Immortal escrita por havilliard


Capítulo 11
Sete


Notas iniciais do capítulo

OLÁ!
Espero que gostem desse cap (que, aliás, também é um dos meus preferidos).
Beijos



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Um mês depois, New Orleans

O despertador soava em meus ouvidos como uma buzina. Sinceramente, a pessoa que o inventou estava com o demônio no corpo. Quem inventa algo que atrapalha uma das melhores sensações do mundo? Só uma pessoa louca mesmo.

E falando em loucura, sentia que algo estava mudando em mim. As vozes em minha cabeça pararam, mas quase sempre sentia que estava sendo observada enquanto dormia, ou que estava sendo seguida. Mas essa não é pior parte. Desde a semana anterior, enquanto treinava a corrida no parque, me sentia muito mais rápida. Como se alguém tivesse implantado aceleradores em meus pés. E eu não estou exagerando nenhum pouquinho, pois percursos que eu demorava de quinze a vinte minutos para fazer, agora faço em dez, ou até mesmo, cinco minutos.

Algo de muito estranho estava acontecendo comigo, e eu precisava saber o que era.

Levantei-me da cama e me arrumei para a escola, como fazia todos os dias desde o início das aulas. Tomei meu café, me despedi de minha mãe, montei em minha moto e fui para a escola.

Normal. A menos, por uma coisa.

Ao chegar na escola, senti algo ruim. Tive a sensação de que já havia sentido isso antes, mas não conseguia me lembrar quando. Só sabia que era uma energia muito ruim, e isso estava mexendo comigo de um modo muito estranho. Quase como se eu soubesse de onde estava vindo, e que eu tinha que sair dali o mais rápido possível. Sentia que era perigoso.

Perigo. Uma palavra tão pequena e tão atraente. Foi pensando nisso que desci de minha moto e entrei na escola, buscando pela fonte daquela estranha energia, porém Harry e Luce me encontraram primeiro.

— Alex! — Luce exclamou, com um sorriso.

— Oi gente. — falei, sem interromper meu caminho até a escola.

— Onde está indo? — dessa vez, foi Harry quem falou.

Fiquei dividida entre mentir ou contar o que sinto.

— Para dentro. — respondi, dando de ombros. — Vamos.

Os dois trocaram um olhar estranho e me acompanharam.

Não conseguia me manter concentrada em algo, era como se a coisa me chamasse. Estava me segurando para não segui-la, onde quer que estivesse, mas era difícil.

— Alex! — Luce exclamou, chamando minha atenção.

— Falou comigo? — perguntei, ainda um pouco alheia.

— Perguntei se vai assistir ao jogo dos New Cats hoje. — dei de ombros.

— Não sou fã de futebol.

— Vai ser a seleção dos novos jogadores, Alex. Vamos, vai ser legal. — a morena insistiu com um meio sorriso.

— Eu e os garotos vamos assistir. Louis se inscreveu no time. — Harry informou, finalmente tomando minha atenção.

— Ele se inscreveu? — a garota ao meu lado perguntou, tão surpresa quanto eu.

— Ele adora futebol. — o moreno deu de ombros.

Agora sim eu ia assistir ao jogo.

— Desde que não seja no horário do treino de cross-country, eu vou. — falei, tentando parecer desinteressada e indiferente. Estranhamente, Harry sorriu. — Ta rindo do quê? — perguntei, soando menos ofendida do que queria.

— Nada. — respondeu, ainda rindo.

Naquele instante, passamos em frente à diretoria. Foi como se eu tivesse recebido um soco no estômago. Senti algo ruim, como se um peso houvesse recaído sobre meus ombros. Me sentia... desgastada. Harry havia percebido meu "mal estar" e puxou meu braço, me tirando dali.

Mas eu não consegui me mover. Algo me prendia ali. Principalmente depois que a porta da diretoria se abriu.

Um rapaz alto, de cabelos loiros e olhos castanho-claro saiu da sala, acompanhado do diretor. Como se soubesse que eu o observava, seu olhar se direcionou a mim. Ele parecia surpreso por me ver.

— Alex, vamos. — Harry pediu, ainda me puxando. E algo dentro de mim implorava para eu correr.

Quando voltei a mim, o moreno já me arrastava pelos corredores, em direção à sala de aula. Luce estava logo atrás.

