“Luke

Também estou curiosa pra saber o que mais temos em comum.

Acredite quando eu digo, eu queria muito falar com você, mas eu não consigo. Ainda não, não estou pronta, talvez em breve.

Você pode não entender, mas mesmo o universo sendo um lugar irônico, como é pra mim, ele ainda está conspirando a meu favor. De um jeito torto, mas esta.

Estarei na sua frente, basta você me ver. Eu espero sinceramente que você me veja. Preste atenção.

Garota Invisível”

A noite mal dormida estava clara nas olheiras da garota. Luce passou a noite com seus pensamentos confusos, mas tudo se resumia a Luke. Ao mesmo tempo que ela queria que ele descobrisse quem ela era, ela também torcia pra que ele não conseguisse. As duas possibilidades eram assustadoras. O que a preocupava mais, era não ser o suficiente, decepcioná-lo quando ele descobrisse.

Ela procurava os livros certos dentro de seu armário, resmungando sozinha. Quando ela fechou a porta, deu de cara com olhos azuis a encarando.

—Luke- ele disse assustada, meio ofegante.

—Foi mal, não quis te assustar- ele sorriu.

O coração dela parou por um segundo, e logo voltou acelerado de novo.

—Você tem alguma coisa pra fazer amanhã a tarde?-ele perguntou.

Respira. Pisca. Seja normal. Respira.

—Não- não foi a melhor resposta do mundo, mais saiu coerente.

—Então a gente podia começar o trabalho de literatura- ele sugeriu.

—Claro- assenti.

—Na minha casa, as quatro?- ele mordeu o lábio.

Eu sabia que aquilo era uma mania dele, mas foi diferente ao vivo, de tão perto.

—Estarei lá- falei.

—Legal, a gente se ve- ele disse e saiu.

Fiquei olhando ele andando calmamente pelo corredor, que agora estava cheio de alunos.

—Estarei lá, sério Lucinda?-resmunguei encostando minha testa contra o metal frio do armário.

—Luce- Summer parecia animada- nossa, o que foi?

—Insônia- resmunguei e olhei pra ela.

—Leite quente geralmente funciona pra mim- ela falou- e corretivo também.

—Na próxima eu vou me lembrar- balancei a cabeça.

Eu sabia que Luke ainda me causaria muita insônia.

Nas aulas de matemática, ela se sentou mais no fundo, colocou o capuz da sua blusa, e se debruçou na carteira. Foi o suficiente pra ela tirar uma boa soneca.

Isso quer dizer que ela não fazia ideia do que estava acontecendo quando ouviu seu sobrenome ser dito pelo professor irritado.

—Senhorita Grey- ele disse bravo- entendo que matemática não seja fácil, mas dormir na sala de aula já é inadmissível.

Todos estavam quietos, mas encarando Luce.

—O mesmo serve pra você senhor Hood- ele olhou pra Calum, que estava no mesmo estado de Luce- os dois terão tempo pra dormir hoje, na detenção.

Calum apenas resmungou algo, depois sorriu pra Luce.

A garota tentava pensar positivo.

Bem, isso vai ser no mínimo interessante, ou muito entediante.

No refeitório, Summer não parava de falar.

—Eu não acredito que você pegou detenção- a ruiva mastigava seu sanduíche- o grupo de física avançada ia fazer algumas experiências, mas eu acho que posso mudar pra amanhã de tarde.

—Não se preocupe- Luce deu de ombros- acho que eu não iria mesmo.

Summer apenas revirou os olhos. Acho que era naqueles momentos que ela se perguntava no porque de Luce fazer parte do grupo de Física avançada. Pra falar a verdade, nem ela mesmo sabia.

Luce aproveitou que ficaria de detenção, e no caminho parou no armário de Luke, deixou sua carta, e pegou a dele. Depois de esconder dentro da mochila, ela segui pra detenção.

Havia alguns rostos desconhecidos, mas algumas pessoas ela sabia quem eram.

Ela se sentou na última carteira ao lado da janela.

Estava tão distraída olhando pra fora, que não percebeu que alguém tinha se sentado na carteira ao lado. Calum.

—Lucinda, não é?-ele perguntou.

—Só Luce- ela sorriu,o estranho era que não havia o nervosismo que Luke causava nela, ela se sentiu tranquila.

—Eu sou Calum- ele sorriu.

—É eu sei- falei divertida.

—Você não é do tipo que fica em detenção, né- ele estava curioso.

—Eu só queria dormir um pouco, não pensei que fosse ser pega- falei olhando pra ele.

—Eu durmo o tempo inteiro nas aulas dele, e ele nunca tinha notado- ele riu- você deve ser azarada.

—Acho que sim- também ri- tem gente que até baba e nenhum professor percebe.

—Michael até ronca, e olha que é alto- nós dois riamos.

Era legal falar com alguém assim...Calum me deixava tranquila, mas me fazia rir. Agora eu sei porque Luke é amigo dele.

Passar o resto da detenção conversando com Calum, fez o tempo passar mais rápido.

Em casa Luce se preparava pra dormir. Leite quente de um lado, carta do Luke do outro.

Ela tinha que se preparar pro dia seguinte.

Luke, ela, uma carta de amor, foi nisso que ela pensava quando caiu no sono.

“Garota Invisível

Musica. É isso que torna meus dias coloridos. Compor também ajuda. Já escrevi algumas músicas, tudo fica mais fácil quando eu componho. Tenho alguns versos sobre você... daria uma ótima canção.

Luke”