“Luke,

No momento estou meio eufórica, acreditando que nada é impossível, e é com esse pensamento que escrevo essa carta.

O trabalho de literatura, escrever uma carta de amor, me fez pensar.

Eu não tive muitas experiências com amor, muito menos me apaixonei, costumava brincar que eu não tinha um coração. Mas agora as coisas estão diferentes, você me deixou confusa.

Não quero soar como uma garotinha apaixonada, longe disso, só quero deixar as coisas claras.

Primeiro, gostaria que você soubesse que eu gosto muito de sorvete, muito mesmo. Uma das minhas poucas lembranças alegres de família, tem sorvete no meio, quando tudo era fácil e caloroso. Uma colherada daquele creme gelado me faz bem, mais do que muita gente já tentou.

Segundo, meu nível de gostar de você era um pouco abaixo da escala do sorvete.

Era, agora eu gosto de você, tanto quanto gosto de sorvete.

É, eu sei, foi uma explicação idiota, mas é o meu modo de pensar, e isso é importante pra mim.

Não vou me declarar nem nada, não faria isso.

Eu gostaria de te perguntar um monte de coisas, enquanto ainda me resta um pouco dessa euforia, mas....

O que eu gostaria de saber é se estou sendo uma idiota?

E se, depois dessa carta você ainda quer que eu escreva pra você?

Ps: ótimo gosto musical...

Garota Invisível”

Depois de vestir seus jeans favoritos, Luce caminhou tranquilamente até o colégio, ainda em dúvida se entregava aquela carta ou não. As possibilidades eram divertidas, mas também assustadoras.

Na primeira aula, ela não viu nem sinal do loiro, talvez ele estivesse atrasado.

Com uma desculpa qualquer, conseguiu que Summer transcrevesse sua carta, que era apenas alguma música do Ed Sheeran, só que um pouco alterada.

Não que ela se orgulhasse disso, era apenas mais fácil. Ela sabia que na hora certa escreveria uma verdadeira carta de amor, é claro, quando o sentimento você verdadeiramente real.

…

  Luce estava na biblioteca, assim como Summer e o grupo de matemática, que estavam a duas mesas a frente.

  Ela rabiscava algo em seu caderno, quando sentiu seu fone sendo puxado.

—O que você está ouvindo?-o loiro disse, colocando o fone.

A garota não sabia se estava surpresa por ver Luke na biblioteca, ou por ele estar ali com ela.

—Foo Fighters- ela respondeu com um sorrindo de lado- então, você já terminou sua carta?

—Eu não sou muito bom escrevendo cartas- ele respondeu, olhando os desenhos inacabados no caderno dela.

—Eu discordo- ela falou rápido demais, chamando a atenção dele- ãn...músicos são ótimos escritores.

—Como você sabe que eu sou musico?-Luke perguntou com a sobrancelha arqueada, agora toda atenção na garota a sua frente.

Os segundos a seguir se passaram com Luce tentando se lembrar se Luke tinha dito algo parecido pra ela alguma vez.

—A guitarra no seu quarto, eu deduzi que você é um musico- ela disse, surpresa pela convicção em sua voz.

—Quem sabe um dia- ele sorriu- será que eu posso ver sua carta?

—Eu só mudei uma das musicas do Ed Sheeran- ela admitiu- não é nada demais.

—Eu pensei que os inteligentes não trapaceassem- ele riu abertamente.

—Tá me dizendo que você não vai fazer o mesmo?-ela disse desafiando.

—Não com uma musica do Ed Sheeran- ele tentou ficar sério, mas acabou rindo.

—Luke, eu posso te perguntar uma coisa?- ela tentou soar o mais tranquila o possível.

—Não, eu não empresto os meus CDs pra ninguém- ele respondeu convencido.

—Não era isso que eu ia perguntar- ela disse divertida- eu só queria saber porque você não quis fazer dupla com Meghan, digo, você não estão juntos?

O plano na mente dela fazia sentido, era de extrema importância saber se Luke gostava daquele outro ser.

—Meghan pode ser meio grudenta as vezes- Luce se controlou pra não assentir concordando- eu só não queria escrever uma carta de amor com ela, não que eu vá escrever de verdade.

Seu tom era indiferente, como se aquilo não importasse.

O sinal tocou, despertando todos ali presentes. Depois de uma despedida rápida, Luce acompanhou Summer até aula de física.

—O que Luke Hemmings queria com você?-Summer perguntou assim que o professor virou de costas.

Luce era tão desligada as vezes, que até se esquecia que amigas conversavam sobre algo que não fosse o conteúdo escolar.

—Erá só umas coisas sobre o trabalho de literatura, nada demais- ela deu de ombros.

—Isso tem alguma relação com a carta que eu escrevi pra você?-o olhar dela era desconfiado.

—Não faço ideia do que você esta falando- era mais fácil se fazer de desentendida.

Depois do final da aula, e de mais algum tempo observando Luke do refeitório, Luce foi deixar a carta no armário do loiro.

Surpreendentemente, Luke estava ali, não havia quase ninguém nos corredores, mas ele estava ali, esperando algo, ou alguém.

Ela deduziu logo que ele poderia estar esperando por ela, ou fosse apenas coincidência.

Depois de esperar um pouco, um dos monitores entregou uma advertência pra ele, e o forçou a voltar pra aula.

Com o caminho livre Luce seguiu até o armário de Luke, se sentindo uma ninja, ela colocou a carta.

E no momento que ela se virou, esbarrou em algo, ou melhor, em alguém.

—Você?-seu tom era de surpresa.

—Eu posso explicar- ela disse assustada, encarando o moreno.