— O que deu em você, Alex? Por que ficou paralisada daquele jeito? — a morena perguntou, me olhando com ar de preocupação. Apenas respirei fundo.

— Eu não... — suspirei, tentando encontrar palavras para explicar e convencer até a mim mesma. — Não foi nada.

E então, o sinal bateu.

— Nos vemos mais tarde. — o garoto de cabelos longos e cacheados despediu-se, se distanciando rapidamente de nós.

— Até. — respondi, estranhando seu comportamento.

— Eu também já vou indo. Sabe como o professor de Gramática é. — a garota fez uma careta, me fazendo rir.

— Até mais, Luce.

— Até, cat.

A morena seguiu seu caminho e eu, segui o meu.

 

 

Quando o jeep preto parou em uma das vagas, a atenção que o rapaz tanto queria foi adquirida.

Todos comentavam sobre o novato que havia chegado na escola com ar de problema. E ele realmente parecia um. Problema ambulante.

Algumas garotas suspiravam pelo rapaz com aparência de badboy. O menino apenas sorria com satisfação, mas nenhuma daquelas garotas o interessavam.

O garoto dirigiu-se à sala do diretor e bateu.

Entre. — a voz grossa e experiente do homem respondeu no lado de dentro. O menino entrou, sentando-se em uma das cadeiras, em frente a mesa longa. — Você deve ser o senhor Johnson...

— Sim, eu mesmo senhor... — o garoto olhou a plaquinha com o nome do diretor. — Monroe.

— O senhor não tem um histórico muito bom em suas antigas escolas, não é? — o homem se debruçou em sua mesa, cruzando as mãos sobre a mesma. O garoto apenas deu de ombros.

— Eles que não estavam preparados para um aluno como eu. Mas creio que sua escola está... Ou estou errado?

O diretor semicerrou os olhos para o rapaz, o analisando. Alguns minutos depois, sorriu.

— Seja bem-vindo, senhor Johnson.

O rapaz retribuiu o sorriso.

 

 

Comunicado às garotas que participam da Equipe de Cross-country da escola: o treino de hoje será cancelado, devido à seleção dos novos jogadores do Time de Futebol, que será logo após o fim do período. Agradeço a compreensão.

Os auto-falantes anunciaram na escola inteira, assim que o sinal para o intervalo tocou. Eu não me importava com o cancelamento do treino, sabendo que Louis estaria no jogo de seleção de hoje, mas ninguém precisava saber disso.

Após o comunicado, abri meu armário e guardei meus livros enquanto esperava pela Luce. Estava distraída, e, surpreendentemente, me peguei ansiosa para ver o rapaz dos olhos azul-aço jogando. Harry disse que ele adora futebol... Me peguei sorrindo.

— Pensando em alguém em especial?

Quase caí dura no chão com o susto que tomei. Me virei na direção da voz, com uma expressão assustada. Outro susto.

— Algo te assusta? — o rapaz perguntou, com um meio sorriso.

Sim, você!, pensei.

— Não. — respondi, o observando seriamente. — Perdão, nos conhecemos?

— Que eu saiba, não. Mas você me encarou tanto mais cedo, que resolvi vir te conhecer. — o garoto falou, dando de ombros. Um sorriso pairava em seus lábios e a sensação ruim tomava conta de mim. E um rubor também. — Não precisa ficar envergonhada, já estou acostumado.

Ele conseguiu ser mais abusado que o Louis.

Ficamos nos encarando. Ele ainda com o meio sorriso e eu ainda séria.

— Meu nome é Patrick. — o loiro quebrou o silêncio.

— Eu sou...

— Alex! — alguém exclama atrás de mim, respondendo em meu lugar. Não precisei olhar para saber quem era.

O menino à minha frente alargou o sorriso.

— Alex... — repetiu e olhou para o garoto que agora estava ao meu lado. — E você é...? — silêncio. O rapaz riu fracamente. — Patrick.

Eu não conseguia desviar o olhar dele. Por algum motivo, algo prendia minha atenção nele. A tal "energia".

— Alexandra, se está esperando a Luce, ela já está no refeitório. — Louis avisou, tentando me fazer ter alguma atitude.

— Você é o namorado dela? — Patrick perguntou, revezando o olhar entre mim e o moreno ao meu lado. Senti meu rosto esquentar, e para piorar minha situação, Louis passou o braço pelas minhas costas e beijou minha cabeça. Contra minha vontade, eu sorri.

