Piratas escrita por Skylar


Capítulo 6
Sonho


Notas iniciais do capítulo

Oi galera ! Desculpem a demora mais a semana foi bastante corrida e não tive tempo pra postar. Mas estou aqui de volta com um capítulo novinho pra vocês !



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/692030/chapter/6

Abro os olhos e estou no meio de uma floresta.Árvores com centenas de flores cor de rosa se estendem por quilômetros e quilômetros a minha frente.O chão está coberto por folhas verdes e pequenas flores de cor lilás.O sol tenta passar pelas copas das árvores,sem muito sucesso.

O farfalhar das folhas me assustam.Uma garota com o fundo do cabelo branco e com roupas de batalha da mesma cor se aproxima.Seus olhos estão cobertos por uma névoa branca que me causa arrepios.Dá para ver uma tatuagem prateada saindo de um dos seus braços.

O grito fica presso na minha garganta quando percebo que aquilo é uma versão fantasmagórica e assustadora de mim.

—Olá.-ela diz e sua voz parece uma faca sendo amolada em uma pedra.

Dou alguns passos para trás com medo de mim mesma.

—O que é você ?

—Eu sou você.-ela sorri maldosamente.-Uma versão melhor e mais inteligente.

—Eu nunca iria me transformar nisso.

—Você não tem escolha.-ela se aproxima.-Nenhum de vocês tem.

De repente toda a minha família começa a aparecer. Dayse,Dylan,Ian,Chloe,Isabela,Peter,Lucas,Chelsea,Carlos,Vitor,enfim,todos os que amo.Estão iguais a "Alice" á minha frente,exceto pela tatuagem.

—Porque ?-pergunto com a voz trêmula.

—Você foi tocada por um deles.-ela responde sombria.-Seu coração vai congelar e isso vai acontecer.-ela aponta para si mesma.-Não á salvação,Alice.Aceite seu destino.

Minhas costas batem em um tronco de árvore.Escorrego até o chão e sinto lágrimas gordas descendo pela minha face.Faz tanto tempo que não choro que até me esqueci da sensação.

A "Alice" falsa retira uma das katana de suas costas e se aproxima.A arma está apontada para o lugar onde fica o meu coração.Ela está a um passo de distância quando algo salta por cima da minha cabeça.

Uma estranha sensação de segurança preenche o meu peito enquanto vejo um leão afugentar os impostores.

—Você não pode impedir isso,Alice.-sua voz é imponente e cheia de autoridade.-Mas você pode mudar o que vai acontecer no final.

Ele ruge e de repente estou sentada na minha cama no navio.

Suor escorre pelo meu pescoço e meu coração bate de forma descompassada.Estou com uma camisola fina que vai até metade das minhas coxas e por isso consigo ver as faixas em todo o meu corpo.Toco minha testa e sinto a faixa molhada por sangue.Devo ter me mexido bastante á noite para estar sangrando novamente.

A madrugada já está indo embora quando troco de roupa.Posso ver a praia perto de Cair Paravel e me encolho só de ver a quantidade de soldados que está acampado nela.O mais assustador é que consigo ver com facilidade Pedro,Edmundo e Caspian nos esperando na praia.Agora eles podem ver que meu navio voa e não estou nada contente de dar essa vantagem a eles.

Mesmo assim,não consigo parar de pensar no sonho que tive.Foi tão estranho e parecia tão real.Mas nada daquilo pode acontecer,certo ? Foi apenas um sonho idiota.

Saio da minha cabine e vou direto para o leme onde Carlos conduz o navio.

—Olá Carlos.

—Como se sente capitã ?-ele pergunta sem tirar os olhos do horizonte.

—Melhor.E como está a tripulação ?

—Se recuperando.Mas não perdemos ninguém.

—Uma boa notícia.Algo mais ?

—A aldeia está a salvo.Os invasores fugiram.-ele me olhou.-O que faremos ?-ele se referia aos soldados na praia.

—Vamos para a água.Deixe-os ver o navio.Não íamos esconder esse fato por muito tempo mesmo.

—Sim,capitã.

Deixei Carlos cuidando de tudo e voltei para a minha cabine para pegar as minhas armas.Ainda havia sangue prateado nas espadas mas tratei logo de limpa-las.Não quero perguntas sobre aquele garoto.

