Poison escrita por Annie Malfoy


Capítulo 1
Prólogo - I beg you.


Notas iniciais do capítulo

Primeira fanfic após três anos de hiatus. Espero que gostem.



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POV Rose Weasley

19 de outubro. Aniversário dele. Aniversário do ilustríssimo babaca Scorpius Malfoy. Aquele cujo o nome me dá náuseas, aquele cuja presença me deixa tão nervosa a ponto de me fazer querer sumir. Se eu ao menos tivesse uma capa da invisibilidade... Assim ninguém saberia de meus sentimentos.

 

Lá estávamos nós: Eu, sentada numa cadeira de madeira esperando a morte. Minhas melhores amigas, Romana Burton e Érica Boulcher em pé, esperando o discurso de minha prima, Dominique, acabar. Não sei como eles conseguiam ser amigos. Não sei como ela consegue suportar aquela doninha loira, aquele oxigenado.

 

— E para terminar, que tal chamarmos a namorada de Scorpius, Rose, para falar um pouco? - Dominique praticamente gritou no microfone, fazendo sinais com a mão para eu me aproximar. Enchi meus pulmões com o máximo de ar que consegui, e em seguida levantei. Fui soltando o ar enquanto andava, me preparando emocionalmente para mais um momento fingindo ser a namorada dele. Dele.

 

— Boa noite. - Cumprimentei todos, esboçando um sorriso levemente forçado. - Quem somos está em constante evolução. Essa é a mensagem que eu quero passar para Scorpius hoje, em seu vigésimo sexto aniversário. A sua vida não tem que ser perfeita, tem que ser vivida. Muitas vezes, passamos por situações em que não sabemos quando encontraremos a felicidade, mas ela pode vir a qualquer instante. Minha mamãe disse que as pessoas tem que chorar todas as lágrimas para dar espaço a um coração cheio de sorrisos. - Eu não fazia a mínima ideia do que estava falando, então comecei a improvisar sem ao menos saber aonde estava indo com aquilo. - Quando chegamos aos dezesseis, acabamos usando tanto uma máscara que acabamos esquecendo de quem realmente somos. Quando você esquecer que é Scorpius Malfoy, lembre-se que eu sou Rose Weasley e amo você. - Engoli seco e em seguida o abracei. - Me desculpe por isso. Apenas finja. Por favor. - Sussurrei em seu ouvido.

 

Desci do tablado de madeira e sorri para aqueles que aplaudiam. Como eu conseguia ser tão mentirosa? Ou melhor, como eu conseguia ser tão boa nisso? Após atravessar o salão, vi minhas amigas rindo. Escondi um sorriso, elas sabiam sobre a mentira.

 

— Quando Dominique te chamou, achei que ia acabar falando merda, travando ou simplesmente deixando ela falar sozinha. - Érica disse, ainda rindo. - Você se saiu bem, Ros.

 

— É, se saiu bem, mané. - Concordou Romana.

 

Somos amigas desde que eu decidi ser uma pessoa com amigos. Romana e Érica são o tipo de garota que meus pais me diriam para ficar longe. O incrível é que eles não disseram. Ambas usam preto. Elas estão de luto por mim, de luto pela minha dignidade.

 

— Será que Albus está aqui? - Perguntei olhando para os lados.

 

Albus. Albus Severus Potter. Ele era a única pessoa que eu realmente não queria que estivesse ali. E ele estava. Avistei-o segundos depois de questionar sua presença, acompanhado de ninguém menos que Melody Gusmand, prima de Scorpius. Namorada dele.

 

— Lamento lhe informar, querida, mas ele estava enfiando a língua dele na garganta da Gusmand a segundos atrás. - Romana revirou os olhos castanhos, com certo nojo.

 

— Quando você vai esquecer ele, Ros? Você sabe que não poderiam ficar juntos de qualquer maneira, vocês são primos. - Érica argumentou, passando a mão pelos cachos pretos de seu cabelo, bem modelados pelo seu babyliss.