— Sou. Vamos, Alex. — o garoto me puxou para perto de si e me levou pelo caminho do refeitório. Eu não conseguia deixar de sorrir, nem de tornar à minha cor natural. — Por nada. — ele sussurrou em meu ouvido.

— Não vai me soltar? — perguntei, tentando não demonstrar que estava com vergonha.

— Você quer? — não. — Faça algo por mim, e me deixe ser seu namorado hoje? — o rapaz pediu, parando à porta do refeitório e me olhando como se pedisse permissão. Ele estava sorrindo.

"Vamos fingir, Alex. Não passa de uma brincadeira", era isso o que ele queria dizer.

— Só hoje, acho que não tem problema. — respondi, mesmo sabendo que teria um grande problema. Principalmente comigo.

Louis deu um daqueles sorrisos que me deixavam sem chão e, para minha total e completa vergonha, ele abraçou minha cintura e cruzou sua mão na minha. Seus olhos encontraram os meus e, automaticamente, minha vergonha foi embora, como se estar assim com ele fosse a coisa mais normal do mundo.

— Estão nos esperando, querida. — ele falou. Apenas assinto e entramos no refeitório, atraindo olhares de todas as partes. Nunca achei que isso fosse possível, mas estava acontecendo. Minha vergonha voltou quase que imediatamente, e, sem notar que o fiz, escondi meu rosto no ombro do garoto ao meu lado. Louis apenas deu risada e aproximou seus lábios de meu ouvido. — Vai me ver jogar hoje, não é?

— Meu treino foi cancelado por sua causa. — fiz questão de enfatizar o “sua”, algo que o fez rir. — Sim, eu vou.

— Ótimo. Vou jogar especialmente para você, meu amor. — o rapaz garantiu, beijando minha cabeça logo em seguida.

Eu poderia fingir para sempre.

Ao nos aproximarmos da mesa onde estava acostumada a sentar com Luce (e que agora todos resolveram compartilhar conosco), fomos recebidos com olhares surpresos. Louis pareceu não se importar, enquanto eu tinha certeza de que parecia uma pimenta.

— Têm algo a nos dizer? — um dos rapazes perguntou, com uma das sobrancelhas arqueadas. O moreno deu de ombros e apenas pegou uma das batatinhas fritas de Harry, que lhe deu um tapa na mão.

— Não é nada, apenas uma atuação. — respondi, tentando esconder meu rosto vermelho.

— Então deveriam tentar a Broadway. — Luce comentou, com um sorriso malicioso.

— Sempre fui um ótimo ator. — Louis se gaba, com um meio sorriso. — Na verdade, alguém perguntou se estávamos namorando. — explicou, transformando seu olhar brincalhão em um mais sério. Olhar, esse, direcionado ao Harry, que respondia do mesmo modo.

Subitamente, me lembrei do dia em que Louis foi à minha casa e trocou um olhar parecido com minha mãe. Ambos sabiam de algo em comum, assim como tinha certeza de que ele e Harry também compartilhavam informações em comum sobre aquela conversa

— Louis respondeu que “sim”, suponho. — Zayn, que por algum motivo ainda não assumiu sua "relação" com a Luce, opinou, recebendo um aceno positivo de minha parte.

— Só por hoje, certo Alex? — o garoto tornou ao seu olhar anterior, o direcionando a mim. Apenas sorri em confirmação, mas, na realidade, meu desejo era que aquilo continuasse e não parasse mais.

Em breve, querida. Em breve.

Havia acontecido novamente.

 

 

— Alex! — alguém exclama atrás de mim. Olhei rapidamente para trás e me arrependi no mesmo momento. — Posso falar com você?

— Não. — fui direta e continuei meu trajeto.

— Lou e você estão mesmo namorando? — parei de andar imediatamente.

"Lou"?

Não sei se estava fazendo a coisa certa, e sei que me arrependeria muito depois, mas me virei para a garota atrás de mim com um sorriso satisfeito.

— Sim, Hayley! Estamos. — confirmei. — Agora, se me der licença...

— Isso é muito estranho, porque há quase uma semana, Mia me disse a mesma coisa. E eu não fiquei sabendo de término nenhum... — a menina indagou, cruzando os braços. O decote de seu top de Líder de Torcida pareceu aumentar com a ação.

Vagabunda.

— Mia e Louis estão namorando?