O baque do navio com a água faz com que eu cambaleie um pouco para a direita.Carlos tem que ser mais cuidadoso quando faz isso.Escuto a prancha ser baixada e alguns começarem a descer.Ou subir.

—Tem alguém ferido ?-pergunta a voz doce de Lúcia.

—Informações apenas com a capitã.Isso se ela quiser.-diz Carlos.

A porta da minha cabine é aberta e estou pronta para gritar com o individuo mas vejo que é Lúcia.Tento acalmar os meus nervos.Ninguém entra no meu navio desse jeito.

—Por Aslam !

Aslam ! Esse nome de novo. Será que Lúcia o conhece?

Pedro aparece bem atrás de Lúcia com o rosto repleto de preocupação.É incrível em como consigo ler cada uma das suas expressões,mas seus olhos ainda são um mistério para mim.

—O que foi ?-pergunto inocente.

—Alice,você está coberta por faixas e sua testa está sangrando.

—Me diga algo que não sei.-reviro os olhos.-Isso não é nada.

—Senta.-ela disse séria.

—Acha mesmo que vou receber ordens de você ?-digo realmente irritada.-No meu navio,quem manda sou eu,rainha.

—Calma !-Lúcia diz tentando sorrir.-Me desculpe.

Fecho os olhos e balanço minha cabeça rapidamente.O que está acontecendo ? Eu não sou desse jeito.

—Não,tudo bem.Eu estou um pouco nervosa.

Sentei-me na cama e Lúcia abriu um fraco com um liquido vermelho.

—Abra a boca,por favor.

Fiz o que ela pediu e Lúcia colocou uma gota em minha boca.Não tinha gosto mas senti meus cortes queimando levemente.Ela retirou a faixa na minha cabeça.Toquei a testa e percebi que não havia corte nenhum.Nem uma mera cicatriz.

—Como fez isso ?-pergunto maravilhada.

—Isso foi um presente.-ela estende o vidro.-De alguém especial.Agora -ela se levanta.- preciso ajudar sua tripulação.

Lúcia sai do quarto e os meus olhos recaem sobre Pedro novamente.

—O que aconteceu lá ?

Conto tudo de que consigo me lembrar,retirando todas as palavras trocadas entre mim e o garoto.

—Eles sabiam que iriamos estar lá.-me ponho de pé.-Sinto em informar,mas você tem um espião dentre os seus.

Ele passa a mão nervosamente pelos cabelos.

—Descobriu mais alguma coisa ?

—Só que esse é um lugar estranho.

Pedro dá um sorriso e sinto meu peito se aquecer por um motivo desconhecido.De algum modo,me sinto ligada a esse garoto.Ele é bem diferente de todos que já conheci.

—Alice !-sinto os braços de Dylan me envolvendo.

O abraço de volta fechando os olhos.Logo mais pessoas se juntam ao abraço e tenho certeza de ter toda a tripulação em volta de mim.Sinto vontade de chorar por ter minha família comigo mas faço as lágrimas ficarem nos meus olhos.

—Temos que ir para o castelo.-digo meio abafada.

Nos separamos e por um breve momento,vejo todos sorrindo.

 

 

Para falar a verdade,já estou me acostumando com esse castelo.A rotina é sempre a mesma.Acordar,tomar banho,me arrumar,tomar o café da manhã,aprender história de Nárnia com a Suzana,almoço,aulas de hipismo com Caspian e Edmundo,lanche,e passar o resto da tarde fazendo absolutamente nada de importante.

E eu estou odiando isso tudo.

Todos os meus,estão ficando preguiçosos e molengas.E se envolvendo com outras pessoas do castelo,e quando digo envolver é do jeito amoroso e dramático.

Nada de interessante acontece á quase duas semanas e já estou começando a pensar na possibilidade de irmos embora.

Sinto o choque de uma espada contra a minha.Lúcia sorri vendo que conseguiu alguma coisa mas me esforço para não dar risada.Ela está ficando melhor mas ainda assim não é tão boa quanto eu.

—Pé direto na frente.-lembro-a.-Pernas um pouco afastadas.

Lúcia sorri e investe contra mim.Bloqueei-o seu ataque de maneira quase idiota.Ela continua atacando e vai ficando difícil de me defender.Subimos em cima da fonte e ela quase escorrega.

