Redenção escrita por mjonir


Capítulo 11
Você me bagunça




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”Você me bagunça, e tumultua tudo em mim. 

Ainda joga baixo, eu acho, nem sei. Só sei que foi assim. 

Me desapropria o rumo, o prumo, juro me padeço com você.

Me desassossega, rega à alma, roga a calma em minha travessia. Outro porquê.”

 

Apressei meus passos descendo de dois em dois degraus, a excitação tomava conta de mim, minha respiração descompassada e o coração batia rápido em meu peito. Ao chegar perto do corredor alguns guardas me olharam interessados e até mesmo me cumprimentaram meio intrigados tentando entender o motivo de eu estar tão serelepe.

Os dias em Asgard estão calmos demais ultimamente, o que me deixa feliz porque meu plano tem sido executado com perfeição. Eu e Loki estamos nos dando bem a nossa maneira, parece mesmo que a biblioteca fez um milagre. A grande porta cor de vinho estava a minha frente esperando para ser aberta, Lady Sif havia me dito que ele estaria me esperando lá após o treino que, aliás, tenho evoluído muito.

Empurrei a grande porta revelando a biblioteca majestosa e dourada de Asgard, prateleiras e mais prateleiras de livros instaladas nas enormes paredes me fazendo suspirar, é realmente uma visão do paraíso tantos livros juntos em um só lugar.

Loki se encontrava de costas para a porta com sua costumeira cota verde e os braços apoiados na parte de trás da cintura, porém dessa vez livres. Meu sorriso se abriu ao ver aquilo, finalmente havia conseguido depois de dias que o soltassem das algemas.

Entrei na biblioteca e puxei a porta, andei até a mesa que estava abarrotada de livros com títulos em runas, o que me deixava meio desesperada, pois odeio ficar sem entender algo.

— Olá, asgardiano. – Disse tentando controlar a animação na minha voz.

Ele me olhou por cima do ombro com as sobrancelhas levantadas, assentiu e disse:

— Olá, midgardiana.

Sua voz tinha um tom de tédio, era bem provável que já estava ali há um tempo me esperando. Infelizmente não pude ser mais rápida nos treinos com Sif e com os preparativos do baile que logo aconteceriam.

Ele pegou um livro de capa vermelha e virou-se para mim e veio se sentar a minha frente, começou a folhear os livros e fingir que eu não estava ali a sua frente.

— Vai continuar a me ensinar runas? – Pigarreei.

Ele levantou seus olhos do livro e fixou em mim me fazendo sentir um pouco culpada por deixá-lo esperando. É bem óbvio que ele estava bravo por tê-lo deixado plantado.

— Você ainda quer aprender? – Disse irônico levantando as sobrancelhas.

Xeque!

1×0 para Loki.

Se eu achava que ele estava bravo, aquela resposta foi como uma bofetada em meu rosto me mostrando o quanto ele está irado.

— Tudo bem, eu sei que estou chegando muito atrasada pras nossas aulas, mas…

— Você não me deve satisfações, Diana. – Respondeu friamente me interrompendo.

Respirei fundo e suspirei massageando a têmpora de meus olhos, definitivamente seria um dia difícil.

— Eu nunca disse que devia. – Arqueei as sobrancelhas entrando em seu jogo.

1×1 pra mim.

Ele deu de ombros, pegou o livro vermelho da mesa e continuou folheando-o por um tempo. Revirei os olhos com a atitude infantil que o Príncipe de Asgard estava tendo.

— Olha, eu apenas estou lotada de coisas para fazer e acabo chegando atrasada para as nossas aulas, sei que é o único momento em que você sai da cela, mas é sério, eu estou fazendo muitas coisas.-  Baixei meu olhar pros meus braços que possuíam alguns hematomas.

Lady Sif estava me ajudando a treinar e segundo ela eu estou me saindo muito bem. Ela diz que os hematomas nos meus braços, pernas e abdômen mostram isso.

‘’Se conhece um guerreiro por suas marcas. ’’

Ela sempre me dizia isso e eu tenho que concordar, faz todo o sentido.

Seus olhos deixaram finalmente o livro vermelho e se voltaram para onde eu estava olhando, meus braços desnudos estavam pousados na mesa, os vestidos que eu uso sempre deixam essas partes visíveis e então era possível ver as minhas marcas de treino.

Loki franziu um pouco o cenho. Seria preocupação? Será possível que Loki está um pouco preocupado comigo?

Quando ia contestá-lo ele levantou uma das mãos e pegou meu pulso rapidamente me fazendo pular de susto, seu toque não foi bruto, pelo contrário, fora gentil. Descargas elétricas tomaram meu corpo e era possível sentir centelhas de fogo onde seu aperto de ferro se encontrava.