— Sim, claro que estão. E você está atrapalhando o relacionamento deles. Por que, Alex? Isso é tão...

— Ei! — um dos garotos chama nossa atenção, interrompendo Hayley. Agradeci mentalmente por isso.

— Oi, Liam. — o cumprimentei, enquanto ele se aproximava de nós.

— Você não vai assistir a seleção dos jogadores? Estão todos lá. — o garoto perguntou, ignorando totalmente a presença da loira à minha frente.

— Estávamos apenas trocando algumas palavrinhas, mas já terminamos. Não é, Alex? — Hayley sorriu para mim, o qual não retribui. Eu sabia exatamente o que aquele sorriso queria dizer.

— Vamos, Liam. — voltei ao meu caminho anterior, agora acompanhada do rapaz que mais parecia um guarda-costas.

— Que palavrinhas ela trocava com você, Alexandra? — o garoto perguntou-me, parecendo preocupado. Apenas dei de ombros.

— Mentiras. — eu esperava mesmo que fosse. — Ela sempre faz esse tipo de coisa.

O garoto olhou para trás, a fim de observar a garota, que agora estava acompanhada do menino novo. Seu olhar não era dos melhores.

— Quem é aquele? — perguntou, apressando mais seus passos.

— Um tal de Patrick. Garoto novo. — respondi, dando de ombros e tentando ignorar a sensação ruim que estava sentindo. A questão é: por que isso sempre acontece quando Patrick aparece?

Olhei de relance para Liam. Ele parecia pensativo. O que ele faz aqui?, era o que dizia sua expressão. Daí, o garoto olha para mim, dessa vez assustado.

— Aconteceu alguma coisa? — perguntei, ficando assustada também. Era quase como se ele tivesse visto uma assombração, mas logo ele tentou se recompor.

— Não, eu... vamos logo. — o rapaz respondeu e seguiu caminho. Eu não acreditava muito nisso, mas o segui mesmo assim.

Ao chegarmos no ginásio, logo encontrei Luce em uma das arquibancadas, agitando os braços como se fosse aqueles bonecos de posto de gasolina. Ri fracamente com tal associação e e caminhei até onde ela estava.

— Pensei que nunca chegaria. — A morena reclamou, assim que me sentei ao seu lado.

— Pois é, eu também não. — comentei, me lembrando do motivo de meu atraso.

— Acredita que ainda vai ter uma apresentação das líderes de torcida antes do jogo? Arght, ninguém merece.

Não prestei muita atenção no que ela falou depois, apenas procurei por Harry e o resto dos garotos. Afinal, Liam entrou comigo, mas sumiu logo depois.

— Onde estão os garotos? — indaguei, logo depois sentindo novamente a sensação ruim. E (meu Deus, eu vou enlouquecer!) aquela sensação de estar sendo observada, que estranhamente me deixou um pouco mais segura.

— No vestiário com o Louis. — ela respondeu, estendendo um pacote de salgadinho para mim. Recusei. — Ei, quem é aquele gatinho ali que está acenando para você?

Procurei com o olhar pela pessoa a quem Luce se referia e encontrei o rapaz novo. Ele acenava e sorria. Em resposta, forcei um sorriso e logo desviei minha atenção.

— Patrick. O garoto novo.

— Sinceramente, Alex, pare de pegar todos os garotos bonitinhos pra você. Isso é egoísmo. — a morena reclamou, me fazendo rir.

— Não tenho culpa se sou irresistível. — brinquei. — Agora, falando sério, algo nesse menino parece muito errado.

— Ah, lá vem. — a morena ironizou, revirando os olhos.

— É sério, Luce. Ele, sei lá... não me sinto bem perto dele. — o olhei rapidamente. O rapaz conversava animadamente com alguns outros alunos.

— Tenho certeza que é tudo coisa da sua cabeça.

— O quê é coisa da minha cabeça? — ouvimos Harry perguntar, enquanto se sentava ao meu lado com um saco de pipocas.

— Onde conseguiu isso? — perguntei, me referindo às pipocas que ele comia despreocupadamente. Como resposta, o rapaz deu de ombros.

Alguns minutos depois, os outros garotos se sentaram conosco e a apresentação das Líderes de Torcida começou. Tenho que admitir, elas são boas. Hayley lidera bem aquelas garotas e a coreografia delas é maravilhosa.

