Do you remember us? escrita por Agatha DS


Capítulo 72
Capítulo 72 - Something to think about.




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 Seis horas em ponto eu cheguei no hospital, vesti meu uniforme e fui direto para o quarto do meu pai, minha mãe estava sentada no sofá ao lado da cama, enquanto ele estava sendo examinado por uma das enfermeiras.

— Sra. Prescott, pode deixar comigo, é o meu pai – sorri.

— Tudo bem – ela me entregou o prontuário e saiu do quarto.

— Como você está se sentindo? – disse analisando o prontuário e me aproximando dele.

— Cansado e querendo a minha cama.

— Se tudo der certo você receberá alta ainda hoje. – forcei um sorriso.

— Tomara, não quero perder tempo dos meus dois meses de vida aqui nessa cama – ele disse bufando.

— Você é durão, vai ter muito mais do que dois meses, eu garanto.

— Elena, eu estou sendo realista.

— Não culpe uma filha por ter esperança – injetei o remédio no cateter e o deixei lá.

 Segui a minha lista de pacientes da manhã, dando os remédios, anotando as variações nos prontuários, e os ajudando em alguns momentos.

 Na hora do almoço voltei ao quarto do meu pai, minha mãe agora estava acordada, e ele estava se recusando a comer, a enfermeira ao lado dele já estava irritada.

— Precisando de ajuda? – perguntei á ela.

— O Sr. Gilbert não quer comer.

— Ele não tem opção – forcei um sorriso – pode deixar, desse cabeça dura eu cuido.

— Eu não vou comer isso, é horrível.

— Você quer ter alta hoje ou não? – ele me encarou cerrando os dentes – comece a comer antes que eu anote no seu prontuário que você está desenvolvendo problemas alimentares e você tenha que ficar mais uma semana.

— Preferia quando você não falava comigo – ignorei seu comentário, eu sabia que esse era o jeito dele de tentar me irritar.

— Como você passou a noite mãe?

— Deu para dormir – ela sorriu desanimada.

— Meu horário de almoço é em meia hora, quer almoçar comigo?

— Claro querida – dei um beijo rápido em sua bochecha e sai do quarto novamente.

 Nosso almoço foi praticamente em silêncio, a tristeza da minha mãe era palpável, ela suspirava vez ou outra, e mal tocou na comida, não posso culpa-la, pensar em perder quem nós amamos é uma das piores coisas do mundo, é uma dor inexplicável, uma dor que não desejo a ninguém.

 Quando voltamos ao quarto meu pai estava mais calmo, e até sorriu ao me ver, ele mexia em seu celular sem parar, até eu toma-lo de sua mão.

— Não preciso te dizer que você não pode se estressar não é?

— Eu sei – ele suspirou e mudou de assunto – sua mãe me disse que você ainda não arranjou um lugar para o seu casamento.

— É verdade, todos os lugares se recusam a fazer uma festa do jeito que eu quero – revirei os olhos.

— E que tal a velha casa no lago? – por um momento achei que fosse alucinação, meu pai me ofereceu a casa no lago, mas quando eu ia me casar com Matt.

— A casa no lago? Seria incrível me casar lá, amo aquela casa – por um momento me voltaram lembranças de uma infância pulando naquele lago com Jeremy.

— Se você quiser por mim tudo bem filha, ficaria feliz que você fizesse seu casamento lá.

— É sério? Não teria nenhum problema?

— Não, eu não vou passar meus últimos meses de vida brigando, ou implicando com você e seu ex ou futuro marido, eu vou te apoiar na sua decisão, o que eu já devia ter feito desde o começo.

— Então tudo bem, o casamento vai ser na casa do lago – disse animada.

                                                                                  *

 Voltei para casa por volta das oito da noite, eu estava cansada e minha cabeça doía, pendurei meu casaco e a bolsa e caminhei até a sala, passando a mão no pescoço dolorido.

— Boa noite – disse Dani vindo da cozinha, fiquei surpresa ao ve-la.

— Dani? O que faz aqui?

— Damon me falou sobre o seu pai, e achou que você iria gostar de me ver, e que seria um bom momento para ele e Richard se conhecerem melhor – ela sorriu e me abraçou – como você está?

— Meu pai tem dois meses de vida, provavelmente não vai conseguir nem andar no meu casamento, e agora ele decidiu ser um bom pai – ri para tentar segurar as lagrimas, Dani percebeu.

