O primeiro dia do ano sempre vem com esperança de um ano melhor que o passado, vem cheio de promessas, de metas, para mim esse ano começou com uma segunda chance, uma segunda chance de ter Damon, uma segunda chance para fazer tudo dar certo, de poder finalmente viver a minha vida como ela tem que ser.

 Todos vieram logo cedo para ver Damon, era palpável a alegria no ar, ainda mais depois dos bons resultados da recuperação quase milagrosa dele.

— Você me assustou tanto filho – Lilly passava a mão nos cabelos dele.

— Desculpa mãe, você sabe que não era minha intenção.

— A hora da visita acabou, ele precisa descansar – disse a enfermeira.

 Depois de reclamarem, choramingarem e encherem o saco da enfermeira, todos saíram, exceto eu, que graças a Deus, e a Dra. Reid podia ficar vinte e quatro horas com ele, mas ele realmente precisava descansar.

— Foi bom ver que alguém se preocupa comigo – ele disse quando fecharam a porta.

— Muita gente se preocupa com você. E tem uma que não pode estar aqui – me lembrei de Rachel, e ele teria que decidir se eu avisaria ela ou não.

— Quem?

— Rachel – seu rosto ficou mais pálido do que já estava. – Ela falou comigo, ela foi até a minha casa, e me disse que estava preocupada com você, e que não veio porque não queria me ofender, e porque a sua mãe disse que não queria ela aqui de jeito nenhum.

— Talvez minha mãe estivesse certa.

— Talvez.

— O que mais ela falou para você?

— Que você sofreu quando eu te deixei, que ela se sentia culpada pelo nosso término, disse o quanto você é um homem bom – sorri – e que não houve nada entre vocês – apertei sua mão de leve.

— Então ela te disse.

— Sim, o que obviamente você deveria ter feito, no minuto em que descobriu – minha voz saiu mais ressentida do que eu esperava.

— Eu achei que você estava feliz com aquele cara, não quis atrapalhar.

— Você não atrapalharia.

— Elena você fala isso agora com as suas memórias de volta, sabendo que me ama, mas não pensaria assim sem as memórias – provavelmente ele estava certo.

— Você tem razão – ele alisou a minha mão com a cabeça baixa – eu vou deixar você descansar, vou até em casa tomar um banho, comer alguma coisa e depois passo na sua casa para ver como o Lord está, você precisa de algo?

— Agora que eu reparei – ele me analisou – você está mais magra Elena, o que aconteceu?

— Eu não tive vontade de comer essa semana – dei de ombros.

— Acho bom essa vontade voltar o mais rápido possível – ele parecia irritado – e eu não preciso de nada, obrigado.

— Certo, então agora você descansa – dei um selinho nele – quando eu voltar nós conversamos mais.

— Ok – ele sorriu.

— Melhora logo, quero ver você fora dessa cama.

— Também quero sair dessa cama, e ir para a minha, de preferencia com você – ele riu com malicia, e eu não consegui conter um sorriso.

— Mal posso esperar Sr. Salvatore.

 Nos despedimos e eu sai, conversei com Caroline e Klaus sobre o estado dele, e depois fui com Lilly para o meu apartamento, Dani não havia voltado para casa, e tudo parecia tão vazio sem ela ali.

 Eu tomei um banho demorado e relaxante, o primeiro banho que não chorei em uma semana. Vesti uma roupa qualquer e comi uma macarronada que Lilly havia preparado para nós duas, ela estava tão feliz quanto eu.

 Nós fomos até a casa do Damon, eu cuidei do Lord e nós voltamos para o hospital, quando estava voltando para o quarto de Damon ouvi a Dra. Reid me chamar.

— Elena, posso falar com você um minuto?

— Claro.

— Eu queria te atualizar sobre o estado do Sr. Salvatore, bom como já disse ele está se recuperando muito bem, e bom, vou ser sincera, eu não gosto de manter pacientes internados apenas para observação, já perdi tantos pacientes que estavam se recuperando e pegaram algum tipo de bactéria hospitalar, então o quanto eu puder evitar, eu evito.

— Sim, eu entendo, mas o que isso tem a ver com Damon?

— Eu gostaria de dar alta á ele, mas ele não está bem ainda, teria que ficar de repouso absoluto por cerca de uma semana, e para isso precisaria de alguém com ele o tempo todo, não sei da situação financeira dele, mas se ele aceitar, poderíamos arranjar um enfermeira.