 

Sim, eu gosto dele. Eu estou perdidamente apaixonada por ele. Ele. Tudo se resume a Albus. Minha vida. Desde pequena fui protegida por ele, afagada por ele. Albus era meu melhor amigo, até ir para Durmstang. Ele foi para lá e me deixou. Me deixou sozinha em Hogwarts, após 11 anos juntos. Só eu e ele. E agora, após cinco anos ele aparece de novo. Mudado. O velho e amigável Albus não existe mais, mas... Esse sonserino mexe comigo. Sempre mexeu, para falar a verdade. Chegou em Londres sem ao menos me cumprimentar, ou falar comigo. Ele simplesmente finge que não me conhece. Ele é um estranho.

 

 

— Rose? Rose? - Acordei de meu devaneio, sendo sacudida por Érica. - Nossa, hoje você está parecendo uma mula.

 

— Me desculpe, eu estava pens... Dormindo. - Hesitei.

 

— Aham, tá. - Concordou contraditória, ainda dedilhando os fios cacheados.

— Cara, aquele mané do Scorpius não vai vir aqui não? - Romana reclamou.

— Espero que não, né. Ele é muito chato. - Retrucou Érica.

 

Elas são um tanto que... Peculiar. Ambas de estatura baixa, amam pintar o cabelo. Amam pintar o cabelo de cores exóticas, não de loiro, ruivo ou qualquer outra coisa, mas sim azul, roxo, verde. Vistas de longe ou de perto, elas não se parecem nem um pouco com as garotas que vemos no centro da cidade, ou talvez em qualquer outra casa de Hogwarts. Érica está com o cabelo de cor natural hoje, para a felicidade de seus pais. Seu corpo não é muito diferente do das milhares de garotas no colégio, o vestido decotado realça seu busto não tão grande, mas não tão pequeno. Seu plataforma a deixa mais alta. Ela é o tipo de garota que todos amam. Dá para se perder em seus olhos castanhos, e em seu sorriso. Sorrindo vinte e quatro horas, carismática, amiga de todos e todo o mimimi desnecessário. Uma boa garota. Romana... Seu nome verdadeiro não é esse. Não sabemos muito sobre ela, Isabella, como não gosta de ser chamada, é um mistério. Veio transferida de Durmstang no terceiro ano. Ela é exatamente o tipo de pessoa que a maioria das pessoas odeiam. Problemas emocionais, antidepressivos, tratamento psicológico... Viemos do mesmo mundo. Ela não é muito diferente de Érica fisicamente, a diferença é que seu cabelo curto faz todos duvidarem se é realmente uma garota ou um garoto... Até verem seu busto. O busto de Isabella é maior que o meu e de Érica juntos. Seus olhos são tão escuros que dá para confundir com os olhos de uma vaca. Não de um modo ruim, é que... São escuros. Os seus óculos escondem a tristeza por trás deles. Não é carismática, muito pelo contrário; sempre fica na defensiva. Ela é uma boa pessoa, só é vista de forma errada.

 

— Você dormiu de novo, Rose Jean. - Romana afirmou, sorrindo.

 

— Desculpe, acho que estou cansada demais. Não podemos ir para casa? - Questionei.

 

— Ainda não, priminha. - Dominique pronunciou enquanto se aproximava de nós. - Lindo discurso aquele. Sabe, se eu fosse você ficava de olho naquela ali. - Apontou para uma garota alta, que conversava com Scorpius. - Ela não gosta muito de vocês dois juntos.

 

Antoniette, minha ex melhor amiga e grande amiga de Érica. Eu não sinto raiva dela, muito pelo contrário. A vejo como uma boa pessoa, sinto muito que as coisas entre nós acabaram mal.