Assim que as meninas terminaram, o time de futebol entrou no ginásio, logo atrás os candidatos ao time. Consegui encontrar o rapaz de olhos azuis no meio daquelas pessoas. Sem dúvidas, ele era o mais bonito.

No meio das Líderes de Torcida, consegui ver a Mia. Melhor amiga de Hayley e suposta namorada de Louis. Ela tentava chamar a atenção de alguém. Dele, talvez. Mas ao notar que não havia conseguido, bateu o pé no chão e bufou, frustrada. Sorri levemente. Se ela estava mesmo tentando chamar a atenção de Louis, ele estava ocupado demais me olhando pra notar.

Seu olhar era fixo em mim, como se estivesse me vendo pela primeira vez. Tentei conter um sorriso e acenei para ele, que retribuiu.

O árbitro soprou seu apito e, pouco tempo depois, o jogo começou.

 

 

— Você foi ótimo. — Luce exclamou, animada.

O jogo havia acabado e, apesar de não estar valendo de verdade, o time de candidatos havia ganhado do time oficial.

— Não sabia que jogava assim. — comentei, assim que saímos da escola.

Niall, que estava logo atrás de nós junto a Harry e Zayn, se juntou à conversa.

— Ele foi o melhor jogador de nossa cidade, na Inglaterra.

Fui não, ainda sou. Só que não estou mais lá. — o moreno gabou-se, com um meio sorriso.

— Pare de se exibir, Tomlinson. — Harry bateu na cabeça do amigo, que apenas riu.

Ao chegarmos no estacionamento, Luce se despediu de nós e foi para seu carro. A pedido de Louis, os outros foram na frente enquanto ele me levava até minha moto. Total e completamente desnecessário, porém eu precisava falar com ele.

— Podíamos fazer isso mais vezes. — Louis comentou, com as mãos nos bolsos da calça.

— O quê? — questionei, mesmo tendo uma ideia do que era.

— Essa coisa de fingirmos estar namorando. Eu gostei. — o garoto sorriu.

— Não acho que a Mia vai gostar de te dividir comigo, mesmo que seja de brincadeira. — falei, sem coragem de olhá-lo.

— Mia? O que a Mia tem a ver com isso?

— Eu vi como ela te olhava, no jogo. Não deveria fazer isso com ela.

— Espere aí. — ele entrou em minha frente e me encarou. — Acha que Mia e eu estamos namorando?

— Foi o que me disseram. — tentei parecer casual, mas estava nervosa por dentro.

Quem disse?

— Isso não importa, o fato é que...

— Eu não estou namorando, Alexandra. Mia e eu ficamos uma vez, mas nada de relacionamento. — ele garantiu. Mas isso não melhorava o fato de ambos, ao menos, se conhecerem. Na verdade, nem sei porque me importo com isso.

— De qualquer modo, não é da minha conta. — falei e passei por ele com passos rápidos.

— Alex, espera. — o rapaz segurou meu braço. O olhei, tentando parecer indiferente ao seu toque. — Me daria o prazer de me acompanhar em uma dessas socializações à dois, onde os indivíduos trocam informações e... hm... socializam?

Fiquei na dúvida se ele não sabia realmente o que era ou só estava tentando parecer intelectual apenas para me impressionar.

— Você quer dizer um encontro?! — o rapaz assentiu, com um sorriso. — Não seria mais fácil apenas falar "quer sair comigo?"

— Adoraria. — ele falou, me soltando e colocando as mãos nos bolsos, enquanto sorria, divertido. Tentei não rir, mas era quase impossível.

— Você é... — procurei em minha mente algum adjetivo que se aplicasse a ele, mas o garoto estava além de todos eles. Então, apenas suspirei, me rendendo. — Sexta. Às sete. E, por favor, nada muito... sofisticado.

— Prometo. — ele respondeu, balançando levemente a cabeça e sem deixar de sorrir.

Sem falar mais nada, segui em direção à minha moto, montei na mesma e parti para casa.

 

 

Só por ver o carro da mamãe estacionado na frente de casa, soube que ouviria o mesmo discurso das outras vezes. Então, tomei uma boa quantia de ar antes de entrar. Milagrosamente, ela não estava sentada no sofá, com as pernas e braços cruzados e o corpo ereto, esperando por mim. Pra ser sincera, acho que nem em casa ela estava, o que era estranho.