Sua mão se soltou de meu pulso me fazendo achar que ele nunca mais me tocaria, porém ao contrário do que pensei suas mãos subiram por meu braço deixando rastros de fogo por onde passavam. Seus olhos atentos examinavam cada um dos hematomas, alguns já se curavam em seu tom amarelado.

Abaixei um pouco minha cabeça seguindo com os olhos a maneira delicada e firme que ele segurava meu braço, uma mecha do meu cabelo cor de chocolate atrapalhou minha visão, levantei minha mão esquerda para tirá-la dos olhos, porém Loki foi mais rápido e colocou atrás da minha orelha, levando o fogo junto com seus dedos.

Entreabri meus lábios, aquilo não podia estar acontecendo. Eu queria de alguma forma me beliscar pra saber que aquilo não era real, todavia o asgardiano continuava a minha frente.

O que tinha acabado de acontecer aqui? A tensão no ar é quase palpável e o desejo tomou todos os meus sentidos, fixei meu olhar nos lábios finos de Loki, eu adoraria saber o gosto que tinham.

Engoli em seco com toda aquela situação, Terra para Diana… Ou seria Asgard para Diana? Onde diabos eu estava? Perdida nos lábios de Loki ou em seus olhos esverdeados? Pisquei freneticamente os olhos para tirar o torpor que toda aquela situação havia me colocado.

Ele tirou sua mão de minha orelha deixando lá a mecha teimosa que caíra sobre meus olhos, fazendo com que me tocasse. Sua mão foi descendo pelo meu ombro e seus dedos tocaram de leve meu antebraço. Quando ele finalmente chegou aos meus dedos tossi e pisquei os olhos tentando de alguma forma manter a sanidade.

Ao ouvir o barulho que eu fiz Loki puxou rapidamente as mãos para o livro e concentrou seus olhos nele fingindo novamente que eu nem estava ali, mas que diabos aconteceu? Aquele maldito asgardiano vem e faz esse tipo de coisa e acha que pode fingir que nada aconteceu?

Eu fiquei quente e dessa vez pode crer que é de raiva, levantei da cadeira num pulo e comecei a andar em direção a enorme porta vinho, eu não poderia ficar mais um segundo no mesmo recinto que Loki.

— O que vai fazer asgardiana? – Disse me surpreendendo pela forma como sua respiração estava um pouco descompassada.

— Sair! – Grunhi abrindo a porta.

Saí da biblioteca e me virei pra fechar a porta novamente encontrando os olhos do gafanhoto, o verde claro não estava mais lá, seus olhos estavam mais escuros, quase um verde musgo e se eu não fosse tão forte, ou se minha raiva não estivesse tomando todos os meus sentidos, eu voltaria correndo e teria colado meus lábios nos de Loki.

Puxei a porta de forma bruta e o som foi mais alto do que eu pretendia, alguns guardas apareceram pelo corredor como cachorros quando estão atentos a algo, parecia que a qualquer momento suas orelhas iriam se levantar devida tanta atenção.

— O que foi? – Esbravejei. Eles se entreolharam. – Eu só bati a porta.

Sai bufando.

Esse maldito gafanhoto me bagunça.

O barulho de trovão retumbou me fazendo tremer um pouco. Pingos gelados e grossos da chuva começaram a cair sobre mim me fazendo encolher, todavia eu deveria manter minha atenção no alvo.

Estava treinando com meu arco e flecha pela segunda vez no dia e a culpa é totalmente do gafanhoto. Se ele não tivesse sido tão descarado ao ponto de fazer aquilo eu não estaria tão avoada e treinando novamente, porém eu só conseguia me agarrar àquela arma quando me sentia indefesa ou confusa e é o que estou sentindo nesse momento.

Soltei a flecha e errei o alvo pela quarta vez o que me fez grunhir alto. Estou errando por não conseguir me concentrar, maldito gafanhoto e suas mãos.

Ei, espera ai? As mãos dele estavam soltas e…

— Merda, merda, merda Diana O’connor, a culpa é toda tua, sua estúpida.

Lembrei-me de minha conversa com Odin uns dias atrás. É óbvio que a culpa é minha. Quem pediu para soltar as malditas mãos asgardianas de Loki? 

         {…}

— Você o quê? – Esbravejou Odin me fazendo revirar os olhos.

— Só quero que as mãos de Loki sejam soltas quando estivermos na biblioteca.

— Ele já tentou te matar e te sequestrar para fugir, Diana.

Seus olhos acusadores se repousaram sobre mim me fazendo lembrar que ele não havia aceitado aquela história de Loki me sequestrar.

