."

 

"Eu sei. Que tal vocês enfiam as vossas bundas gordas nessa carinha e dão um fora daqui, e eu em retorno, não vos prendo numa cadeira de rodas para o resto da vida ?"

 

"Eu estava a pensar em...talvez pudesses entregar a Unidade..."

 

"Eu vou parar-te aí mesmo, Johny. Qual é o meu nome ?"

 

"Tomazzo Vicenti."

 

"Exato. Da mesma maneira que a suposta 'Unidade' se chama Claire. Entendido ?"

 

"Certo...talvez nos pudesses entregar a Claire."

 

"Pois..para quê ?"

 

"Tu sabes para quê."

 

"Para que possam submetê-la à mesma tortura pela qual eu tive de passar ? Nem pensar !"

 

"Como assim tortura ?"

 

"Eu estive 2 anos. 2 anos apenas a lutar naquela chacina para perceber. Eu vou partilhar uma pequena história sobre a Guerra Mundial, Johny."

 

 

—23 anos atrás-

 

Tomazzo só estava vivo há quase 2 anos. Tinha dificuldades em perceber o quese passava, no momento em que o jipe militar o largou no meio do deserto nuclear. Aquele sítio era horrível. O cheiro a sangue por todo o lado, a constante gritaria dos soldados. E ele mal compreendia o que se passava. Não era a sua primeira vez no campo, depois de algumas batalhas por toda a Itália. Ele estava algures na fronteira italiana, se não estava em erro. Sabia que tinha a missão de fazer a linha da frente avançar. 

 

 Os soldados aliados moviam-se em direcção a uma pequena vila, no meio do prado. A paisagem negra e poeirenta estava coberta de cadáveres, tanto de aliados como de 'inimigos', sendo que para a jovem mente de Tomazzo, ninguém era um inimigo. 

 

 Mesmo assim, ele obedeceu ao seu general quando viu a metrelhadora no topo de uma das casas. Disparou a sua pistola diretamente contra o cano, que rebentou a arma e matou o operador no momentl.

 

 O resto das defesas da vila ocupada foram facilmente dominadas pela artilharia italiana.

 

 Nessa mesma noite, o esquadrão já tinha montado acampamento na vila. Tomazzo foi incumbido da missão de patrulhar os arredores do centro da vila, onde os soldados estavam acampados, seguido de longe pelo seu general que tinha a obrigação de reportar a utilidade de Tomazzo ao Centro Italiano De Pesquisa Cibernética e Robótica, que o construiu. 

 

 Aí, Tomazzo para o seu passo, ao ouvir um ruído a vir de uma das casas. Era uma habitação pouco luxuosa. Apenas o necessário. Iluminação e água. Mesmo assim, Tomazzo entriu para ver o que se passava. O barulho vinha da cave. Ao descer as escadas, Tomazzo foi reconhecendo o som. Parecia alguém a chirar levemente. Ao alcançar o fim da escadaria, Tomazzo ficou chocado com o que viu. Era uma menina. 8 anos, no máximo. Tinha vestido apenas um vestido longo, sujo e rasgado. A sua estrutura óssea e falta de massa corporal indicava a Tomazzo que a pequena sofria um caso exrremo de fome e desidratação. Quando o viu, a menina deu um passo atrás e encostou-se à parede.

 

 

 

"Não te aproximes..." Murmurou ela.

 

 

 

"Calma. Estás aqui a fazer o quê ? Os teus pais ?"

 

 

 

"O meu pai foi lutar."

 

 

 

"É um soldado ? Oh, Deus..." Tomazzo apercebeu -se ds possibilidade de ele estar morto. "E a tua mãe ?"

 

 

 

"Minha mãe e eu estamos aqui escondidas há meses. Há homens maus lá fora. Ele saiu para buscar comida, e não voltou."

 

 

 

Tomazzo estava aterrorizado. Não só estava diante do ser humano mais miserável que conheceu até à data, como teria dizer a uma menina de 8 anos que quase certamente, ambos os seus pais estavam mortos no momento. Mas primeiro, prioridades.

 

 Tomazzo abriu a bolsa do fato e retirou o camtil. Ainda estava quase cheio.

 

 

 

"Aqui. Bebe." Disse ele, estendendo o braço. A menina pegou no cantil e bebeu. Claramente não ingeria nada há dias, porque esvaziou quase todo o cantil, e o olhar desesperado da sua cara quase que dizia a Tomazzo que ela estava disposta a beber as gotas que caíram no chão imundo para viver.

 

 

 

"Eu vou tirar-te daqui. Qual é o teu nome ?"

 

Enquanto a menina se preparava para abrir a boca, Tomazzo não notou a bala que se dirigia mesmo pelo lado da sua cabeça até atingjt a menina. Enquanto o seu crânio se abria e o seu corpo morto caia no chão, Tomazzo virava a sua cabeça para trás, soltando um grito aterrorizado com a cara coberta do sangue da vítima. Era o general, mesmo atrás dele.

 

"Tomazzo !" Disse ele. "Pregaste-me um susto, porra !"

 

"O QUE FIZESTE !?!" Gritou Tomazzo.

 

"Eu pensei que estavas a ser atacado ! Não me culpes."

 

"Acabaste de assassinar uma menina de 8 anos !!"

 

"Por favor, olha bem para ela ! Nunca iria sobreviver ! Eu fiz-lhe um favor."

 

O general aproximou-se do cadáver, e reparou que, no seu pescoço fino, tinha um colar dourado com uma forma de diamante nele.

 

"O que estas a fazer !?" Questionou Tomazzo.