 

— Não a vejo como ameaça, Domi. Afinal Scorpius está comigo, não com ela. - Eu sorri gentilmente para minha prima, que sorriu de volta.

 

— Apenas tenha cuidado, não quero catar os caquinhos depois. - E passou a mão pela minha cabeça. Odeio quando ela faz isso, é como se ela me tratasse como uma criança indefesa, sendo que temos a mesma idade.

 

E você ainda deve estar se perguntando: Como uma garota como eu chegou nessa situação lamentável? Pois bem, é graças a essa maravilhosa loira que isso tudo aconteceu.

 

FLASHBACK ON

— Rose... - A voz rouca de Albus ecoa nos meus ouvidos, sua respiração é ofegante. Nunca ficamos tão próximos assim. O sangue circula pelos seus lábios vermelhos, seu gorro velho é lentamente coberto pelos flocos de neve. O clima em Hogsmeade não é nada agradável, mas... Sua respiração... Quente. Confortável. - Eles vão me mandar embora. Papai não quer que fiquemos próximos um do outro... Não mais. - Sussurra Albus, enquanto me abraça. Seus braços me envolvem de um jeito que nunca fui envolvida antes. É diferente. Eu me sinto segura. - Eu te...

PORRA.

— Rose? - Dominique me sacudiu. - Rose! - Gritou a francesa, já irritada.

 

— O que foi, Domi? - Perguntei, ainda com a voz falhando.

— Temos que fazer compras, o Sol está lindo hoje! - Exclamou saltitando até a janela, e então a abrindo. - Por favor, preciso comprar um vestido para a festa de aniversário do Scorpius!

 

— Ah, de novo esse menino? Não suporto mais te ouvir falando dele, sei que vocês são amigos, mas... Sério? Me acordou para isso? Sabe que horas são? Deve ser umas seis horas!

 

— Rose... São duas horas. Vamos logo, por favor! - Dominique retrucou enquanto seguia até meu guarda-roupas, de onde tirou um vestido qualquer. - Vista-se e me encontre daqui quinze minutos! Lily já nos espera, Roxanne e Vic também. Infelizmente Teddy nos vigiará hoje. Tio Harry disse que alguns prisioneiros fugiram de Azkaban. - Comentou, já saindo pela porta do quarto.

 

Pousei o rosto no travesseiro e gritei. Esse dia não pode ficar pior. Me levantei num instante e fui para o banheiro. Despi-me e tomei uma ducha rápida. Escovei os dentes e coloquei o vestido que Dominique separou para mim. Meus pensamentos se focam apenas em uma pessoa: Albus. Seu aniversário está chegando. Três anos sem noticias dele.

 

 

Desliguei-me dos meus pensamentos e comecei a escovar o cabelo. Arrastei os pés pesados pelo assoalho amadeirado da casa, descendo os degraus até a sala de estar. Lá estava o grupo. Femininas, delicadas e bonitas. Minhas primas. Roxanne, morena e alta. Victoire, loira de olhos azuis. Dominique, uma cópia mais nova de Vic. E por último tem Lily... Que me lembra Albus. Seus olhos verdes, seu cabelo levemente castanho... Tudo me lembra aquele garoto, até o tom pálido de sua pele. Forcei um sorriso.

 

— Demorou demais. - Teddy, afilhado de meu tio, cometou. - Já íamos embora. - Alfinetou o garoto, passando a mão pela minha cabeça.

 

Victoire e Teddy são namorados, ambos monitores da Grifinória. Ambos do sétimo ano. Ambos felizes. Teddy foi criado junto a nossa família, já que seus pais morreram, e o consideramos um primo. Ele sem dúvida é o melhor, nos deixa fazer o que queremos na hora que queremos.

 

— Bem, vamos? - Dominique pulou do sofá, e em seguida todas se levantaram.

 

Isso me faz pensar que ela é a abelha rainha. Todas as outras são suas escravas. Mas isso é a minha família, afinal. Uma colmeia.