Vou em sentindo cada vez mais acuada e a irritação toma conta de mim.Começo a atacar e Lúcia vai recuando para a parede de pedra.Ela parece estar assustada mas por algum motivo não consigo parar.Lúcia se abaixa e repente e a lâmina a katana bate nas pedras.

—Alice !-Lúcia gritou.-Pare !

Não.Eu não iria parar.Pelo menos não antes de ter o sangue da mais nova dos Penvensie nas minhas mãos.

A espada de Lúcia escorregou de sua mão e vi a oportunidade perfeita para acabar de uma vez com sua vida.Abaixo a katana para dar o golpe final quando uma espada me impede.

—Que diabos você está fazendo ?-grita Pedro.

Dou um passo para trás e balanço minha cabeça.O que está acontecendo comigo ?

—Desculpa.-peço e saio correndo em direção ao castelo e não paro até chegar ao meu quarto.

Porque fiz isso com Lúcia ? Eu devia ter parado.Poderia ter machucado aquela garotinha.

Tenho que ir embora desse lugar.

Fecho a porta do quarto e sigo por um corredor que vai dar na biblioteca.Preciso de um plano e nada melhor que olhar os mapas de Nárnia.

—Você não viu os olhos dela!-reconheço de imediato a voz de Pedro.-Havia algo neles,Caspian !

—Não era a Alice.-diz Lúcia com a voz trêmula.-Treinamos á dias e ela nunca agiu assim.

—Estão todos estranhos.-acrescenta Caspian.-Nervosos e muito agitados.Não duvido que aconteceu mais nessa viagem o que eles estão nos contando.

—Não temos duvidas disso.-fala Eustáquio.-Temos que ficar de olho em qualquer movimento ou atitude estranha.

Dou meia volta e faço o caminho em direção a saída do castelo.

—Senhorita,não é certo sair agora.-um guarda me para.

Está anoitecendo e á dois dias,Caspian decidiu que depois de escurecer deveríamos ficar dentro de nossas casas.No meu caso,dentro do quarto conversando com as meninas.

—Preciso sair agora.-falo com a voz firme e com certa urgência.-Isso não é um pedido.

Com muita relutância eles me deixam sair.Vou em direção a praia.A lua está cheia e ilumina todo o meus caminho de modo que não preciso de uma tocha.Me sento na areia vendo as ondas quebrando e me sentindo mais calma na medida que o tempo passa.

—Você não consegue obedecer as regras,não é mesmo ?

—Demorou todos esses dias para perceber ?-respondo sarcasticamente.

—Agora,você vai me explicar porque tentou matar minha irmã ?

Olho para Pedro e ele não parece zangado.Apenas preocupado.

—Eu não sei.-suspiro cansada.-Simplesmente,não sei.

—Aconteceu alguma coisa naquela viagem ?

Excito por um momento.Não posso contar a verdade mas não quero mentir.Ainda tenho pesadelos com aquele garoto e a outra eu.

—Contei tudo a vocês.-menti.-Não aconteceu nada de mais.

—Tudo bem.Acredito em você.

Sinto meu coração se apertar quando ele diz isso.De certa forma,perder a confiança que consegui de Pedro me desagrada.

—Quem é Aslam ?-pergunto.

Suzana nunca nos disse quem ele era.Apenas o mencionava vez ou outra.E nunca tive oportunidade de perguntar a Lúcia.

—Aslam ?-Pedro sorriu.-É um leão falante.Ele sempre ajuda os narnianos quando estão ameaçados ou com grandes problemas.Ele é bem amoroso,mas é rígido quando é preciso.

—Porque não ouvimos falar dele por aqui ?

—Normalmente,todos conhecem Aslam.-ele dá de ombros.-Mas como você sabe dele ?

—Eu tive um sonho.

—Sonhos sempre tem um significado.Você sabe disso.

—Eu sei ?

—Bem,eu achei que sabia.

Bocejei começando a ficar cansada desse dia confuso e mais estranho que o normal.

Pedro pegou minha mão e senti um arrepio estranho subir pela minha espinha.Definitivamente eu estou ficando completamente maluca.
Deitei minha cabeça em seu ombro.Ele pareceu finalmente relaxar.

Não sei o que está acontecendo entre mim e Pedro.Sei apenas que tenho sentimentos por ele,mas não os conheço e sei que vou fazer o possível para descobrir.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam ? Comentem ai em baixo e até o próximo capítulo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Piratas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.