 

"Está morta." Respondeu o general, arrancando o colar. "Não vale a pena desperdiçar isto."

 

"Não podes tirar os pertences dos mortos ! Somos o exército, não somos ladrões !"

 

"Mantém a boca fechada, Vicenti."

 

O general aproximou-se de Tomazzo e deu-lhe um murro, na cara. A composição óssea de metal dele fez com que o general ficasse muito mais ferido que ele, mas também cometeu um grande erro ao tentar atacar fisicamente Tomazzo.

 

 O general, a pessoa a quem era suposto obedecer, acabou de matar uma menina inocente, tentou saquear o corpo, e quando Tomazzo tentou inteferir e chamá-lo à razão, foi punido por isso.

 

 A própria existência dele foi posta em causa. Foi criado para seguir ordens. Para ter completa fé na autoridade. E foi aí que olhou em volta. Ele estava numa guerra. Coisas como aquelas epaconteciam o tempo todo. Era para aquilo que a autoridade existia ? Para oprimir, assassinar e cometer todos estes crimes, e ainda esperar ser respeitada ?

 

 Tomazzo perdeu a cabeça. Enquanto toda a sua fé na autoridade desapareciam, ele decidiu que, já que tinha oercebido que no mundo a autoridade é criminosa, teria de fazer justiça pelas próprias mãos. Teria de defender aquilo em que ele acreditava, e não acatar as ordens de superiores. 

 

Tomazzo arremessou-se o general contra a parede. Persentindo o perigo, sacou da arma e acertou em cheio num dos olhos de Tomazzo, antes de fugir.

 

 Tomazzo não ficou danificado. Recuperou a orientação e seguiu o general plas escadas acima.

 

 O general correu pelas ruas, rumo ao acampamento. Os soldados repararam nos seus gritos de ajuda, mesmo quando Tomazzo o alcançou por trás, a metros de chegar ao acampamento, o derrubou e, usando a sua própria mão, esmurrou repetidamente a nuca do general, eventualmente partindo-lhe o crânio e matando-o. Os soldados cercaram-no. Consumido pela raiva, pegou na arma do general e assassinou cada um deles. Ele sabia que era errado, mas não se pode conter. Aquela raiva tinha de ir para alguém. 

 

 Quando o pelotão estava morto, Tomazzo vasculhou os bolsos do general e encontrou o colar. Era tão pequeno que o podia usar à volta do pulso.

 

"Tenho de sair daqui." Disse ele, para si mesmo, saindo a correr pelos campos, de volta à civilização,  que apenas alcançaria em horas.

 

 

 

—Atualmente-

 

Os agentes do FBI nem puderam acreditar quando Tomazzo puxou para trás o relógio com mostrador electrónico no seu pulso direito, para revelar uma pulseira dourada com uma forma de diamante. Era, na verdade, o colar.

 

"3 dias depois, pedi autorização para abandonar o Exército e retirei-me." Concluiu Tomazzo, dando um choque instantâneo aos homens armados que ouviram a história, e a Johny. "Afinal, sempre foi assim que me viram, não foi ? Uma máquina. Uma arma. Um brinquedo de destruição ao qual achavam ter o direito de controlar."

 

"Tomazzo...tens de confiar no sistema."

 

"No sistema...? O sistema desta sociedade...? A mesma que me prendeu, que me abusou, que me obrigou a assassinar brutalmente imocentes, e que depois de todo o trabalho sujo que fiz, NUNCA VIU MAIS NADA MAIS EM MIM QUE UM MONSTRO !? E depois de tudo aquilo pelo que eu passei, tens a lata, a ARROGÂNCIA de pensar que vocês são vítimas. Eu não vou deixar mais ninguém passar por isso. Vocês vão continuar a criar mais clones, e eles vão continuar a fugir, porque...porque são mais fortes."

 

Tomazzo aproveitou o momento de distracção para pegar na arma e quase instantaneamente disparar eficazmente contra as armas dos seus inimigos, deixando todos intactos, mas desarmados.

 

Tomazzo deu uns passor em frente, até estar de caras com Johny. "Eu sou superior em todos os aspetos a vocês. E vocês pensam que me podem controlar. Bem, advinhem, eu sou uma pessoa, não uma arma. E eu não vou a lado nenhum. Aliás, com todo o meu poder, eu posso dizer que vos estou a controlar eu mesmo."

 

Tomazzo empurrou Johny contra o chão. 

 

"Este mundo é meu..." Murmurou ele. "Só vos deixo viver aqui. Agora saiam. Saiam daqui !"

 

Sem meios de se defender, o FBI foi forçado a entrar no seus veículos e desaparecer, assim como Johny.

 

Enquanto isso, Claire estava prestes a levantar-se.

 

"Tom..." Chamou ela.

 

"Claire ! Estás bem ?"

 

"Não. E tu também não, Tom."

 

"Como assim ?"

 

"Eu vi tudo."

 

"Ugh ! É claro que viste. Lamento que ouviste aquilo."

 

"Eles vêm atrás de nós,  não é ?"

 

"Sim. Eles vêm. "

 

"O que vamos fazer ?"

 

Tomazzo ponderou sobre as opções. Ele jamais seria conquistado por qualquer força inimiga, mas Claire não tinha os mesmos implantes tecnológicos que ele. Talvez fosse dominada pelo FBI. Tinham de desaparecer.

 

"Temos de nos esconder." Respondeu ele. "Precisamos de um sítio completamente isolado, sem ligações a Zootopia. E acho que sei onde."

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Tom: A história de Nick e Judy" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.