*****

 

Todas estavam escolhendo roupas. Já tínhamos visitado no mínimo dez boutiques e nada delas escolherem a roupa "ideal". Eu e Teddy nos completamos nessas horas, pois ficamos jogando e rindo das roupas que elas experimentam. Mas é claro, elas não podem saber disso. Estávamos intertidos no meio de uma guerra de polegares quando fui convocada pela francesa mais nova, Dominique.

 

— Rose! - Dominique gritou no outro lado da loja, fazendo sinal com a mão para eu me aproximar.

 

— Lá vou eu para a guerra. - Bufei e revirei os olhos. - Adeus, soldado Teddy.

 

— Você é uma guerreira, Rose Weasley. - Teddy riu, cruzando os braços.

 

Segui pelo salão em direção da loira, que é pelo menos dez centímetros mais alta que eu. Seus olhos se arregalaram quando viu aproximar-me, e esboçou um sorriso.

 

— Chamou? - Perguntei, indiferente.

 

— Que tal esse? - Ela disse posicionando um vestido, que antes estava na arara, na frente de seu corpo.

 

— Você me chamou só para isso? Sério, loira irritante? - Reclamei. - Ele é bonito. - Afirmei, analisando o vestido de bolinhas de cima a baixo.

 

— Rose, eu estou preocupada com você. Quero dizer, Lily tem catorze anos e namora com David. Roxanne está com o Henry, Victoire com Teddy... Eu tenho fãs. Mas você, Rose... Não tem ninguém. Ninguém conhece o seu nome em Hogwarts, e isso é um pouco decepcionante. - Arrogante. Essa é a palavra certa para definir Dominique. Ela não faz por mal, é claro, faz sem pensar. Suspirei. - Bem, eu queria que você deixasse eu te apresentar alguns amigos... Você também deveria deixar eu te transformar! Quero dizer, um corte de cabelo não seria má ideia, nem um banho de loja, muito menos passar uma maquiagem nesse seu rostinho bonito. - Revirei os olhos. Por que diabos eu continuava ali escutando ela?

 

— Eu já tenho um namorado. Eu não preciso de nada disso. - Assegurei Dominique, que me olhou estupefata.

 

Merda. Eu fiz merda. Eu fiz muita merda. Eu fiz muita merda, muita mesmo, uma merda muito grande. Engoli seco. Arregalei os olhos. QUE MERDA EU FIZ?

 

— Oi? - Ela questionou, incrédula.

 

— Sim, eu tenho um namorado. - Respondi automaticamente.

 

POR QUE? Tem uma voz na minha cabeça que me incita a fazer merda, só pode. O meu anjinho morreu e só sobrou o diabinho. O diabinho burro e estúpido que faz eu contar mentiras.

 

— Então... Se você tem um namorado, qual é o nome dele? - Ela riu.

 

Senti meu corpo esquentar, meu sangue borbulhar. Como Dominique consegue me irritar tão facilmente?

 

— Scorpius. Scorpius Malfoy. - Falei automaticamente de novo, sem pensar.

 

Que. Merda. Eu. Fiz. DE NOVO. Dominique ficou paralisada por alguns segundos, e depois me fitou com um olhar questionador que só ela sabe fazer.

 

— C-como assim? - Gaguejou espantada, provavelmente tentando digerir a informação.

 

— Queríamos manter segredo. É por isso que eu pedi para você não falar dele hoje, sabe... Estou com saudades. - Repliquei o mais rápido possível.

 

A pele clara de Dominique estava mais pálida que de costume. Ela quase não piscava.

 

— Entendo. - Engoliu seco. - Então é por isso que semana passada ele... Esquece. - A loira dedilhou os fios de cabelo rapidamente, retirando-os do rosto. - Vamos continuar a comprar. Você vai para o aniversário dele, não vai?

 

— Claro que vou. - Menti novamente.

Eu só minto.