— Eu sinto muito Lena – ela me abraçou ainda mais forte, e então eu liberei, toda a angustia que eu vinha guardando, toda a dor reprimida, eu me deixei levar e desabei no colo dela, que passava a mão em meus cabelos sussurrando que tudo ficaria bem.

 Após o meu desabafo emocional, me juntei a Damon e Richard na cozinha, eles estavam conversando como velhos amigos, o que para mim foi muito bom, me juntei a eles e nós ficamos conversando e bebendo algumas cervejas.

Já era tarde quando eles foram embora, eu estava mais relaxada, mas ainda cansada, quase dormi durante o banho.

 Me deitei ao lado de Damon na cama, ele abaixou o livro que estava lendo e me encarou.

— Como foi seu dia?

— Cansativo – estiquei seu braço e coloquei minha cabeça nele, me aconchegando perto de seu corpo quente, ele soltou o livro e me abraçou, minha cabeça estava em seu peito.

— Como está seu pai?

— Ele ia ficar essa noite para fazer uns exames e será liberado amanhã.

— Fico feliz em saber – ele sorriu e acariciou minha cabeça.

— Ele me ofereceu a casa do lago – virei a cabeça para encara-lo – o que você acha?

— Para o nosso casamento? – ele fez uma careta pensativa – não seria nada mal.

— Eu já imaginei, seria perfeito – sorri.

— Vai ser perfeito só de você estar lá e dizer sim – ele me beijou.

 Ficamos um longo tempo em silêncio, e Damon parecia inquieto, ele queria dizer algo.

— O que quer saber?

— Como sabe que eu quero saber algo? – ele ergueu uma sobrancelha.

— Conheço você, conheço seu corpo.

— As vezes eu tenho até medo disso – ele disse rindo vendo a minha cara irritada.

— Anda aprontando por ai é? – comecei a dar tapas de leve em seu peito e seus braços, ele riu.

— Não sou louco Elena.

— Desembucha, o que quer saber?

— Quando você acha que vai ser o momento de termos um filho? – seus olhos me observavam com atenção, eu sabia que isso era um teste, para saber se o assunto é delicado ou não, para saber o que acho quanto á isso.

— Não sei, talvez quando eu terminar a faculdade, só falta um ano.

— Sim, mas e depois? Você vai começar uma carreira.

— Por que quer saber isso agora?

— Elena eu vejo como você chega em casa após um dia no hospital, como enfermeira, um estágio, imagina quando você for médica, como vamos ter filhos?

— Você só trabalha a noite, eu só de dia, nos meus cálculos da bem certo – onde ele quer chegar com isso?

— Certo, e quando vamos ter tempo para nós dois? Para ficarmos os dois com nossos filhos? Para ficarmos um com outro?

— Você quer que eu desista de ser médica? Quer que eu largue a faculdade, engravide, me torne mãe e dona de casa, e em alguns anos você começa a voltar ainda mais tarde do bar, começa a ir mais vezes por semana, e quando eu for ver, você vai ter uma amante linda e gostosa enquanto eu vou ser a esposa acabada em casa. – esse era um dos meus maiores pesadelos, e eu acabei de dize-lo em voz alta.

— Eu não faria isso.

— Você fala isso agora, enquanto somos apenas nós dois, enquanto eu sou jovem e me cuido, imagine isso daqui dez anos.

— Você ainda vai ser a minha esposa sexy e gostosa, e eu ainda vou te amar, não entrei nesse assunto por causa disso, eu só queria saber como nós faríamos.

— Ainda é cedo para pensar nisso Damon, primeiro quero terminar a faculdade, ok?

— Ok, não queria te irritar, desculpe – ele se deitou de costas para mim.

— Não me irritou, é que – respirei fundo – eu tenho medo que isso aconteça sabe? Não quero ser uma mãe ausente, não quero ser como meu pai foi, mas também não quero ser uma dessas esposas desleixadas que vivem para o marido e os filhos, cuidando da casa, e acabam sendo trocadas por uma garota mais nova e mais gostosa. – ele riu.

— Você nunca será trocada, e você está certa, não vamos falar sobre isso por enquanto.

 Ele deu um beijo na minha testa e apagou o abajur, e eu sei que mais cedo ou mais tarde, esse assunto vai voltar.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? vou aguardar os comentários, QUE POR SINAL estão sendo poucos 3



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