— Talvez não seja necessário, eu vou falar com a minha chefe, pedir uma licença e explicar o motivo, tenho certeza que ela entenderia, e bom, eu também não gosto da idéia dele ficar aqui internado.

— Certo, se você me confirmar que ele irá ficar de repouso por uma semana, e tomará todos os remédios e cuidados necessários, eu posso lhe dar alta amanhã.

— Certo, eu vou falar com ela e ainda hoje te dou a resposta, obrigada doutora.

— Magina Elena, é o meu trabalho, e estou falando para você porque – ela parou por um minuto – acho que você se importa mesmo com ele.

— Mias do que possa imaginar – sorri.

— Então tudo bem, quando tiver uma resposta me procure.

 Ela saiu andando e eu voltei ao quarto, Lilly estava sentada na cama, conversando com ele, seu rosto já estava mais corado.

— Voltei – sorri e dei um beijo na bochecha dele.

— O que a médica te disse?

— Ela queria falar sobre o seu estado, e explicou que não gosta de manter pacientes internados apenas para observação, por causa das bactérias e etc...Então ela me perguntou se você poderia pagar uma enfermeira em tempo integral por cerca de uma semana.

— E o que você disse?

— Que não precisaria de enfermeira, eu vou ficar com você.

— Elena querida – Lilly me olhou como um leão – eu posso cuidar dele, você tem o seu trabalho.

— Eu vou falar com a minha chefe, tenho certeza que ela não vai se importar.

— Mas eu acho desnecessário, eu posso muito bem cuidar dele. - seu tom estava rispido.

— Eu sei que pode Lilly, mas eu ... – ela me interrompeu.

— Acho que você já fez o suficiente por ele, não acha?

— Mãe calma – ele tocou o braço dela – ela só quer ajudar.

— Claro que quer – ela riu irônica.

 Eu estava me sentindo perdida, o que aconteceu com ela?

— Mãe, posso falar com a Elena por um minuto? A sós?

 Ela não falou nada, apenas me fuzilou com o olhar e saiu do quarto, confesso que fiquei assustada, ela nunca falou assim comigo, nunca.

— Ela só está sendo protetora.

— Eu sei, mas do nada?

— Não ligue para ela, eu convenço ela, eu sinceramente prefiro que você fique comigo – ele disse segurando minha mão, e eu senti todo o meu corpo ferver por dentro.

— Se é o que você quer, eu vou providenciar Sr. Salvatore.

 Eu sai do quarto para falar com Lyana, e Lilly voltou para lá, provavelmente vai querer me sufocar enquanto durmo, mas se ele prefere que eu fique com ele, eu vou ficar.

— Alô?

— Lyana? – não reconheci sua voz, e então ela sorriu.

— Sim Elena.

— Oi, desculpa estar te ligando a essas horas – passava das oito e meia – sei que você ainda deve estar viajando, mas o que preciso falar é um pouco urgente.

— Bem, o que foi?

 E então lhe contei tudo, sobre o acidente, sobre tudo o que havia acontecido, e se eu poderia tirar essa licença para cuidar dele, e ela demorou á me responder.

— Mas Elena, vocês se divorciaram, por que você vai cuidar dele?

— Lyana é uma longa história, o divórcio foi um erro, não era eu mesma – e não era mesmo.

— Tudo bem Elena, mas isso será descontado no salário.

— Tudo bem, sem problemas, obrigada por me entender – sorri.

— Não tem de que, agora cuide muito bem dele – ela riu e desligou.

  Lilly passou por mim como uma tempestade, batendo os pés e bufando, ela foi direto para o elevador.

— O que você falou para ela?

— Que eu achava melhor você ficar comigo, não queria atrapalhar ela, sei que ela gosta de estar na casa dela, com as manias dela.

— Aparentemente ela não aceitou muito bem não é?

— Ela vai superar isso – ele sorriu e me puxou pela mão – então, você vai mesmo bancar a enfermeira, por uma semana?

— Vou fazer o possível – sorri.

— Isso inclui uniforme? – ele arqueou uma sobrancelha e eu ri.

— Definitivamente não.

 Nós ficamos ali, conversando sobre várias coisas, exceto por nós e nossa louca relação, que de estável e normal, virou de cabeça para baixo e estava uma verdadeira bagunça, mas nós teremos uma semana toda juntos, tempo não vai faltar.