 

— Ótimo! - Respondeu sorrindo, já com a voz animada de costume. - Vamos, vamos. Precisamos comprar roupas!

 

*****

 

Chegamos um pouco tarde, faltando apenas alguns poucos minutos para o jantar ser servido. Todos estavam reunidos, pois tio Harry deveria fazer um anúncio durante o jantar. Nós subimos rapidamente a escada, e cada uma de nós foi para seu respectivo quarto. Após a guerra, meu pai vendeu A Toca e comprou uma casa de verão com quartos suficientes para todos, e com espaço para vovó Molly e vovô Arthur terem uma vida confortável.

 

Fui direto para o banho. A água quente escorria pelo chão, e contornava minhas curvas. Meu cabelo ruivo se embaraçava conforme eu passava o shampoo. Quando saí do banho, fui para o quarto. Lily estava lá.

 

— Oi, Lyls. - Falei educadamente.

 

— Rose... - A garota dos olhos verdes me fitou seriamente.

 

— Aconteceu alguma coisa? - Perguntei preocupada, me direcionando ao guarda-roupas. Peguei uma blusa e um short. Coloquei minhas roupas íntimas e cobri-me com o tecido jeans e a blusa com a estampa do Iron Maiden.

 

— Então... Você vai ter uma surpresa quando chegar lá embaixo. - Lyls comentou, sorrindo fracamente. - Preciso descer, estamos te esperando. Papai disse para eu subir e te chamar, você é a única que ainda não o viu.

 

Não o viu? Quem?

 

 

— Já vou descer. - Ambas sorrimos. Lily se levantou da minha cama, onde estava sentada, e caminhou em direção à porta. Acenou e fechou a porta.

 

Merlin... Seria Malfoy? Merda. Merda. Merda. Milhares e milhares de coisas vieram a minha cabeça enquanto descia as escadas. Atravessei a sala de estar e segui diretamente ao não tão luxuoso salão de jantar. Quando abri a porta e procurei o convidado misterioso com o canto dos olhos, paralisei. Ele. Ele.

 

Não era Malfoy, não era nenhum cantor famoso. Não era nenhum cara que faria qualquer garota cair ao seus pés. Era ele. Albus Severus Potter. Meu primo. Meu amigo. Meu primeiro amor. Engoli seco. Quando nossos olhares se encontraram, eu sorri, mas ele nada fez. Me fitou com o olhar sério que aparentava ter desde que entrei na sala.

 

Segui até minha cadeira. Sentei-me e continuei olhando para Albus. Ele está mais alto, seu cabelo mais longo e... Sua expressão. Eu nunca tinha visto essa expressão antes. Mordi os lábios inferiores sem perceber. Por que ninguém falava nada? Tio Harry me olhava seriamente.

 

— Rose? - Meu pai perguntou.

 

— Sim? - Acordei de meus devaneios. Severus estava ali em carne e osso, após três anos.

 

— Não vai falar oi para seu primo? - O ruivo, quase grisalho, perguntou.

 

— Oi, Al. - Cumprimentei amigavelmente.

 

— Não me chame assim, não somos próximos. Para você, é Albus, Rose Jean. - Sua voz mudou. É mais grossa do que antes, e sua expressão indiferente não mudou em nenhum segundo. - É bom ver todos vocês. - Sorriu, esquivando o olhar para os nossos familiares. - Alguma novidade?

 

— Eu tenho uma! - Dominique exclamou.

 

Lá vem merda. Lá vem merda. Meu radometro de merda está apitando. Merda. Está apitando mais alto.

 

— O que foi, querida? - Fleur, mãe de Vic e Dominique perguntou, animada. - Outra medalha? Ah, já sei! Saiu outra reportagem sobre você no Garota de Hogwarts?