— Mas isso não importa agora, majestade. E os guardas continuarão lá no corredor, se eu gritar eles irão ao meu favor. – Tentei de todas as formas contornar a situação. Olhei pedindo ajuda mentalmente para Thor.

— Diana consegue pai. Loki tem mostrado bondade… – Fiz uma careta do tipo: ‘’bondade? Nem tanto assim. ’’ – Quer dizer, ele tem aceitado a Diana mesmo que em atitudes pequenas.

— É verdade, majestade… – Meu desespero por soltar Loki estava meio evidente fazendo Thor e Odin franzirem o cenho para mim. – É… Quer dizer… As atitudes dele comigo vem mudando e acredito que estou conseguindo me aproximar e aliás, na biblioteca ele precisa das mãos para ler os livros não é mesmo?

Odin parecia estar refletindo em tudo que eu e Thor dissemos. Podia ver a preocupação de pai para com Loki apesar do grande rancor que guardava é visível o quanto ele ama o gafanhoto.

O Pai de Todos suspirou e passou a mão pelos cabelos brancos, que mostravam o quanto é velho. Como esse matusalém continua de pé? Pelo amor dos deuses nórdicos.

— Como está indo os preparativos para o baile, Diana? – Ele disse mudando de assunto me fazendo engolir um xingamento.

— Ahn… Eu e Lady Sif estamos nos virando nos trinta para fazer dar certo. – Thor e o Rei franziram o cenho me fazendo revirar os olhos, eles não entendem as minhas gírias. – Nós estamos fazendo o possível, as criadas estão nos ajudando muito.

Ele assentiu e começou uma conversa com Thor sobre suas outras missões, ele havia acabado de chegar de Vanaheim me deixando completamente de fora da conversa. Comecei a repensar os argumentos que eu poderia ter usado e não parecer uma completa idiota desesperada.

Os dois soltaram risadas que me fizeram pular de susto, estava completamente aérea a tudo que estava acontecendo na sala pensando em várias coisas ao mesmo tempo, principalmente no trato que eu e Loki havíamos feito.

— Diana, podemos ir agora. – Disse Thor.

Eu assenti ainda pensando em um plano para apresentar a Loki, nós precisávamos sair de Asgard. Thor posou seu enorme braço sobre meus ombros e começou a me guiar até a porta que nos levava para fora da sala do trono.

Odin não havia me dito se podíamos soltar Loki e como um estalo minha mente voltou para onde deveria estar: A sala do trono.

— Espere! – Esbravejei atraindo a atenção dos dois. – O senhor não me disse se poderíamos soltar Loki.

Thor me olhou franzindo o cenho e Odin me olhou por cima.

— Não vai desistir disso, não é mesmo?

— Na verdade, não! – Levantei meu queixo mostrando confiança.

— Te darei a resposta depois que pensar melhor.

— Vamos! – Thor disse.

— Não! Eu a quero agora. – Firmei os pés no chão e fechei meus punhos com força. – Eu preciso da resposta, majestade.

Odin levantou as sobrancelhas e me examinou.

— Você é uma midgardiana bem teimosa, não é mesmo? – Ele soltou uma risada.

— Sou! – Grunhi.

— As consequências são completamente suas, Diana. Se Loki fizer algo que ameace Asgard ele será preso e decapitado no mesmo dia…

— Eu estou disposta a correr o risco, essa é a minha escolha. – O interrompi colocando bravura na voz.

— Então se ele lhe fizer algo a responsabilidade é apenas sua.

— Sim, apenas minha responsabilidade, majestade.

Ele suspirou e assentiu.

— Então pode soltá-lo, mas apenas na biblioteca. – Assenti tentando esconder a raiva que eu tenho daquele matusalém.

— Como o senhor desejar, majestade. – Ironizei.

Eu e Thor nos curvamos e assim saímos da sala do trono.

{…}

Tentei novamente acertar a flecha no alvo, todavia aquelas lembranças tomaram minha concentração, bufei jogando uma flecha no chão.

— Concentre-se, idiota! – Gritei.

Peguei outra flecha em cima da mesinha de mogno e tentei acertar, porém falhei mais uma vez.

— Que droga, O’connor. – Grunhi.

Respirei fundo e olhei pra cima tentando esfriar a cabeça com a tempestade torrencial que caía sobre mim, meus cabelos e vestido estavam completamente encharcados. Sentei-me no chão de frente para o alvo e repousei minha cabeça sobre minhas pernas tentando recuperar a sanidade que eu havia perdido dentro daquela biblioteca, até que uma voz conhecida me gritou.

— Diana O’connor!

Levantei a cabeça rapidamente com medo de ser Loki, todavia quando foquei meus olhos o reconheci. Lá estava Aaron na parte coberta do pátio acenando para mim.


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