— Mãe? — a chamei, apenas para ter certeza. Nenhuma resposta.

Estranhei. Ela nunca saia antes de eu chegar, caso ela chegasse primeiro. E também, nunca deixava o carro. Foi então que comecei a preocupar. Será que invadiram a casa novamente e a sequestraram? Será que...

— Onde estava, mocinha? — sua voz acolhedora, porém um pouco dura dessa vez, ecoou nas escadas.

Virei-me para a mulher alta e tão loira quanto eu e suspirei de alívio. Mas minha preocupação voltou quase que imediatamente ao ver o rosto de minha mãe um pouco molhado e seu nariz avermelhado.

— Estava chorando? — perguntei, pensando nos inúmeros motivos que a levaram a isso.

— Eu perguntei primeiro. — ela rebateu, cruzando os braços.

— Na escola. Fui obrigada a assistir ao jogo de futebol. — respondi, e dessa vez, eu cruzei os braços. — Por que estava chorando?

Mamãe evitou me olhar, o que me deixou aborrecida. Ela não pretendia me responder.

— Foram só... — ela fez um gesto com as mãos, como se tentasse apagar algo da mente. — Algumas lembranças. Nada demais. — e entrou na cozinha.

Suspirei, sabendo exatamente de que lembranças se tratava.

— Estava lembrando do meu pai, não é?

Eu nunca soube muito do meu pai. Apenas que ele e minha mãe eram jovens quando fugiram juntos e não eram realmente casados. Mamãe disse que ele morreu quando eu era um bebê, o que explicava o fato de eu não me lembrar dele.

Eu nunca me incomodei com isso, realmente. Mas havia algo nessa história toda que eu não conseguia entender: em todos esses anos, nunca vi sequer uma única foto dele ou seu nome em minha certidão de nascimento. Com o tempo, passei a ignorar esses detalhes, mas ainda era algo que me intrigava.

— Isso não importa, venha almoçar. — foi a sua resposta. Apenas suspirei e me direcionei à cozinha. — Como foi seu dia hoje? — mamãe perguntou. Sua pergunta diária era um pedido indireto de "esqueça tudo e vamos agir normalmente". Dei de ombros.

— Mais um idiota frequenta a New Orleans High School e... hm... acho que tenho um encontro na sexta. — respondi, totalmente indiferente ao fato de eu ter um encontro com Louis. Dou de ombros. — Acho que é só isso.

Mamãe me encarava com uma mistura de espanto e... felicidade? Acho que era isso.

— Tem um encontro na sexta? — ela exclamou, como se eu tivesse dito que havíamos ganhado na loteria. Apenas dei de ombros. — Com quem? Quero saber tudo sobre ele. É aquele rapazinho que veio aqui há dois meses? Ele virá para sua festa de aniversário? Ah, claro que ele virá. Vai trazê-lo aqui, não vai? Vocês...

— Mãe! — a interrompi, antes que fizesse mais perguntas as quais eu não saberia responder. — Primeiramente, sim. É com "aquele rapazinho". E sim, ele virá para minha festa de aniversário. Quer dizer, eu acho. Enfim.

Ela pareceu estar prestes a chorar novamente. Mas dessa vez, estava com um sorriso daqueles que te faz se sentir culpada por não ser mais criança.

— Minha garotinha está crescendo. — mamãe comentou, como uma mãe normal faria. Rolei os olhos com um sorriso. — Ele não é como seu último namorado, é?

Ah! Ela tinha que se lembrar do Zack.

— Mãe! — reclamei, tentando não rir para demonstrar que estava verdadeiramente incomodada.

— Desculpe, desculpe. — ela levantou as mãos, em forma de rendição. — Vou fazer um suco.

Ela se preocupou em descascar laranjas, enquanto pensava no quanto eu havia crescido e que logo sairia da proteção de suas asas.

Isso fez-me paralisar. Como eu sabia disso? Simplesmente olhei para ela e… não. Tinha que ser coisa da minha cabeça. Tinha que ser!


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Notas finais do capítulo

Primeiramente, queria agradecer a Pam, que comentou no último cap. Valeuzão moça sz fiquei felizona.
Segundamente, decidam aí se devem ou não confiar no Patrick hihihi
Até semana que vem.

PS: Apenas adiantando que o próximo capítulo vai dar um nó na fic. E no raciocínio de vcs MUHUHOHAHAHAHA Ou não, sei lá



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