 

Garota de Hogwarts era a a mais cruel e imbecil colunista do jornal estudantil. Não sei o que deu na cabeça da diretora McGonagall por deixar alguém escrever mal sobre os outros. E pior, anonimamente. Revirei os olhos. Minha família inteira estampava as primeiras páginas do jornal. Sempre. Com exceção de mim, é claro.

 

— Não, mamãe, não dessa vez. É sobre Ros. - Sorriu Dominique.

 

Eu disse que meu radometro estava apitando.

 

— O que aconteceu? Alguém perturbou ela na escola? De novo? - Minha mãe questionou, já com um tom de voz nervoso.

 

Antigamente costumavam a me perturbar no colégio. Águas passadas. Agora sou apenas mais um rato de biblioteca.

 

— Não! A Ros tem um namorado, tia Herms! - A loira praticamente gritou, fazendo meu pai se engasgar com o vinho.

 

— O-o que disse? - Meu pai gaguejou após se engasgar.

 

— Um namorado? - Tia Fleur e minha mãe se espantaram, falando em uníssono.

 

— Sim! Scorpius Malfoy, meu amigo do colégio! Vocês já o conhecem, não? Ele já veio jantar aqui em casa com tio Draco e tia Astoria. - Ela anunciou, animada.

 

Ninguém falou nada. A sala ficou em silencio. Um silencio terrível. Meu pai ficou branco, e minha mãe tossiu durante alguns milésimos de segundo. Tio Harry e tia Gina pareciam um pouco incomodados, assim como tia Fleur e tio Gui. Lily e Roxanne soltaram algumas risadinhas, como se não acreditassem.

 

— É sério! - Dominique gritou. - Eu posso provar isso.

 

— Como? Impossível eles estarem juntos, esse garoto infernizou a vida de Rose durante três anos, Domi. - Minha mãe indagou, meio estressada.

 

— Vocês estão juntos, não estão, Rose? - Ela se virou para mim. - Você me contou hoje a tarde, não contou? - Ela me olhou, já nervosa.

 

Olhei para meu pai, que me fitava com desgosto. Olhei para minha mãe, que já estava nervosa. Meu tio Harry me encarava como se apoiasse, assim como tia Gina. Tio Gui e tia Fleur sorriam com o canto da boca, um pouco curiosos. Lily, Roxanne e Vic agiam como se já soubessem de tudo. Dominique já devia ter contado. James Sirius, Hugo, Fred II e Teddy me encaravam boquiabertos. Eles são amigos do Scorpius. Merda. O que eu fui fazer? Meus olhos seguiam fitando todos presentes, e minhas opções já estavam acabando. E sobrou ele. Albus. Agora sempre com essa expressão indiferente. Isso me deixou irritada. Gritei por dentro. Suspirei fundo.

 

— É verdade! - Afirmei sorridente. - Sabe, decidimos deixar tudo do passado para trás. Ele é um cavalheiro. Mamãe, papai... Relutei em falar para vocês devido à magoas passadas, mas agora lembro que vocês deixaram tudo isso para trás, e são amigos dos Malfoy's. Pois bem, espero que todos fiquem felizes por mim. - Conclui, ainda esboçando um sorriso.

 

Sei que James, Fred, Hugo e Teddy riam por dentro. Sei que eles não acreditaram. Mas fazer o que... A única coisa que posso fazer é lidar com isso e aguentar as consequências. Eu acabei de assinar minha morte. Eu acabei de envenenar minha vida. Eu acabei de criar uma mentira.

 

FLASHBACK OFF

 

"E foi assim que o meu maior pesadelo começou" refleti enquanto degustava um pedaço de bolo de chocolate. Daqui para frente eu não sei mais nada. Não sei se ele vai aceitar... Ele foi pego de surpresa. Ele está tão ferrado quanto eu, imagino. Mas agora eu dependo dessa doninha oxigenada para continuar tendo dignidade. Por favor, Malfoy, não me decepcione.


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Notas finais do capítulo

E aí, críticas?



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